Patrícia Kogut

A carioca Patrícia Kogut entrou em O Globo em 1995. É referência em crítica televisiva do país e, a partir de 2011, assinou uma coluna com seu nome. Em junho de 2023, deixou a coluna diária para assinar críticas e reportagens especiais, além de manter um blog no site do jornal.

Por Memória Globo


O nome de Patrícia Kogut é referência em crítica televisiva. Desde os anos 1990, dedica-se exclusivamente ao assunto no jornal O Globo e se consolidou como uma das mais respeitadas profissionais do país. As notas “zero” ou “dez” que dá a programas de televisão e, mais recentemente, também de streaming, enfurece alguns, alegra outros, mas a avaliação é respeitada por todos do ramo. Responsável por um site de grande audiência, com centenas de milhares de seguidores nas redes
sociais, a jornalista cedo apostou na relevância da internet e, mais importante, soube entender as particularidades do jornalismo digital. A partir de 2011, assinou uma coluna que leva o seu nome. Em junho de 2023, deixou a coluna diária para assinar críticas e reportagens especiais, além de manter um blog no site do jornal.

A crítica é um diálogo com a televisão. Quando ela é séria, quando é profissional, você vê às vezes uma coisa que você escreveu mudar algo na televisão – porque você foi ouvido. O ideal, o mundo perfeito da crítica, é chegar nesse lugar de diálogo”
Patrícia Kogut, 2016 — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

Início da carreira

A jornalista Patrícia Kogut nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de março de 1963. Filha do cirurgião José Kogut e da tradutora e intérprete Dorothy Kogut, ela chegou a estudar Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio, antes de pedir transferência para o curso de Comunicação Social. Como falava outras línguas e dava aulas de inglês, achou que Letras poderia ser um caminho, até se ver atraída para o jornalismo ao se aproximar de amigos que tinham uma rádio pirata na faculdade. Paralelamente, procurou um estágio na área e, em 1985, começou a trabalhar na Editora Bloch.

Na Bloch, Patrícia passou pela revista Fatos – uma breve experiência da editora na criação de um veículo que pudesse rivalizar com a Veja –, pela Pais & Filhos e a Desfile, onde ficou por cerca de seis anos. Algumas matérias dessa época marcaram sua memória, como uma reportagem sobre a relação de algumas detentas do presídio Talavera Bruce com seus filhos e entrevistas com as esposas dos candidatos à presidência, na eleição direta de 1989, a primeira realizada após a redemocratização.

Início em O Globo

No início dos anos 1990, a Bloch vivia problemas financeiros graves, e Patrícia Kogut foi viver outras experiências profissionais. Saiu da editora para redigir um jornal para a Petrobras, até que, em 1995, foi indicada para uma vaga na 'Revista da TV', de O Globo. O jornalismo diário permitiu que a repórter desenvolvesse uma dinâmica intensa de trabalho. Na época, as emissoras ainda não enviavam material pronto para as redações de jornais e cabia aos próprios jornalistas resumir os capítulos de novelas. Sua primeira empreitada foi logo com uma novela das oito da Globo, 'A Próxima Vítima', de Silvio de Abreu (1995).

No ano seguinte, Patrícia Kogut começou a cobrir a ainda incipiente TV por assinatura do país para o Segundo Caderno e acabou criando uma coluna específica para tratar do tema, a Pagando pra Ver. Seu trabalho nesse espaço lhe rendeu um convite da Turner, então proprietária de canais como CNN, Cartoon e TNT para uma viagem aos Estados Unidos para conhecer a estrutura e os bastidores do negócio.

Ao mesmo tempo em que cobria TV, Patrícia Kogut escrevia para outros suplementos de O Globo, como o Jornal da Família. Em 1998, com a gravidez de sua chefe e xará Patricia Andrade, passou a dedicar-se exclusivamente à televisão ao assumir provisoriamente a função de editora da Revista da TV e a produção da coluna Controle Remoto – cuja redação seguiu dividindo com xará mesmo depois de sua volta da licença-maternidade. Depois de uma breve experiência no braço web da produtora de vídeos carioca Conspiração – num período em que a internet vivia seu primeiro boom no Brasil – Kogut assumiu a titularidade da coluna em 2000.

À frente da 'Controle Remoto', a jornalista imprimiu sua marca. Com o tempo, o espaço incorporou críticas de programas, foi ganhando novos contornos e uma crescente repercussão. “A coluna tem muito peso, tem respeito, as pessoas leem, consideram a opinião”, pondera. Em 2011, a coluna tomou o nome de sua titular: Patrícia Kogut.

Patrícia Kogut em entrevista ao Memória Globo, 2016 — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Na internet

Parte do crescente sucesso da coluna, que foi ampliando número de leitores e interações, se deve à atuação de Patrícia Kogut na internet. Em 2006, ela lançou um blog, que logo cresceu e se tornou um site. Uma equipe de repórteres passou a se responsabilizar pela apuração e redação das notas, enquanto a titular se encarregava da crítica de programas. A coluna também está presente nas redes sociais, com perfis no Instagram, no Facebook e no Twitter que contam com centenas de milhares de seguidores. “Fui descobrindo que internet é internet, papel é papel. O leitor da internet quer saber sobre a vida do artista, o fulano que sumiu, a trama de novela, que eu não dou na coluna de papel. São dois trabalhos”, afirma.

No papel ou na internet, a coluna é conhecida pelas pontuações “zero” ou “dez” que dá aos programas de televisão – e, mais recentemente, também de streaming. A avaliação às vezes cria situações delicadas com profissionais envolvidos nos trabalhos, mas a percepção de que a crítica é feita de forma séria e neutra faz diferença. A própria colunista já se deu zero, quando percebeu um erro anterior, o que mostra sua preocupação com critérios e a justiça das considerações publicadas.

O cotidiano intenso não impede Patrícia Kogut de mergulhar em uma grande reportagem de campo, quando tem a oportunidade. Na novela 'Velho Chico', de Benedito Ruy Barbosa (2016), a jornalista foi ao Nordeste apurar notícias sobre a novela, o que já tinha feito na minissérie 'A Pedra do Reino', de Luiz Fernando Carvalho, Luís Alberto de Abreu e Braulio Tavares (2007); e na série 'Amores Roubados', de George Moura, Sérgio Goldenberg, Flávio Araújo e Teresa Frota (2014).

Livro

O conhecimento acumulado em mais de duas décadas de profissão levou a Editora Sextante a convidar Patrícia Kogut a escrever um livro, para uma coleção chamada 101. A obra, '101 atrações de TV que Sintonizaram o Brasil', foi lançada em 2017, mostrando os programas que mobilizaram o país durante 70 anos da televisão brasileira, desde o primeiro beijo na boca, transmitido ao vivo pela TV Tupi. Os desafios das próximas décadas, para a TV, os jornais e a crítica, são encarados com otimismo pela colunista: “Tudo está se misturando, tornando-se uma coisa só. A internet deu certo para mim, porque cavei muito, tem a ver com a minha personalidade, com o meu jeito de trabalhar. Mas também gosto muito do papel. O leitor do papel é qualificado, gosta de ler uma crítica, um texto. Hoje a gente ainda tem os dois mundos. Eu sou dos dois mundos – e gosto disso. Se um dia não houver mais o papel, vou lembrar de como foi bom”.

Em junho de 2023, Patrícia Kogut anunciou que deixaria a coluna diária para assinar críticas e reportagens especiais, além de manter um blog no site do jornal. O impresso seguiu com uma coluna dedicada ao mundo da televisão, agora chamada de 'Play' e liderada pela jornalista Anna Luiza Santiago, que foi braço direito de Patrícia por 12 anos.

FONTE:

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por Patrícia Kogut em 26/11/2004 e 05/04/2016. https://oglobo.globo.com/cultura/televisao/noticia/2023/06/patricia-kogut-passa-a-assinar-criticas-as-quintas-e-aos-domingos-e-coluna-diaria-de-tv-ganha-novo-visual-e-nome-play.ghtml, acessado em 30/03/2023.