Cissa Guimarães

Cissa Guimarães nasceu no Rio de Janeiro. Estreou na Globo em 1980 e inovou o estilo de reportagens do Vídeo Show. Também apresentou 'Mais Você' e o programa 'É de Casa'. Deixou a emissora em 2021.

Por Memória Globo, Memória Globo


O primeiro parceiro de Cissa Guimarães no 'Vídeo Show' foi Paulo Betti, mas não era ainda um cargo fixo. Quando Miguel Falabella passou a apresentar o programa, Roberto Talma, diretor, chamou a atriz para fazer a narração: "Talma falou assim: 'Quero que você faça, quero botar uma mulher para narrar o Vídeo Show'", lembra. Com o tempo, Cissa passou a fazer as matérias. A parceria com Falabela durou mais de uma década e seu jeito irreverente e alegre deixou uma marca na Memória do público.

Apesar de tudo o que aconteceu na minha vida, eu acho que, sinceramente, se eu pudesse dizer o que tem de melhor em mim, eu me considero uma pessoa boa, eu tenho bondade no coração, eu olho pra quem está do meu lado, eu tenho um olhar solidário. Mas eu acho que a minha alegria é o que eu posso dar de melhor para os outros e para mim mesma.
Cissa Guimarães em depoimento ao Memória Globo, 25/06/2012. — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Início da carreira

Beatriz Gentil Pinheiro Guimarães é filha do cirurgião oncologista Hugo de Castro Pinheiro Guimarães, um dos fundadores do Instituto do Câncer, o Inca, e da artista plástica, pintora e jornalista Maria Edith Gentil Pinheiro Guimarães. Cissa estudou no Notre Dame de Sion, um tradicional colégio de freiras do Rio de Janeiro. Chegou a entrar na Faculdade de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas logo abandonou o curso, já apaixonada pelo teatro.

A estreia profissional foi na peça 'Dor de Amor' de Bráulio Pedroso em 1977, no lendário Teatro Dulcina , no Rio. E quase foi por acaso. "Eu fazia produção e divulgação da peça, acompanhava todos os ensaios, então sabia a peça de cor. Uma das atrizes teve que sair e a Camila Amado, que também integrava o elenco disse: ‘bota a Cissa, ela sabe o texto todo!’. Eu fazia Tablado com a Maria Clara Machado, um pouco ainda escondida dos pais, porque naquela época, ator não era considerado profissão”, recorda.

Início na Globo

O entrada na Globo foi numa pequena participação em um seriado que fez história na televisão brasileira: 'Malu Mulher' em 1980. A primeira novela foi 'Coração Alado', no mesmo ano. Cissa interpretava Carla, que fazia parte de uma turma de jovens que incluía os atores Mirian Rios, Diogo Vilela e Carlos Augusto Strazzer. Carla tinha um romance com o personagem de Tarcísio Meira. “Eu morro de saudade dessa época”, relembra.

Cissa Guimarães em 'Jogo da Vida', 1981 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

Em novelas como Jogo da Vida (1981), Final Feliz e Elas por Elas, ambas de 1982, contracenou com ídolos da infância. “Às vezes eu esquecia o texto, maravilhada de estar em cena com tantas estrelas”, conta. Mas a convivência foi um aprendizado. “Para mim contracenar é que nem frescobol, que eu adoro, é jogar a bola na mão do outro”, analisa.

As vilãs

Entre os trabalhos marcantes de Cissa Guimarães se destacam também duas vilãs. Em 'Direito de Amar', de 1987 e em 'Top Model' de 1989 , novamente dirigida por Roberto Talma. Ela adorou a experiência. “Ser vilã é uma delícia, porque você exorciza suas baixas paixões, que todos nós temos: inveja, raiva, quem é que não tem, somos todos humanos, né? É uma catarse. Não há ator que não goste de fazer um vilão. Paga um dobrado na rua também. Eu levei ovo na cabeça”, conta a atriz.

Vídeo Show

“A garota que quebra o coco, mas não arrebenta a sapucaia”. Quem não se lembra do bordão de Miguel Falabella no programa 'Vídeo Show' ao chamar Cissa Guimarães. Durante 15 anos, de 1986 a 2001, a atriz conciliou a participação em novelas com a apresentação e reportagens no programa irreverente de variedades. No 'Vídeo Show', Cissa Guimarães quebrou paradigmas arraigados do telejornalismo. O convite veio do diretor Roberto Talma que queria uma mulher à frente do programa. “Eu fico muito orgulhosa porque ajudei a criar no 'Vídeo Show' uma nova maneira de narrar, sem aquela coisa certinha, pasteurizada”, lembra. Nas reportagens, enfrentou resistências, mas conseguiu inovar em matérias divertidas. Na sisuda Academia Brasileira de Letras, por exemplo, perguntou à escritora Raquel de Queiróz qual o imortal que paquerava ela. No programa desenvolveu uma sintonia rara com Miguel Falabella, até hoje um dos seus melhores amigos. “Acho que eu e o Miguel já nos encontramos em vidas passadas”, conta.

Thiago Fragoso e Cissa Guimarães em O Clone, 2001 — Foto: Gianne Carvalho/Globo

Depois de 15 anos no 'Vídeo Show', a volta de Cissa Guimarães  à teledramaturgia foi em grande estilo, na novela 'O Clone', de Gloria Perez, em 2001. O  retorno teve o aval do diretor Jayme Monjardim. “Eu encontrava com ele no Projac e ele brincava: volta para a dramaturgia, você é uma grande atriz, vou te tirar do 'Vídeo Show'“. Um dos trabalhos mais marcantes da carreira de Cissa Guimarães, 'O Clone' significou um grande desafio para ela. A personagem também exigiu uma total entrega dela.” Eu fazia a mãe do Thiago Fragoso, um dependente de drogas, ele chegava em casa roubando tudo, foi barra pesada. Eu saía das gravações com dor no corpo, devido a intensidade das cenas”, revela. É um trabalho do qual ela se orgulha muito: "Ali eu quebrei outro paradigma, saí do Vídeo Show depois de tantos anos, caí de cabeça, com um personagem diferente de tudo que eu tinha feito. Foi uma felicidade mostrar um lado meu que as pessoas desconheciam”, conta. Ainda revela: “Eu tinha passado por uma quimioterapia, pouca gente sabe disso, eu comecei a novela tomando remédios muito fortes. Eu me vi com muito medo, parecia a primeira novela”.

Cissa Guimarães voltaria a trabalhar em outras três novelas de Glória Perez: 'América' (2005),  'Caminho das Índias' (2009) e 'Salve Jorge' (2012).

No teatro, Cissa experimentou a consagração popular com a peça 'Doidas e Santas', de Martha Medeiros, que estreou em 2010 e ficou mais de dois anos em cartaz. A estreia  da peça coincidiu com o período mais difícil da vida da atriz: a perda do filho Rafael Mascarenhas, de 18 anos, em julho de 2010. Ele foi atropelado quando andava de skate num túnel da Gávea, zona sul do Rio de Janeiro. Cissa retomou a peça poucas semanas depois da tragédia. As apresentações eram marcadas pela comoção do elenco e da plateia.

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Em janeiro de 2015, Cissa apresentou o 'Mais Você' nas férias de Ana Maria Braga, ao lado de André Marques. Em abril, estreou o quadro 'Gente' como a gente no Video Show e foi convidada para ser uma das apresentadoras do programa 'É de Casa', ao lado de Patrícia Poeta, Thiago Leifert, André Marques, Zeca Camargo e Ana Furtado, onde ficou desde a estreia em 2015 até 2021.

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