Por Memória Globo

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A Guerra das Malvinas, envolvendo Inglaterra e Argentina, se desenrolou de abril a junho de 1982. Quase 150 anos depois de os britânicos terem ocupado as ilhas Malvinas (para eles Falklands), a Argentina desembarcou no arquipélago quatro mil homens com o objetivo de reaver o território, situado a 400 quilômetros da sua costa. Três dias mais tarde, o governo do Reino Unido reagiu, mobilizando sua Marinha e Força Aérea.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a cobertura da Guerra das Malvinas em 1982, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da Guerra das Malvinas em 1982, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

EQUIPE E ESTRUTURA

Uma das mais amplas coberturas internacionais realizadas pela Globo na década de 1980 foi a da Guerra das Malvinas. Ao todo, foram enviados 46 profissionais à Argentina em esquema de revezamento, além de contar com outros 30 para acompanhar a crise na Inglaterra, nos EUA e junto à ONU. Fizeram parte da cobertura os repórteres Carlos Castilho, Luís Fernando Silva Pinto, Ricardo Pereira, Roberto Feith, Silio Boccanera e Carlos Nascimento (na Inglaterra), Paulo Alceu, Roberto Lopes, Geraldo Canali, Francisco José, Hermano Henning, Rodolfo Gamberini, Glória Maria e Wilson Fadul Filho (na Argentina), e Sérgio Motta Mello e Lucas Mendes (nos EUA).

Na Argentina, os jornalistas ficaram sediados num hotel em Buenos Aires, onde estava toda a imprensa internacional. A Globo participou de um pool de emissoras, que recebia as imagens diretamente da frente de batalha, pois era proibida a presença de repórteres no local do conflito. Enquanto isso, os cinegrafistas brasileiros – entre os quais Sergio Gilz, Marco Aurélio e Ivan Andrade – registravam na capital e em outras cidades argentinas as repercussões do conflito. Sob a coordenação de Lúcia Abreu, a equipe era auxiliada pelo produtor Nahun Velianowsky.

Durante a guerra, o mais próximo que os jornalistas da Globo conseguiram chegar dos locais de combate foi a base argentina de Comodoro Rivadávia, a 700km das Malvinas. Apesar de proibidas as filmagens das operações militares, de lá era possível obter mais informações sobre o conflito. Hermano Henning foi o primeiro enviado especial da emissora a essa cidade, sendo depois substituído por Francisco José, obrigado mais tarde pelo Exército argentino a deixar o local.

Hermano Henning viveu momentos de muita tensão em Comodoro Rivadávia: “Eu ouvia, em ondas curtas, o noticiário da BBC e estavam dizendo que um ataque ao território argentino era questão de horas e aquela região, onde eu estava, era a mais visada. O restante da imprensa estava em Buenos Aires, num hotel cinco estrelas, e eu estava lá enfiado naquele mundo da Patagônia, tentando chegar o mais perto possível.”

De Nova York, o jornalista Paulo Francis também participou da cobertura, comentando os fatos mais importantes. Eduardo Simbalista, então editor-chefe do Jornal Nacional lembra: “Francis estreou no Jornal Nacional fazendo comentários sobre a Guerra das Malvinas. Mas ele não comentava apenas: parecia o Senhor da Guerra. Nós gravávamos com ele no escritório em Nova York e ele mandava recados à rainha e aos generais argentinos”.

INVASÃO ARGENTINA

Desde o dia 2 de abril, quando as tropas argentinas invadiram as ilhas Malvinas, o Jornal Nacional deu amplo destaque ao conflito no Atlântico Sul. Nessa edição, o JN exibiu matérias dos repórteres Luís Fernando Silva Pinto e Marilena Chiarelli que mostravam a repercussão da ocupação nas Malvinas em Londres. De Nova York, Lucas Mendes informava que a Inglaterra pediu uma reunião com o Conselho de Segurança da ONU.

O jornalista Paulo Alceu foi como enviado especial para Buenos Aires. Na capital argentina, o repórter informava já no dia 3 de abril que os jornalistas estrangeiros vinham enfrentando dificuldades com o governo militar. As imagens só podiam ser transmitidas via satélite para outros países depois que censores avaliassem o material. Parte da reportagem a ser exibida no Jornal Nacional daquele dia, por exemplo, fora censurada. Para transmitir as últimas informações, Paulo Alceu teve que utilizar um telefone particular, pois a linha do seu hotel estava bloqueada.

O maior problema que o repórter enfrentou em Buenos Aires foi durante uma entrevista com o ex-chanceler argentino Oscar Camilion. Os censores ficaram incomodados porque o repórter perguntou a Camilion se a invasão das ilhas também tinha como objetivo desviar a atenção do povo argentino da crise econômica enfrentada pelo país naquele momento. Foi difícil enviar o material para exibição no Jornal Nacional.

No dia 8 de abril de 1982, o Globo Repórter apresentou a região ao telespectador brasileiro. Com narração de Mauro Rychter, o programa traçou um histórico da disputa entre argentinos e ingleses, que remontava ao século XIX.

O conflito mobilizou as populações dos dois países, conforme noticiou o Jornal Nacional no dia 26 de abril de 1982. De Londres, o repórter Ricardo Pereira comentou o apoio popular à decisão do governo inglês de retomar militarmente o arquipélago, ressaltando, porém, a ausência “de manifestações públicas”. Em Buenos Aires, o repórter Paulo Alceu mostrou a tradicional Praça de Maio tomada de populares, que respondiam assim à convocação das centrais sindicais para demonstrar “total apoio às Forças Armadas”. Em seguida, o repórter voltou a destacar “a forma lenta e pouco objetiva” com que as informações sobre o conflito chegavam à capital argentina. Uma reportagem de Ricardo Pereira, exibida pelo Jornal Nacional em 30 de abril, mostrou a iminência da guerra, segundo noticiava a imprensa inglesa.

Os correspondentes da Globo em Londres, Luís Fernando Silva Pinto e Marilena Chiarelli, falam sobre a reação da Inglaterra à ocupação das Ilhas Malvinas, Jornal Nacional, 02/04/1982.

Os correspondentes da Globo em Londres, Luís Fernando Silva Pinto e Marilena Chiarelli, falam sobre a reação da Inglaterra à ocupação das Ilhas Malvinas, Jornal Nacional, 02/04/1982.

RESPOSTA BRITÂNICA

No dia 1º de maio, quando tiveram início os ataques britânicos, a crise entre Inglaterra e Argentina ocupou quase 17 minutos do noticiário do Jornal Nacional. Os correspondentes e enviados especiais deram as diferentes versões sobre o conflito e mostraram a repercussão nos dois países.

Com a intenção de facilitar o entendimento da guerra por parte do telespectador, foram utilizados diversos recursos. Ricardo Pereira, de Londres, mostrou – por meio de um painel com o mapa do arquipélago e ímãs em forma de avião – os movimentos das tropas aéreas inglesas. O jornalista Renato Machado apareceu na bancada do telejornal, com um telefone a sua frente, falando com os repórteres Ricardo Pereira e Roberto Lopes e dando as últimas informações de Londres e Buenos Aires. Ainda em 1º de maio, a Rede Globo transmitiu ao vivo, para todo o Brasil, o discurso do presidente argentino, general Galtieri, que afirmava que o país continuaria a reagir com fogo sempre que o inimigo tentasse tomar como colônia as terras argentinas.

No dia 3 de maio, uma segunda-feira, o apresentador Sergio Chapelin informou da bancada do Jornal Nacional que “um submarino inglês atacou com torpedos o cruzador Belgrano”. O navio, usado na II Guerra Mundial, era o segundo maior da frota argentina. No ataque, morreram 323 militares argentinos.

No Fantástico levado ao ar no dia 9 de maio, uma matéria de Geraldo Canali reconstituiu o início dos combates, na madrugada de 1º de maio, quando tropas inglesas atacaram seguidamente posições argentinas. A reportagem reproduziu imagens – cedidas pelos militares argentinos – do general Menéndez, então governador das Malvinas, inspecionando os locais atacados. Também foram mostrados os destroços de dois aviões da marinha britânica, abatidos pela artilharia argentina.

FIM DA GUERRA

“Acabou a Guerra das Malvinas”, informou Sergio Chapelin na abertura do Jornal Nacional em 14 de junho de 1982 . No telejornal daquele noite, a repórter Glória Maria destacou que a notícia sobre o fim da guerra já circulava em Buenos Aires. Outra reportagem mostrava trechos do discurso proferido no parlamento inglês pela primeira-ministra Margaret Thatcher, anunciando a retomada de Porto Stanley, capital das ilhas.

No dia seguinte, o JN confirmou a rendição oficial das tropas argentinas. A vitória dos britânicos fortaleceu Thatcher e seu partido conservador. O pessimismo do cidadão britânico que, naquele momento, enfrentava altas taxas de desemprego, deu lugar ao patriotismo. O grande impacto político da guerra, no entanto, aconteceu na Argentina. A derrota ajudou a precipitar o fim do regime militar no país e o início do processo de transição democrática. O general Galtieri renunciou. Seu substituto, o general Reynaldo Bignone, iniciou as negociações para a volta dos civis ao poder.

Sergio Chapelin anuncia o fim da Guerra das Malvinas, Jornal Nacional, 14/06/1982.

Sergio Chapelin anuncia o fim da Guerra das Malvinas, Jornal Nacional, 14/06/1982.

Repórter Glória Maria, por telefone de Buenos Aires, fala sobre repercussão do fim da guerra, Jornal Nacional, 14/06/1982.

Repórter Glória Maria, por telefone de Buenos Aires, fala sobre repercussão do fim da guerra, Jornal Nacional, 14/06/1982.

OUTRAS REPORTAGENS

Sergio Chapelin transmite as primeiras notícias sobre a Guerra das Malvinas, Jornal Nacional, 02/04/1982.

Sergio Chapelin transmite as primeiras notícias sobre a Guerra das Malvinas, Jornal Nacional, 02/04/1982.

Reportagem de Ricardo Pereira e Newton Quilichini sobre as Ilhas Malvinas, um ano depois da guerra. Jornal da Globo Especial, 06/04/1983.

Reportagem de Ricardo Pereira e Newton Quilichini sobre as Ilhas Malvinas, um ano depois da guerra. Jornal da Globo Especial, 06/04/1983.

Reportagem de Ricardo Pereira e Newton Quilichini sobre a cidade de Goose Green, atacada pelos ingleses durante a Guerra das Malvinas. Jornal da Globo Especial, 06/04/1983.

Reportagem de Ricardo Pereira e Newton Quilichini sobre a cidade de Goose Green, atacada pelos ingleses durante a Guerra das Malvinas. Jornal da Globo Especial, 06/04/1983.

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