TV e Internet conectados para aproximar o público de seus ídolos e dos bastidores das produções de entretenimento da Globo. Com essa proposta, era lançado o gshow, o portal de entretenimento da Globo, no dia 11 de janeiro de 2014. Com formato e ritmos adaptados à internet, o gshow, a exemplo do que já acontecia com o g1 no jornalismo e o globoesporte.com em conteúdos esportivos, passou a reunir páginas de novelas, séries, programas de variedades e reality shows da TV, além de conteúdos exclusivos feitos especialmente para a internet. Desde o começo, o portal já investia em interatividade, com espaços abertos a comentários, enquetes, games, votações e compartilhamentos nas redes sociais.
Matéria sobre a estreia do gshow. Jornal Nacional, 11/01/2014
"O portal pode proporcionar um mergulho naquele universo da TV, mais profundo e mais extenso em termos de tempo. Se o programa acabou, mas o espectador quer continuar experimentando aqueles universos da TV, conseguimos proporcionar isso", explicou Ana Bueno, então diretora de Mídias Digitais para Entretenimento, em matéria de lançamento do portal.
Ao longo dos seus primeiros 10 anos, o gshow trabalhou em parceria com a produção dos programas da Globo, mas também se projetou como espaço de inovação e experimentação de conteúdos independentes e novos formatos para o mercado digital. “O gshow criou uma identidade, um senso de pertencimento, um olhar coletivo bem bacana no time. O gshow começou com a proposta de olhar o Entretenimento Globo. Então, a gente estava ligado, efetivamente, nas produções, não só com vídeo, mas bastidores, entrevistas, making of, uma produção muito grande”, lembra, em entrevista ao Memória Globo, Nilo Maia, no gshow desde a estreia e, nos 10 anos do portal, coordenador de conteúdo | produção em vídeo.
“O futuro é digital. A gente tem que fazer o conteúdo, um bom conteúdo, e entregar em todas as plataformas. (...) É inegável essa relação, é fundamental, ela existe, ela é dada, ela não é mais uma opção. Todo programa deverá ter seu site ou uma atuação na internet para capturar esse público. O que a gente discute, o que está sempre em revisão, porque muda, é o jeito que se dará essa relação”, destaca Márcia Menezes, diretora de conteúdo do g1 quando o gshow foi lançado, em entrevista ao Memória Globo. Desde junho de 2022, Márcia Menezes lidera a área de Produtos de Publishing da Globo, criada para fazer a gestão dos produtos do g1, do ge, do gshow, da home da Globo.com, do Receitas.com e do Cartola.
O gshow já nasceu com versão móvel para tablets e smartphones. Para Erick Brêtas, diretor de Mídias Digitais da Globo no lançamento e, nos 10 anos do gshow, diretor de produtos digitais e canais pagos, o portal passou a oferecer ao usuário mais oportunidade de interação com a programação e fortaleceu a experiência transmídia: “O lançamento do gshow completa os pilares de Jornalismo, Esporte e Entretenimento da Globo na web e reflete esse momento da empresa, que cada vez mais se consolida como produtora e curadora de conteúdo em todas as plataformas". Para Brêtas, o portal é também uma oportunidade para a descoberta de novos talentos artísticos e um laboratório de novas experiências criativas para os profissionais da Globo.
O nome do gshow surgiu a partir do somatório do “g”, que iniciava os títulos dos produtos digitais da Globo, ao “show”, que representa a linha de entretenimento de maneira geral. “Não tenho dúvida que tem a ver com os ges. Era ge, g1, e o TVG [nome do portal de Entretenimento até então] estava destoando. Pensando institucionalmente, é uma forma de eu ‘recolocar no bolo’, acho que foi esse sentimento”, lembra, em entrevista ao Memória Globo, Fernanda Almeida, no gshow desde a estreia e, nos 10 anos do portal, coordenadora de conteúdo.
Desde o seu lançamento, o gshow segue na missão de ampliar as relações do público com a Globo e suas produções de entretenimento, visando informação, diversão e cultura. “A gente tinha vídeo, especiais, joguinhos, programetes também na web. Em 2015, a gente se tornou a extensão da TV no digital, mas com muitas produções”, complementa Nilo.
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Antes do gshow, teve o TVG
O TVG nasceu em 2013 como um agregador de URL, reunindo todos os sites de Entretenimento da Globo, como explica, em entrevista ao Memória Globo, Jorge Carrasco, no gshow desde a estreia e, nos 10 anos do portal, gerente de estratégia digital e redes sociais Produtos Digitais e Canais Pagos: “A cada novela, a gente construía uma audiência enorme, porque você criava um novo site, vinha aquele consumidor que estava interessado naquela trama. A novela acabava, aquele ambiente morria e, quando surgia a nova novela, a gente tinha todo um esforço para levar e criar, obviamente, estratégias de cross para levar aquele cara para outro site. E aí começamos a ter uma discussão técnica de como a gente criava um agregador. Para SEO, para busca, era matador, porque você constrói um site que tem uma autoridade. E aí veio esse nome, TVG”. Mas não durou muito tempo, exatamente por conta do nome. “Começaram as discussões internas em relação ao nome. ‘TVG é Globo?’. Isso vai gerar certa confusão. E aí surge a necessidade de pensar essa marca e vem o nome gshow, o portal de entretenimento da Globo como um todo”, completa Jorge Carrasco.
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Desde o começo, o gshow mostrou que uma das suas marcas eram os bastidores. Pouco depois da estreia do portal, foi exibido o último capítulo da novela ‘Amor à Vida’, em 31 de janeiro de 2014. O desfecho da trama que envolvia Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) marcou a teledramaturgia. No capítulo final, aconteceu o tão esperado beijo do casal – o primeiro beijo gay em uma novela da Globo. O gshow estava no set e registrou os bastidores desse momento.
Vídeo exclusivo mostra bastidores da gravação da última cena da novela ‘Amor à Vida’. gshow, 02/02/2014
As últimas imagens de Domingos Montagner, nos bastidores das gravações de ‘Velho Chico’ (2016), também foram registradas pelo gshow. O ator morreu vítima de afogamento, em setembro de 2016.
Bastidores da gravação de ‘Velho Chico’, com depoimento do ator Domingos Montagner após a sua última gravação. gshow, 15/09/2016
“A gente começou a se perceber mais como um produto. Até então, nós éramos muitos produtos, nós éramos os programas, nós éramos as novelas, eram muitas frentes abertas. (...) A partir do nascimento do gshow, a gente começa a pensar outras estratégias”, destaca Jorge Carrasco.
No dia da estreia, o portal contava com as seguintes editorias: Novelas, Programas, Bastidores da TV, Mundo Projac, Estilo TV, Receitas e Tudo do Gshow. O conteúdo era completamente responsivo para o computador, tablet ou celular.
O mercado do entretenimento
Quando o gshow estreou, a Globo já tinha um site voltado para o conteúdo de entretenimento, mas com uma linha editorial bem diferente, o Ego. Lançado em 2006, a página fazia o chamado jornalismo de celebridade, trazendo notícias de famosos, moda e beleza – flagras, fotos, vídeos, entrevistas –, e foi, por mais de uma década, o principal produto digital do segmento de Entertainment News na Internet brasileira.
O Ego foi descontinuado em abril de 2017, junto com a editoria Paparazzo, voltada para ensaios sensuais. A decisão de encerrar as atividades do portal foi resultado de uma reflexão sobre a evolução do mercado de notícias de celebridades no Brasil e no mundo, e de novas dinâmicas de interação entre artistas e seus fãs nas redes sociais.
“A produção do Ego era muito ousada. (...) Ainda que seja Globo, a gente enxergava como uma grande concorrência. (...) A não existência deles [Ego] não mudou nossa forma de trabalhar. Eu acho que a gente só ganhou mais concorrência e, naturalmente, foi se transformando não porque o Ego deixou de existir, mas pela forma de consumo que mudou mesmo. (...) O consumo passou a ser mais imagético”, destaca Fernanda Almeida.
A partir de então, a Globo decidiu concentrar o foco da estratégia digital em seu ambiente de vídeo, Globoplay, e nas verticais de conteúdo — jornalismo, entretenimento e esportes —, representadas pelos portais g1, gshow e globoesporte.com e pelo fantasy game Cartola FC. A partir de 02 de maio de 2017, as novidades sobre o dia a dia dos talentos da Globo passaram a ser registradas com mais intensidade pelo gshow. O g1 continuou com a missão de cobrir o factual relacionado às personalidades de projeção pública.
“A história das histórias que a gente conta.”
Em 09 de novembro de 2017, meses antes da estreia da novela ‘Deus Salve o Rei’, que ocorreu em janeiro do ano seguinte, um incêndio de grande proporção atingiu um galpão dos Estúdios Globo, que serviria de apoio para a novela. Não houve feridos, apenas perdas materiais. A equipe do gshow produziu um vídeo sobre o ocorrido, que foi usado para marcar a retomada das gravações. “A gente estava lá, testemunhou o incêndio em um galpão de ‘Deus Salve o Rei’. Graças a Deus ninguém se feriu. Teve perda de equipamento, mas equipamento é o de menos. A novela ficou paralisada. (...) A gente fez um vídeo muito bacana da retomada dessa gravação. (...) A gente estava trazendo a emoção das pessoas que sofreram aquele baque, aquele susto. Foi bacana entender o quanto a gente pode se posicionar contando histórias das nossas histórias", destaca Nilo Maia.
Assista a vídeo exclusivo do gshow sobre o incêndio e a retomada das gravações da novela ‘Deus Salve o Rei’. gshow, 11/12/2023
Estava aí o novo posicionamento do gshow, que surgiu focado em “novelas, séries, programas e muito mais” e, em 2018, voltou-se para “A história das histórias que a gente conta”, como explica Nilo: "já é um posicionamento de que nós somos o canal oficial da Globo na web, a gente está contando o behind the scenes, trazendo o mundo mágico do Entretenimento da Globo para os fãs, para o público de maneira geral”.
As primeiras produções do gshow mostravam uma clara linha editorial, voltada essencialmente para os programas da casa, ou seja, da Globo, mas isso mudou ao longo dos anos, como também explica Fernanda Almeida em entrevista ao Memória Globo. “Sempre foi entretenimento, mas sempre foi muito voltado para a casa, para dentro, para os programas da casa. A gente saía pouquíssimo dali. Ou eram originais, como as webséries, que é um capítulo bem significativo. A gente dificilmente olhava para fora. A gente via o lado de fora como concorrência, isso era fato. (...) Nós éramos muito enraizados nos Estúdios em todas as produções, a gente tinha quatro, cinco, às vezes até seis produtoras de conteúdo em cada módulo de novela. Eram equipes fixas em cada novela. A gente era muito institucional, acho. (...) Esse passo a mais a gente deu nessas últimas viradas, e a gente passou a olhar para fora. Ainda na gestão da Ana Bueno [diretora de Mídias Digitais para Entretenimento de 2010 a 2019], teve essa virada de entender os concorrentes não como concorrentes, mas como um ecossistema. A gente começou a falar muito de ecossistema pouco antes até da Ana sair, tipo 2017, 2018. Mas, até então, a gente olhava muito para si”.
Daí vieram grandes documentários. Em 2019, foi lançado o que mostrou a construção da cidade cenográfica de ‘Amor de Mãe’, incluindo entrevistas importantes. A novela, assinada por Manoela Dias, foi a primeira produção a ser gravada no recém-inaugurado Módulo de Gravação 4 (MG4) dos Estúdios Globo.
Making of da construção da cidade cenográfica de ‘Amor de Mãe’ e do novo estúdio da Globo. gshow, 26/11/2019
“Eu acho que o diferencial do gshow é a liberdade que a gente tem de criar. (...) A gente já fez pocket show... Para fã, já fiz tudo que você possa imaginar. A gente já fez uma live de uma gravação de cena de uma novela. Ninguém nunca conseguiu ver uma gravação. Essa variedade de formatos é que eu acho que atrai bastante. (...) A gente vai de acordo com o que vai trazer mais retorno, obviamente, mas tem muita liberdade de propor, de criar e eu acho isso muito legal”, destaca Fernanda Almeida.
Em junho de 2024, o portal lançou a editoria ‘Globoplay’, com materiais exclusivos sobre os títulos da plataforma, como teasers, entrevistas, bastidores e curiosidades de séries, filmes, shows e documentários.