Morte do Papa João Paulo II

O Papa João Paulo II faleceu em 2 de abril de 2005, aos 84 anos, após uma lenta agonia acompanhada por milhões de católicos do mundo todo.

Por Memória Globo


O Papa João Paulo II faleceu em 2 de abril de 2005, aos 84 anos. A fragilidade de sua saúde ficou evidente quando, no domingo de Páscoa daquele ano, o pontífice não conseguiu pronunciar a bênção aos 70 mil fiéis que o aguardavam na Praça São Pedro. A partir de então, sua agonia tornou-se pública, e sua dor comoveu todo o planeta.

O polonês Karol Wojtyla, o primeiro papa não italiano em quatro séculos e meio, ficou conhecido por seu carisma e por seu diálogo com os jovens, mas também por sua posição conservadora em determinadas questões religiosas. Peregrino, visitou 129 países ao longo de 26 anos de pontificado.  

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a cobertura da morte do Papa João Paulo II e escolha de Bento XVI com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

A morte de João Paulo II ganhou amplo destaque em toda a programação da TV Globo, e não apenas nos telejornais. A cobertura jornalística começou a ser planejada em 2003, quando a situação de saúde do Papa se complicou. Mas foi no domingo de Páscoa de 2005 que o frágil estado de saúde do Papa chamou a atenção do mundo. Após quase uma semana de padecimento, João Paulo II faleceu na tarde de 2 de abril de 2005.

William Bonner, Ali Kamel e a equipe do Jornal Nacional desembarcaram em Roma poucas horas antes do anúncio da morte de João Paulo II. Naquela noite e ao longo da semana seguinte, o Jornal Nacional foi ancorado por William Bonner direto do Colégio Santa Mônica, com o Vaticano ao fundo.

O processo de beatificação do Papa João Paulo II foi iniciado por seu sucessor, o Papa Bento XVI, um mês após a morte do pontífice polonês. João Paulo II foi beatificado em 1º de maio de 2011. Sua canonização foi registrada em 27 de abril de 2014, em uma missa celebrada pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

EQUIPE E ESTRUTURA

A morte de João Paulo II ganhou amplo destaque em toda a programação da TV Globo, e não apenas nos telejornais. A cobertura jornalística começou a ser planejada em 2003, quando a situação de saúde do Papa se complicou. Foi convocada uma reunião, da qual participaram diretores e editores de jornalismo e correspondentes da TV Globo nos EUA e na Europa. A ideia era desenhar como seria essa cobertura caso João Paulo II, que vivia doente, viesse a falecer.

Nessa reunião, o Ali Kamel (então diretor executivo da Central Globo de Jornalismo) falou para mim: ‘Quando o Papa morrer, vamos ancorar de Roma. Vai se preparando, que será você”.
— William Bonner | editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional.

Antes disso, em 1996, já havia sido produzido – sob a orientação de Mário Marona, então editor-chefe do JN – um rico material em homenagem a João Paulo II, que na época se submeteria a uma cirurgia para a retirada do apêndice. “Quando viram que se tratava de um papa septuagenário, que já havia sofrido um atentado uns 15 anos antes –um tiro no abdômen –, e cuja saúde já havia dado alguns sinais de debilidade, Marona fez o que tinha de ser feito: determinou que fosse produzido um material grande, farto, sobre o João Paulo II”, explica Bonner. Esse material, que era atualizado frequentemente, foi utilizado ao longo de toda a cobertura quando o Papa morreu.

Colocando em prática

Assim como planejado, em 1º de abril de 2005, William Bonner e Ali Kamel embarcaram para Roma, de onde o Jornal Nacional foi ancorado durante seis noites.

Os repórteres da Globo na Europa ficaram à frente da cobertura, que teve coordenação de Ali Kamel. Ilze Scamparini, correspondente na Itália, acompanhou de perto o padecimento de João Paulo II. Caco Barcellos, na época baseado em Paris, também viajou para Roma na véspera da morte do pontífice. Ele e Ilze Scamparini cobriram o velório e as homenagens ao Papa, que se alongaram até o enterro, em 8 de abril.

Eu sabia da extrema importância da notícia. Quando temos a consciência disso, tudo ganha uma dimensão maior. Aquela multidão toda para se despedir de um papa me marcou. Falava-se muito na Europa da crise da Igreja Católica. E eu me perguntava todo o tempo onde estava essa crise – um homem só mobilizando tantas pessoas”.
— Caco Barcellos | repórter em Paris

Luís Fernando Silva Pinto, que passava férias na cidade, acabou se incorporando à equipe naquele momento. E Pedro Bial, que viajara à Polônia para entrevistar o ex-presidente Lech Walesa, enviou material direto da terra natal do Papa.

Por causa da diferença de fuso horário e para conseguir atender os principais telejornais de rede, a equipe trabalhou exaustivamente. “Era preciso estar acordado às cinco da manhã, para saber o que estava acontecendo e o que cobriríamos. Ao meio-dia, começávamos a trabalhar para o Bom Dia, Brasil, e íamos de novo até as 5h, por causa do Jornal da Globo”, lembra Ali Kamel.

Os correspondentes em Pequim, Londres, Nova York e Buenos Aires mostraram a repercussão da morte de João Paulo II ao redor do mundo, enquanto as equipes de jornalismo da Globo no Brasil destacaram as manifestações em homenagem ao Papa em diferentes pontos do país.

PADECIMENTO E MORTE

Reportagem de Ilze Scamparini sobre o estado de saúde do Papa João Paulo II, Jornal Nacional, 30/03/2005.

João Paulo II tinha uma saúde bastante debilitada e vivia doente. Mas foi no domingo de Páscoa de 2005 que o frágil estado de saúde do Papa chamou a atenção do mundo. “O Papa chegou à sacada de onde ele deveria se dirigir à multidão que o esperava e não conseguiu falar. Em um determinado momento ele fez uma expressão de dor e sua voz não saía. Foi uma das coisas mais angustiantes que a humanidade já viu, com toda a certeza. E isso se deu em um momento em que as imagens percorrem o planeta na internet com rapidez brutal, e todas as TVs registraram. Era um dia especial, era domingo de Páscoa, e aquela cena foi muito forte”, lembra William Bonner.

Na quarta-feira, 30 de março, quando uma multidão de pessoas esperava para ver o Papa em frente à Basílica de São Pedro, mais um sinal de que João Paulo II estava em sofrimento. Sem conseguir pronunciar sua mensagem, ele apenas deu a benção aos fiéis que aguardavam por suas palavras. A reportagem de Ilze Scamparini, exibida naquela noite no JN, explicou que o pontífice estava sendo alimentado através de uma sonda nasal.

Nos dias seguintes, o estado de saúde do Papa se agravou, como noticiaram os principais telejornais da emissora. Na sexta-feira, 1º de abril, um comunicado da Santa Sé informava que seu coração e seus rins estavam cada vez mais fracos. Àquela altura, milhares de fieis e turistas já faziam vigília na Praça São Pedro, rezando pela saúde de João Paulo II.

O falecimento

Após quase uma semana de padecimento, João Paulo II faleceu na tarde de 2 de abril de 2005, pouco mais de uma hora após a divulgação do último boletim médico sobre seu estado de saúde. Às 16h57 (horário de Brasília), logo depois que a notícia foi confirmada pelo Vaticano, um plantão interrompeu a programação da TV Globo para Fátima Bernardes anunciar a morte do pontífice. A repórter Ilze Scamparini falou direto de Roma, por telefone, enquanto eram mostradas imagens da multidão de fiéis, reunida na Praça São Pedro. Também foram exibidas imagens de arquivo que ilustravam a trajetória do polonês Karol Wojtila.

Plantões ao longo da programação atualizaram os telespectadores, trazendo novas informações e chamando para a cobertura completa no Jornal Nacional daquela noite.

Fátima Bernardes anuncia a morte do Papa João Paulo II no Plantão da Globo, 02/04/2005.

DIRETO DO VATICANO

William Bonner, Ali Kamel e a equipe do Jornal Nacional desembarcaram em Roma poucas horas antes do anúncio da morte de João Paulo II. Segundo Ali Kamel, foi o resultado de uma tomada de decisão correta:

“O Papa entrou em agonia em uma sexta-feira. A nossa correspondente em Roma, Ilze Scamparini, que tem muitas fontes no Vaticano e é muito bem informada, garantia que a situação era grave, mas que ele poderia não morrer. Nós, então, chegamos à seguinte conclusão: se o Bonner deixasse para viajar depois que João Paulo II morresse, nós não conseguiríamos fazer de Roma o primeiro Jornal Nacional após a morte do Papa. E havia a possibilidade de Bonner embarcar na própria sexta-feira, logo depois do JN, já que ele nunca apresenta o jornal aos sábados, só em grandes eventos. Nós acreditávamos, com base em boletins médicos, que até segunda o Papa teria morrido. Falando desse jeito, parece uma coisa crua, mas jornalismo é assim mesmo. Conseguimos passagens para a noite de sexta. Durante a viagem, havíamos decidido que, mesmo com João Paulo II vivo, Bonner apresentaria o Jornal Nacional de Roma naquele sábado, porque seria ridículo e eticamente muito feio que todo mundo soubesse que ele estava na Itália, com o Papa vivo, e não tinha apresentado o telejornal de lá. Mas João Paulo II morreu duas ou três horas depois da nossa chegada”.
Ali Kamel | então diretor executivo da Central Globo de Jornalismo

Reportagem de William Bonner sobre a reação dos milhares de fiéis na Praça São Pedro, momentos após o anúncio da morte do Papa, Jornal Nacional, 02/04/2005

Quando já estava no hotel, pronta para sair em direção à Praça São Pedro, a equipe recebeu a notícia da morte de João Paulo II. Nesse momento, Caco Barcellos e o repórter cinematográfico Sergio Gilz chegavam de táxi, como conta Bonner: “Perguntei ao Caco como estavam as coisas na Praça São Pedro, e ele respondeu que todos estavam na expectativa da morte do Papa. Não sei quem falou para ele, acho que foi o Ali, eu só ouvi alguém dizendo: ‘Não, o Papa já morreu.’ E o Caco: ‘Não morreu, eu estava lá.’ ‘Ligaram do Rio e disseram que ele morreu. A que horas você saiu de lá?’ Ele respondeu: ‘Ah, tem uns 20 minutos.’ Eu falei: ‘Então você saiu de lá, pegou um trânsito horroroso e não ouviu. O Papa está morto’. Até que ele realizou: ‘Morreu o Papa! Minha matéria! Perdi minha matéria!’”.

Enquanto Caco Barcellos reescrevia o texto de sua reportagem, William Bonner, Ali Kamel e Sergio Gilz seguiram para a Praça São Pedro. No caminho, Kamel sugeriu que Bonner, além de ancorar o telejornal, também fizesse uma matéria para ser exibida naquela noite. O apresentador hesitou, achava que não daria tempo, mas acabou concordando. “Descemos do táxi, Gilz ligou a câmera, eu me postei à frente com microfone. Comecei a narrar o que eu estava vendo. Não gostei do que estava dizendo e falei: ‘Corta. Para, Gilz. Vamos de novo’. Ele parou e voltou. Comecei a falar de novo, mas parei: ‘Não ficou legal, Gilz. Vamos de novo’. Fiz umas seis ou sete vezes, até que o Gilz disse: ‘Nós temos, está bom’. Aí, acho que o próprio Gilz fez a observação de que nós tínhamos um ponto de geração ali por perto. Saímos correndo com aquele equipamento todo e entramos em um prediozinho. O Gilz pegou a fita e mandou. Quando terminamos, me mandei para o Colégio Santa Mônica, de onde eu apresentaria o telejornal. Lá havia várias baias reservadas para a televisão, uma ao lado da outra, com jornalistas de todos os lugares do planeta falando cada qual para a sua câmera num retangulozinho.

Naquela noite e ao longo da semana seguinte, o Jornal Nacional foi ancorado por William Bonner direto do Colégio Santa Mônica, com o Vaticano ao fundo. No domingo, 3 de abril, Bonner também fez entradas ao vivo ao longo do Fantástico, sempre atualizando as informações sobre as cerimônias em homenagem ao pontífice e também chamando as reportagens dos correspondentes.

NA FILA DO VELÓRIO

Na manhã de 6 de abril, Caco Barcellos e Sergio Gilz se juntaram aos fiéis para verem o corpo de João Paulo II, que estava sendo velado na Basílica de São Pedro. Por 18 horas, os dois permaneceram na enorme fila que tomou parte das ruas de Roma. A entrada da imprensa não era permitida, mas a equipe da Globo conseguiu registrar toda a emoção daquela peregrinação utilizando um equipamento pequeno. Quando estava diante do corpo do Papa, Sergio Gilz levantou a câmera e gravou, enquanto Caco Barcellos falava.

Havia uma vibração positiva tão forte, tão forte, como nunca senti em lugar nenhum. Eu sentia, literalmente, na pele a vibração do ambiente, das pessoas mentalizando, rezando, seja lá em que culto fosse. Não era um ambiente fechado, era da cidade de Roma terminando na cidade do Vaticano”.
— Sergio Gilz | repórter cinematográfico

Quando sugeriu a matéria, Ali Kamel não imaginava que a previsão inicial de seis horas de espera triplicasse: “Gilz e Caco estavam com um celular na fila. Eu perguntava: ‘Como é que vocês estão?’. ‘Muito cansados’, eles respondiam. E ainda estavam longe pra burro da entrada da basílica. Eu falava: ‘Então, desistam. Podem desistir, estou pedindo’. Mas, em nenhum momento, Caco e Gilz desistiram. Para mim, foi a melhor matéria de toda a cobertura, porque, no mundo inteiro, ninguém teve a ideia idiota de botar dois repórteres na fila do velório”.

Os repórteres Caco Barcellos e Sergio Gilz permaneceram por 18 horas na enorme fila que tomou parte das ruas de Roma para ver o corpo de João Paulo II, que estava sendo velado na Basílica de São Pedro, Jornal Nacional, 07/04/2005.

A reportagem de Caco Barcellos e Sergio Gilz acabou não sendo exibida naquela noite, mas foi ao ar no Jornal Nacional do dia seguinte, com oito minutos de duração. O cansaço e a emoção da equipe estavam presentes nas imagens e no texto dos repórteres.

A MISSA E O FUNERAL

A TV Globo transmitiu, ao vivo, a missa e o funeral do papa João Paulo II que aconteceram na manhã de 8 de abril. Além da apresentação de Márcio Gomes e William Waack, a transmissão contou com comentários do jornalista Fabbio Perez e do monsenhor André Sampaio de Oliveira, da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Perez, que foi editor-chefe do Jornal Nacional na década de 1980, comandou a transmissão da primeira vinda de João Paulo II ao Brasil, em 1980, e também das visitas seguintes do pontífice ao país.

Para conseguir acompanhar de perto o cortejo e todas as homenagens ao Papa, Ali Kamel, William Bonner, Ilze Scamparini e o repórter cinematográfico Maurizio Della Costanza seguiram para a Praça São Pedro ainda de madrugada. A equipe se posicionou no terraço da colunata que circunda a praça.

“Era abril, mas fazia muito frio. Nós tínhamos que ir a pé, porque estava tudo fechado, havia multidões nas ruas. Precisávamos sair às três da manhã, tendo dormido à 1h – quer dizer, dormido, não, tirado um cochilo. As pessoas até acharam que eu estava sendo mais realista do que o rei, mas a minha fórmula para o êxito é precaução total: se você não arriscar, não erra, não há como. A missa era às 10h, tudo bem. Podíamos chegar às 7h30. Íamos nos apertar daqui, nos apertar dali, e faríamos da mesma forma. Mas algo podia dar errado. Saindo às 3h, nós chegamos ao local da missa às 5h. Já havia uma multidão de repórteres, uma massa humana, mas conseguimos um ótimo lugar, para o qual tínhamos uma credencial especial. Muitas outras emissoras vinham pedir a nossa posição para um take ou outro”.
Ali Kamel | então diretor executivo da Central Globo de Jornalismo

Crônica de William Bonner sobre os últimos doze dias de João Paulo II, Jornal Nacional, 08/04/2005.

Naquela noite, William Bonner ancorou pela última vez o Jornal Nacional direto do Vaticano. Além de reportagens de Ilze Scamparini, Luis Fernando Silva Pinto e Caco Barcellos, o telejornal exibiu uma crônica de Bonner sobre os últimos doze dias de João Paulo II. Da Polônia, os repórteres Pedro Bial e Guilherme Azevedo mostraram o povo daquele país acompanhando o sepultamento de seu conterrâneo, Karol Wojtyla.

HABEMUS PAPAM!

Conclave

O conclave para eleger o novo chefe da Igreja Católica foi aberto em 18 de abril, como informou o Bom Dia Brasil naquela manhã. A correspondente Ilze Scamparini deu todas as informações sobre como seria a escolha do novo papa e quais os candidatos mais prováveis à eleição. Ainda no telejornal, os apresentadores Renato Machado e Renata Vasconcellos conversaram com o monsenhor André Sampaio, diplomata brasileiro da Santa Sé, sobre os desafios que o papa eleito encontraria pela frente.

Durante todo o dia, Ilze Scamparini acompanhou o movimento de fiéis e turistas, em frente à Basílica de São Pedro. Todos aguardavam, ansiosos, pela fumaça branca que sairia da chaminé no telhado da Capela Sistina, anunciando que um novo papa havia sido escolhido. Mas os 115 cardeais eleitores só chegariam a um consenso no dia seguinte, 19 de abril.

Habemus Papam!

O Globo Esporte estava no ar quando a fumaça branca que indicava a eleição do papa começou a sair da chaminé da Capela Sistina. Imediatamente, a programação foi interrompida para que Sandra Annenberg, apresentadora do Jornal Hoje, desse a notícia mais aguardada pelos católicos desde a morte de Karol Wojtyla. Foram exibidas imagens da Praça de São Pedro, onde uma multidão comemorava e aguardava, com expectativa, a benção do papa eleito. Segundo o Vaticano, o nome do sucessor de João Paulo II seria divulgado em breve.

Sandra Annenberg informa a escolha do novo Papa, momentos após a fumaça branca que indicava a eleição do pontífice sair da chaminé da Capela Sistina, Jornal Hoje, 19/04/2005.

“Nós não saímos do ar: ficamos esse tempo todo ouvindo especialistas, para que eles nos dissessem quem era Joseph Ratzinger. Ele tinha sido o prefeito da Santa Sé, então tinha muito a ver com toda a parte de Inquisição da Igreja. E era uma pessoa que tinha nas mãos um poder muito maior do que imaginávamos, muito maior até do que o próprio Papa João Paulo II, em alguns aspectos, em alguns assuntos. Mas o que ele seria para a Igreja, a partir dali? Que tipo de orientação ele daria? No próximo Concílio, como ele agiria? Joseph Ratzinger se baseou em Bento XV – conhecido como o Papa da Paz, durante a Primeira Guerra Mundial. E fomos descobrindo tudo isso durante a cobertura, no ar, praticamente”. Sandra Annenberg | então apresentadora do Jornal Hoje

A proclamação de Joseph Ratzinger como papa Bento XVI, feita pelo cardeal chileno Jorge Arturo Medina, foi transmitida pouco depois, ao vivo, durante o Jornal Hoje de 19 de abril. Os apresentadores Sandra Annenberg e Evaristo Costa contaram com a participação do padre Wando Valentin, coordenador da pastoral universitária da PUC-SP, fazendo comentários ao longo de toda a transmissão. A equipe de jornalismo produzira com antecedência o perfil de diversos cardeais que poderiam ser eleitos, entre eles os brasileiros Cláudio Hummes e Geraldo Majella Agnello.

Reportagem de Ilze Scamparini sobre a escolha do novo Papa: o alemão Joseph Ratzinger. Jornal Nacional, 19/04/2005.

BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO

O processo de beatificação do Papa João Paulo II foi iniciado por seu sucessor, o Papa Bento XVI, um mês após a morte do pontífice polonês. João Paulo II foi beatificado em 1º de maio de 2011, com o reconhecimento de seu primeiro milagre: o caso da freira francesa irmã Marie Simon-Pierre Normand, que teria sido curada do Mal de Parkinson após pedir a intercessão dele.

Reportagem de Ilze Scamparini sobre a beatificação do Papa João Paulo II, Fantástico, 01/05/2011.

O método da beatificação foi acompanhado pelo jornalismo da Globo de perto, com reportagens de Ilze Scamparini, de Roma. Para o Fantástico, uma semana antes, a correspondente lembrou que seria a primeira vez, em dez séculos, que um papa iria beatificar seu antecessor.

Naquela semana, Ilze foi ao ar no Jornal Nacional com notícias da exumação do caixão de João Paulo II, no dia 29 de abril. O rito integrou os preparativos para a beatificação: o caixão do pontífice seria exposto na Basílica de São Pedro, dois dias depois, durante a celebração religiosa. No dia seguinte, o Jornal Nacional, Jornal Hoje e o Jornal da Globo mostraram a chegada de peregrinos a Roma.

A cobertura da beatificação naquele domingo, no Fantástico, também foi de Ilze Scamparini. O programa exibiu uma entrevista com a freira Marie Simon-Pierre, que contou como foi curada da doença de Parkinson. A repórter mostrou também a cerimônia religiosa guiada pelo Papa Bento XVI e assistida por milhões de pessoas no mundo.

Canonização

Numa cerimônia para milhares de pessoas no Vaticano, o Papa Francisco canonizou dois de seus antecessores. João Paulo II e João XXIII são os mais novos santos da Igreja Católica. Fantástico, 27/04/2014

No dia 27 de abril de 2014, em uma missa celebrada pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa João Paulo II foi canonizado. A cerimônia simples também tornou santo o Papa italiano João XXIII. A canonização foi registrada pelo Fantástico em reportagem de Ilze Scamparini. A repórter mostrou que 500 mil peregrinos assistiram à cerimônia na Praça de São Pedro. O Papa emérito Bento XVI também esteve na missa e sentou-se na plateia junto aos cardeais.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ali Kamel (21/05/2007), Caco Barcellos (07/02/2006 e 10/02/2006), Sandra Annenber (05/05/2010), Sergio Gilz (10/11/2008), William Bonner(09/03/2009 e 23/03/2009); “O fim de uma lenta agonia que comoveu o mundo” In O Globo, 03/04/2005; Bom Dia Brasil, 28/03/2005, 18/04/2005; Fantástico, 27/03/2005, 03/04/2005; Jornal da Globo, 1º/04/2005; Jornal Hoje, 19/04/2005;Jornal Nacional, 30/03/2005, 1º-2/04/2005, 4-9/04/2005, 18/04/2005.