Sergio Motta Mello estudou direito por três anos e cursou jornalismo na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Sua carreira profissional como jornalista começou na imprensa escrita, em 1970, após uma prova seletiva para trabalhar como copidesque do jornal Folha de S. Paulo. Em 1972, foi para o jornal O Estado de S. Paulo, onde permaneceu até 1977. Trabalhou como repórter de Cidade e, em seguida, como repórter especial de Internacional. Viajou como correspondente do jornal para a França e para os Estados Unidos. Nesse período, realizou uma importante entrevista com Ernesto Geisel durante uma viagem oficial do presidente ao Japão em 1976. A carreira de Sergio Motta Mello na Globo teve início em 1977.
“Eu sempre tive vontade de trabalhar em televisão. Era fascinante, uma coisa nova, moderna. Eu fiquei um tempo fora do Brasil e via o jornalismo em televisão com muita admiração.”
O jornalista começou como repórter especial de Política em Brasília. Devido à abertura política, a Globo passou a ampliar o espaço do noticiário de política em seus telejornais. Sergio Motta Mello trabalhava com Toninho Drummond, diretor de Jornalismo da emissora em Brasília, e foi um dos primeiros repórteres da Globo a cobrir assuntos políticos com maior ênfase.
As matérias realizadas pelo repórter eram levadas ao ar com maior frequência no jornal 'Amanhã' – no horário do atual 'Jornal da Globo'. Algumas das suas matérias de maior destaque desse período eram sobre as resoluções políticas do governo Geisel no final da década de 1970, como o anúncio do fim da Censura Federal.
O repórter Sérgio Motta Mello entrevista, com exclusividade, o General Augusto Pinochet. Painel, 09/01/1978
Além da cobertura política, Sergio Motta Mello dedicava-se também a assuntos internacionais relacionados à América Latina. Entre as reportagens realizadas nesse período, destaca-se a cobertura da vitória de Augusto Pinochet no plebiscito chileno, em 1978. A entrevista foi exibida no programa Painel. “Foi uma rara oportunidade de conversar diretamente com o general Pinochet não apenas sobre a legitimidade da eleição, que estava sendo questionada internacionalmente, mas também sobre a questão dos direitos humanos no Chile, assunto que havia entrado em pauta fortemente no Brasil”, conta o jornalista.
Em 1979, participou da cobertura da Guerra civil na Nicarágua, onde conseguiu uma entrevista exclusiva com o ditador Anastasio Somoza. “Uma cobertura muito importante foi a Guerra da Nicarágua. Eu cobri até praticamente o fim. Eu voltei pouco antes da entrada dos sandinistas e estava lá na época da morte do Bill Stuart, aquele jornalista americano que foi fuzilado pela guarda nacional do Somoza. Fiz uma entrevista com o Somoza no bunker em que ele morava, num buraco todo protegido. E essa entrevista foi veiculada pela Globo”, lembra.
Webdoc sobre a cobertura da Revolução Sandinista em 1978 com entrevistas exclusivas do Memória Globo.
CORRESPONDENTE EM NOVA YORK
Com a transferência de sua esposa para Nova York pela revista Veja, o jornalista aceitou a proposta da Globo para ser correspondente e mudou-se para os Estados Unidos em setembro de 1979. Na sucursal americana, trabalhou ao lado de Lucas Mendes e Hélio Costa. Em novembro deste ano, um grupo de estudantes islâmicos tomou a embaixada americana em Teerã e Motta Mello participou da cobertura: “O desafio era trabalhar no meio de uma revolução que não era só política. Era uma revolução cultural, que estava tentando reverter a ocidentalização que havia sido promovida pelo Xá Reza Pahlavi em favor do fundamentalismo islâmico. Nossa responsabilidade, como correspondente, era cobrir o que estava acontecendo nesse contexto de choque de cultura e religiões com isenção e procurando jogar uma luz além os fatos do dia, para que o público pudesse entender o contexto maior que explicava o noticiário.”
Em 1980, realizou reportagens sobre o assassinato de John Lennon. “Era um dia de inverno. Estava muito frio. Foi uma coisa que pegou todo mundo de surpresa. Eu morava ali perto do Edifício Dakota. Eu já tinha visto o John Lennon entrar na casa dele, andando no Central Park algumas vezes. Para mim, foi um choque pessoal muito grande, porque eu morava na Rua 70 com a Colombus Avenue, que é, digamos, a três ou quatro quadras do lugar onde morava, onde até hoje mora a Yoko Ono. Eu me lembro que cobri toda a manifestação de rua, toda vigília. Foi uma cobertura sofrida do ponto de vista da minha geração”, conta o repórter. A repercussão do atentado ao papa João Paulo II, em 1981, foi outra cobertura marcante desse período.
Reportagem de Sérgio Motta Mello sobre a repercussão do atentado ao Papa João Paulo II nos Estados Unidos. Jornal Nacional, 13/05/1981
ESCRITÓRIO EM WASHINGTON
Em 1982, Sergio Motta Mello deixou a sucursal da Globo em Nova York para implantar o escritório da emissora em Washington, onde permaneceu até 1985. No período em que esteve à frente do escritório, cobriu assuntos relacionados à política internacional, como o encontro do presidente Ronald Regan e Hosni Mubarak para discutir a retiradas das tropas israelenses do Líbano, a visita da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher aos Estados Unidos, as negociações de paz em El Salvador, eleições presidenciais norte-americanas e o sequestro do avião da TWA por grupos xiitas. A maioria das suas reportagens eram realizadas em parceria com o repórter cinematográfico Paulo Zero.
Em julho de 1985, o jornalista voltou ao Brasil e passou a trabalhar como repórter especial do 'Fantástico'. Nessa época, acompanhou o caso Dalkon Shield, popular marca de dispositivo ultra-interino (DIU) que vitimou centenas de mulheres.
No ano seguinte, deixou a Globo para abrir a TV1, produtora de conteúdo audiovisual, origem do Grupo TV1 Comunicação e Marketing, que hoje inclui mais três agências: a TV1.com, a TV1 Experience e a TV1 RP. Entre as produções de vídeo da empresa destaca-se a série 'Gente que faz', criada para o Banco Bamerindus no final de 1990.
Em 1994, a TV1 venceu uma das principais premiações do mercado publicitário brasileiro, o Prêmio Caboré, na categoria Melhor Fornecedor. Em 2004, Sergio Motta Mello foi homenageado como Empreendedor do Ano pela Ernst & Young.
OUTRAS REPORTAGENS
Entrevista exclusiva do repórter Sérgio Motta Mello com Anastásio Somoza durante a Revolução Sandinista na Nicarágua, Jornal Nacional, 08/06/1979
Reportagem de Sérgio Motta Mello sobre a cobertura da guerra civil na Nicarágua e a morte do jornalista Bill Stewart. Globo Repórter, 10/07/1979.
O correspondente Sergio Motta Mello entrevista, com exclusividade, o líder dos sequestradores dos funcionários da embaixada americana em Teerã. Jornal Nacional, 29/11/1979.
Reportagem de Lucas Mendes e Sérgio Motta Mello sobre a crise dos reféns americanos no Irã após um grupo de estudantes e militantes islâmicos tomar a embaixada americana em Teerã, em apoio à Revolução Iraniana. Fantástico, 02/12/1979
Reportagem de Sérgio Motta Mello sobre as homenagens a John Lennon no Central Park, em Nova York. Fantástico, 14/12/1980
Reportagem de Sergio Motta Mello sobre a convenção do Partido Democrata durante a disputa pela presidência dos Estados Unidos em 1980. Jornal Nacional, 11/08/1980.
Reportagem de Sergio Motta Mello sobre as campanhas de Jimmy Carter e Ronald Reagan na disputa pela presidência dos Estados Unidos. Fantástico, 02/11/1980.
Reportagem de Sergio Motta Mello e Paulo Zero sobre a libertação de Ronald Biggs em Barbados e sua volta ao Brasil. Jornal Nacional, 23/04/1981
Entrevista do correspondente Sérgio Motta Mello com o embaixador turco na ONU, Coukis Kirje, sobre o atentado ao Papa João Paulo II. Jornal Nacional, 14/05/1981
Reportagem de Sergio Motta Mello sobre a Convenção Nacional do Partido Republicano para a disputa da presidência dos Estados Unidos. Jornal da Globo, 21/08/1984
Reportagem de Sérgio Motta Mello sobre a festa da vitória de Ronald Reagan nas eleições presidenciais americanas de 1984. Jornal Nacional, 07/11/1984
Reportagem de Sergio Motta Mello sobre o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, e a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher. Jornal Nacional, 22/12/1984
Reportagem de Sérgio Motta Mello sobre as eleições presidenciais em El Salvador, com ataques de guerrilheiros da esquerda revolucionária. Fantástico, 06/05/1984
Fontes
Depoimentos de Sergio Motta Mello ao Memória Globo em 12/06/2002 e 30/06/2017. |