Gustavo Maria

O jornalista carioca Gustavo Maria entrou na Globo em 2004. Foi chefe de reportagem, chefe de Redação e atuou como gerente de Programas Esportivos da TV Globo e do SporTV antes de tornar-se diretor de Redação do Esporte do Grupo Globo, em 2018.

Por Memória Globo


A inclinação do jornalista Gustavo Maria pelo esporte parece ter vindo de berço: é neto do cronista, locutor esportivo, poeta e compositor Antônio Maria e filho do jornalista esportivo Antônio Maria Filho. Começou sua carreira no impresso. Passou pelas redações do Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e fez parte das equipes fundadoras dos jornais Lance! e Extra. Entrou na Globo como produtor em 2004 e desde então seguiu uma trajetória ascendente: logo se tornou chefe de reportagem, chefe de Redação e gerente de Programas Esportivos e, desde 2018, diretor de Redação do Esporte do Grupo Globo. Viveu momentos históricos da cobertura esportiva, com a realização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 no Brasil, e participou do movimento que levou a área de Esportes da Globo, o SporTV e o ge.com a atuarem de forma integrada.   

Acho que o Esporte sempre teve a ambição de estar à frente na linguagem, na informalidade, tratar o assunto de uma maneira leve”.
Gustavo Maria em entrevista ao Memória Globo, 2021 — Foto: Marcos Serra/Memória Globo

Início da carreira

O jornalista carioca Gustavo Araújo de Moraes, nascido em 28 de junho de 1974, fez sua escolha profissional, na juventude, seguindo uma respeitável tradição. Neto do cronista, locutor esportivo, poeta e compositor Antônio Maria e filho do jornalista esportivo Antônio Maria Filho, a decisão por seguir carreira na imprensa foi quase natural. A incorporação do nome composto de família, no entanto, foi tardia: quando se tornou repórter do jornal Extra, aos 24 anos. “Você imagina ter um pai jornalista esportivo que cobre futebol, que cobria o Flamengo na década de 1980, cobria a seleção brasileira… Eu criei uma relação com o esporte e com o jornalismo vendo meu pai trabalhar”, comenta.

Gustavo Maria começou sua carreira em 1996, como estagiário da sucursal de O Estado de S. Paulo no Rio de Janeiro. Do Estadão, foi para o Lance!, um novo jornal especializado em esportes que contratava jovens repórteres. Quando passou no processo seletivo, a publicação ainda não havia sido lançada e preparava a equipe para a edição inaugural, que chegou às bancas em 1997. Gustavo Maria foi escalado para cobrir o Vasco no novo jornal. Teve sorte. O time foi campeão brasileiro daquele ano e suas matérias ganharam destaque nas primeiras edições do Lance!.

A experiência com um jornal em formação lhe deu repertório para participar também da criação do Extra, convidado por seu diretor de redação, Renato Maurício Prado. Foi aí que o então editor de Esportes do Extra, Gilmar Ferreira, sugeriu que o repórter mantivesse viva a tradição da família. “A ideia veio deles, eu não contei para o meu pai. Quando saiu o jornal, foi a primeira vez que eu assinei o nome Gustavo Maria, que me acompanha até hoje”, conta. No Extra, também como setorista do Vasco, o jornalista fez sua primeira cobertura internacional relevante, no Equador: a final da Copa Libertadores da América, vencida pelo Vasco.

Em 2000, surgiu uma oportunidade para que Gustavo Maria fosse trabalhar no Jornal do Brasil. A publicação era uma referência para a sua geração, mas passava por sérios problemas financeiros. Mesmo assim, o jornalista aceitou o desafio de escrever para um público com perfil bem diferente. Antes mesmo de completar 30 anos, acabou tornando-se editor de Esportes. “Era muito importante você começar pelo jornalismo impresso para desenvolver mais a apuração, o texto. Acho que a televisão tem uma coisa encantadora que é o trabalho em grupo, mas no jornal você é o dono daquela matéria, o dono daquela apuração, faz algo autoral”, pontua.

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Entrada na Globo

Mas Gustavo Maria tinha uma meta desde o início da carreira: trabalhar na Globo. Em 2004, ele saiu do JB e aproveitou uma oportunidade que surgiu na emissora: trabalhar na produção, às vésperas das Olimpíadas de Atenas. O jornalista ainda conhecia muito pouco da linguagem televisiva, mas estava ávido por aprender com rapidez. Logo, passou a transitar entre a produção e a reportagem. “Tinha um pouco dessa angústia até você entender o audiovisual, entender que o texto tem que estar casado com a imagem e que não precisa falar tanto para descrever os acontecimentos. Algo que aos poucos que você vai pegando”, explica.

Após três anos na Globo, Gustavo Maria assumiu interinamente a chefia de reportagem aqui no Brasil durante as Olimpíadas de Pequim. A experiência abriu a porta para assumir o cargo em definitivo no ano seguinte. Em 2010, foi escalado para a cobertura da Copa do Mundo, na África do Sul. No primeiro grande evento da carreira, liderou a equipe de repórteres que cobria o dia a dia da seleção brasileira. O evento, como todos desse porte, exigiu preparação logística complexa, rotina intensa e atenção máxima. A cobertura da seleção brasileira em uma Copa do Mundo é assunto sério.

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Chefe de redação

O desempenho de Gustavo Maria no cargo fez com que, em 2011, ele fosse convidado pelo então diretor-executivo João Pedro Paes Leme a assumir uma nova função: a chefia de Redação do Esporte. Naquele momento, a Globo buscava modernizar a linguagem dos programas de esporte. Esse movimento passava por produções mais elaboradas, uso mais intensivo de elementos gráficos e edições mais complexas. E teria enorme impacto no tipo de reportagem que passou a ser exibida. A emissora se preparava também para a maior cobertura já realizada na área, a Copa do Mundo do Brasil, que aconteceria três anos depois.

Nesse meio tempo, em 2013, Gustavo Maria se viu diante da difícil tarefa de liderar a cobertura da Copa das Confederações em meio a protestos populares que se levantavam em todo o país. Entre as motivações das manifestações estava a insatisfação com a realização da Copa do Mundo, que movimentava altos montantes de recursos federais. Sem deixar de noticiar o clamor popular, foi necessário garantir a cobertura do evento com segurança, sobretudo às equipes de transmissão, que poderiam ser alvo de algum tipo de violência. Gustavo Maria lembra que houve dias em que as equipes da Globo chegaram de manhã cedo aos estádios para partidas que ocorreriam somente à tarde. “Não poderíamos correr o risco de ficarmos presos em uma manifestação e não chegarmos ao estádio”. Não houve incidentes e no fim o Brasil conquistou a Copa das Confederações.

Na Copa de 2014, com um clima menos tenso nas ruas, Gustavo Maria passou boa parte do tempo em Teresópolis (RJ), onde ficava concentrada a seleção brasileira. A Globo montou uma redação em frente à Granja Comary, centro de treinamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De lá as equipes acompanharam o dia a dia da seleção. E, assim como o time do técnico Felipão, o time da Globo só deixava Teresópolis para a cobertura dos jogos. Numa dessas viagens Gustavo Maria testemunhou em Belo Horizonte um dos momentos mais impactantes da história das Copas: a derrota de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha na semifinal. “Parecia um pesadelo. E no meio daquilo tudo eu precisava pensar em como seria a cobertura daquela goleada. Todos sabíamos que estávamos diante de um fato histórico”.

Copa do Brasil - 2014

Dois anos depois da realização da Copa do Mundo, foi a vez da Olimpíada de 2016, outro evento de grandes proporções. Apesar de realizada no Rio de Janeiro, com jogos acontecendo basicamente em uma cidade – com exceção do futebol –, o número de competições simultâneas e a variedade de conhecimentos necessários para analisar os esportes tornavam a logística ainda mais complexa. “A gente tinha o Michael Phelps e Usain Bolt, dois dos maiores atletas olímpicos da história, se despedindo das suas carreiras e ganhando no Brasil. Então, havia uma quantidade enorme de fatos marcantes”, relembra.

O estúdio construído dentro do Parque Olímpico também foi protagonista da cobertura. De lá eram ancorados todos os telejornais da Globo e os programas esportivos – Globo Esporte e Esporte Espetacular. “O estúdio virou uma das atrações para o público”, relembra. Para atuar como comentaristas, a Globo contratou grandes ex-atletas brasileiros. O chamado Time de Ouro da Globo fez sucesso e participou de momentos históricos. Tande, Giba e Fabi analisaram as partidas de vôlei, Mauren Maggi, o atletismo, e Flávio Canto, o judô – todos esportes em que o Brasil levou medalhas de ouro. Também fizeram parte Daiane dos Santos, na ginástica artística, e Gustavo Borges na natação.

Diretor de redação

Na sequência da realização da Olimpíada de 2016, Globo, ge.com e SporTV integraram suas operações, reunindo-se em uma única redação, formando uma só equipe de profissionais. Pouco mais de um ano após o evento, Gustavo Maria tonou-se gerente de Programas Esportivos da TV Globo e do SporTV. Na nova função, participou da reformulação das atrações diárias do canal por assinatura e da cobertura conjunta da Copa da Rússia, em 2018. O fim do evento marcou uma nova etapa na carreira do jornalista, que assumiu a Diretoria de Redação do Esporte do Grupo Globo.

FONTE:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Gustavo Maria em 02/06/2021.