Pandemia da Gripe H1N1 - 2009

Em 2009, um surto de influenza A/H1N1 transformou-se na primeira pandemia do século XXI. No Brasil, a doença matou mais de 2 mil pessoas.

Por Memória Globo


Em junho de 2009, a Organização Mundial da Saúde declarou pandemia de influenza A/H1N1. Conhecida inicialmente como gripe suína, a doença teve origem no México, em março daquele ano, e se tornou um problema de saúde global. O surto da gripe foi a primeira emergência de saúde pública do século XXI declarada como pandemia pela OMS.

O Brasil registrou os primeiros casos em abril. Até agosto de 2010, o vírus foi responsável pela morte de mais de 2 mil pessoas no país. Em 2010, o Ministério da Saúde iniciou uma campanha de vacinação coletiva anual contra este tipo de gripe, contribuindo para uma redução considerável de casos registrados. Em 2013 e 2016, o Brasil teve outros dois surtos da doença, com epicentro em São Paulo.

Organização Mundial da Saúde eleva condição de gripe A/H1N1 à condição de pandemia. Jornal Nacional, 11/06/2009.

EQUIPE E ESTRUTURA

A Globo cobriu o assunto a partir do momento em que a Organização Mundial da Saúde manifestou preocupação com a disseminação do vírus pelo mundo, em abril de 2009. Em um primeiro momento, a cobertura foi centrada no escritório de Nova York, com os correspondentes Lilia Teles e Jorge Pontual; e em Brasília, com repórteres que acompanhavam o posicionamento das autoridades federais em relação ao caso, como Giovana Teles. Quando o vírus chegou ao Brasil, jornalistas em todas as capitais cobriram a epidemia, fazendo matérias que enfatizavam principalmente a prevenção da doença, a forma de contágio, pesquisas desenvolvidas para produção de vacinas e medicamentos, a situação do sistema público de saúde para tratamento dos casos.

A COBERTURA

A cobertura da Globo sobre a epidemia de gripe Influenza A/H1N1 começou no dia 24 de abril de 2009, informando – em reportagem de Lilia Teles em Nova York para o Jornal Nacional – que o vírus que matara 20 pessoas no México atravessara a fronteira, chegando aos Estados Unidos. Uma possível epidemia era pressentida pelas autoridades. Mais tarde, no Jornal da Globo, uma nota coberta informou que a Anvisa declarou que intensificaria a vigilância contra a doença em pontos de entrada e saída do Brasil. Nesse momento o vírus era chamado pelas autoridades e pelos jornalistas de gripe suína. No primeiro mês, o assunto foi tema de reportagens diárias exibidas nos telejornais da Globo.

Vírus da gripe A/H1N1 chega aos Estados Unidos. Jornal Nacional, 24/04/2009.

No dia 25, a Organização Mundial da Saúde alertou: a gripe suína poderia se tornar uma pandemia, ou seja, uma disseminação em escala global. De Brasília para o Jornal Nacional daquela noite, Giovana Teles informava que o Ministério da Saúde anunciava a criação de um gabinete permanente contra o vírus.

Em entrevista ao Memória Globo, a repórter lembra a cobertura e diz que o posicionamento do Ministério da Saúde em relação ao caso contribuiu para que não fosse gerado pânico coletivo: “O ministro da Saúde na época foi muito firme, tranquilizou todo mundo numa coletiva bem tumultuada, dizendo que não dava para barrar a entrada da gripe A aqui no Brasil, mas que o país estava preparado, que as barreiras possíveis estavam sendo feitas, que o país tinha estoque do remédio que poderia ser usado nas pessoas com sintoma, que ia ampliar a vacinação”, conta Giovana Teles.

Na mesma semana, Jorge Pontual mostrou em reportagem para o Fantástico no dia 26 de abril, o esquema de prevenção montado nos Estados Unidos em aeroportos e escolas no estado de Nova York, onde haviam sido registrados oito casos da doença.

Na semana seguinte, o assunto começou a ganhar mais pesos nos telejornais da Globo, que passaram a tratar da chegada do vírus a outros continentes, em reportagens feitas por correspondentes, como Roberto Kovalick, no Japão, que reportava a situação em Ásia e Oceania. No dia 27 de abril, o Jornal Hoje mostrou o impacto que a possível pandemia começava a gerar no mercado financeiro. No dia 29 de abril, todos os telejornais de rede da Globo divulgaram as pesquisas para desenvolver vacinas e as formas de combate à doença anunciadas pela OMS. O remédio Tamiflu era o mais recomendado para o tratamento.

Ministério da Saúde anuncia gabinete para lidar com casos de gripe H1N1 no Brasil. Jornal Nacional, 25/04/2009

O VÍRUS CHEGA AO BRASIL

No dia 27 de abril de 2009, o Jornal Nacional informou, em reportagem de César Menezes, que duas pessoas que chegaram de Cancun, no México, estavam internadas em Belo Horizonte sob suspeita de terem contraído o vírus. Em São Paulo, outra pessoa apresentava sintomas, cujo resultado ainda não era confirmado. Na matéria, um infectologista explicou como era o modo de transmissão da doença.

Brasil adota medidas preventivas em aeroportos. Jornal Hoje, 27/04/2009.

No dia 30, o Instituto Butantan, de São Paulo, começou a fabricar vacinas contra a doença, a pedido da OMS, conforme mostrou reportagem de José Roberto Burnier para o Jornal Hoje.

O Instituto Butantan deve fabricar ainda este ano uma vacina contra a gripe suína a pedido da Organização Mundial da Saúde. Jornal Hoje, 30/04/2009.

Em maio, na medida em que aumentava o número de pessoas confirmadas com a doença, crescia o número de reportagens sobre o assunto. No dia 12, o Jornal Nacional exibiu uma entrevista exclusiva com um homem que teria sido o primeiro caso da H1N1 no Rio de Janeiro. Por telefone, ele relatou os sintomas da doença, afirmando que não se tratava da gripe mais forte que teve na vida.

Primeiro paciente com H1N1 no Rio de Janeiro dá entrevista ao Jornal Nacional. 12/05/2009.

Em julho de 2009, a então apresentadora do Jornal Hoje, Sandra Annenberg contraiu o vírus da H1N1, em uma viagem ao Rio de Janeiro. “Foi uma história muito curiosa. Só eu, que estava no grupo de risco, pude fazer o exame, na minha família. Mas meu marido e minha filha também estavam com a doença. Para as estatísticas, só eu havia sido contaminada. A Ana Maria Braga me entrevistou por telefone”, lembra Sandra.

PANDEMIA DE H1N1

Foi no dia 11 de junho de 2009 que a OMS elevou o vírus A/H1N1 à condição de pandemia. A alteração da denominação da condição da doença se devia ao fato de apresentar crescimento sustentado em ao menos dois continentes. Em reportagem exibida no Jornal Nacional, a correspondente em Paris Sônia Bridi mostrou o que os governos da Europa vinham fazendo como resposta ao alerta.

Na semana seguinte, o Ministério da Saúde no Brasil passou a recomendar que brasileiros não viajassem a Chile e Argentina, devido ao alto número de casos da doença nestes países. No dia 28 de junho, conforme mostrou Luciana Kraemer, no Fantástico, foi confirmada a primeira morte em decorrência da gripe no Brasil. Tratava-se de um caminhoneiro gaúcho que contraíra o vírus na Argentina.

Daquele dia em diante, o número de mortes confirmadas pelo vírus no Brasil aumentava semanalmente. Uma boa notícia foi anunciada no final de julho: o Instituto Butantan, em São Paulo, tinha elementos para conseguir fabricar vacinas em três meses. As doses seriam destinadas a grupos de risco, definidos pelo Ministério da Saúde, como mostrou o Jornal Hoje do dia 29 de julho. No dia seguinte, a Fiocruz entregou primeiro lote de medicamento produzido pela instituição, similar ao Tamiflu. O remédio passaria a ser usado no tratamento da gripe.

Em julho, governos estaduais e universidades federais anunciaram adiamento da volta às aulas, como forma de prevenção.

Confirmada a primeira morte por gripe suína no Brasil. Fantástico, 28/06/2009.

Fiocruz entrega o primeiro lote do medicamento similar ao Tamiflu. Jornal Nacional, 30/07/2009.

Como se prevenir contra a gripe suína na volta às aulas. Fantástico, 16/08/2009.

OUTROS SURTOS DA DOENÇA

O Brasil registrou um segundo surto da gripe H1N1 no primeiro semestre de 2013. O Ministério da Saúde na época lançou uma campanha de vacinação com estimativa de imunizar 80% da população considerada de risco. São Paulo foi o estado mais afetado pela doença, como mostrou a reportagem de Alberto Gaspar para o Jornal Nacional, exibida no dia 21 de maio.

Em janeiro de 2016, o estado de São Paulo começou a registrar um aumento no número de casos da gripe H1N1. Em março, conseguiu autorização do governo federal para antecipar a campanha de vacinação contra o vírus, que normalmente começaria em maio. O caso foi considerado pelas autoridades de saúde como um surto da doença.

Estado de São Paulo vive surto com mais de 20 mortes causadas pelo vírus da gripe H1N1. Jornal Nacional, 25/03/2016.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por Sandra Annenberg (05/05/2010); Alberto Gaspar (19/11/2015) e Giovana Teles 22/05/2014; BELLEI, Nancy; MELCHIOR, Thaís Boim. H1N1: pandemia e perspectiva atual. IN: Bras Patol Med Lab. v. 47. n. 6. p. 611-617. dezembro 2011 disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v47n6/v47n6a07.pdf ; http://www.blog.saude.gov.br/index.php/53845-10-anos-do-surto-global-de-h1n1 ; http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/06/gripe-h1n1-em-2009-matou-mais-que-o-estimado-diz-estudo.html ; http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1477423-5603,00-GRIPE+HN+AUMENTOU+MORTE+DE+CRIANCAS+NA+EUROPA+DIZ+ESTUDO.html ; http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/06/brasil-tem-maior-numero-de-mortes-por-h1n1-desde-pandemia-de-2009.html.