Chico Spinoza

O figurinista e carnavalesco Chico Spinoza nasceu em Tabapuã, São Paulo, em 2 de fevereiro de 1952. Estreou na Globo em 1976. Foi responsável pelos figurinos de novelas, minisséries e especiais de fim de ano de artistas como Roberto Carlos e Rita Lee.

Por Memória Globo


Francisco Carlos Soares Spinoza é  filho do fazendeiro Francisco Carlos Spinoza e de Zazá Soares Spinoza, diretora de uma instituição de ensino. Nasceu em Tabapuã, no estado de São Paulo, e se mudou para a capital aos 12 anos, para completar os estudos. Seu início como figurinista foi na TV Tupi, como um dos integrantes da equipe do diretor de arte Pedro Ivan na novela 'Mulheres de Areia' (1973), de Ivani Ribeiro. Na emissora, Chico Spinoza fez várias novelas, como 'O Machão' (1974), de Sérgio Jockyman, e 'Xeque-Mate' (1976), de Walther Negrão e Chico de Assis, além de trabalhar com 'Os Trapalhões' e 'Chacrinha'.

Antigamente, o figurino era parte de uma direção de arte. Com o tempo se tornou muito mais independente, muito mais forte. Mas, no começo, as atrizes chegavam com malas de roupa, era antológico você ver uma grande estrela chegar sempre com algumas malas, era sempre esperado isso

Com o fechamento da TV Tupi, em 1980, o figurinista foi para a TV Educativa e, depois, para a TV Bandeirantes, onde fez os figurinos de três novelas. Estreou na Globo em 1976, no humorístico 'Planeta dos Homens', que ficou no ar até 1982. O convite partiu do figurinista Carlos Gil, que, segundo Chico Spinoza, adorou os figurinos que ele criara para a novela 'Cara a Cara' (1979), de Vicente Sesso, na Bandeirantes. Em seguida, Chico assumiu o programa 'Viva o Gordo' (1981).

Webdoc humor - Viva o Gordo (1981)

"Eu era um aprendiz de feiticeiro na época, então o humor me dava a possibilidade de eu testar tudo, fazer tudo, de eu brincar com tudo, e não ter pudores", lembra ele.

Entre seus trabalhos na Globo estão especiais, novelas, minisséries e uma série de musicais de fim de ano, estrelados por artistas como Roberto Carlos, Rita Lee, Gal Costa, Simone e Elba Ramalho, além de outros programas de humor, como 'Escolinha do Professor Raimundo' (1990). Outro trabalho de Chico Spinoza na Globo foi com os figurinos do show anual 'Criança Esperança' (1986), que faz parte da campanha de mesmo nome, realizada para mobilizar a população e as autoridades em prol dos direitos da infância e da adolescência e para arrecadar recursos destinados ao Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Questionado sobre a preferência de vestir um personagem ou um artista, Chico desenvolve: "Eu adoro personagem, tem personagem que você gosta de fazer. Eu fiz uma coisa nesta empresa muito bonita com a Lucélia Santos, 'A Dama das Camélias', uma 'Quarta Nobre' (em 1983), deslumbrante, (...) o resultado eu gosto muito, como trabalho. Tem outra coisa que eu gosto de ter feito na Globo que foi aquela ousadia de vestir dona Dercy Gonçalves na (minissérie) La Mamma (1990). Aquele trabalho é um trabalho de que eu gosto. Agora, por que eu estou falando isso? Porque a Lucélia era uma personagem, a Dercy é uma amiga. É diferente. Tem uma diferença porque você conhece, você tem a relação mais profunda, de você ir à casa, de você ver sempre".

Cesar Filho e Dercy Gonçalves em 'La Mamma', 1990 — Foto: TV Globo

Outro exemplo é a experiência de vestir Rita Lee, que se repetiu por alguns anos: "Rita era uma coisa de paixão, de ser tiete, de ir a shows, e um belo dia calhou de a gente fazer, aqui na TV Globo, aquele programa fantástico, que era um circo da Rita Lee (o especial "O Circo", em 1982), que foi maravilhoso, e eu segui carreira depois com a Rita, eu fiquei um bom tempo com a Rita, eu cheguei a fazer até cenários para turnês de Rita. Anos depois, em 2021, Chico assinou a cenografia da exposição sobre os 50 anos da carreira da artista. “Rita Lee – Rainha do Rock” ficou em cartaz no MIS, Museu de Imagem e Som de São Paulo.

Relembre Rita Lee vestida de gato em 1982

Muitos carnavais

Há muitos anos, Chico Spinoza tem participado ativamente dos desfiles das escolas de samba dos carnavais do Rio e de São Paulo. Ao lado de Mário Monteiro, cenógrafo da Globo, formou a dupla de carnavalescos que assinou o desfile campeão da Estácio de Sá de 1992, cujo enredo falava sobre os 70 anos do Modernismo. Entre 1994 e 1996, assinou o desfile da União da Ilha.

Entre 1997 e 1999, esteve à frente da Vai-Vai, em São Paulo, sendo que em 98 e 99 a escola foi campeã. Em 2000 e 2001, defendeu as cores da Unidos da Tijuca. Foi carnavalesco da Unidos do Viradouro em 2002, da Mocidade Independente de Padre Miguel nos anos de 2003 e 2004, e da Caprichosos de Pilares em 2005 e 2006. Voltaria à Vai-Vai entre 2007 e 2009, sendo campeão em 2008. Anos depois, em 2020, voltaria a levar a escola paulistana ao topo.

Chico Spinoza fala sobre a vitória da Vai-Vai no carnaval de 2008

Nas últimas décadas, atuou diversas vezes também como comentarista dos desfiles das escolas de samba, tendo começado a integrar o time de comentaristas de carnaval da Globo em fevereiro de 2007, durante a transmissão dos desfiles do Grupo Especial do Rio.

"O carnavalesco é tudo, é um diretor de arte, é um diretor de imagem, é um diretor de conceito, é tudo isso que eu faço para a comunidade, sempre acima de cinco, seis mil pessoas. Então, essas características eu devo à televisão, ter levado isso para lá, então lá eu sou diretor de um show."

Chico Spinoza comenta os desfiles das escolas Viradouro e Santa Cruz em 2016

Quando pego um trabalho, não importa nem o resultado, não importa o Ibope; se o meu coração bate, eu vou fundo. Eu já ganhei carnaval e já perdi carnaval, mas faço com o maior amor, todos. Tem uma hora em que você está sintonizado com o sucesso, com a vitória, tem outra hora que não, mas eu acho que é assim mesmo.

FONTE:

Depoimento de Chico Spinoza ao Memória Globo em 20/7/2006.