Alice-Maria Tavares Reiniger nasceu em 31 de janeiro de 1945, em Guaraciaba, Minas Gerais, e começou a trabalhar na Globo como estagiária, em 1966, um ano após a inauguração da emissora. Participou ativamente da criação do 'Jornal Nacional', em 1969, primeiro programa brasileiro exibido em rede nacional, ao lado de Armando Nogueira, então diretor de jornalismo. Em 1973, assumiu a função de diretora de telejornais da Globo. Tornou-se responsável não só pelas notícias veiculadas, como pelos perfis editoriais dos programas e pela preparação dos repórteres de vídeo. Acompanhou as mudanças no formato das reportagens e as inovações tecnológicas. Responsabilizava-se por tudo, do conteúdo das matérias aos cuidados com a voz e o figurino do jornalista.
A jornalista presenciou um dos fatos marcantes da história da Globo: o incêndio da emissora em 1976. Um curto-circuito no sistema de ar-condicionado iniciou o incêndio no prédio da rua Von Martius, no Jardim Botânico. O incêndio começou às 13h, durante a transmissão do telejornal 'Hoje' e, apesar dos estragos, a Globo ficou apenas alguns minutos fora do ar; imediatamente, as imagens passaram a ser geradas pela Globo de São Paulo. Alice-Maria reuniu um grupo de jornalistas e viajou às pressas para lá para garantir que o 'Jornal Nacional' daquela noite entrasse no ar sem qualquer problema. Levou com ela um filme com as imagens do incêndio gravadas.
Eleições
Em 1982, Alice-Maria coordenou a cobertura das eleições de 1982, a primeira eleição direta para governador de estado após a instauração do regime militar. Entre os candidatos, estavam importantes líderes de oposição, como Miguel Arraes e Leonel Brizola, cassados e exilados no período da ditadura. A Globo chegou a mobilizar cerca de 25 mil profissionais em todo o país, envolvidos na divulgação dos números e na realização de análises, entrevistas e reportagens.
Alice-Maria acompanhou outros momentos importantes da política brasileira, como a campanha pelas Diretas Já, em 1984, e a eleição de Fernando Collor à presidência da República, em 1989.
Em abril de 1990, a Central Globo de Jornalismo passou por mudanças. Armando Nogueira e Alice-Maria, responsáveis pelo 'Jornal Nacional' desde sua estreia, deixaram seus cargos de diretores e se desligaram da emissora, depois de 24 anos. Alberico de Sousa Cruz assumiu a direção da Central Globo de Jornalismo. Ao longo dos anos trabalhando na Globo, Alice-Maria havia desempenhado todas as funções do jornalismo na emissora, tendo sido a primeira mulher no país a ocupar o cargo de diretora na Central Globo de Jornalismo. Ao sair da Globo, assumiu o cargo de diretora executiva de Jornalismo da extinta Rede Manchete. Dois anos depois, criou uma produtora de vídeos independente, a No Ar Comunicação.
GloboNews
Com a saída de Alberico de Sousa Cruz e a entrada de Evandro Carlos de Andrade na direção de jornalismo e esportes, em 1995, Alice-Maria retornou à emissora. Foi convidada por Evandro para implantar e dirigir a GloboNews, o primeiro canal brasileiro de notícias 24 horas no ar. Alice encarou o desafio de montar, a partir do zero, uma programação repleta de telejornais ao vivo, envolvendo todas as equipes que participam de uma operação de telejornalismo, desde o próprio departamento de jornalismo até as áreas de engenharia e informática, entre outras. Além dos telejornais, a GloboNews apresentava, desde sua estreia, programas especiais, como 'Espaço Aberto', 'N de Notícia', 'Arquivo N' e 'Milênio'. Outra marca do canal foi ter se tornado um espaço de formação de novos talentos no telejornalismo.
Coberturas marcantes
Com apenas 15 dias no ar, Alice-Maria e sua equipe enfrentaram o desafio de cobrir a queda do Fokker 100 da TAM, em São Paulo, um dos mais graves desastres da história da aviação brasileira. O avião, que fazia a ponte aérea Rio de Janeiro – São Paulo, caiu sobre o bairro residencial de Jabaquara, em São Paulo, a dois quilômetros do Aeroporto de Congonhas, quando tentava decolar. A GloboNews esteve no ar dando as notícias sobre o acidente e suas consequências.
A cobertura do sequestro do ônibus da linha 174, no Rio de Janeiro, em 2000, foi outro momento marcante na história da GloboNews. O canal permaneceu no ar sem interrupção, com imagens dramáticas do episódio. No ano seguinte, mais uma cobertura histórica: o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. A GloboNews interrompeu sua programação para acompanhar os desdobramentos do ataque e mostrou, ao vivo, a segunda explosão, na torre sul do edifício.
A guerra no Afeganistão e no Iraque, iniciada pelos Estados Unidos quase um mês depois do atentado em Nova York, foram acompanhadas dia após dia, oferecendo ao telespectador ampla cobertura sobre o fato. Em dezembro de 2004, o canal registrou a maior tragédia provocada pela natureza nos últimos 40 anos, o tsunami no sudeste asiático. A equipe estava de plantão na redação ao receber os primeiros informes das agências internacionais e noticiou imediatamente o forte tremor de terra no fundo do oceano Índico, próximo da Indonésia.
Outras coberturas marcantes coordenadas por Alice-Maria à frente da GloboNews foram a morte da princesa Diana, em gosto de 1997; a guerra no Kosovo, em 1999; as eleições norte-americanas, em 2000 e as eleições presidenciais de 2002, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de 2001, além da direção da GloboNews, Alice-Maria assumiu a função de diretora editorial de entretenimento, dando suporte jornalístico aos programas da linha de shows e variedades.
Novos desafios
Em julho de 2009, Alice-Maria assumiu a Diretoria de Desenvolvimento de Programas Especiais, com a missão de desenvolver novos talentos, contribuir para a manutenção da qualidade nas coberturas de jornalismo e esportes e supervisionar programas com formato jornalístico voltados para a Responsabilidade Social, grade Cidadania, produzidos pela Globo – 'Globo Universidade' e 'Ação' – assim como os produzidos pela Fundação Roberto Marinho – 'Globo Educação', 'Globo Ecologia' e 'Globo Ciência'. Em 2014, na faixa de horário até então ocupada pelos programas da grade Cidadania, entrou no ar o 'Como Será?'.
Em setembro de 2014, Alice-Maria decidiu se aposentar depois de 48 anos de dedicação ao jornalismo de televisão. O comunicado informando a saída dela foi divulgado no dia 2 e assinado pelo diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder e pelo diretor-geral de Jornalismo, Ali Kamel.
Vídeo produzido pela Diretoria de Programas e Projetos Especiais em homenagem à jornalista Alice-Maria.
Alice-Maria Reigniger esteve presente em momentos importantes para o desenvolvimento do jornalismo na emissora.