Mussum

Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, comediante e sambista, nasceu no Rio de Janeiro em 7 de abril de 1941. Entrou para a Globo em meados da década de 1970 e foi integrante dos Trapalhões na televisão e no cinema até a sua morte, em 1994, aos 52 anos.

Por Memória Globo


Nascido no dia 7 de abril de 1941, Mussum cresceu no Morro da Cachoeirinha, em Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro. Filho de família humilde, não foi o humor que prevaleceu entre suas primeiras escolhas profissionais. Serviu por vários anos na Aeronáutica e, paralelamente, começou uma carreira musical. No início dos anos 1960, criou, junto com amigos, o grupo Os Sete Morenos – que, anos mais tarde, mudaria o nome para Originais do Samba. Os músicos gravaram mais de dez LPs e ganharam três discos de ouro: 'Tragédia no Fundo do Mar', 'Esperanças Perdidas' e 'Do Lado Direito da Rua Direita'.

Mussum em Os Trapalhões — Foto: Acervo/Globo

Estreia na Globo

O ator estreou na Globo, em 1966, no programa humorístico 'Bairro Feliz' (no ar desde o ano anterior), com os colegas do Originais do Samba. Consta que, nesta época, o comediante Grande Otelo apelidou Antônio Carlos Bernardes Gomes de Muçum, que viraria seu nome artístico com a mudança na grafia: Mussum.

Mussum, Dedé Santana, Mauro Gonçalves e Renato Aragão em Os Trapalhões — Foto: Acervo/Globo

No ano seguinte, foi convidado pelo comediante Chico Anysio para trabalhar na TV Tupi, onde participou do programa 'Escolinha do Professor Raimundo'. Nesta época, criou o jeito de falar que se tornaria sua marca registrada, ao pronunciar as palavras com a última sílaba terminando em “is” – como em “portuguesis” ou “aritimetiquis”. Em 2008, por ocasião da eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, essa pronúncia serviu de mote para a galhofa que foi a criação de uma imagem em que Mussum aparecia travestido de presidente americano – inspirada no cartaz do político criado pelo artista gráfico Shepard Fairey. Abaixo da paródia, lia-se: “Obamis”. A estampa, criada por um designer carioca, virou febre e começou a aparecer em várias camisetas.

Expressões do personagem Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) reunidas de diferentes episódios do humorístico. Com Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana) e Zacarias (Mauro Gonçalves). Participação do cantor Roberto Carlos (musical “Roberto Carlos Especial”, de 1979).

Ainda no fim dos anos 1960, Mussum participou de programas na TV Excelsior e na TV Record. Nesta última, no início dos anos 1970, contracenou com os humoristas Renato Aragão, o Didi, e Manfried Santana, o Dedé, no programa 'Os Insociáveis', que seria um embrião do grupo 'Os Trapalhões'. Em 1974, o trio foi para a TV Tupi para estrelar um programa com três horas de duração, desta vez com o nome com o qual passariam a se apresentar: 'Os Trapalhões'. Enquanto grupo, porém, os 'Trapalhões' já existiam desde 1966, na TV Excelsior, no programa 'Adoráveis Trapalhões' – que contava, além de Renato Aragão e Dedé Santana, com Wanderley Cardoso, Ivon Curi e Ted Boy Marino. Na TV Tupi, o trio passou a contar com o comediante mineiro Mauro Gonçalves, o Zacarias, formando o quarteto que consagraria o grupo: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.

'Os Trapalhões' na Globo

'Os Trapalhões' foram contratados pela Globo, em 1976, tendo estreado em dois programas especiais, exibidos em janeiro e fevereiro de 1977. Logo em seguida, em março, os comediantes estrearam um programa próprio, 'Os Trapalhões', que ficou no ar até 1994. Durante este tempo, o humorístico passou por algumas alterações – tendo sido as mais significativas a presença do público assistindo aos esquetes (1982), as gravações externas (1983), a transmissão ao vivo (1988) e a inserção de quadros de personagens fixos, como 'Trapa Hotel' (1990), 'Vila Vintém' (1992), 'Agência Trapa Tudo' (1992) e 'Nos Cafundós do Brejo' (1993) –, mas manteve como base os esquetes isolados protagonizados pelo quarteto.

Esquete com Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Gonçalves).

O programa ficou no ar com edições inéditas até 1994, ano em que Mussum morreu – o quarteto já tinha perdido Zacarias, que havia morrido em 1990. De 1994 a 1995, foram exibidos os melhores momentos desde 1977.

Comédia e samba

Durante os primeiros anos dos 'Trapalhões', Mussum conciliou suas atividades na televisão com sua carreira nos Originais do Samba. Em 1981, no entanto, ele decidiu deixar o grupo para se dedicar integralmente à carreira de humorista. Segundo ele próprio contou em entrevistas, o público dos Originais do Samba começava a ir aos shows mais para ouvir suas piadas do que para ouvir música. Em um show no interior de São Paulo, chegou a ser anunciado como “o trapalhão Mussum e os Originais do Samba”, e o comediante se deu conta de que era a hora de largar a carreira musical.

Na primeira edição do programa, Roberto Carlos canta com Os Trapalhões (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias) “Amigo”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Em 1982, Silvio Santos, dono do SBT, tentou contratar o grupo, mas sem sucesso. Entre 1983 e 1984, eles passaram por uma crise que quase os levou à separação. Renato Aragão chegou a fazer um filme sozinho, 'O Trapalhão na Arca de Noé' (1983), de Del Rangel, enquanto os três colegas fizeram, sem ele, o filme 'Atrapalhando a Suate' (1983), de Victor Lustosa e Dedé Santana. Seis meses após terem anunciado a separação, eles se reconciliaram e voltaram a gravar juntos. No carnaval de 1988, foram homenageados no tema do samba-enredo da escola Unidos do Cabuçu que desfilou no Rio de Janeiro.

Durante sua passagem pela Globo, Mussum também participou dos programas especiais da campanha 'Criança Esperança', promovida pela emissora e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em prol dos direitos da infância e da adolescência. A campanha foi lançada no programa em homenagem aos 20 anos de carreira dos 'Trapalhões', exibido em 28 de dezembro de 1986.

Mussum em Os Trapalhões — Foto: Acervo/Globo

Cinema

A carreira de Mussum no cinema foi ligada aos 'Trapalhões', desde o primeiro filme, 'O Trapalhão no Planalto dos Macacos' (1976), de J.B. Tanko. Daí em diante, foram mais de 20 filmes com o grupo, até 'Os Trapalhões e a Árvore de Juventude' (1991), de José Alvarenga Jr. Trabalhou também como compositor no já citado 'Atrapalhando a Suate' e em 'Os Trapalhões no Rabo do Cometa' (1986), dirigido pelo amigo Dedé Santana.

Em julho de 1994, Mussum submeteu-se a um transplante de coração. Ele sofria de miocardiopatia, doença que provoca o inchaço do coração a ponto de comprometer seu funcionamento. Uma infecção hospitalar, no entanto, provocou sua morte, aos 52 anos, no dia 30 daquele mês. Ele deixou mulher e quatro filhos, entre eles Mussunzinho, que, embora não seja comediante, seguiu a carreira do pai e hoje está na televisão.

Trecho do programa sobre samba, com participação de Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes), Ivo Meirelles e Velha Guarda da Mangueira.

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