Geraldo César Casé é filho da professora Graziela Passos Casé e do radialista Ademar Casé. Desde menino acompanhava as atividades do pai na rádio. Começou sua carreira ao lado dele, no 'Programa Casé', onde aprendeu a trabalhar com sonoplastia e operar áudio, além de desempenhar as funções de locutor e redator.
Sucesso radiofônico nas décadas de 1930 e 1940, o 'Programa Casé' passou por diversas emissoras. No período em que começou a ser transmitido pela Rádio Globo, Geraldo Casé assumiu a função de diretor artístico da atração, sendo responsável pela grade do programa. Pouco tempo depois, na década de 1950, Casé ingressou na televisão, participando das primeiras transmissões da TV Tupi e da TV Rio. Na década de 1960, trabalhou também na TV Excelsior. Foi responsável pela criação de programas importantes como 'Noite de Gala' e 'Um Instante, Maestro'.
“No rádio tinham aqueles hiatos enormes, sem coisa nenhuma acontecendo, só um chiado. Meu pai achou que tinha que ser dinamizado o broadcast. Sem muitos recursos, ele solicitou um horário na Rádio Philips para poder lançar o programa dele. Então, ele fez no seguinte formato: botou o locutor, botava música, já estava todo mundo escalado. Mas isso necessitaria de condições comerciais, ou seja, de publicidade para poder sustentar. E era difícil porque, naquela época, ninguém acreditava em rádio. Ele foi perdendo todas as condições financeiras, vendeu joias da minha mãe e tudo porque ele queria sustentar o programa. E o programa começou a ficar famoso. Desse dia em diante, o programa se desenvolveu e chegou ao ponto de ser uma coisa importantíssima no rádio, tendo ele como pioneiro.”
Em 1966, Geraldo Casé dirigiu o I Festival Internacional da Canção, patrocinado e transmitido pela TV Rio. Criado naquele ano pelo jornalista Augusto Marzagão e pelo então governador do estado da Guanabara, Negrão de Lima, o FIC tinha o objetivo de projetar a música brasileira, incentivar compositores e arranjadores e promover maior intercâmbio entre os grandes centros musicais do mundo inteiro.
Geraldo Casé começou a trabalhar na Globo ainda em 1966. Sua primeira tarefa foi criar uma nova versão para o programa de variedades 'Noite de Gala', até então exibido pela TV Rio e, posteriormente, pela TV Tupi. Na Globo, a atração estreou em julho de 1966, com uma hora e meia de duração e apresentação de Luís Jatobá e Ilka Soares. No ano seguinte, Casé dirigiu o programa 'Globo Music Hall', com atrações musicais, que substituiu o 'Noite de Gala' nas noites de segunda-feira.
Primeiro programa infantojuvenil
Mudou-se para São Paulo, em 1968, para trabalhar na TV Bandeirantes e na TV Tupi. Voltou ao Rio de Janeiro para assumir o cargo de diretor de criação e, em seguida, diretor artístico da TV Tupi carioca. Ainda na década de 1970, também como diretor artístico, trabalhou na TV Educativa. Em 1975, como diretor artístico da TVE, propôs ao então superintendente da Globo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, uma parceria entre as duas emissoras para a produção do programa 'Pluft, o Fantasminha', com texto original de Maria Clara Machado, adaptado para a televisão pelo próprio Casé.
'Pluft, o Fantasminha' acabou se tornando a primeira produção dedicada ao público infantojuvenil realizada em cores no Brasil. Na Globo, era exibido duas vezes por semana, às 18h30, e permaneceu no ar por um mês. No elenco, atores como Flávio Migliaccio, Norma Blum, Dirce Migliaccio e Zilka Salaberry.
'Sítio do Picapau Amarelo'
Em 1977, de volta à Globo, dirigiu um dos grandes sucessos da televisão brasileira, o seriado infantojuvenil 'Sítio do Picapau Amarelo', resultado de uma parceria com a TVE e o Ministério da Educação e Cultura. Paulo Afonso Grisolli e Wilson Rocha assinaram a adaptação da obra homônima de Monteiro Lobato. Em junho de 1977, o programa sofreu modificações, que incluíram a entrada de Benedito Ruy Barbosa no lugar de Paulo Afonso Grisolli, mas Geraldo Casé permaneceu na direção do programa.
Casé foi o diretor do 'Sítio do Picapau Amarelo' durante os dez anos em que a atração esteve na grade de programação da Globo. Em 1979, o Sítio foi eleito pela Unesco como um dos melhores infantis do mundo. O programa foi vendido para diversos países, como Chile, Colômbia, Guatemala, Itália, Nicarágua, Paraguai e Portugal.
Leia mais sobre a primeira versão do 'Sítio do Picapau Amarelo' aqui.
Geraldo Casé também esteve à frente de grandes musicais produzidos pela TV Globo. Ainda em 1977, foi diretor do 'Concertos Internacionais', programa que exibia concertos de música clássica, óperas e balés, apresentados pelo maestro Isaac Karabtchevsky. Entre 1983 e 1984, dirigiu 'Concertos para a Juventude', destinado a divulgar a música clássica.
Posteriormente, dirigiu também especiais produzidos para a Quarta Nobre e para a Sexta Super, duas faixas de programação noturnas da Globo. Ainda em 1983, escreveu o roteiro de 'O Melhor Amigo', episódio do 'Caso Verdade' em que contava a história de um homem e seu cão.
No final da década de 1980, Geraldo Casé assumiu funções executivas na emissora e participou do processo de implantação da Divisão Internacional da Globo. Ocupou, em seguida, o cargo de diretor artístico.
A carreira de Geraldo Casé na televisão foi marcada pela criação e direção de grandes programas infantis. Ao todo, foram mais de 30 programas, que incluíram, ainda, o 'Teatro de Malasartes' e o 'Fantoche Estrela', no qual confeccionava os bonecos utilizados. Seu último trabalho para a TV foi o infantil 'Teca na TV', no canal Futura, onde atuou como consultor e desenvolveu projetos voltados para o público infantil.
Além do trabalho em televisão, Geraldo Casé também foi diretor de espetáculos infantis – como 'A Fábrica dos Sonhos' – e compôs, com Dori Caymmi, as canções 'A Cuca te Pega', 'Rabicó e Quindim', todas da trilha sonora da versão original do 'Sítio do Picapau Amarelo'. Em 2002, lançou o livro de poemas 'Um Dia fui Pássaro'.
Geraldo Casé morreu, em 21 de julho de 2008, no Rio de Janeiro, de insuficiência respiratória. Foi casado duas vezes e teve cinco filhos, entre eles, a atriz e apresentadora Regina Casé.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Geraldo Casé em 07/11/2001. |