Gilberto Braga

O autor Gilberto Braga nasceu no Rio de Janeiro, em 1945. Estreou na Globo em 1972. Escreveu minisséries e novelas de sucesso, como 'Escrava Isaura', 'Dancin' Days', 'Vale Tudo' e 'Celebridade'. Morreu em 26 de outubro de 2021.

Por Memória Globo


Gilberto Braga cursou a faculdade de Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e começou a trabalhar dando aulas na Aliança Francesa. Posteriormente, trabalhou como crítico de teatro e cinema do jornal O Globo. Estreou na Globo como autor em 1972, com uma adaptação de 'A Dama das Camélias', de Alexandre Dumas, para um Caso Especial. Sua primeira experiência em telenovela foi com 'Corrida do Ouro', em 1974, quando dividiu a autoria com Lauro César Muniz e Janete Clair. O primeiro sucesso veio dois anos depois, com 'Escrava Isaura'. Em 1978, estreou no horário nobre, com um dos seus maiores sucessos: 'Dancin’ Days'. Sua estreia em minisséries foi com 'Anos Dourados', em 1986. Gilberto Braga destacou-se por vilões inesquecíveis.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

O autor Gilberto Braga, em entrevista exclusiva ao Memória Globo, fala sobre sua dinâmica de trabalho.

Eu gosto muito de herói, mas talvez eu escreva melhor os vilões.

Início da carreira

Gilberto Tumscitz Braga nasceu no bairro de Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, no dia primeiro de novembro de 1945. Filho de um escrivão de polícia e de uma dona de casa, estudou no Instituto de Educação, no Colégio Pedro II e cursou a faculdade de Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Começou a trabalhar dando aulas na Aliança Francesa e, posteriormente, trabalhou como crítico de teatro e cinema do jornal O Globo.

Início na Globo

Estreou na Globo como autor em 1972, com uma adaptação de 'A Dama das Camélias', de Alexandre Dumas Filho, para um 'Caso Especial' protagonizado por Glória Menezes, que foi levado ao ar sob a direção de Walter Avancini e a supervisão de Oduvaldo Vianna Filho. A partir daí, escreveu mais 'Casos Especiais', dentre os quais destaca-se 'As Praias Desertas', protagonizado por Dina Sfat, Yoná Magalhães e Juca de Oliveira.

Sua primeira experiência em telenovela foi com 'Corrida do Ouro', em 1974, quando dividiu a autoria com Lauro César Muniz e Janete Clair. Criada a partir de uma notícia de jornal, a trama central era conduzida por cinco personagens femininos, protagonizados por Aracy Balabanian, Sandra Bréa, Renata Sorrah, Maria Luiza Castelli e Célia Biar, que precisavam cumprir determinadas tarefas para receber uma herança.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista do autor Gilberto Braga ao Memória Globo, sobre como surgiu a ideia de adaptar “Escrava Isaura” para a televisão.

Em 1975, Gilberto Braga trabalhou na adaptação do romance 'Helena', de Machado de Assis. Exibida em preto e branco, 'Helena' retomou o horário das 18h na Globo, que teve início em 1971 e exibiu tramas até 1973, sendo interrompido por dois anos. Ainda em 1975, o autor adaptou também 'Senhora', de José de Alencar, para o mesmo horário. Esta novela foi exibida em cores e em oitenta capítulos, sessenta a mais que a anterior.

No mesmo ano, Gilberto Braga assumiu a autoria da novela 'Bravo!', escrita inicialmente por Janete Clair. A autora afastou-se da trama para trabalhar na elaboração de 'Pecado Capital', novela que substituiu 'Roque Santeiro', censurada no dia de estreia. 'Bravo!' retratou o universo da música clássica, mostrando a trajetória do personagem Clóvis Di Lorenzo, vivido por Carlos Alberto, até tornar-se maestro. A novela teve a direção de Fabio Sabag e Reynaldo Boury e foi exibida no horário das 19h.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

EXCLUSIVO: entrevista do autor Gilberto Braga ao Memória, sobre sua entrada na Globo, a partir do Caso Especial “Dama das Camélias” (1973).

Grandes sucessos

Em outubro de 1976, Gilberto Braga escreveu seu primeiro grande sucesso: 'Escrava Isaura'. Adaptada do romance de Bernardo Guimarães, a história se baseava na luta pela libertação dos escravos no Brasil do século XIX. A novela é um dos maiores produtos de exportação da Rede Globo. Na China, teve grande repercussão e Lucélia Santos, que protagonizou a novela, recebeu o Prêmio Águia de Ouro por sua atuação. Foi a primeira vez que uma atriz estrangeira recebeu uma homenagem naquele país.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista do autor Gilberto Braga ao Memória, sobre sua estratégia para entrar no horário nobre da Globo.

Em 1977, Gilberto Braga escreveu 'Dona Xepa', inspirada na peça teatral homônima de Pedro Bloch. Protagonizada por Yara Cortes, a trama trazia a história de uma feirante que é abandonada pelo marido e cria sozinha dois filhos, vividos por Reinaldo Gonzaga e Nívea Maria. Os dois conseguem ascender socialmente, só que sentem vergonha da mãe. A novela registrou, na época, a melhor audiência no horário das 18h, guinando o autor para a faixa das 20h.

Webdoc sobre a novela 'Dancin’ Days' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

No ano seguinte, estreando no horário nobre, Gilberto Braga escreveu um dos seus maiores sucessos: 'Dancin’ Days'. Criada a partir de um tema sugerido por Janete Clair, a novela foi protagonizada por Sonia Braga e Joana Fomm e trouxe a febre das discotecas para o Brasil. 'Dancin’ Days' atingiu altos índices de audiência e ganhou uma reportagem na revista norte-americana Newsweek, em novembro de 1978, que destacava a sua influência nos modismos.

Em 1980, Gilberto Braga escreveu 'Água Viva', que contou com a coautoria de Manoel Carlos a partir do capítulo 57. A novela mostrava a história de dois irmãos, Miguel e Nélson Fragonard, vividos por Raul Cortez e Reginaldo Faria, que disputam o amor da mesma mulher, Lígia, interpretada por Betty Faria.

No ano seguinte, abordando o tema do poder e da ambição, Gilberto Braga escreveu 'Brilhante', com a colaboração de Euclydes Marinho e Leonor Bassères, que também colaborou nas duas novelas que o autor escreveu em seguida: 'Louco Amor' (1983), retratando o amor entre pessoas de classe sociais diferentes; e 'Corpo a Corpo' (1984), baseada no tema da ascensão social e da vingança.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista do autor Gilberto Braga ao Memória Globo, sobre a minissérie 'Anos Dourados' (1986).

Em 1986, Gilberto Braga começou a escrever para minisséries na Globo com 'Anos Dourados', dirigida por Roberto Talma. Com uma reconstituição de época primorosa, a trama se desenvolve a partir de histórias de amor e conflitos familiares, tendo como cenário o Rio de Janeiro durante o governo de Juscelino Kubitschek. Além de autor, Gilberto Braga foi o produtor musical da minissérie. “De Anos Dourados tenho muitas recordações. Ambientei a minissérie no Instituto de Educação, lugar onde passei a infância, fundamental para minha formação”, conta.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista sobre a novela 'Vale Tudo'

Dois anos depois, Gilberto Braga escreveu, ao lado de Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a novela 'Vale Tudo', um dos principais marcos da história da teledramaturgia brasileira. Através da disputa entre uma mãe honesta, vivida por Regina Duarte, e sua filha mau-caráter, interpretada por Gloria Pires, abordou a questão da integridade ética no Brasil, lançando mão da crítica social e política. Ainda em 1988, Gilberto Braga escreveu outro destaque da programação da Globo, a minissérie 'O Primo Basílio', adaptada da obra de Eça de Queiroz, com colaboração de Leonor Bassères e direção de Daniel Filho. No elenco, Tony Ramos, Marcos Paulo, Marília Pêra, Giulia Gam, entre outros.

Em 1990, colaborou na autoria da novela 'Rainha da Sucata', de Silvio de Abreu. No mesmo ano, foi convidado para cuidar da produção musical da minissérie 'A, E, I, O… Urca', de Doc Comparato, e assinou a supervisão de 'Lua Cheia de Amor', novela de Ana Maria Moretzsohn inspirada em 'Dona Xepa'. Gilberto Braga escreveu, em 1991, 'O Dono do Mundo', novamente com a colaboração de Leonor Bassères, além de Ângela Carneiro e Ricardo Linhares. Retomando a temática de 'Vale Tudo', o autor tratou em 'O Dono do Mundo' da questão da dignidade e da cidadania no Brasil contemporâneo. No ano seguinte, escreveu ao lado de Sérgio Marques a minissérie de sucesso 'Anos Rebeldes', que mostrou as conturbadas décadas 1960 e 70 através de uma história de amor. O pano de fundo era a política, que dividia os personagens entre a militância, a luta armada, a clandestinidade e o movimento hippie.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

O autor Gilberto Braga, em entrevista ao Memória Globo, fala sobre a escolha do tema de suas obras.

Em 1994, Gilberto Braga manteve a crítica social ao escrever 'Pátria Minha', encerrando assim sua trilogia sobre corrupção no país ('Vale Tudo' e 'O Dono do Mundo'). Na novela, o autor também abordou a questão da discriminação racial. Depois de quatro anos afastado da televisão, Gilberto Braga voltou em 1998 com a minissérie 'Labirinto', primeira incursão do autor no gênero policial. No ano seguinte, retomou a produção de novelas com 'Força de um Desejo', que escreveu ao lado de Alcides Nogueira. Ambientada na segunda metade do século XIX, a novela abordou, entre muitos temas, aspectos da cultura banto, de origem africana, através do núcleo dos escravos.

Em 2003, Gilberto Braga escreveu outro grande sucesso: 'Celebridade'. A novela tinha no elenco Malu Mader, Cláudia Abreu, Fábio Assunção e Marcos Palmeira, e focava mais uma vez um tema atual e polêmico: a busca pela fama.

Quatro anos depois, Gilberto Braga escreve mais uma novela das oito, desta vez em parceria com Ricardo Linhares. Em 'Paraíso Tropical' (2007), os autores abordam alguns temas clássicos dos folhetins como a cobiça e o amor, sob a ótica dos diversos extratos sociais que convivem no bairro carioca de Copacabana. No elenco, Alessandra Negrini, que vive as gêmeas Paula e Taís, Tony Ramos, no papel do empresário Antenor Cavalcanti, Gloria Pires, Fábio Assunção, Wagner Moura, entre outros. O reconhecimento veio em 2008, com a indicação da novela na categoria novela do prêmio Emmy, o Oscar da televisão.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

entrevista de Gilberto Braga ao Memória Globo, sobre por que o autor considera “Insensato Coração” como sua melhor novela.

Da dupla de autores, veio também 'Insensato Coração', em 2011. Dessa vez, a trama girava em torno das escolhas amorosas e dos conflitos familiares. No elenco, além do casal protagonista Pedro e Marina, vivido por Eriberto Leão e Paolla Oliveira, Gloria Pires, Antonio Fagundes, entre outros. Em 2012, Giberto supervisionou a novela 'Lado a Lado', de Claudia Lage e João Ximenes Braga, que ganhou um Emmy Internacional. Ao lado de Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, ele escreveu sua última novela, 'Babilônia' em 2015. A novela contou a história de Beatriz (Gloria Pires), Inês (Adriana Esteves) e Regina (Camila Pitanga), três mulheres entrelaçadas por um crime.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

O autor Gilberto Braga, em entrevista ao Memória Globo, fala sobre sua rotina do trabalho.

__________________

Gilberto Braga faleceu em 26 de outubro de 2021.

Fonte