Guerra do Golfo

Em janeiro de 1991, os Estados Unidos iniciaram os bombardeios ao Iraque. Os ataques eram uma resposta à invasão do Kuwait pelas tropas de Saddam Hussein em agosto de 1990.

Por Memória Globo


O Kuwait foi invadido por tropas iraquianas no dia 2 de agosto de 1990. Saddam Hussein exigia controlar os campos de petróleo do país. Era o início de um longo conflito que levaria à Guerra do Golfo. No dia 6, a ONU (Organização das Nações Unidas) impôs um boicote econômico ao Iraque, e, dois dias depois, o presidente norte-americano George Bush anunciou o envio de tropas à Arábia Saudita. 

Durante cinco meses, tentou-se chegar a uma solução pacífica. Até que os Estados Unidos estabeleceram uma data-limite para a retirada dos iraquianos do Kuwait: 15 de janeiro de 1991.

Como Saddam Hussein não acatou o ultimato estabelecido por George Bush, em 17 de janeiro iniciaram-se os bombardeios ao Iraque e ao Kuwait. Após 40 dias de ataques intensos,  em 27 de fevereiro, o presidente norte-americano George Bush declarou a vitória das forças de coalizão.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista exclusiva do jornalista Pedro Bial ao Memória Globo, em 25/05/2001, sobre a Guerra do Golfo.

Com a derrota das tropas iraquianas, Saddam Hussein aceitou o cessar-fogo proposto pela ONU. Mais de 30 mil kuwaitianos morreram ou foram capturados, e cerca de 100 mil soldados iraquianos foram mortos.  

Em 2003, o Iraque voltaria a ser palco de uma guerra. Acusado de manter armas de destruição em massa, o país foi bombardeado pelos Estados Unidos e pela Inglaterra. 

Entrevista exclusiva do jornalista Silio Boccanera ao Memória Globo, em 05/04/2004, sobre a Guerra do Golfo.

EQUIPE E INFRAESTRUTURA

A crise do Golfo foi acompanhada, passo a passo, pelos telejornais da Globo. A cobertura foi uma das mais complexas operações, até então, montadas pelo Jornalismo da emissora, na época sob a direção de Alberico de Sousa Cruz.

Na hora em que estourou a Guerra do Golfo, falei: ‘É o momento de mostrar que as coisas estão diferentes’. E resolvemos investir. Mandamos nossos correspondentes para o Golfo Pérsico. Cobrimos a guerra como qualquer televisão americana estava cobrindo. Foi um sucesso a nossa cobertura!”.
— Alberico de Sousa Cruz

Em agosto de 1990, dois dias depois da invasão do Kuwait, o repórter Pedro Bial, a produtora Bel Bicalho e o cinegrafista Luiz Demétrio Furkim foram enviados para a região. Como nem o Kuwait nem o Iraque queriam recebê-los, foram para os Emirados Árabes. Depois de quase um mês, seguiram para Amã, na Jordânia. E, de lá, conseguiram entrar no Iraque, onde o clima era bastante tenso. Acreditava-se que os Estados Unidos iriam bombardear o local a qualquer momento.

Em setembro, o Iraque expulsou de Bagdá todos os jornalistas estrangeiros e suspendeu a concessão de vistos. O Ministério da Informação também proibiu as transmissões de imagens via satélite. As últimas informações que Pedro Bial pôde mandar da capital iraquiana foram por telefone no dia 2 daquele mês.

O repórter Silio Boccanera estava de férias no Brasil quando o Kuwait foi invadido pelas tropas de Saddam Hussein. Mas, no início de setembro, foi enviado para a Jordânia – o local mais próximo à região do conflito a que se conseguia chegar então – e registrou a realidade dos refugiados de guerra. No final de setembro, Silio Boccanera conseguiu entrar em Bagdá, junto com o cinegrafista Sergio Gilz e o assistente Edson Nascimbeni.

Em janeiro de 1991, quando começaram os bombardeios a Bagdá, os repórteres da Globo já tinham sido deslocados para a região. Carlos Dorneles passou três meses em Israel com Bel Bicalho e o cinegrafista Paulo Zero. Silio Boccanera foi novamente para a Jordânia com Luiz Demétrio Furkim, na expectativa de conseguir entrar no Iraque. O repórter seguiria, depois, para a Arábia Saudita, onde estavam as tropas norte-americanas.

Pedro Bial e Sergio Gilz só conseguiram entrar novamente em Bagdá um dia após o cessar-fogo. No dia 8 de março, no entanto, os dois foram obrigados a deixar o Iraque, mais uma vez, junto com os demais correspondentes estrangeiros. Eles seguiram de carro pela estrada que ligava Bagdá à capital da Jordânia.

Novidades na cobertura

O repórter Ernesto Paglia explica, com o auxílio de um mapa, os ataques na guerra do Golfo, Jornal Nacional, 25/02/1991.

A cobertura da Guerra do Golfo trouxe uma novidade para o jornalismo da Globo. Pela primeira vez, os correspondentes apareceram conversando entre si. Numa época em que a transmissão ao vivo ainda era uma operação arriscada, sujeita a inúmeras falhas, tratava-se de uma ousadia, como comentou Carlos Henrique Schroder, então diretor de produção da Central Globo de Jornalismo (CGJ):

Foi uma decisão rápida da empresa de apostar na cobertura in loco. Nós mandamos nossos correspondentes para aquela região. E quando a gente descobriu que podia fazer entradas ao vivo de lá, começamos a usar os repórteres trazendo as informações do dia e falando entre si. Foi um diferencial enorme.”
— Carlos Henrique Schroder

Para acompanhar a Guerra, a Globo praticamente criou uma editoria especial. O assunto ocupava um bloco inteiro do Jornal Nacional. Esse bloco era produzido à parte, com editores próprios, e apresentado de um estúdio separado, tendo como âncora Ernesto Paglia. A equipe de arte do Jornalismo, coordenada por Roberto Simões, criou um cenário com o mapa do Oriente Médio, no qual Paglia indicava os locais de combate. Toda vez que ele apontava um local no mapa, havia uma fusão para as imagens desse lugar. Depois voltava para o apresentador, que então chamava o repórter que estava lá.

Para explicar melhor a guerra, o JN também contou com a análise de dois especialistas em estratégias militares: o professor Geraldo Cavagnari, da Unicamp, e o jornalista Roberto Godoy, da Agência Estado.

As dificuldades

Apesar de toda a estrutura montada pela Globo, foram inúmeras as dificuldades na cobertura do conflito. Em Israel, por exemplo, havia uma censura prévia às matérias das televisões estrangeiras. Antes de serem geradas, eram analisadas por um censor. Por conta do fuso horário, a rotina de trabalho dos correspondentes também era desgastante. O dia da equipe em Jerusalém, por exemplo, começava às 7h da manhã e só terminava de madrugada, depois que o Jornal Nacional ia ao ar no Brasil.

O repórter Pedro Bial também relata as dificuldades que enfrentou para conseguir entrar no Iraque depois do início dos bombardeios. À espera do visto, ele e o cinegrafista Sergio Gilz ficaram presos em Amã. Só conseguiriam chegar a Bagdá um dia depois do cessar-fogo. E, mesmo assim, com a interferência do governo de Fidel Castro, com quem Alberico de Sousa Cruz, então diretor da CGJ, conseguiu negociar. Mesmo já tendo terminado a guerra, a equipe da Globo ainda realizou diversas reportagens.

Carlos Henrique Schroder comenta: “Nosso desafio era entrevistar o Saddam Hussein no Iraque e não se conseguia o visto para entrar no país. Aí nos chegou a informação do embaixador de Cuba de que o comandante Fidel Castro era muito amigo do Saddam Hussein. Nós pedimos apoio ao embaixador cubano para nos ajudar junto ao presidente do Iraque, na época, a facilitar o visto. Mesmo assim demorou, mas conseguimos entrar no Iraque. Não conseguimos a entrevista, mas fizemos um material impressionante”.

UMA GUERRA IMINENTE

A equipe da Globo – o repórter Pedro Bial, a produtora Bel Bicalho e o cinegrafista Luiz Demétrio Furkim – conseguiu entrar no Iraque no final de agosto de 1990. Cerca de cinco dias depois, no entanto, todos os jornalistas estrangeiros foram obrigados a deixar o país.

Durante o curto período em que permaneceu lá, Pedro Bial, a convite do governo iraquiano, acompanhou o treinamento de civis, incluindo mulheres e crianças, que tentavam virar soldados da noite para o dia. Na verdade, não passava de uma encenação para a imprensa estrangeira. No final, todos devolveram seus fuzis. A reportagem foi exibida pelo Jornal Nacional em 5 de setembro, após a equipe deixar o país.

Os correspondentes Silio Boccanera e Sergio Gilz foram para a Jordânia em setembro de 1990, de onde puderam acompanhar a realidade dos refugiados de guerra. A reportagem da dupla exibida pelo Jornal Nacional em 3 de setembro mostrou um acampamento próximo à fronteira do Iraque, onde 60 mil pessoas enfrentavam o calor do deserto em condições precárias.

Reportagem de Pedro Bial sobre o treinamento militar de civis iraquianos, incluindo mulheres e crianças. Jornal Nacional, 05/09/1990.

Reportagem de Silio Boccanera e Sergio Gilz sobre um acampamento de refugiados próximo à fronteira do Iraque durante a Guerra do Golfo. Jornal Nacional, 03/09/1990.

REFÉNS

Em setembro de 1990, houve uma crise diplomática, pois muitos estrangeiros não conseguiam visto de saída do Iraque, tornando-se reféns de Saddam Hussein. A reportagem de Pedro Bial, exibida pelo Jornal Nacional no dia 4 daquele mês, mostrou os operários brasileiros da Mendes Junior que estavam sendo usados como escudo humano pelos iraquianos.

Pedro Bial, que considera essa a sua reportagem mais emocionante da guerra, conta: “A gente foi ao acampamento dos operários da Mendes Junior e parecia uma história literária de realismo fantástico. Era uma cidade brasileira em pleno deserto. Já tinham vivido lá dez mil pessoas. Naquela época, tinha só 300. Eles construíram uma estrada lindíssima, aliás, a estrada que vai de Bagdá para Amã. Eles queriam ir embora, estavam morrendo de medo e desesperados. Então, quando a gente chegou, foi mais do que uma equipe de reportagem, foi a tábua de salvação deles. Foi impressionante. Todos queriam falar, o desespero e o alívio de ver alguém, o microfone da Globo”.

O encerramento da matéria foi gravado em frente à rodovia: “Todos os dias, os operários olham a bela estrada que construíram com tanto suor e que agora não pode levá-los a lugar nenhum”.

O repórter Silio Boccanera e o cinegrafista Sergio Gilz, que conseguiram entrar em Bagdá no fim de setembro, acompanharam as negociações do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima com o governo iraquiano para a liberação dos brasileiros que trabalhavam no país. No dia 4 de outubro, o JN mostrou a chegada dessas pessoas ao Brasil. A reportagem da dupla de correspondentes a bordo do “voo da liberdade”, entre Bagdá e Brasília, mostrou a felicidade dos brasileiros que deixavam finalmente o Iraque e a chegada em Brasília.

Reportagem de Silio Boccanera e Sergio Gilz sobre a retirada de funcionários da Mendes Júnior do Iraque. Jornal Nacional, 03/10/1990.

O repórter Silio Boccanera acompanha o “voo da liberdade”, entre Bagdá e Brasília, que trouxe de volta os os operários brasileiros da Mendes Junior que estavam retidos no Iraque, Jornal Nacional, 04/10/1990.

COMEÇA A GUERRA

No dia 15 de janeiro, prazo estipulado pelos Estados Unidos para que Saddam Hussein tirasse suas tropas do Kuwait, os correspondentes da Globo já estavam na Jordânia e em Israel para acompanhar os desdobramentos da crise no Golfo Pérsico. “A equipe de jornalismo da Rede Globo se preparou para registrar todas as notícias da guerra. Mas, até o último instante, continua torcendo pela paz”, informou o apresentador Sergio Chapelin no Jornal Nacional daquela noite.

No dia seguinte, às 21h30 no horário de Brasília – 03h30 do dia 17 de janeiro no Iraque -, os Estados Unidos lançaram as primeiras bombas sobre alvos no Iraque e no Kuwait. A notícia do bombardeio foi dada em primeira mão pela Globo, que furou inclusive a imprensa internacional. A emissora divulgou a informação alguns minutos antes da CNN.

Silio Boccanera fala, ao vivo, da Jordânia, sobre o início do bombardeio americano a Bagdá durante a Guerra do Golfo. Jornal Nacional, 17/01/1991.

Geneton Moraes Neto, que na ocasião era editor do Jornal Nacional, lembra o episódio: “Aníbal Ribeiro, que na época era editor do Jornal da Globo, estava no terminal do computador, quando piscou o flash de uma linha da agência EFE: ‘Começou o bombardeio em Bagdá.’ Aníbal então gritou: ‘Começou a guerra!’ Por sorte, o William Bonner estava numa ilha de edição, porque ele fazia e apresentava o Jornal da Globo. Eu lembro que saímos os dois correndo para a cabine de locução. Foi tudo em questão de segundos. ‘Para a novela, que começou a guerra’. O cara interrompeu a programação, caiu um slide, e Bonner deu a notícia. Voltou todo mundo correndo para a redação. Eu peguei o telefone e liguei para o Paulo Henrique Amorim, chefe do escritório de Nova York na época. Depois de interromper a novela que o Brasil inteiro estava vendo, eu falei com a maior excitação do mundo: ‘A gente já deu a notícia da guerra’. Paulo Henrique respondeu: ‘Mas que guerra?! A TV aqui não deu esse negócio ainda’. Foi o maior susto que eu tomei em toda a minha vida. Eu fiquei amarelo, branco, azul, verde. Será que a gente tinha dado uma informação errada? Mas, para meu alívio, a TV americana noticiou o início dos bombardeios dois minutos depois”.

Em seguida, um novo plantão interrompeu a programação da Globo e atravessou a madrugada. William Bonner ancorou a transmissão dos bombardeios ao Iraque durante cerca de quatro horas ininterruptas, com a participação dos correspondentes em Nova York, Amã e Jerusalém.

O Jornal Nacional de 17 de janeiro deu grande destaque ao início dos ataques a Bagdá. Os correspondentes da Globo nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Jordânia e em Israel fizeram entradas ao vivo com informações sobre a Guerra no Golfo e a repercussão ao redor do mundo.

Silio Boccanera falou direto de Amã, do subsolo do hotel para onde foram encaminhados todos os hóspedes quando soou a sirene de emergência. Carlos Dornelles, que estava em Jerusalém, mostrou como tinha sido o dia na cidade após os primeiros ataques ao Iraque e ao Kwait. De Nova York, o jornalista Paulo Francis fez seu comentário sobre a guerra.

BAGDÁ APÓS O CESSAR-FOGO

Por conta da dificuldade para conseguir um visto, Pedro Bial e Sergio Gilz só conseguiram chegar a Bagdá após o cessar-fogo. Bial conta: “Cheguei no dia em que a guerra acabou. Uma tempestade de areia deixou Bagdá inteira imersa num nevoeiro. Eu tinha visto Bagdá antes da guerra, uma cidade linda, rica, bonita, moderna e, ao mesmo tempo, ancestral. E essa nuvem era estranha. Lembro-me da última frase da matéria desse dia, citando o Fellini: ‘Essa luz estranha sobre Bagdá, noite estranha’, do Noites de Cabíria”.

Apesar de a guerra já ter terminado, o repórter e o cinegrafista enviaram reportagens durante os dias em que permaneceram na capital iraquiana.

Reportagem de Pedro Bial e Sergio Gilz sobre a situação do Iraque após os bombardeios americanos na Guerra do Golfo. Jornal Nacional, 06/03/1991.

Reféns da guerra

Pouco depois, o Iraque expulsou todos os correspondentes estrangeiros que estavam no país. No dia 07 de março de 1991 foi ao ar no Jornal Nacional uma matéria de Silio Boccanera sobre as negociações entre oficiais americanos e iraquianos para a libertação de dois mil civis kuaitianos e 21 jornalistas estrangeiros detidos pelo exército de Saddam na cidade de Basra. Entre eles, estavam os brasileiros William Waack e Hélio Campos Melo, na época correspondentes do jornal O Estado de S. Paulo. A reportagem exibida pelo Jornal Nacional, em 8 de março de 1991, mostrou imagens feitas pela equipe da Globo na estrada de volta para a Jordânia.

O telejornal daquela noite também informou que os jornalistas feitos reféns pelo exército de Saddam Hussein haviam sido entregues à Cruz Vermelha e seguiriam para Amã. No dia seguinte, foi ao ar no JN uma entrevista de Pedro Bial com os jornalistas brasileiros em Amã, que falaram sobre os dias que passaram sequestrados.

Sobre o episódio, William Waack conta: “Quando a Guerra do Golfo acabou, dois dias depois do cessar-fogo, fomos capturados pelo exército de Saddam Hussein que se retirava do Kuwait. Passamos uma semana como prisioneiros até sermos trocados pela Cruz Vermelha por prisioneiros de guerra iraquianos. Houve um grave perigo físico nisso, porque, durante esse período que passamos presos dentro do Iraque, tentaram nos levar para outros lugares, nos trazer até Bagdá – nós tínhamos sido presos ao sul do país. Eles mesmos estavam envolvidos numa revolta militar xiita contra o Saddam Hussein. E nós fomos levados como prisioneiros dentro de um comboio de soldados que foi atacado por revoltosos xiitas no sul do Iraque. Involuntariamente, nós participamos desses combates”.

Reportagem de Silio Boccanera sobre o sequestro de 2.000 civis kuaitianos e 21 jornalistas estrangeiros detidos pelo exército iraquiano, entre eles William Waack e Hélio Campos Melo. Jornal Nacional, 07/03/1991.

Entrevista de Pedro Bial com William Waack e Hélio Campos Mello, que estavam entre os 21 jornalistas estrangeiros detidos pelo exército iraquiano durante a Guerra do Golfo. Jornal Nacional, 09/03/1991.

IRAQUE, DEZ ANOS DEPOIS

No final de 2000, quando estava perto de completar dez anos do conflito no Golfo Pérsico, o repórter Edney Silvestre e o cinegrafista Hélio Alvarez fizeram uma viagem ao Iraque. O país encontrava-se devastado, e o povo vivia em condições precárias. Saddam Hussein mantinha fechadas as fronteiras para os inspetores das Nações Unidas que investigavam a produção de armas químicas e biológicas. Com isso, o embargo da ONU continuava.

Como na época não havia voo para Bagdá, Edney Silvestre e Hélio Alvarez desembarcaram em Amã, na Jordânia, e seguiram de carro, cruzando o deserto até a capital iraquiana. O percurso levou cerca de 20 horas. Durante 15 dias, os dois percorreram um país destruído. No início, os correspondentes acompanharam o grupo pacifista norte-americano Vozes do Deserto, como mostrou a primeira reportagem exibida pelo Fantástico em 10 de dezembro. Ao longo da semana, uma série de matérias sobre o Iraque no pós-guerra foi ao ar no Jornal Nacional.

Reportagem da série de Edney Silvestre e Hélio Alvarez sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU. Fantástico, 10/12/2000.

Na quinta reportagem da série sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU, Edney Silvestre e Hélio Alvarez acompanham o trabalho da Orquestra Sinfônica de Bagdá. Jornal Nacional, 15/12/2000.

A equipe da Globo visitou uma fábrica desativada de armas biológicas. Foi a primeira vez que o governo iraquiano permitiu que jornalistas estrangeiros entrassem no local. Oficialmente, era um instituto de pesquisas veterinárias que fabricava vacinas. “Quando nosso guia se afastou”, conta Edney Silvestre, “a pessoa que nos conduzia disse que aquilo era apenas uma fachada. Ali eram fabricadas vacinas, mas também armas químicas e biológicas. A fábrica tinha sido fechada pela ONU, e os equipamentos foram quebrados. Então, tudo o que havíamos visto até aquele momento nos era mostrado com a explicação: ‘Olha o que a ONU fez, quebrou tudo. Aqui se fabricavam vacinas, as nossas ovelhas estão morrendo’. Finalmente, o cara disse: ‘Olha não é nada disso’”.

O repórter também destaca outra reportagem feita pela equipe na ocasião sobre a Orquestra Sinfônica de Bagdá: “Nós fomos a um espetáculo que tinha no programa uma peça de Mozart. Por causa do embargo, eles não tinham cordas para substituir nos instrumentos. Então, obviamente, os instrumentos desafinavam, e, ainda assim, eles tocavam com grande entusiasmo. Era muito comovente ver aquilo. Naquele mundo que ruía, a arte de Mozart sobrevivia”.

OUTRAS REPORTAGENS

Reportagem de Silio Boccanera com imagens de Luis Demétrio Furkin sobre bombardeios dos aliados a Bagdá e o temor dos civis quanto a uma possível guerra biológica. Jornal Nacional, 21/01/1991.

Pedro Bial em entrevista coletiva comTarik Aziz, primeiro-ministro de Saddam Hussein, durante a Guerra do Golfo. Jornal Nacional, 21/08/1990.

Reportagem de Pedro Bial sobre a situação dos operários da construtora Mendes Junior, que estavam presos no Iraque, Jornal Nacional, 03/09/1990.

Reportagem de Silio Boccanera com imagens de Luis Demétrio Furkin sobre o temor da Jordânia quanto a haver uma guerra entre o país e Israel. Fantástico, 13/01/1991.

Reportagem de Silio Boccanera com imagens de Luis Demétrio Furkin sobre a ordem de retirada dos jornalistas estrangeiros em Bagdá. Na sequência, coletiva do rei Hussein sobre a situação de seu país, Jordânia, em meio à guerra. Jornal Nacional, 19/01/1991.

Primeira reportagem de Edney Silvestre e Hélio Alvarez na série sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU. Jornal Nacional, 11/12/2000.

A segunda reportagem de Edney Silvestre e Hélio Alvarez na série sobre o Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU trata da situação das armas biológicas no país. Jornal Nacional, 12/12/2000.

Na terceira reportagem da série sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU, Edney Silvestre e Hélio Alvarez entrevistam um guerrilheiro anti-Saddam na Jordânia. Jornal Nacional, 13/12/2000.

Na quarta reportagem da série sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo, Edney Silvestre e Hélio Alvarez mostram o contrabando vigente após o embargo imposto pela ONU. Jornal Nacional,14/12/2000.

Na reportagem para o Fantástico da série sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU, Edney Silvestre e Hélio Alvarez visitam o berço da civilização, na confluência dos rios Tigre e Eufrates. Fantástico, 17/12/2000.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Alberico de Sousa Cruz (15/05/2003), Carlos Henrique Schroder (26/07/2000), Edney Silvestre (17/11/2003), Geneton Moraes (16/05/2005), Pedro Bial (25/05/2001), Sergio Gilz (10/11/2008), Silio Boccanera (05/04/2004), William Bonner (06/04/2001), William Waack (29/05/2002); “Conflito via satélite” In Istoé Senhor, 23/01/1991; KOIFMAN, Henrique. “Além do sinal da CNN” In Ele Ela, março de 1991; Fantástico, 02/09/1990, 17/02/1991, 10/12/2000; Jornal Nacional, 02/08/1990, 03/08/1990, 04/08/1990, 03/09/1990, 05/09/1990, 04/10/1990, 15/01/1991, 17/01/1991, 08/03/1991, 09/03/1991, 11/12/2000, 12/12/2000, 13/12/2000, 14/12/2000.