Alfredo Marsillac iniciou sua carreira como radialista na Rádio Mauá, no Rio de Janeiro. Em seguida, trabalhou como comediante na TV Rio, em 'O Gordo e o Magro'. Foi diretor de programas da TV Excelsior e gravou comerciais para a TV Continental e para a TV Tupi. Em 1964, oito meses antes da inauguração da Globo, inscreveu-se no concurso promovido pela emissora para selecionar seus primeiros profissionais. Participou dos primeiros programas da emissora, como, por exemplo, a primeira edição do 'Jornal Nacional'. A sua experiência profissional não se restringiu ao jornalismo. Ele chegou a trabalhar, esporadicamente, na área comercial da emissora fazendo o atendimento aos clientes e a gravação de comerciais.
Início da carreira
Alfredo Marsillac cursou Comunicação Social na Faculdade Hélio Alonso, onde também foi professor. Nos anos 1960, compunha e gravava músicas profissionalmente. E foi através das apresentações do seu conjunto musical Fred Max que teve o primeiro contato com o rádio e a televisão. Além da relação com a música, chegou a atuar em peças e a fazer esculturas. Marsillac iniciou sua carreira como radialista na Rádio Mauá, no Rio de Janeiro. Em seguida, trabalhou como comediante na TV Rio, em 'O Gordo e o Magro'. No programa, ele representava o Magro e Ricardo Lucena, o Gordo. Foi diretor de programas da TV Excelsior e gravou comerciais para a TV Continental e para a TV Tupi.
Entrada na Globo
Em 1964, oito meses antes da inauguração da Globo, inscreveu-se no concurso promovido pela emissora para selecionar seus primeiros profissionais. Na época, foram criados cursos de especialização em televisão e Alfredo Marsillac foi selecionado para o cargo de diretor de imagem. Testemunhou, portanto, a construção dos primeiros cenários e estúdios da emissora e a idealização dos programas de estreia, como o seriado 'Rua da Matriz'.
Sua primeira experiência na Globo, ainda em 1965, foi em 'Romance na Tarde', outra produção de estreia da emissora. “Era um programa de entretenimento, como se fosse um talk show, com a Norma Blum. Ela era uma estrela, uma atriz de teatro, e vinda de outras televisões. Ela conversava com as pessoas, apresentava um filme. Era como se fosse a 'Sessão da Tarde', mas antes ela conversa com alguém, trocava ideias, dava notícias, depois falava sobre o filme que seria exibido”, lembra em depoimento ao Memória Globo.
A partir de 1966, Alfredo Marsillac também trabalhou no programa humorístico 'TV0-TV1', primeira produção do gênero a fazer paródias de outras atrações da televisão. Esse recurso seria aprimorado, anos depois, em programas como 'Satiricom', 'Planeta dos Homens', 'TV Pirata' e 'Casseta & Planeta, Urgente!' Em 'TV0-TV1', chegou a substituir o diretor Augusto César Vannucci no comando da gravação de alguns programas.
Telejornais
Alfredo Marsillac participou, ainda, da produção dos primeiros telejornais da Globo. “A edição das matérias era feita, basicamente, no corte e na gilete. Os montadores eram Auderi Alencar, João Melo, Nilton Ferreira, que depois trabalhou com Hans Donner. Eles montavam as carreiras de luvas, para não arranhar o celuloide”, lembra. Esteve na equipe responsável pelo primeiro telejornal da emissora, o 'Tele Globo' (1965). Também trabalhou no 'Ultranotícias' (1966), no 'Jornal de Vanguarda' (1966), no 'Jornal de Verdade' (1966), no 'Jornal Internacional' (1972) e no 'Amanhã' (1975). Fez parte, ainda, da equipe dos programas jornalísticos 'Ibrahim Sued Repórter' (1966) e 'Amaral Netto, o Repórter' (1968). Além de contribuir para a produção diária da programação jornalística, foi o responsável pelos testes de vídeo de alguns apresentadores de telejornais, entre eles Sérgio Chapelin, Carlos Campbell, Ronaldo Rosas e Antônio Carlos Bianchini.
Depoimento - Alfredo Marsillac: Amaral Netto, O Repórter (1968)
'Jornal Nacional'
Alfredo Marsillac participou da primeira edição do 'Jornal Nacional', em 1º de setembro de 1969, ao lado de Armando Nogueira e Alice-Maria. Ficou sob sua responsabilidade a tarefa de colocar no ar o primeiro telejornal em rede. Mas o desafio foi grande: apesar da implantação do sistema de rede via Embratel, não havia satélites para flexibilizar a recepção de sinais. Como as transmissões eram feitas por via terrestre, através de links de micro-ondas, havia um horário específico para que elas acontecessem, o que limitava a difusão das informações. “Armando Nogueira, que tinha uma vivência de aviação, comparou o jornal, as dificuldades que o jornal teve, e os equipamentos que você tinha à disposição, com um grande painel de um Boeing – que levanta voo e tem que pousar”, relembra.
Marsillac acompanhou de perto o desenvolvimento tecnológico da Globo. Foi responsável, inclusive, pela primeira matéria gravada em videoteipe para o JN: gerada em Porto Alegre, a reportagem foi sobre a repercussão do Ato Institucional nº 12. Também acompanhou a implantação do sistema de recepção via satélite, o que permitiu aos telejornais receber matérias nacionais, e até internacionais, mais rapidamente. A partir daí, os jornalistas não mais precisariam requentar os releases enviados pelas agências internacionais, que só chegavam ao Brasil, via malote, dias depois do fato ocorrido.
Em 1972, com a regulamentação do sistema PAL-M no Brasil, ocorreu oficialmente a primeira transmissão em cores em rede nacional, via Embratel. Marsillac acompanhou todo o processo de implantação dessa nova tecnologia. “A maioria da população não tinha televisão a cor, era uma percentagem muito pequena. Talvez tenha sido essa a nossa sorte. Houve algumas falhas no início, e fizemos a correção, mas nós aprendemos mesmo no dia a dia”, revela. Ele também aprendeu, na prática, como trabalhar com a aplicação do chromakey nas imagens e com o uso de equipamentos portáteis nas filmagens.
No final da década de 1970, tornou-se supervisor de telejornais da Globo. Em 1979, trabalhou também no 'Jornal das Sete', criado para destacar o jornalismo de serviço e liberar o 'Jornal Nacional' da responsabilidade de cobrir o noticiário local; e no 'Globo em Dois Minutos' (1970), voltado exclusivamente para assuntos da cidade, com reportagens sobre os problemas e as reclamações da população. As transmissões de carnaval da emissora também contaram com a participação de Marsillac.
A sua experiência profissional não se restringiu ao jornalismo. Ele chegou a trabalhar, esporadicamente, na área comercial da emissora fazendo o atendimento aos clientes e a gravação de comerciais.
Em 1981, Alfredo Marsillac foi convidado para ser superintendente da TV Aratu, afiliada da Rede Globo na Bahia. Em 1987, voltou ao Rio de Janeiro para assumir o cargo de gerente de produção comercial do Sistema Globo de Tecnologia Educacional (GloboTec), criado em 1977 com o objetivo de produzir e negociar programas educacionais e comerciais.
Em 1989 voltou a trabalhar na Globo como assistente do diretor da área de entretenimento Augusto César Vannucci, que cuidava dos preparativos para a estreia do 'Domingão do Faustão'. Em 1990, quando Vannucci transferiu-se para a TV Manchete, Marsillac o acompanhou, tornando-se seu assistente e redator de um programa musical na emissora.
Alfredo Marsillac também teve uma passagem pela TV Bandeirantes de Salvador. Em seguida, dedicou-se a produzir documentários para instituições como a Petrobras e a Fundação de Apoio às Escolas Técnicas (Faetec), além de prestar consultoria em campanhas políticas.
FONTE:
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por Alfredo Marsillac em 10/04/2001 e 29/08/2001. |