Haroldo Barbosa nasceu no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Seu nome foi uma homenagem de seu pai ao político e jurista Ruy Barbosa. Aos sete anos, mudou-se com a família para Vila Isabel. Estudou no Colégio São Bento e foi colega de Noel Rosa, Almirante e João de Barro – anos depois, os três integrariam o conjunto musical Bando dos Tangarás e se tornariam grandes estrelas do rádio.
Haroldo cresceu em meio à boemia carioca e aprendeu a tocar cavaquinho com Hélio Rosa, irmão de Noel. Durante a adolescência, começou a se apresentar com uma orquestra em bailes nas redondezas de Vila Isabel. Aprendeu inglês, o que o ajudou na interpretação de canções americanas de foxtrote. Participou de vários concursos de calouros nas rádios e teve Ary Barroso como seu pianista. Conseguiu seu primeiro emprego, aos 18 anos, na Rádio Phillips, como contrarregra do 'Programa Casé', apresentado pelo radialista Ademar Casé. Haroldo Barbosa assumiu a vaga do irmão, o compositor Evaldo Rui, que deixara a função. Na mesma época, começou a escrever como repórter para o jornal A Noite. Chegou a conciliarar duas atividades com a Faculdade de Direito, mas desistiu do curso no terceiro ano.
No início da década de 1940, Haroldo Barbosa começou a escrever uma coluna sobre turfe – chamada 'O Pangaré', no Diário da Noite. Redigida em estilo bem-humorado e irônico, a coluna passaria a ser publicada por O Globo na década de 1950. Também nessa época, escreveu para Renata Fronzi e César Ladeira as peças radiofônicas 'Vai de Valsa', 'Adorei Milhões', 'Botos em 3D' e 'Brasil 3 Mil'.
Haroldo Barbosa trabalhou, com a equipe do programa de Ademar Casé, na Rádio Sociedade, onde organizou a discoteca e atuou como locutor esportivo. Ao longo de sua carreira no rádio, trabalharia em diversas outras emissoras, como a Rádio Clube, a Rádio Cruzeiro do Sul e a Rádio Transmissora, nas funções de arquivista, discotecário, locutor, publicitário e redator. Com o tempo, percebeu que os quadros de humor nos intervalos dos programas faziam sucesso entre o público. Transferiu-se para a Rádio Nacional em 1936. Organizou todo o acervo de música da emissora, um dos mais importantes da época, e foi também responsável pela criação dos primeiros jingles da publicidade brasileira. Ainda na rádio, escreveu o roteiro de 'O Grande Teatro', sucesso de César Ladeira. Pouco depois, criou com José Mauro o musical 'Um Milhão de Melodias', para o qual criou mais de 300 versões de músicas estrangeiras, que eram interpretadas por cantores nacionais. Apesar do sucesso que o programa fez entre os ouvintes, o radialista foi criticado por alguns compositores brasileiros. Em 1945, foi redator de outro programa de grande audiência – 'A Canção Romântica', de Francisco Alves.
Em 1946, Haroldo Barbosa assumiu o cargo de redator-chefe da Rádio Nacional. Também foi o responsável pela organização de uma orquestra sinfônica com mais de 68 músicos. Chegou a tentar a carreira como cantor, inclusive, usando o nome artístico de Harold Brown. Um ano depois, o radialista compôs, juntamente com Antônio Almeida, a marchinha de sucesso do carnaval daquele ano, chamada 'Barnabé'. A letra, que satirizava o comportamento do funcionalismo público, popularizou o termo que, posteriormente, passou a ser considerado sinônimo da categoria por alguns dicionários.
Em meados da década de 1940, Haroldo Barbosa passou um período de quatro meses nos Estados Unidos. Na volta, retornou para Rádio Nacional e compôs com Geraldo Jacques a canção 'Adeus, América'. A música foi considerada subversiva por um dos diretores da emissora, e Haroldo foi despedido. Pouco tempo depois, foi contratado pela Rádio Tupi, e seus textos de humor ganharam espaço na programação. Ao lado de Antônio Maria e César Ladeira, chefiou programas como 'Crônica do Mundo', 'Viva o Samba', 'Cidade Alegre' e o humorístico 'Favelinha'. Nessa época, também escreveu textos para radionovelas como 'Tirana'.
Em sua vasta carreira de compositor, Haroldo Barbosa teve suas canções interpretadas por grandes nomes da música brasileira como João Gilberto, Nora Ney, Isaurinha Garcia, Chico Buarque e Maria Bethânia. Em 1954, compôs com Luis Reis Palhaçada. Essa parceria rendeu outros sucessos, como 'Tudo é Magnífico', interpretada por Elizeth Cardoso.
Em 1952, Haroldo Barbosa foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Era responsável por escrever cinco programas semanais e uma crônica diária, lida pelo apresentador Luís Jatobá. Nesse período, incentivou a carreira de humoristas como Sérgio Porto, conhecido como Stanislaw Ponte Preta, e Chico Anysio.
Haroldo Barbosa estreou na televisão em 1957, na TV Rio, como autor dos humorísticos 'Chico Anysio Show', 'O Riso É o Limite' e 'Noites Cariocas'. Em 1963, atendendo a um pedido de Carlos Manga, passou a trabalhar na TV Excelsior na criação do musical 'Times Square', em parceria com Max Nunes. A parceria entre os dois redatores, que durou mais de vinte anos, deu tão certo que eles chegaram a montar um escritório para atender às demandas por seus textos humorísticos.
Estreia na Globo
Em 1965, a dupla se transferiu para a Globo. O humor brasileiro ganhou destaque em programas como 'Riso Sinal Aberto' e 'Bairro Feliz', que reuniam atores como Agildo Ribeiro, Berta Loran, Grande Otelo e Milton Gonçalves. Haroldo Barbosa foi também responsável por programas como 'Globo Music Hall', 'Noite de Gala', 'Oh, Que Delícia de Show', 'Mister Show' e 'Uau, a Companhia'. Em seguida, Haroldo Barbosa e Max Nunes criaram o 'TV0-TV1', um dos primeiros humorísticos da Globo a parodiar a própria programação da emissora. Outro sucesso da dupla foram os programas 'Balança mas Não Cai' (1968) e 'Faça Humor, Não Faça Guerra', que recebeu os troféus Repórter, Antena de Ouro e Helena Silveira como melhor programa de humor em 1971.
Norminha, personagem criado por Max Nunes e Haroldo Barbosa no programa "Faça Humor, Não Faça Guerra" e interpretado por Jô Soares.
Na década de 1970, Haroldo Barbosa e Max Nunes foram responsáveis por diversos outros humorísticos de sucesso na Globo, muitos dirigidos por Augusto César Vannucci. Em 'Satiricom', os dois satirizavam telenovelas, telejornais e programas de rádio. Já em 'Planeta dos Homens', ajudaram a consagrar personagens em esquetes curtos. Entre os destaques estava o Dr. Sardinha, personagem interpretado por Jô Soares, que fazia uma sátira ao então ministro da Agricultura, Delfim Netto. A crítica social e política ganhou espaço no humor da dupla, e uma série de bordões, como “Não me comprometas”, “Dá uma pegadinha”, “Perguntar não ofende”, “Não se pode elogiar”, se popularizaram nas interpretações de humoristas como Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Costinha e Berta Loran.
Haroldo Barbosa usava jornais, revistas humorísticas e outras publicações especializadas como fonte de inspiração para a composição dos seus personagens e das situações por eles vividas. Entretanto, retirava do cotidiano e dos casos que presenciava nas ruas a essência do humor, e se orgulhava de nunca ter empregado um palavrão para fazer piada.
Haroldo Barbosa, pai da autora Maria Carmem Barbosa, morreu no dia 5 de setembro de 1979, em decorrência de um câncer. Meses antes da sua morte, a Globo exibiu um programa em sua homenagem. 'Haroldo Barbosa Especial' apresentou um depoimento do humorista pontuado por apresentações musicais e esquetes de humor. Aracy de Almeida, Nora Ney, Nana Caymi e Cauby Peixoto foram alguns dos cantores que interpretaram canções de sua autoria. Saiba mais sobre o programa aqui.
Haroldo Barbosa Especial (1979): Abertura