Na noite de 11 de janeiro de 2011, uma forte chuva atingiu a Região Serrana do Rio de Janeiro. Em apenas três horas, o volume de água ultrapassou a expectativa mensal para a região, provocando deslizamentos e enchentes. Água e lama desceram pelas encostas numa intensidade atípica, devastando cidades e matando famílias inteiras.
Os municípios que mais sofreram foram Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. A catástrofe, considerada o maior desastre natural da história do Brasil até então, deixou mais 900 pessoas mortas. Dois anos depois, 165 continuavam desaparecidas.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc sobre a cobertura das chuvas que assolaram a região serrana do Rio de Janeiro, em 12/01/2011. Entrevistas exclusivas do Memória Globo.
EQUIPE E ESTRUTURA
Primeiras informações sobre os estragos causados pela chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro, com reportagens dos repórteres André Curvello e Guilherme Peixoto, RJTV 1ª Edição, 12/01/2011.
A equipe de jornalismo da Globo acompanhou de perto as consequências das chuvas na Região Serrana em janeiro de 2011. À medida que a dimensão da tragédia foi se revelando, a emissora montou um esquema de cobertura total, com mais de 25 repórteres. Durante três dias, os principais telejornais foram ancorados diretamente dos locais do desastre. Pela cobertura, a Globo foi indicada ao prêmio Emmy Internacional.
Em 12 de janeiro, a apresentadora Ana Paula Araújo entrou no ar no RJTV 1ª edição com as primeiras notícias, poucas horas após os deslizamentos de terra. Durante todo o telejornal, imagens do Globocop foram ao ar. Participaram desta e das demais edições daquela semana os repórteres André Curvello, Guilherme Peixoto, Vandrey Pereira, Edmilson Ávila, Paulo Renato Soares, Bette Lucchese, Flávia Jannuzzi e Rogério Coutinho.
O Jornal Hoje foi apresentado por Evaristo Costa, de São Paulo, e Ana Paula Araújo, do Rio de Janeiro. E o RJTV 2ª edição, apresentado por Márcio Gomes, foi ao ar para todo o estado do Rio de Janeiro, e não apenas para a região metropolitana, como de costume.
Houve duas edições do Globo Notícia sobre a tragédia das chuvas: uma apresentada por Evaristo Costa, outra, por Heraldo Pereira.
Apresentado por Renata Vasconcellos e Heraldo Pereira, o Jornal Nacional daquela noite trouxe os repórteres Helter Duarte e Bette Lucchese diretamente de Teresópolis. Também participaram da edição Vandrey Pereira, Tiago Eltz, Paulo Renato Soares, Sandra Moreyra, Edney Silvestre e Flávia Jannuzzi.
Em 13 de janeiro, o Jornal Nacional foi ancorado por Renata Vasconcellos, e o Jornal da Globo, por Helter Duarte, ambos de Teresópolis.
Nos dias 14 e 15 de janeiro, foram ancorados diretamente de Teresópolis os seguintes telejornais: RJTV 1ª edição, com Ana Paula Araújo; Jornal Hoje, com Evaristo Costa; RJTV 2ª edição, com Márcio Gomes; e Jornal Nacional, com Renata Vasconcellos.
A CHUVA
No RJTV 1ª edição de 12 de janeiro, Ana Paula Araújo forneceu os números oficias: 58 mortos, cerca de mil desabrigados e 50 desaparecidos. Os repórteres tiveram que se locomover a pé, por entre destroços e áreas de instabilidades. As cidades encontravam-se sem telefones fixos nem energia, mas havia parado de chover.
Os repórteres André Curvello, Guilherme Peixoto, Vandrey Pereira, Bette Lucchese e Paulo Renato Soares foram até as áreas afetadas e falaram com moradores. Durante a madrugada, mais de vinte equipes de reforço do corpo de bombeiros tinham sido enviadas à Região Serrana, conforme informou a repórter Flávia Jannuzzi, do Rio de Janeiro. O prefeito de Teresópolis, Jorge Mário Sedlacek, decretou estado de calamidade pública.
Primeiras informações sobre os estragos causados pela chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro, com reportagens dos repórteres André Curvello e Guilherme Peixoto, RJTV 1ª Edição, 12/01/2011.
Ana Paula Araújo, ao vivo no Jornal Hoje, informa o balanço das vítimas das chuvas na Região Serrana do Rio e entrevista pelo telefone o Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil de Teresópolis, 12/01/2011.
Encerramento da edição do Jornal Hoje com um vídeo de quase dois minutos com imagens aéreas das áreas devastadas pela chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro, 12/01/2011.
O apresentador Evaristo Costa começou o Jornal Hoje anunciando a tragédia na Região Serrana e informando que as equipes da Globo haviam ficado ilhadas. Ana Paula Araújo seguiu ao vivo dos estúdios do Rio. Vandrey Pereira trouxe as primeiras imagens por terra e entrevistou pessoas fugindo de uma área de risco, onde uma barragem da Cedae estava a ponto de se romper. A Cruz Vermelha pedia doações para auxiliar as famílias. A edição do Jornal Hoje encerrou com um vídeo de quase dois minutos com imagens aéreas das áreas devastadas.
O RJTV 2ª edição, apresentado por Márcio Gomes, informou que os números de mortos haviam quadriplicado, chegando a 230, segundo as próprias prefeituras. A repórter Bette Lucchese entrou ao vivo de Teresópolis, cidade mais atingida. Em matéria feita na mesma tarde, Vandrey Pereira mostrou como estava começando a ser feito o reconhecimentos dos corpos retirados dos escombros. Em Nova Friburgo, o repórter Tiago Eltz acompanhou a busca de bombeiros por colegas que haviam sido soterrados durante uma tentativa de resgate. Ainda participaram desta edição os repórteres Eduardo Tchao e André Curvello.
A repórter Bette Lucchese, ao vivo de Teresópolis, atualiza o número de vítimas das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro. Márcio Gomes apresenta imagens aéreas de Itaipava, outra área devastada, RJTV 2ª Edição, 12/01/2011.
O comandante geral da PM, Mário Sérgio Duarte, declarou que a polícia estava auxiliando os 250 bombeiros no resgate às vítimas. O telejornal trouxe, ainda, as primeiras imagens do distrito de Itaipava.
O Jornal Nacional foi apresentado por Heraldo Pereira e Renata Vasconcellos. O número de mortos havia subido para 255. Direto de Teresópolis, os repórteres Helter Duarte e Bette Lucchese entraram ao vivo. Tiago Eltz transmitiu de Nova Friburgo; Paulo Renato Soares, de Petrópolis; e Sandra Moreyra, de Itaipava.
Helter Duarte e Bette Lucchese, ao vivo, de Teresópolis, trazem as últimas informações sobre a tragédia causada pelas chuvas na Região Serrana do Rio e apresentam reportagens sobre o trabalho de resgaste das vítimas, Jornal Nacional, 12/01/2011.
Monica Teixeira mostrou, num mapa com gráficos, a situação das rodovias e dos acessos à região. Edney Silvestre fez uma matéria relembrando as chuvas que castigaram a mesma região em 1981 e entrevistou o vice-governador Luiz Fernando Pezão. O governador Sérgio Cabral Filho estava fora do país, em férias.
O Jornal da Globo também repercutiu o desastre natural com apresentação de Christiane Pelajo e a mesma equipe de repórteres do JN. Helter Duarte entrou novamente ao vivo de Teresópolis. De Petrópolis, Mariana Gross se juntou à equipe e mostrou que havia voltado a chover naquela noite. Uma matéria mostrou a devastação do Vale de Cuiabá (Petrópolis). O JG também apresentou a repercussão internacional da tragédia. No último bloco, o repórter Guilherme Peixoto entrou ao vivo de Nova Friburgo. Flávia Jannuzzi apresentou uma matéria sobre o resgate de um bebê de seis meses, soterrado por 15 horas.
A DIMENSÃO DA TRAGÉDIA
No dia 13 de janeiro, Vandrey Pereira e Edmilson Ávila apresentaram o Bom Dia Rio. O número de mortos havia subido para 330. Participaram da edição os repórteres Renata Capucci, Guilherme Peixoto, Bette Lucchese, Paulo Renato Soares, Flávia Jannuzzi, Rogério Coutinho, Eduardo Tchao, Mariana Gross e Gabriela Palhano.
O Bom Dia Brasil foi apresentado por Ana Luiza Guimarães e Renato Machado. Miriam Leitão teceu comentários ao vivo sobre os fenômenos que provocaram os alagamentos: a zona de convergência do Atlântico Sul e o sistema de bloqueio. “Isso deve continuar nos próximos quatro dias”, a analista anunciou.
Reportagem sobre o impressionante resgate de uma mulher no município de São José do Vale do Rio Preto, uma das imagens mais dramáticas da tragédia causada pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, Bom Dia Brasil, 13/01/2011.
Imagens de um impressionante resgate do município de São José do Vale do Rio Preto foram ao ar, mostrando o momento em que Dona Ilair Souza se salva segundos antes de sua casa ser varrida pelas águas. As imagens foram feitas pelo cinegrafista Rogério de Paula, da Inter TV, afiliada da Globo.
Evaristo Costa seguiu com a cobertura da tragédia no Jornal Hoje, com participação, muitas vezes ao vivo, dos repórteres Bruno Miceli, Tiago Eltz, Gabriela de Palhano, Bette Lucchese, Mariana Gross, Fernanda Graell, André Curvello, Renata Capucci e Michelle Loreto. As reportagens mostraram imagens aéreas da região atingida, cenas de destruição nas cidades, o desespero dos moradores, a busca pelos desaparecidos e o resgate emocionante de um pai e um bebê de seis meses em Nova Friburgo.
Renata Vasconcellos ancora o Jornal Nacional, ao vivo, de Teresópolis, uma das cidades mais atingidas pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro e mostra um resgate impressionante, 13/01/2011.
O Jornal Nacional daquela noite foi ancorado por Heraldo Pereira, no Rio, e Renata Vasconcellos, em Teresópolis.
O repórter Helter Duarte falou sobre a dificuldade de se identificar os corpos e sobre os primeiros enterros. Renata Vasconcellos entrevistou sobreviventes e mostrou o cenário de destruição total. “Foi um evento que pegou todo mundo de surpresa, uma chuva atípica com um volume incomensurável”, comenta.
Os repórteres da Globo se dividiram para a cobertura noturna: André Curvello e Bruno Miceli, em São José do Vale do Rio Preto; Tiago Eltz, em Nova Friburgo; Helter Duarte e Bette Lucchese, em Teresópolis; Paulo Renato Soares, em Itaipava; Mariana Gross, em Petrópolis; e Edmilson Ávila e Cristina Serra, no Rio de Janeiro. Cláudia Bomtempo trouxe as repercussões de Brasília.
O Jornal da Globo, apresentado por Christiane Pelajo, trouxe mais notícias. Uma reportagem de Cristina Serra mostrou a visita da Presidente Dilma Rousseff às áreas atingidas pelas enchentes.
O MAIOR DESASTRE NATURAL BRASILEIRO
Dois dias após a tragédia, a cobertura da Globo continuou com toda força. Os números de mortos não paravam de crescer, e as complicações decorrentes do desastre começaram a aparecer: centenas de desabrigados, cemitérios destruídos, demora no Instituto Médico Legal, falta de locais para o enterro dos corpos, necessidade de doações de sangue, roupas e alimentos não perecíveis.
O RJTV 1ª edição de 14 de janeiro foi ancorado por Ana Paula Araújo diretamente de Teresópolis. Do estúdio, Vandrey Pereira, acompanhado de Edmilson Ávila, mostrou os três principais desastres naturais da história do estado do Rio de Janeiro. A pior catástrofe natural do país ocorrera em 1967, no litoral de Caraguatatuba, São Paulo, quando 436 pessoas perderam a vida. Até aquele momento, havia 511 mortos confirmados pela tragédia na Região Serrana.
Reportagem sobre o resgate de um sobrevivente que havia ficado 16 horas debaixo de quatro metros de escombros e lama após as chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, Fantástico, 16/01/2011
O Jornal Hoje foi ancorado por Evaristo Costa de Teresópolis, onde havia chovido durante toda a madrugada. Mariana Godoy permaneceu no estúdio de São Paulo e anunciou que a Organização das Nações Unidas (ONU) havia classificado a tragédia como uma das dez piores da história mundial no último século. Os repórteres Flávia Jannuzzi e Guilherme Portanova entraram ao vivo relatando a situação de pânico que haviam passado quando se espalhou um boato sobre o rompimento de uma represa em Nova Friburgo.
Em 14 de janeiro, o apresentador Márcio Gomes, do RJTV 2ª edição, também saiu do estúdio e ancorou o jornal de Teresópolis. O telejornal mostrou as toneladas de donativos que chegavam sem parar em caminhões vindos de diversas regiões do Brasil.
O Jornal Nacional teve, novamente, ancoragem de Teresópolis, com Renata Vasconcellos. “Ainda há muitas pessoas embaixo dos escombros. Os moradores pedem ajuda. Não há combustível e o comércio está fechado em muitos bairros”, anunciou. Heraldo Pereira informou que, mesmo três dias após o desastre, algumas comunidades isoladas não haviam recebido socorro.
Tiago Eltz fez uma matéria sobre o hospital de campanha que havia sido montado em Nova Friburgo. No final da edição, Renata Vasconcellos mostrou que a chuva havia voltado a cair.
Na edição do Jornal da Globo, o repórter Edney Silvestre comentou que, a cada dia, as consequências das chuvas se mostravam mais graves. Sete cidades tinham sido atingidas: Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto Sumidouro, Areal e Bom Jardim.
O destaque do desastre continuou nos principais telejornais durante o fim de semana. No sábado, dia 15, o RJTV 1ª edição e o Jornal Hoje foram novamente ancorados da Região Serrana, por Ana Paula Araújo e Evaristo Costa, respectivamente. No domingo, o Fantástico mostrou o resgate de um sobrevivente que havia ficado 16 horas debaixo de quatro metros de escombros e lama.
UM ANO DEPOIS
Um ano após a tragédia, a equipe de reportagem do Jornal Nacional voltou à Região Serrana para mostrar como se encontravam os locais atingidos pelas chuvas em janeiro de 2011. Na matéria especial, exibida no JN em 12 de janeiro de 2012, o repórter André Luiz Azevedo expôs as péssimas condições nas cidades afetadas. As estatísticas eram alarmantes: das 5.840 casas prometidas pelo governo, nenhuma havia sido entregue. Das 73 pontes anunciadas para reconstrução, apenas uma fora erguida. Dentre as 170 encostas apontadas como sendo de alto risco, apenas oito haviam passado por obras. O Ministério Público fez uma denúncia sobre o dinheiro que foi desviado e superfaturado.
A Prefeitura de Nova Friburgo ainda não havia prestado contas sobre os 10 milhões de reais destinados à recuperação da cidade. O prefeito, Demerval Barboza Moreira Neto, fora afastado do cargo em novembro de 2011, acusado de desviar os recursos públicos.
A cobertura das chuvas na Região Serrana, exibida pelo Jornal Nacional e pelo Fantástico, foi indicada ao Emmy Internacional na categoria de melhor notícia.
Reportagem de André Luiz Azevedo sobre o estado dos municípios mais afetados pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, um ano após a tragédia, Jornal Nacional, 12/01/2012.
FONTES
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ali Kamel (29/03/2012),Márcio Gomes (23/07/2012) e Renata Vasconcellos (03/04/2012); Bom Dia Rio (12 a 14/01/2012); Bom Dia Brasil (12 a 14/01/2012); Globo Notícia (12 a 14/01/2012); Jornal Hoje (12 a 15/01/2012); Jornal Nacional (12 a 15/01/2012, 12/01/2012 e 21/08/2012); Jornal da Globo (12 a 14/01/2012); RJ TV (12 a 15/01/2012); e Fantástico(16/01/2011). |