Nascido em Juiz de Fora (MG), Vinicius Menezes decidiu se tornar jornalista por gostar de contar histórias. Na Globo, iniciou sua trajetória como editor de texto, em 1988, ainda em Minas Gerais, transferindo-se depois para Brasília, onde ficou por dez anos, e finalmente para o Rio de Janeiro, onde chegou em 2005. Em sua trajetória, lidou com desafios profissionais importantes, como levar à frente mudanças em telejornais, em cargos de chefia. Em janeiro de 2024, assumiu a direção de Jornalismo da GloboNews, sua primeira experiência fora da TV aberta.
Início da carreira
O jornalista Carlos Vinicius de Oliveira Menezes adotou o nome Vinicius Menezes, em sua vida profissional, quando ainda estava na faculdade de Jornalismo, cursada em Juiz de Fora (MG), cidade onde nasceu, em 30 de novembro de 1964. Apesar de ter editado um jornal chamado Panfleto no Ensino Médio, ele não escolheu a Comunicação Social como sua primeira opção. Filho do economista Carlos Alberto de Paiva Menezes e da educadora Maria Nilcea de Oliveira Menezes, Vinicius cursou um ano de Economia, quem sabe influenciado pela profissão do pai, antes de seguir pelo Jornalismo.
O gosto por contar histórias e escrever foi desenvolvido em conjunto com o suporte da imagem, desde o início de sua trajetória. O jovem estudante chegou a montar uma pequena produtora de vídeos com colegas da faculdade e começou a trabalhar, na afiliada da Globo em Juiz de Fora, logo após a sua formatura, em 1988. Ainda em Minas Gerais, ele se transferiu em seguida para a EPTV, outra afiliada, recém-criada no sul do estado. Dois anos depois, já estava na Globo de Belo Horizonte, a convite do então diretor Regional de Jornalismo, Lauro Diniz, onde ficou pouco mais de dois anos. A função do jornalista se manteve: editor de texto, primeiro do ‘MGTV1’ e, na sequência, do ‘MGTV2’.
Em Brasília
De Belo Horizonte, Vinicius Menezes se transferiu para Brasília, em 1995, onde passou a editar textos de reportagens do ‘Bom Dia Brasil’ e ser editor executivo do ‘Bom Dia DF’. Por volta de 1998, ainda em Brasília, passou a editar os textos do ‘Jornal Nacional’, tornando-se coordenador de edição em 2001. Em seguida, ocupou o cargo de chefe de produção. Na capital, ficou exatos dez anos e pôde acompanhar o trabalho de muitas CPIs, em uma época em que as sessões não eram transmitidas pelas TVs do Congresso Nacional, o que exigia esforço especial dos editores para a definição dos trechos de depoimentos que iriam ao ar, um trabalho que se estendia pela madrugada, eventualmente.
Houve também momentos tensos, como a morte do então presidente da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Magalhães, em abril de 1998, cotado para concorrer à presidência da República. “A nossa previsão era abrir o ‘Jornal Nacional’ com o vivo, dizendo que ele estava internado e poderia ser transferido. Só que, entre a novela e o ‘Jornal Nacional’, eu me lembro que os créditos começaram a subir quando a repórter, Cristina Serra, falou no ponto para mim: ‘Morreu’. (...) Aquilo foi um aperto, o coração veio na boca”, conta.
No Rio de Janeiro
Em 2005, convidado por William Bonner, com intermediação de Márcia Menezes, então editora-chefe adjunta do ‘JN’, Vinicius Menezes veio para o Rio de Janeiro como editor de política do telejornal. Logo se integrou à força-tarefa criada para apurar o Mensalão e se tornou, com o tempo, um dos jornalistas responsáveis por fechar o telejornal nos finais de semana e feriados.
Entre as coberturas importantes de que participou ao longo dos anos no ‘Jornal Nacional’ esteve a tragédia das enchentes na Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011. Para dar à notícia a importância que ela merecia, o telejornal foi ancorado de Teresópolis, cidade duramente atingida. Vinicius Menezes teve a incumbência de viabilizar a apresentação de Renata Vasconcellos, feita in loco, uma tarefa realizada sob condições difíceis, pelas limitações de locomoção naqueles dias e pelos estragos na infraestrutura do município.
‘Bom Dia Brasil’
Interessado em novos projetos, o jornalista fez saber à chefia que estava disposto a experimentar um novo desafio e recebeu o convite para assumir a função de editor-chefe do ‘Bom Dia Brasil’, em 2013. No cargo, conseguiu levar à frente iniciativas que ampliaram a audiência do telejornal, como reportagens especiais feitas pelo produtor Chico Regueira. As matérias abordaram temas relevantes, como a água de lençóis freáticos que não era utilizada para mitigar a seca no Nordeste e a violência no Rio de Janeiro: “era lugar comum dizer que a polícia do Rio é a que mais mata. A gente fez uma série que juntava as duas coisas: é a polícia que mais mata, mas também é a polícia que mais morre”.
O trabalho mudou a rotina de Vinicius Menezes, que passou a acordar muito cedo, para estar logo depois das 5h na redação, e organizar sua rotina diária em função da edição do dia seguinte. Vinicius já estava no comando do ‘Bom Dia Brasil’ quando a Lava Jato foi deflagrada, em março de 2014: “quando a gente já sabia [da operação] de véspera, dava um alerta, chegava mais cedo. Mas, normalmente, era de manhã, era no susto”. Um dos furos de reportagem do ‘Bom Dia Brasil’, sob a chefia de Vinicius, foi o atentado contra jornalistas da publicação francesa ‘Charlie Hebdo’. Como o ataque aconteceu na manhã do dia 7 de janeiro de 2015, em Paris, durante a edição do ‘Bom Dia Brasil’, o jornalista Roberto Kovalick conseguiu, com uma fonte da polícia local, a confirmação de que se tratava de uma ação terrorista e deu a notícia em primeira mão.
Diretor Regional
Em 2018, Vinicius Menezes ganhou uma nova promoção e se tornou diretor Regional de Jornalismo do Rio de Janeiro. Seu primeiro objetivo, no cargo, foi aproximar os telejornais das comunidades, para que a realidade de todas as áreas da cidade, inclusive daquelas menos seguras, estivesse presente na rotina da cobertura dos telejornais. Nesse sentido, projetos jornalísticos como o ‘Comunidade RJ’, que dá espaço a comunicadores locais; ‘Relíquia’, que mostra a trajetória de pessoas importantes da comunidade em diversas regiões; ‘Expedição Rio’, que explora locais desconhecidos do estado; ‘Sextou’, que traz a programação cultural em comunidades, foram implantados, com sucesso. Desse período na editoria Rio destacam-se também a criação o programa ‘A Roda’, que juntou jovens de comunidade para tratar de temas do seu cotidiano e que depois deu origem a uma outra série de programas, também chamado ‘A Roda’, sobre o samba e os ritmos de origem africana; e o ‘Vim de Lá’, que mostrou as origens negras do Rio e como o tráfico de escravizados proporcionou, no Rio de Janeiro, um encontro de povos negros de diferentes regiões da África. A equipe do programa viajou a Angola para contar essa história.
No mesmo ano em que Vinicius Menezes assumiu a Diretoria Regional, jornalistas do Rio de Janeiro iniciaram uma apuração sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, morta, em março de 2018, junto com seu motorista, Anderson Gomes. Esse trabalho gerou uma indicação ao Emmy, em 2019, pela qualidade e relevância da investigação. Outra indicação ao Emmy aconteceu em 2020, por uma reportagem de Pedro Figueiredo, produzida por Guilherme Boisson, sobre os funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa.
Durante a campanha presidencial de 2018, o diretor saiu de suas funções de chefia do dia a dia para voltar à apuração. Como o então candidato Jair Bolsonaro havia levado uma facada em Juiz de Fora, cidade de nascimento de Vinicius Menezes, ele conseguiu acesso a fontes dentro do hospital que atendeu o candidato e descobriu a gravidade do ferimento.
Pandemia da Covid-19
A Covid-19, a partir de 2020, gerou grandes mudanças no fazer jornalístico e muita apreensão na redação, reflexo das preocupações de toda a sociedade. Na Globo, protocolos de segurança foram rapidamente criados para reduzir tanto quanto possível a disseminação da doença. “A gente usou, das regras, sempre a mais protetiva. Tivemos um número de vítimas pequeno comparado a outros lugares. Tinha uma coisa que acontecia que eu achava tocante: todas as pessoas que ‘caíram’ de Covid tiveram um acompanhamento do RH, do seu chefe”, relembra. Uma orientação editorial básica, durante o período mais grave da doença, foi não dar voz a negacionistas e manter a população informada com base nas orientações científicas, como contraposição às mentiras difundidas sobretudo nas redes sociais.
Globonews
No final de 2023, com a saída do jornalista Ali Kamel do comando do telejornalismo da Globo, Vinicius Menezes recebeu um novo convite, desta vez para assumir a direção da GloboNews. A experiência fora da TV aberta, a primeira em sua carreira, foi encarada como mais um desafio estimulante: “É um meio que está em mudança, não é TV a cabo mais, é TV paga e já está hospedada na Globoplay também, uma plataforma de streaming. Eu vou fazer parte de uma coisa que vai nos levar à próxima fase desse game da televisão”.
FONTE:
Depoimento de Vinicius Menezes ao Memória Globo em 18/09/2023. |