Laura Cardoso

A atriz Laura Cardoso nasceu em São Paulo, capital, dia 13 de setembro de 1927. Sua estreia na Globo foi em 1981 e, desde então, se destaca em novelas de diferentes épocas.

Por Memória Globo


Eu sempre gostei de ler, era uma menina que gostava de representar. Eu recitava para família e na escola. Acho que o início de verdade da minha carreira foi nessa época, com esse prazer de ler para os outros.

Laura Cardoso já gostava de representar muito antes de saber o que era isso. Quando tinha seis anos, ela e uma amiga do bairro paulistano da Bela Vista vestiam fantasias para fingir que iam pegar o bonde. “Toda noite a gente vestia a roupa, botava o chapéu, o anel, o brinco da mãe da menina, sentava na calçada e esperava o bonde. Então, a gente brincava, subia no bonde e descia correndo. Esse era o nosso teatrinho de toda noite”, recorda-se. Aos 15 anos, decidiu que era a hora de tomar o bonde da história e começou a carreira de atriz de radionovelas na Rádio Cosmos. Estreou na televisão no programa 'Tribunal do Coração' (1952), da recém-inaugurada Tupi e participou de novelas da emissora. Depois de dois anos dedicados ao teatro, em 1981, estreou na Globo, na novela 'Brilhante'. Em 1995, esteve em 'Explode Coração', primeira novela gravada nos Estúdios Globo.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista da atriz Laura Cardoso ao Memória Globo sobre sua origem, 14/08/2008.

Entrevista da atriz Laura Cardoso ao Memória Globo sobre a descoberta da vocação, 14/08/2008.

Início da carreira

Filha dos imigrantes portugueses, Laurinda de Jesus Cardoso Balleroni nasceu na cidade de São Paulo, em 13 de setembro de 1927. No início, os pais resistiram. Mas ao completar 15 anos, Laura não teve dúvida. Decidiu que era a a hora de tomar o bonde da história e começou a carreira de atriz de radionovelas na Rádio Cosmos.

Ainda jovem também, estreou no programa 'Tribunal do Coração' (1952), da recém-inaugurada Tupi. Participou de novelas da emissora, como 'Um Lugar ao Sol' (1959), adaptação do romance de Theodore Dreiser feita por Dionísio Azevedo, e 'Ídolo de Pano' (1975), de Teixeira Filho. Paralelamente, trabalhou na Excelsior, na Record e na Cultura.

Depois de dois anos dedicados ao teatro, em 1981, estreou na Globo, convidada por Daniel Filho. Seu primeiro papel na emissora foi Alda Sampaio, mãe da protagonista Luiza (Vera Fisher), em 'Brilhante', de Gilberto Braga. Depois, fez duas novelas na TV Bandeirantes: 'Ninho da Serpente' (1982), de Jorge Andrade, e 'Renúncia' (1982), de Geraldo Vietri. De volta à Globo, atuou em três novelas de Walther Negrão: 'Pão-Pão, Beijo-Beijo' (1983), 'Livre para Voar' (1984) e 'Fera Radical' (1988).

Eu sou amiga e colega do Walther desde o tempo da Tupi. Eu sou pupila do Negrão. Em 'Pão-Pão, Beijo-Beijo', eu era Donana. Era uma personagem linda. Até hoje, já faz não sei quantos anos, me falam dela.

Remakes de sucesso

Em seguida, fez 'Rainha da Sucata' (1990), de Silvio de Abreu, 'Felicidade' (1991), de Manoel Carlos, e três remakes de novelas de grande sucesso, duas delas de Ivani Ribeiro. Em 'Mulheres de Areia' (1993), interpretou Isaura Araújo, mãe das gêmeas Raquel e Ruth (Gloria Pires); em 'A Viagem' (1994), foi Guiomar: “Eu fazia uma mulher que era possuída pelo espírito. Você sabe que tinha criança que não queria me ver? Tinha medo, juro por Deus. Ela recebia um espírito que era do Guilherme, era um espírito mal”.

Em 1995, esteve no elenco da segunda versão de 'Irmãos Coragem', de Janete Clair, como Sinhana – a mãe Coragem –, com direção de Luiz Fernando Carvalho. “Essa mãe me deu uma das maiores emoções que eu tive fazendo um personagem. Ela tinha esses filhos, que eram três filhos maravilhosos, e ela tinha um marido, todos camponeses, e teve uma cena em que esse marido morria. E aí o Luiz fez uma cena maravilhosa com um enterro num campo”. Ainda 1995, deu vida à cigana Soraya, de 'Explode Coração', de Gloria Perez, primeira novela gravada no então chamado Projac, os Estúdios Globo. No ano seguinte interpretou a mau caráter Ruth em 'Salsa e Merengue', de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa.

Mulheres de Areia: cena em que Isaura (Laura Cardoso) conta para Ruth (Glória Pires) o plano de Raquel

Chocolate com Pimenta

Voltou a trabalhar com Walther Negrão em 'Vila Madalena' (1998). Sua infância no bairro da Bela Vista a ajudou a compor a Deolinda, uma matrona italiana. Depois de uma breve passagem pela TV Record, onde atuou em 'Vidas Cruzadas' (2000), de Marcos Lazarini, voltou novamente à Globo, para fazer A 'Padroeira' (2001), de Walcyr Carrasco.

Em seguida, viveu outra imigrante italiana, Madalena, em 'Esperança' (2002), de Benedito Ruy Barbosa. “Eu amei fazer aquela italiana que amava aquela filha, queria que fosse feliz. E e que um dia se veste também de noiva. Outra cena maravilhosa do Luiz Fernando de Carvalho, que fez essa mulher querendo casar. Não casava com ninguém. Era uma loucura dela, era um sonho dela”, conta. E em 'Chocolate com Pimenta' (2003), de Walcyr Carrasco, interpretou a divertida avó Carmem, do núcleo caipira.

Foi adorável! Teve muita cena que a gente parava a gravação para rir. Acho que foi uma das coisas mais inspiradas que Walcyr Carrasco fez. Porque tanto se divertia a gente, como se divertia o público. Cansei de ouvir pessoas dizerem: ‘Eu saio correndo do meu emprego para ver Chocolate com Pimenta’

Chocolate com Pimenta: cena em que Ana Francisca (Mariana Ximenes) vai se encontrar escondido com Danilo (Murilo Benício) e põe toda sua família - a avó Carmem (Laura Cardoso), o tio Margarido (Osmar Prado), a agregada Dália (Carla Daniel) e a prima Márcia (Drica Moraes) - preocupada.

Caminho das Índias

Novamente sob a direção de Luiz Fernando Carvalho, atuou em 'Hoje é Dia de Maria' (2005), sua primeira minissérie na Globo. Nela, emprestou a voz à Senhora dos Dois Mundos – a avó que contava histórias para a neta Maria. “Eu só narrava, e essa narração fez muito sucesso. Tanto que na segunda parte da minissérie, eu tive um personagem, a Nossa Senhora”, conta.

Trabalhou ainda no remake de 'O Profeta' (2006), adaptação de Duca Rachid e Thelma Guedes do original de Ivani Ribeiro; em 'Duas Caras' (2007), de Aguinaldo Silva; 'Caminho das Índias' (2010), de Gloria Perez, que ganhou o prêmio Emmy Internacional de Melhor Telenovela, na qual interpretou a indiana Laksmi Ananda.

“Eu fiquei tão feliz, porque fiz a primeira novela, do Projac, 'Explode Coração' – foi a Gloria quem inaugurou. E eu recebi o convite para fazer essa personagem que é uma indiana, uma matriarca em 'Caminho das Índias'. Houve um trabalho e uma preparação grande para fazer a novela”.

Em 'Araguaia' (2010), mais uma de Walther Negrão, foi Mariquita, amiga de Antoninha (Regina Duarte), que recebe dela a missão de criar seu filho, Fernando Rangel (Edson Celulari). Em 2012, estreou no papel de Doroteia, “o pilar moral de Ilhéus”, no remake de 'Gabriela', escrito por Walcyr Carrasco a partir da obra de Jorge Amado. No ano seguinte deu vida a Veridiana na novela 'Flor do Caribe' (Walther Negrão).

O ano de 2014 foi repleto de trabalhos para Laura Cardoso. Ela atuou em três produções da Globo: no seriado 'Segunda Dama', de Heloísa Périssé, Paula Amaral e Isabel Muniz e nas novelas 'Império', de Aguinaldo Silva e 'Boogie Oogie', de Rui Vilhena. Em 2016, esteve em Sol Nascente', de Walther Negrão, Suzana Pires e Júlio Fischer. No ano seguinte atuou em 'O Outro Lado do Paraíso', trama de Walcyr Carrasco para o horário das 21h, repetindo a parceria com o autor quando participou, em 2019, de 'A Dona do Pedaço'.

Caminho das Índias: cena em que Laksmi (Laura Cardoso) implica com a nora Indira (Eliane Giardini) por conta da educação dada à neta, Shanti (Carolina Oliveira).

Gabriela - 2ª versão: cena em que as beatas Quinquina (Angela Rebello) e Florzinha (Bete Mendes) repreendem a maledicência de Dorotéia (Laura Cardoso).

Prêmios

A atriz ganhou prêmios importantes por sua atuação no teatro: em 1990, recebeu o Shell por seu trabalho em 'Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu', escrita por Carlos Alberto Sofredini e dirigida por Gabriel Villela; e em 1993 ganhou o mesmo prêmio com 'Vereda da Salvação', sob a direção de Antunes Filho. Também participou de mais de 20 filmes. Estreou em 'Imitando o Sol' (1964), de Geraldo Vietri; fez uma marcante participação especial em 'Terra Estrangeira' (1995), de Walter Salles; em 2000, recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, por sua atuação como Selma em 'Através da Janela', de Tata Amaral; e em 2001, ganhou o Grande Prêmio Cinema Brasil, pela atuação como Salma em 'Copacabana', de Carla Camuratti. Em 2006, foi condecorada com a Ordem do Mérito Cultural, homenagem do governo brasileiro por seu trabalho no cinema, no teatro e na televisão.

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