Ciro José

O jornalista esportivo Ciro José nasceu no dia 25 de maio de 1943, em Anhumas, São Paulo. Foi um dos criadores do quadro 'Gols do Fantástico'. Cobriu oito Copas do Mundo e sete Olimpíadas.

Por Memória Globo


Ciro José começou a se interessar por esportes quando foi morar com a avó, em São José dos Campos, depois de ser reprovado no colégio. “São José dos Campos era uma cidade onde o esporte era muito importante, tinha grandes times de basquete e dava destaque para o esporte amador”, conta. Um de seus professores de educação física na época era Alberto Marson, capitão da seleção brasileira de basquete que ganhou a medalha de bronze na Olimpíada de Londres, em 1948. “Quando me profissionalizei, eu tinha essa característica, que não era muito comum na época, de ter conhecimento de vários esportes. Talvez isso tenha me ajudado bastante”, pondera.

Ciro José — Foto: Acervo/Globo

Início da carreira

Ciro José Carvalho Gonsales se formou em jornalismo pela Fundação Casper Líbero. Em 1963, começou a trabalhar como repórter na antiga Rádio Pan-americana, hoje, Jovem Pan; quatro anos depois, foi convidado pelo locutor Pedro Luís para integrar a equipe da Rádio Gazeta. Em 1969, foi para a Rádio Globo. “Em 1970, Luciano do Valle, eu e Juarez Soares já começamos a fazer algumas coisas para a televisão. Inclusive, participamos do primeiro grupo que começou com a divisão de Esportes da Rede Globo, na época dirigida pelo Julio de Lamare”, diz. Em 1971, foi convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para transmitir, ao lado de Luciano do Valle, uma competição de basquete realizada em São Paulo, o Torneio Governador do Estado, que reuniu seleções fortes como Estados Unidos, União Soviética, Iugoslávia e Brasil. Foi contratado pela Globo em seguida, desempenhando por muitos anos as funções de repórter, comentarista e editor de programas esportivos. Trabalhou simultaneamente na Rádio Globo e na emissora até 1974, quando passou a se dedicar exclusivamente ao jornalismo esportivo na televisão.

Nessa época, a divisão de Esportes da emissora ainda não estava estruturada; não havia uma equipe dedicada exclusivamente à cobertura esportiva, nem recursos ou equipamentos para a realização de reportagens e transmissões de eventos esportivos. “Só em acontecimentos especiais é que era aberto um espaço maior. A gente morava em São Paulo e vinha para o Rio na quinta ou na sexta-feira e ficava esperando brechas para gravar”, lembra. Somente a partir de 1972, com a primeira transmissão via satélite de uma Olimpíada, a de Munique, na Alemanha, é que área começou a ganhar um destaque maior. “Mas nós ainda éramos poucas pessoas. A divisão de Esportes ganhou um contorno um pouco mais definido dois anos depois, na Copa do Mundo de 1974, quando já estava por aqui, por exemplo, o Léo Batista. No início do uso do satélite, não se podia imaginar nada de última hora, porque as coisas tinham que ser tratadas com meses de antecedência, e era muito caro”, conta.

Globo Repórter: Olimpíada de Munique, 11/09/1972

Durante sua trajetória na Globo, acompanhou a criação do 'Esporte Espetacular' e implantou o quadro 'Gols do Fantástico', ambos em 1973. “Na época, nós tínhamos um acordo com a emissora americana ABC, que tinha um programa chamado Wide World of Sports, com uma versão editada para o mundo inteiro. Nós recebíamos as coisas da ABC e fazíamos a narração aqui. Esse foi o início do Esporte Espetacular, com produção nacional zero. Só depois, aos poucos, é fomos começando a introduzir coisas do esporte brasileiro. Hoje, são três horas e meia de material exclusivamente produzido pela Globo”, analisa. Na área de jornalismo, também chegou a apresentar programas como o 'Bom Dia São Paulo' e o 'Jornal Hoje', este ao lado de Marília Gabriela.

Ciro José dirigiu divisão de Esportes da Globo de 1978 a 1996. Participou da cobertura de sete Olimpíadas, entre 1972 e 1996, e de oito Copas do Mundo, de 1970 a 1998. Entre as coberturas mais marcantes da sua carreira, está a da Copa do Mundo da Espanha, em 1982, quando a Globo detinha os direitos exclusivos de transmissão dos jogos. Foram dois anos de planejamento. “Nós alugamos um satélite 24 horas por dia. Montamos uma emissora de televisão no Centro de Produção em Madri, inaugurado pelo rei Juan Carlos. Ele fez questão de inaugurar o prédio nas dependências da Globo, de tão grandioso que era aquilo”. Cenários inteiros foram despachados de navio do Rio para a Espanha.

Entre o fim de 1996 e o início de 1997, a divisão de Esportes da Globo foi dividida em duas áreas: a de produção e a de negociação. Ciro José ocupou, então, o cargo de diretor de negociação de direitos esportivos. “Não dá mais para só transmitir o evento, você tem que ter uma participação mais ativa nele”, explica. Essa diretoria foi o embrião da atual Globo Esportes, criada no fim de 1999. Em 2000, foi convidado a administrar um novo setor, a diretoria de Esportes a Motor. Como diretor internacional, passou a se dedicar aos investimentos e às transmissões das corridas de Fórmula-1.

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