Fátima Baptista

A jornalista Fátima Baptista iniciou sua trajetória profissional como estagiária no GNT, em 1994. Foi editora-chefe do 'Bom Dia Brasil', chefe da Produção Nacional, chefe de Redação de Programas da GloboNews e tornou-se a responsável pela área de Inovação e Projetos Especiais do Jornalismo da Globo, em março de 2024.

Por Memória Globo


A jornalista carioca Fátima Baptista começou sua trajetória profissional como estagiária no GNT, quando o canal ainda tinha um perfil noticioso, antes do advento da GloboNews. Na Globo, entrou em 2001, após destacar-se em uma oficina de jornalismo promovida pela emissora para seleção de jovens profissionais. Passou, então, a integrar a equipe do 'Bom Dia Brasil', tornando-se, em 2011, editora-chefe do telejornal. Viveu momentos tensos e emocionantes nessa fase, com as coberturas dos atentados às torres gêmeas de Nova York, em 2001; da morte de Michael Jackson, em 2009; e das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011. Dois anos depois, tornou-se responsável pela gestão da Produção Nacional, mais conhecida como Mesa Rede, coordenando o recebimento de notícias de todas as praças e afiliadas para os telejornais da Globo. Em 2020, assumiu a chefia de Redação de Programas da GloboNews. Em março de 2024, passou a liderar a recém-criada área de Inovação e Projetos Especiais do Jornalismo da Globo.

Acho que existe uma mudança no perfil do jornalista com todas as mídias novas que a gente está vendo, esse novo jeito de consumir notícia. O profissional de televisão tem que ser mais rápido; a gente tem que mostrar mais.
Fátima Baptista em entrevista ao Memória Globo — Foto: Fabrício Mota/Memória Globo

A jornalista Fátima Baptista Pessenti nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 1973, e foi uma das primeiras pessoas de sua família a chegar à universidade. Sua família se esforçou para que a jovem pudesse fazer o curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, assim, seguir uma vocação que despontou cedo – e, segundo ela, veio da inspiração com as reportagens de Sandra Passarinho na Globo, “uma mulher brasileira que cruzava o mundo cobrindo os assuntos mais importantes da atualidade”.

Ainda na faculdade, em 1994, a jovem estudante conseguiu um estágio no GNT, em uma época em que o canal tinha um perfil mais noticioso, com boletins jornalísticos periódicos – antes da inauguração da GloboNews, como primeiro canal 24h de notícias da TV por assinatura no Brasil. Depois de um ano, Fátima Baptista foi cobrir férias de um funcionário na TV Manchete e ficou lá por volta de oito meses, trabalhando no noticiário local da emissora, o 'Rio em Manchete'.

Da oficina de jornalismo para o 'BDBR'

O convite para participar da oficina de jornalismo da Globo surgiu quando Fátima Baptista trabalhava no setor de divulgação científica no Cenpes, o Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello, da Petrobras. Durante dois meses se dividiu entre o trabalho, as aulas, palestras e os exercícios profissionais propostos na oficina. No final da empreitada, logo após o Natal, foi chamada pela jornalista Denise Cunha, uma das responsáveis pelo treinamento, para fazer parte da equipe que cobriria o Rock in Rio de 2001. Iniciou, assim, sua trajetória na emissora. “Não vi um show sequer, porque fiquei o tempo inteiro dentro de um contêiner com o editor de imagens, provendo informações para um programa que era apresentado pelo Márcio Garcia”, relembra.

Passado o festival, começou a trabalhar no 'Bom Dia Brasil', como editora, em 2001. No cargo até 2010, Fátima Baptista vivenciou coberturas históricas, como os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York. Era uma manhã calma, em que os jornalistas sentiam falta de fatos importantes para destacar, quando as informações sobre o choque de um avião contra uma das torres do World Trade Center começaram a chegar, mobilizando a redação. O então editor-chefe do 'Bom Dia Brasil', Renato Machado, teve que interromper suas férias na França e voar durante a noite para o Rio, onde amanheceu para apresentar o telejornal. Outra cobertura marcante desse período foi a morte de Michael Jackson, em 2009. Para o encerramento da edição, a equipe produziu um clipe especial sobre o músico, considerado o rei do pop, que acabou reexibido no 'Jornal Nacional'.

Fátima Baptista também editou séries, colunas e quadros para o telejornal. Em 2007, por exemplo, compôs a equipe da premiadíssima série 'Terra do Meio, Brasil Invisível'. As cinco reportagens de Marcelo Canellas e Luiz Quilião traçaram um retrato de uma região do Brasil que era praticamente desconhecida, localizada entre os municípios de Altamira e São Félix do Xingu, no Pará. No ano seguinte, trabalhou no quadro 'Emprego S/A', que estreou em 2008 para tratar da questão do mercado de trabalho no país. Outro destaque neste mesmo ano foi a série 'Carnaval no Céu', que mobilizou cerca de 80 profissionais, entre câmeras, técnicos, assistentes e produtores, para levar sambistas cariocas e 200 convidados ao Pão de Açúcar. “A gente tinha que encontrar um lugar que pudesse abrigar todo aquele nosso projeto, megalomaníaco mesmo. Eu participei desde os convites. Liguei para o Delegado, para o Nelson Sargento, para o Martinho da Vila, chamando os artistas. Servimos até feijoada no meio do dia. Ficou marcado na história”, avalia.

No início de 2011, já como editora-executiva, cargo que passou a ocupar em 2010, Fátima Baptista enviou a repórter Ana Luiza Guimarães para a Região Serrana do Rio de Janeiro, onde ela cobriu, com o especialista em risco Moacyr Duarte e o editor Gustavo Gomes, a maior tragédia ocorrida até então no país em função de chuvas. A equipe fez um relato pessoal e emocionado da dimensão das perdas humanas e materiais ocasionadas pela tempestade. “A equipe foi para a Região Serrana de tarde e registrou um momento emocionante em que os bombeiros chegaram com o corpo de uma criança numa clareira, se ajoelharam, rezaram e choraram. A gente conseguiu dar um registro diferente, testemunhal, daquela grande tragédia”, conta.

Em 2011, Fátima Baptista foi promovida à editora-chefe do 'Bom Dia Brasil'.

Passou a gerir administrativamente o telejornal, assumindo responsabilidades sobre o orçamento. Coube a ela a tarefa de produzir vídeos, em setembro de 2011, em homenagem a Renato Machado, que se despedia das funções de editor-chefe e apresentador, e a Chico Pinheiro, o novo âncora, que passaria a fazer dupla com Renata Vasconcellos. “Foi difícil a despedida do Renato. Difícil escolher o que destacar em uma carreira tão grande e brilhante na Globo”, diz.

Um destaque dessa época foi a cobertura da conferência Rio+20, em 2012, sobre meio ambiente, quando o 'Bom Dia Brasil' foi ancorado do local de realização do encontro, no Rio de Janeiro. A jornalista Miriam Leitão, que estuda o assunto, participou ativamente do trabalho, analisando os temas mais relevantes das discussões em torno de modelos de desenvolvimento sustentável.

Muito antes da Rio+20, Fátima Baptista já tinha conduzido uma parceria produtiva com Miriam Leitão, quando ambas, em 2006, realizaram uma série de reportagens sobre os 50 anos de lançamento do livro 'Grande Sertão: Veredas', de Guimarães Rosa. Apaixonadas pela obra, elas viajaram pelos lugares em que o autor passou, mostrando como se encontravam décadas depois. “A gente acabou fazendo uma matéria que tinha um pouco do lirismo do livro, mas também mostrando como é aquele pedaço do Brasil”, lembra.

Mesa Rede

Em 2013, dois anos após tornar-se editora-chefe do 'BDBR', Fátima Baptista despediu-se do telejornal para lidar com um novo desafio na carreira: a gestão da Mesa Rede dos telejornais da Globo, área que centraliza o recebimento de informações entre os jornalistas das mais de 100 afiliadas da emissora, o G1 e a GloboNews, desde o início da manhã. Para isso, contava com produtores e um editor, que avaliavam o material enviado por diversas fontes, cobravam a participação das afiliadas e propunham pautas de matérias para exibição nos telejornais e no 'Fantástico'. "Descobri um mundo novo, o mundo das afiliadas. Passei a trabalhar com os escritórios, a conhecer os repórteres, conhecer as dificuldades e ver como funciona essa grande engrenagem da rede”.

Em 2013, as manifestações populares que varreram o país fizeram com que a Mesa Rede passasse a monitorar com mais atenção as redes sociais, para conhecer a dinâmica do movimento. Esse aprendizado mostrou-se útil na cobertura do processo que levou à deposição da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. “Uma grande lembrança que tenho do dia de votação do impeachment no Congresso é que a gente ficou fazendo contas previamente para planejar a cobertura e definir quantos repórteres atuariam, onde seria possível colocá-los em segurança, porque aí já havia essa preocupação de estar no meio da rua com nossas equipes expostas a algum tipo de risco”, explica.

Fátima Baptista também participou de forma intensa das apurações da Lava Jato, iniciada em 2014. Administrando pessoalmente um grupo de WhatsApp que incluía 160 pessoas, entre repórteres, produtores e editores, ela acompanhava as notícias sobre as movimentações da Polícia Federal e mobilizava profissionais quando havia operações dos agentes. No momento em que ocorreu a liberação para a imprensa de delações que até então estavam em sigilo, já havia toda uma logística preparada para que um grupo especial de profissionais fosse até Brasília, com o objetivo de ler e ouvir os depoimentos, para definir o que era mais importante, sob a coordenação de Fátima Baptista e Evane Bertoldi.

Nas eleições presidenciais de 2018, a jornalista se integrou à equipe que elaborou as perguntas feitas aos candidatos na bancada do 'Jornal Nacional'. “Foram dias de reuniões em que a gente levantou perfis, os feitos, as denúncias, as críticas e os programas de governo, analisando e reanalisando cada tópico, para que nada pudesse ser posto em questão”, afirma.

GloboNews

Em 2020, Fátima Baptista tornou-se chefe de Redação de Programas da GloboNews. Logo em seu primeiro ano no novo cargo, a jornalista teve que enfrentar os desafios provocados pela pandemia de Covid-19. A crise sanitária – somada a uma crise política – fez com que a GloboNews interrompesse a produção de programas e ampliasse a presença de jornalismo ao vivo para informar a população. Mas um programa teve espaço garantido. Meses depois de assumir o cargo, Fátima Baptista ganhou a missão de pôr no ar, com toda a equipe, o 'Faixa Especial Coronavírus’, transmitido ao vivo todo domingo, das 18h à 0h, inteiramente dedicado à ciência e a grandes cientistas convidados.

Fátima organizou também a cobertura das Eleições 2022, que contou com as entrevistas dos candidatos, debates e dezenas de edições da 'Central GloboNews'.

Inovação e Projetos Especiais

Em março de 2024, Ricardo Villela, diretor-geral de jornalismo da Globo, anunciou a criação da área de Inovação e Projetos Especiais, que foi assumida por Fátima Baptista. Dentre as atribuições da jornalista, ficaram a Academia do Jornalismo, espaço interno de desenvolvimento dos jornalistas da Globo; o planejamento para a cobertura da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, e do aniversário de 60 anos da TV Globo, ambos em 2025; e o plano de cobertura para as Eleições de 2026.

FONTES:

Depoimentos de Fátima Baptista ao Memória Globo em 08/06/2018 e 11/03/2019. 'GloboNews tem melhores seis meses da história e vê programas crescerem 100% em ibope'. In: https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2020/09/globonews-tem-melhores-seis-meses-da-historia-e-ve-programas-crescerem-100-em-ibope.shtml, acessado em: 22/03/2024.