Furacão Sandy

Em outubro de 2012, o furacão Sandy atingiu os países do leste caribenho e chegou com força a Nova York e Nova Jersey, causando destruição e morte.

Por Memória Globo


O Sandy começou como um ciclone tropical que matou mais de cem pessoas ao passar pelas Bahamas, Cuba, Haiti, Jamaica e República Dominicana. No dia 26 de outubro, a tempestade de ventos de até 400 quilômetros por hora começou a enfraquecer ao subir em direção ao leste norte-americano. Apesar de ter sido rebaixado da categoria 2 para 1 na escala Saffir-Simpson, o Sandy coincidiu com a maré cheia ao atingir a costa dos Estados Unidos, o que provocou inundações.

A partir do domingo, dia 28, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, ordenou a retirada preventiva de 375 mil moradores das regiões costeiras da cidade. Connecticut, Delaware, Maryland, Massachusets, Nova Jersey, Nova York, Pensilvânia e Rhode Island tiveram o estado de emergência decretado. Os sistemas de transporte aéreo e terrestre foram cancelados e até mesmo a bolsa de valores de Nova York foi fechada.

A menos de duas semanas das eleições presidenciais dos Estados Unidos, a tempestade tropical também afetou a campanha de reeleição de Barack Obama e a candidatura de Mitt Romney. Ambos tiveram que cancelar comícios e as eleições foram adiadas.

Reportagem de Rodrigo Bocardi, de Nova Jersey, após a passagem do Furacão Sandy nos Estados Unidos, Jornal Nacional, 29/10/2012.

EQUIPE E ESTRUTURA

A Globo acompanhou desde a preparação para a chegada do Sandy até a retomada da vida nas principais cidades atingidas. Todas as equipes de correspondentes nos Estados Unidos foram mobilizadas. A chefe do escritório em Nova York, Monica Barbosa, conta como se deu o planejamento: “No sábado, dia 27, soubemos que o metrô ia fechar – e em Nova York quase ninguém tem carro. Então, começamos a reservar hotéis perto do escritório da TV Globo. Na segunda-feira, assim que terminou o Jornal Nacional, chegou a notícia que ficaríamos sem luz. E o nosso escritório fica no 17º andar. Conseguimos alugar uma sala na agência de notícias APT, que não havia sido afetada pelo apagão. Na verdade, era uma copa, com uma mesa e Wi-Fi compartilhado. Era a nossa única opção.” Os repórteres cinematográficos Sherman Costa, Sérgio Telles, Alberto Fernandes, Orlando Moreira e Luiz Novaes e os correspondentes Elaine Blast, Júlio Mosquéra, Hélter Duarte, Rodrigo Bocardi e Jorge Pontual foram convocados para essa cobertura. De Washington, Luís Fernando Silva Pinto atualizou a situação política e a campanha para a reeleição de Obama.

CHEGADA

O correspondente da Globo, Jorge Pontual, mostrou, no Fantástico do dia 28, como a costa leste dos Estados Unidos se preparava para a chegada do furacão, ainda naquela madrugada. Na manhã seguinte, a repórter Mariana Gross conversou com passageiros no Aeroporto Internacional Tom Jobim, Rio de Janeiro, sobre o cancelamento de voos para Nova York. A matéria foi ao ar no Bom Dia Brasil.

O correspondente Hélter Duarte informou, durante a tarde, no Globo Notícia, que 400 mil pessoas haviam deixado seus lares no Estado de Nova York. Imagens de satélite mostrando a concentração de nuvens naquela área davam a dimensão da tragédia.

ESTADO DE EMERGÊNCIA

Na escalada do Jornal Nacional de 29 de outubro, William Bonner e Patrícia Poeta anunciaram que a aproximação do furacão à costa leste dos Estados Unidos, com ventos de até 140 quilômetros por hora, havia provocado a suspensão dos transportes públicos em Nova York. Doze estados declararam situação de emergência. Uma reportagem do correspondente Hélter Duarte, com imagens de Orlando Moreira e Sérgio Telles, mostrou a principal cidade dos Estados Unidos vazia. Até a bolsa de valores de Wall Street tinha fechado, o que não acontecia desde a passagem de outro furacão, o Glória, 27 anos antes. “Já são quase 9 mil voos cancelados em todo país”, disse o repórter que gravou às margens do Rio Hudson.

A jornalista Flávia Freire explicou, por meio de um gráfico do tempo, por que o Sandy era tão ameaçador. Apesar de se tratar de um típico furacão formado nas águas do Atlântico, e de só apresentar intensidade 1 (numa escala que pode ir até 5), seu diâmetro de 1.600 quilômetros era impressionante. Para piorar, o efeito meteorológico seria potencializado por condições climáticas e pela maré alta. O principal perigo que o Sandy apresentava era chuva forte e constante por muitos dias.

CIDADE ALAGADA

Ainda na mesma edição do JN, uma reportagem de Rodrigo Bocardi, com imagens de Alberto Fernandes, mostrou Point Pleasant, uma cidade vazia e alagada na costa de Nova Jersey. Durante a reportagem foi possível notar os ventos fortes formando as ondas que invadiam a cidade. “O centro do furacão está a 300 quilômetros de distância”, afirmou Rodrigo durante a passagem. Ele ainda informou que havia 35 mil pessoas sem luz naquele estado.

De Washington, o correspondente Luís Fernando Silva Pinto explicou que a chegada do Sandy poderia tanto privilegiar quanto atrapalhar Barack Obama: caso o socorro às vítimas falhasse, sua reeleição poderia ficar ameaçada. Se o país sofresse minimamente os danos do furacão, o presidente sairia fortalecido para as eleições da semana seguinte.

TRANSMITINDO NO ESCURO

A manhã do dia 30 começou sem energia para seis milhões de pessoas na costa leste dos Estados Unidos, como informou o Bom Dia Brasil. O correspondente Jorge Pontual fez uma matéria sobre a paralisação de Nova York, que estava, pelo segundo dia consecutivo, sem escolas, metrô, bolsa de valores e até mesmo um de seus principais hospitais. A comentarista Miriam Leitão falou sobre os prejuízos do Sandy, estimados em 20 milhões de dólares.

Jorge Pontual entrou ao vivo de Nova York, que estava sem luz há 9 horas, com iluminação da câmera de celular. Imagens do momento em que o furacão tocou o solo norte-americano foram exibidas. “A sensação é de que a gente está passando por uma guerra”, disse o repórter.

Reportagem de Jorge Pontual ao vivo de Nova York, pela internet, após a passagem do Furacão Sandy nos Estados Unidos, Bom Dia Brasil, 30/10/2012.

Ainda foram ao ar matérias de Eliane Blast e de Rodrigo Bocardi; além de comentários do especialista em desastres naturais, Moacir Duarte. Até então, 130 pessoas haviam morrido no Caribe e 17 nos Estados Unidos e no Canadá.

Reportagem de Rodrigo Bocardi sobre os estragos causados pelo furacão Sandy na costa leste dos Estados Unidos às vésperas da eleição presidencial norte-americana, Jornal da Globo, 30/10/2012.

INCÊNDIOS

No Jornal Hoje, um novo time de correspondentes trouxe mais notícias. Júlio Mosquéra e Hélter Duarte entraram ao vivo de Nova York mostrando que o vento continuava forte, alastrando vários focos de incêndio. Hélter conversou com os apresentadores Evaristo Costa e Sandra Annenberg sobre as condições de segurança para o trabalho do jornalista e das dificuldades técnicas de comunicação para o envio das matérias.

“Chega a 38 o número de mortos na passagem da tempestade Sandy à Costa Leste dos Estados Unidos”, anunciou Patrícia Poeta no Globo Notícia daquela tarde, atualizando os dados. Ela ainda informou que a campanha dos candidatos à presidência dos Estados Unidos havia sido suspensa.

A PÉ

“O furacão Sandy se transformou em uma super tempestade sem precedentes” informou William Bonner na abertura do Jornal Nacional. Já eram oito milhões de pessoas sem electricidade. Imagens do cinegrafista Sérgio Telles mostraram a noite anterior, quando o Rio Hudson havia subido três metros acima do normal. Novas explosões em uma subestação de energia haviam deixado boa parte da cidade às escuras. Hélter Duarte entrou ao vivo explicando que a única maneira de se locomover pela cidade era a pé. O primeiro bloco do telejornal foi dedicado à cobertura.

No Jornal da Globo do dia 30, uma análise do que a tempestade podia representar para a campanha presidencial foi feita por Arnaldo Jabor. Júlio Mosquéra entrou ao vivo apontando que o pior havia passado. A tempestade estava sob controle e a situação se acalmava.

VOLTANDO AO NORMAL

Júlio Mosquéra, mostrou, no Jornal Hoje do dia seguinte, a volta para casa dos nova-iorquinos após a passagem do Sandy, que se movia agora para o norte do país. Como ainda faltava energia elétrica, a maioria das pessoas usava lanternas. Os postos de gasolina estavam fechados, mas o transporte público começava a ser restabelecido. Em Nova Jersey ainda havia cidades e bairros inteiros debaixo de água.

O Jornal Nacional daquela noite, 31 de outubro, mostrou o caos que havia se estabelecido em Nova York na tentativa de retomar a rotina. Uma reportagem de Hélter Duarte e Orlando Moreira informou que os ônibus tinham circulado de graça naquele dia, pois ainda não havia trens nem metrô. Os aeroportos internacionais da cidade funcionavam parcialmente. A visita do presidente Barack Obama ao Estado de Nova Jersey, o mais afetado pela tempestade, também foi mostrado em matéria de Júlio Mosquéra e Sérgio Telles.

No Jornal da Globo, a apresentadora Christiane Pelajo conversou, ao vivo, com a correspondente Elaine Bast. A repórter informou que o prejuízo com o Sandy girava em torno de 50 bilhões de dólares. Giuliana Morrone falou sobre a volta da campanha dos candidatos à presidência.

Reportagem de Hélter Duarte de Nova York após a passagem do Furacão Sandy nos Estados Unidos, Jornal Nacional, 31/10/2012.

Reportagem e participação ao vivo de Elaine Bast sobre os estragos e prejuízos causados pelo furacão Sandy na costa leste dos Estados Unidos, Jornal da Globo, 31/10/2012.

MANHATTAN

Nos dias seguintes, a Globo continuou cobrindo a volta da rotina nas cidades da costa leste dos Estados Unidos. Hélter Duarte informou, em matérias para o Jornal Hoje e o Jornal Nacional, que o acesso rodoviário à ilha de Manhattan se normalizava. O número de mortos chegava a 95.

UM MÊS DEPOIS

No Bom Dia Brasil do dia 28 de novembro, uma reportagem de Júlio Mosquéra mostrou que um mês após a passagem do Sandy ainda havia 25 mil pessoas sem luz. O balanço final da passagem do furacão indicava 300 mil residências destruídas no Estado de Nova York.

FONTES

Depoimento concedido ao Memória Globo por Monica Barbosa em 28/10/2013. Bom Dia Brasil 29/10/2013, 30/10/2013, 28/11/2013; Fantástico 28/10/2013; Globo Notícia 29/10/2013, 30/10/2013; Jornal da Globo 30/10/2013, 31/10/2013; Jornal Hoje 30/10/2013, 31/10/2013, 01/11/2013; Jornal Nacional 29/10/2013, 30/10/2013, 31/10/2013, 01/11/2013.