As fortes chuvas que começaram a cair sobre a região metropolitana do Rio de Janeiro na noite de 5 de abril de 2010, estendendo-se ininterruptamente por todo o dia 6, causaram um colapso na cidade, além de diversos deslizamentos de terra. Bairros inteiros ficaram alagados, escolas foram fechadas e a cidade parou. Na noite do dia 7, uma avalanche de terra no Morro do Bumba, em Niterói, matou 47 pessoas, deixou centenas de desabrigados e devastou a comunidade.
Reportagens de Paulo Renato Soares, ao vivo, do Globocop, e de Maria Paula Carvalho, da frente do Hospital Estadual Azevedo Lima, logo após o deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói. Jornal da Globo, 07/04/2010.
DESTAQUES
Prenúncio de tragédia
O dia em que o Rio de Janeiro parou
Lagoa Rodrigo de Freitas alagada
Pior tempestade
Cidade inundada
Tragédia em Niterói
Ancoragem do Morro do Bumba
Bomba-relógio
EQUIPE E ESTRUTURA
Desde o primeiro momento, os jornalistas da TV Globo mobilizaram-se para fornecer uma cobertura completa sobre as chuvas. Um caminhão foi contratado pela emissora para buscar funcionários em suas casas e transportá-los até o bairro do Jardim Botânico, de onde são gerados os telejornais. A apresentadora Ana Paula Araújo teve seu carro inundado quando ia para o trabalho e foi transportada pelo caminhão. O apresentador Márcio Gomes foi a pé de sua casa até a emissora.
Nos dias 8, 9 e 10 de abril, as duas edições do RJTV foram ancoradas do Morro do Bumba, com Ana Paula Araújo e Márcio Gomes. O Jornal Nacional também foi ao ar, apresentado por Fátima Bernardes, do local da tragédia.
PRENÚNCIO DE TRAGÉDIA
A chuva forte começou a cair no final da tarde do dia 5. No RJTV 2ª edição, o apresentador Márcio Gomes mostrou vários pontos do Rio de Janeiro alagados e aconselhou que as pessoas redobrassem os cuidados. Faltava luz em diversos bairros da cidade.
O Jornal Nacional e o Jornal da Globo informaram sobre o aumento das chuvas e sobre os transtornos causados. Até a noite, três pessoas já haviam morrido.
Na manhã seguinte, o apresentador Renato Machado abriu o Bom Dia Brasil: “A chuva incessante que cai desde ontem deixou a cidade debaixo de água. Até agora são sete mortos, cinco feridos e cinco desaparecidos. A cidade está parada. Nesta edição do Bom Dia, você vai ver a cobertura completa e acompanhar a situação neste início de manhã. O pedido da prefeitura é que as pessoas não saiam de casa.”
O DIA EM QUE O RIO DE JANEIRO PAROU
No Bom Dia Brasil daquela terça-feira, 6 de abril, os repórteres Tiago Eltz e Bette Lucchese mostraram como foi a madrugada na cidade, enquanto o repórter Marcos Uchoa entrou ao vivo da principal rua do bairro do Jardim Botânico, que parecia um rio.
Em seguida, foi ao ar o Radar RJ, com apresentação de Edmilson Ávila e reportagem ao vivo de Marcos Uchoa. O boletim informativo dava instruções para que as pessoas não saíssem de casa, além de mostrar, com ajuda das câmeras da CET Rio, a situação das ruas. A ponte Rio-Niterói estava fechada e várias linhas de ônibus, inoperantes. A repórter Tatiana Nascimento também participou da bancada do jornal, informando que as aulas das redes municipal e estadual haviam sido suspensas, assim como as atividades no Tribunal de Justiça.
“Ligaram para mim e para o Carlos Henrique Schroder (na época diretor-geral de Jornalismo e Esporte) por volta das quatro horas da manhã. Havia o grande risco de não conseguirem colocar o Bom Dia Rio no ar. Porque os jornalistas tinham que chegar à emissora, e o estado em que as ruas da Zona Sul estavam era terrível. Um caminhão foi buscar a mim e ao Schroder. Vários outros carros foram em casa pegar os funcionários. A gente entrou no ar e não saiu até duas da tarde, foi uma daquelas coberturas enormes” relembra Ali Kamel, então diretor da Central Globo de Jornalismo.
Reportagens de Tiago Eltz e Marcos Uchoa sobre a madrugada de chuvas e as enchentes no Rio de Janeiro, Bom Dia Brasil, 06/04/2010.
Reportagens ao vivo de Karina Borges, com imagens do Globocop, e de Mariana Gross sobre a situação da Lagoa Rodrigo de Freitas durante as enchentes no Rio de Janeiro, RJTV 1ª edição, 06/04/2010.
O RJTV 1ª edição entrou no ar com Ana Paula Araújo, que havia perdido o próprio carro tentando chegar à emissora. “Saí bem cedo, peguei meu carro e logo na saída da minha casa, em São Conrado, tinha uma poça d’água gigantesca. Era praticamente um rio. Uma onda cobriu o meu carro, que começou a boiar. Entrei em pânico, operários de uma obra perto empurraram meu carro para um lugar seco, mesmo assim teve perda total. Passou um carro da polícia, e eu pedi carona. Atravessamos o túnel, mas quando a gente chegou na Lagoa estava tudo alagado, era impossível o carro da polícia passar. Eu já estava em contato com a Rede Globo e tinha um carro mais alto pegando algumas pessoas, então eu consegui ser uma das primeiras a chegar na emissora”, relembra a apresentadora.
Durante a edição especial do telejornal, a repórter Karina Borges entrou do Globocop, enquanto Mariana Gross mostrou a situação na Lagoa Rodrigo de Freitas. O repórter Edmilson Ávila também esteve na bancada.
Por telefone, Ana Paula Araújo entrevistou o presidente da Light, Jerson Kelman; o secretário de Transporte, Sebastião Rodrigues; o secretário Estadual de Saúde, Sérgio Côrtes; a secretária de Esporte e Lazer do Rio, Marcia Lins; o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e o secretário de Transporte, Alexandre Sansão. Também foi ao ar uma declaração oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A repórter Bette Lucchese mostrou, ao vivo, a situação calamitosa em Niterói, onde, apesar do deslizamento de diversas encostas com vítimas, os moradores resistiam a deixar suas casas, ainda que em área de risco. Ainda participaram desta edição os repórteres Mariana Gross, Susana Naspolini, Tatiana Nascimento.
A cobertura prosseguiu com o Jornal Hoje, apresentado, de São Paulo, por Sandra Annenberg, que anunciou: “O Rio de Janeiro está imerso no caos.” Pelo menos 54 pessoas haviam morrido na região metropolitana. Ana Paula Araújo, que seguiu com a cobertura dos estúdios do Rio de Janeiro, conversou, por telefone, com o governador do Estado, Sérgio Cabral Filho. A edição do telejornal contou com o reforço dos jornalistas Marcos Uchoa e Fernanda Graell.
Durante a tarde, edições do Globo Notícia foram ao ar.
LAGOA RODRIGO DE FREITAS ALAGADA
O RJTV 2ª edição, em 6 de abril, foi apresentado por Márcio Gomes, que havia chegado à emissora de televisão a pé. “Eu estava me recuperando de um tornozelo quebrado, andando de muleta, não podia dirigir. O carro que me buscaria em casa não pôde ir porque a cidade estava parada. Pensei: ‘Vou ter que ir andando. E vou levar uma câmera.’ Fui de muleta, filmando. A primeira situação que eu gravei foi de um sujeito que vinha andando do Rio Comprido, tinha atravessado o Túnel Rebouças para chegar ao trabalho. Segui andando, passei pela Lagoa, toda alagada, as pessoas estavam ilhadas num posto de gasolina, tinham dormido ali. Fui pegando histórias impressionantes. Foram uns quatro ou cinco quilômetros de caminhada, cheguei na redação e entreguei a câmera para o Marcelo Moreira, editor-chefe do RJTV 2ª Edição. O editor André Szapiro viu as imagens e disse: ‘Márcio, temos uma super matéria, uma super reportagem.’ Foi ao ar no RJTV 2ª Edição e no Jornal Nacional”, conta.
O apresentador Márcio Gomes mostra as dificuldades que enfrentou no seu trajeto até a Globo, após a madrugada de chuvas no Rio de Janeiro, RJTV 2ª edição, 06/04/2010.
Nesta edição, a repórter Mônica Sanches mostrou a destruição no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, onde doze casas haviam sido soterradas, vitimando ao menos dez pessoas. O telejornal tratou dos resgates em matéria de Eduardo Tchao. A repórter Maria Paula Carvalho entrou direto da Praça da Bandeira, informando que as aulas haviam sido suspensas em toda rede pública estadual, municipal e privada.
Gabriela de Palhano fez uma matéria sobre o trabalho de limpeza e recuperação da cidade. Edmilson Ávila mostrou a situação na quadra da escola de samba Mangueira, que estava recebendo setenta famílias desalojadas do Morro da Mangueira, onde deslizamentos haviam colocado suas vidas em risco.
PIOR TEMPESTADE
O Jornal Nacional de 6 de abril foi aberto por Fátima Bernardes com a seguinte manchete: “O Rio de Janeiro sofre as consequências do maior temporal dos últimos 44 anos na região metropolitana do estado. A chuva começou ontem à tarde e ainda não deu trégua.” William Bonner prosseguiu: “95 mortes foram confirmadas até agora, a maioria em deslizamentos de encostas.” Em seguida, o repórter Edmilson Ávila entrou ao vivo, do Morro da Mangueira, informando que cerca de 1.400 pessoas foram forçadas a deixar suas casas por causa das chuvas. O governador Sérgio Cabral decretara luto oficial de três dias em virtude das mortes.
Tiago Eltz e Bette Lucchese passaram a madrugada acompanhando a movimentação de quem tentava pegar transporte público. Tatiana Nascimento mostrou, diretamente do Globocop, o estado de calamidade em que a cidade se encontrava após o amanhecer do dia. André Luiz Azevedo relatou a situação em Niterói, que contabilizava mais da metade das vítimas fatais. Flávia Jannuzzi fez uma matéria sobre o resgate de uma mãe e seu filho no Morro do Estado, em Niterói.
No Rio de Janeiro, haviam sido registradas mortes nos morros dos Macacos, do Boréu, do Andaraí, de Jacarepaguá e do Turano, além dos bairros do Recreio dos Bandeirantes, Humaitá, Cosme Velho e Ilha do Governador.
William Bonner chamou vídeos com flagrantes enviados por telespectadores ao portal de notícias da Rede Globo, o G1. Quatro blocos do telejornal foram totalmente dedicados à cobertura das chuvas.
A matéria feita pelo apresentador Márcio Gomes, com uma câmera amadora, foi ao ar. A repórter Renata Capucci fechou a edição do telejornal diretamente da Lagoa, onde ainda chovia, informando que as aulas do dia seguinte estavam suspensas em escolas públicas e particulares, e nas universidades.
O Jornal da Globo entrou no ar trazendo matérias da Renata Capucci, Mônica Sanches, Flávia Jannuzzi, Paulo Renato Soares, Gabriela de Palhano, Maria Paula de Carvalho, Rafael Pieroni e Karen Schmidt. A repórter Elisa Veiga entrevistou o velejador Torben Grael, que salvou uma mãe e uma filha em um deslizamento de terra em Niterói.
CIDADE INUNDADA
Em 7 de abril, o Bom Dia Rio foi ao ar com Tatiana Nascimento na bancada. O repórter Rafael Pieroni fez uma matéria sobre os estragos causados pela chuva em Araruama e Saquarema, litoral do Rio de Janeiro. O Radar RJ, apresentado por Edmilson Ávila, trouxe informações sobre as interdições na cidade.
Renato Machado abriu O Bom Dia Brasil com a seguinte frase: “Depois da segunda madrugada de temporais, a cidade amanhece com pontos de alagamento, ruas interditadas, bairros sem luz, em estado de emergência. O número de mortos chega a 102. Ana Luiza Guimarães anunciou que ainda havia moradores debaixo de escombros.
Em entrevista ao vivo, o prefeito Eduardo Paes falou com a repórter Gabriela de Palhano e recomendou que os habitantes fizessem apenas os deslocamentos necessários na cidade. Ele também informou que havia sido decretado feriado nas escolas públicas e particulares, mas outras repartições públicas já voltavam a funcionar.
De São Gonçalo, a repórter Susana Naspolini trouxe mais notícias; Karina Borges entrevistou, ao vivo, o coronel Ricardo Vale. Também fizeram parte desta edição do telejornal os repórteres Paulo Renato Soares, Mônica Sanches e Mariana Gross.
A cobertura da Rede Globo continuou durante todo o dia, nas duas edições do RJTV, no Jornal Hoje e no Jornal Nacional. Os repórteres Fábio Júdice e Ana Paula Araújo entraram ao vivo de Niterói, município que ainda sofria com as chuvas e que teve luto decretado por mais de 50 vítimas.
TRAGÉDIA EM NITERÓI
Na noite de 7 de abril, o Jornal da Globo começou com o anúncio de mais uma tragédia: um deslizamento em Niterói, no Morro do Bumba, havia soterrado cerca de 50 casas. O repórter Paulo Renato Soares mostrou, do Globocop, a movimentação dos bombeiros e da defesa civil no local do acidente, que havia acabado de acontecer. Maria Paula Carvalho entrou, ao vivo, da frente do Hospital Estadual Azevedo Lima, aonde ambulâncias chegavam com vítimas.
No dia 8 de abril, a dimensão da tragédia no Morro do Bumba foi anunciada no Bom Dia Rio por Tatiana Nascimento. As imagens do Globocop, onde Vandrey Pereira encontrava-se, mostraram uma cratera localizada no bairro Viçoso Jardim, também conhecido como Cubango, em Niterói.
Tanto no Bom Dia Rio quanto no Bom Dia Brasil, uma reportagem de Tiago Eltz sobre os trabalhos feitos durante a madrugada, com 150 bombeiros, foi ao ar. Seis corpos haviam sido encontrados. Em outra matéria, Alex Cunha falou com os familiares das pessoas desaparecidas. Marcos Uchoa abordou a situação dos desabrigados, que estavam em escolas públicas. As repórteres Flávia Jannuzzi e Gabriela de Palhano entraram ao vivo de Niterói.
ANCORAGEM DO MORRO DO BUMBA
Ana Paula Araújo abriu a 1ª edição do RJTV de 8 de abril diretamente do Morro do Bumba, onde também estavam os comentaristas da Rede Globo Rodrigo Pimentel e Luís Fernando Correia. A estimativa, naquele momento, era de que pudesse haver até 200 pessoas soterradas.
“Logo que a gente chegou ao Bumba estava uma loucura, o morro todo abaixo, os bombeiros ainda retirando corpos, uma situação trágica. As pessoas em desespero, muito tumulto, muita gente e pouquíssimo tempo para operacionalizar tudo e colocar o jornal ao vivo. No momento em que eu fiz a abertura, tinha um corpo sendo resgatado, então eu me virei, engoli seco: ‘Estão aqui os bombeiros trabalhando… e mais um corpo sendo resgatado nesse momento’, foi bem na abertura do jornal, um jornal bem complicado de fazer.”, relembra Ana Paula Araújo.
Participaram da edição seguintes repórteres: Bette Lucchese, Tiago Eltz, Karina Borges, Susana Naspolini, Monica Teixeira, Maria Paula Carvalho, Gabriela de Palhano, Fernanda Graell e Mariana Gross.
Durante toda a tarde, as notícias continuaram no Jornal Hoje e no Globo Notícia, apresentado por Sandra Annenberg.
Ana Paula Araújo apresenta o RJTV 1ª edição diretamente do Morro do Bumba, em Niterói, e Bette Lucchese mostra, do Globocop, imagens do deslizamento que matou 47 pessoas. RJTV 1ª edição, 08/04/2010.
“O Morro do Bumba fica num vale, o celular mal pegava; a televisão, com uma antena normal, também não pegava. Só era possível pegar o sinal através da parabólica da nossa geradora. Era muito complicado. Acabamos usando toda a estrutura do Jornal Nacional. Foi muito emocionante fazer aquele jornal. E no Bumba havia um sentimento de revolta, de como se deixou chegar a uma situação daquelas. Era um lixão. Como é que se deixa as pessoas construírem as casas no lixão? O tom do jornal foi muito esse, de cobrança”, relata o apresentador Márcio Gomes, que também transmitiu a segunda edição do RJTV do local.
O Jornal Nacional daquela noite abriu com William Bonner, na bancada, anunciando: “A dúvida que aflige uma nação inteira”; enquanto Fátima Bernardes, do Morro do Bumba, completou: “Quantos brasileiros morreram debaixo do lixo em Niterói?” A cobertura focou sobretudo na irregularidade das construções.
Escalada do Jornal Nacional no dia seguinte à tragédia no Morro do Bumba, em Niterói, 08/04/2010.
Reportagem de Tiago Eltz sobre o deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói, seguida de entrevista de Fátima Bernardes com o repórter, um dos primeiros a chegar ao local do acidente. Jornal Nacional, 08/04/2010.
Fátima Bernardes entrevista a menina Laura Beatriz, de 8 anos, uma das sobreviventes do deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói. Jornal Nacional, 08/04/2010.
Uma matéria de Tiago Eltz, que havia chegado ao local pouco após os deslizamentos, ilustrou o clima de caos e desespero que os moradores presenciaram quando aproximadamente 100 toneladas de lixo e lama varreram 50 casas. Fátima Bernardes entrevistou o repórter ao vivo, que explicou que sua equipe estava indo fazer uma matéria sobre desabrigados quando foi avisado sobre a tragédia e correu para lá com sua equipe.
A repórter Lilia Teles levou ao ar uma reportagem feita à luz do dia, quando era possível ver a cratera de quase um quilômetro que foi aberta com a avalanche. “São sempre coberturas mais difíceis. Primeiro, porque nos envolvemos. Depois, porque exigem muito de nós – mas nem por isso você quer ir embora”, conta a jornalista.
Ainda nessa edição do JN, Fátima Bernardes entrevistou a menina Laura Beatriz, que contou como sobreviveu ao deslizamento.
BOMBA-RELÓGIO
André Luiz Azevedo levou ao ar, no Jornal Nacional de 8 de abril¸ uma matéria sobre o lixão que havia sido desativado em 1981, dando lugar à ocupação irregular: “Era como se houvesse uma bomba-relógio preparada para explodir numa grande tragédia. Era só uma questão de tempo”, falou. O repórter entrevistou Regina Bienstein, coordenadora do núcleo de urbanismo da Universidade Federal Fluminense, que havia prestado consultoria à Prefeitura de Niterói cinco anos antes, documentando que o local era inapropriado.
“Eu comprovei, através de imagens dessa professora da UFF, que tinha feito um estudo mostrando que aquilo já estava condenado, ou seja, era uma situação absolutamente absurda. A partir daquele momento, a cobertura, que estava focada numa tragédia ambiental, se voltou para mostrar uma situação fruto do desrespeito, do despreparo, do descaso das autoridades e dos moradores”, conta André Luiz Azevedo.
Reportagem de André Luiz Azevedo sobre a ocupação irregular do Morro do Bumba, cujas casas foram erguidas sobre um antigo lixão. Jornal Nacional, 08/04/2010.
Também foi exibida no telejornal uma matéria de Marcos Uchoa sobre duas visitas que a Defesa Civil havia feito ao local na mesma semana, sem, entretanto, alertar os moradores para o grande risco que corriam. Paulo Renato Soares mostrou uma entrevista com o então prefeito Jorge Roberto Silveira, que havia negligenciado os moradores do Morro do Bumba nos planos de desocupação. O repórter ainda entrou no Jornal da Globo, ao vivo, dando prosseguimento à cobertura das buscas no Morro do Bumba.
Na sexta-feira, dia 9, Ana Paula Araújo ancorou o RJTV 1ª edição do Morro do Bumba, onde 17 corpos haviam sido encontrados. Ela seguiu com a cobertura ao vivo no Jornal Hoje e no RJTV 2ª edição. Também entrou no Jornal Nacional, mostrando os trabalhos de buscas e remoção de quase um milhão de toneladas, segundo estimativa da Defesa Civil, de terra e lixo. No dia seguinte, um sábado, Ana Paula Araújo seguiu ancorando as duas edições do RJTV e entrando ao vivo no Jornal Hoje e Jornal Nacional.
O Fantástico de 11 de abril levou ao ar uma edição especial com a cobertura completa da tragédia. Lilia Teles entrou ao vivo do Morro do Bumba, de onde informou que já haviam sido resgatados 36 mortos, mas ainda havia 31 desaparecidos. Uma reportagem de 22 minutos de Francisco Regueira, mostrando momentos dramáticos, tomou quase um bloco inteiro do programa. Ainda foram ao ar reportagens de Mônica Teixeira e Tiago Eltz.
Durante a semana seguinte, a Rede Globo cobriu as buscas e a situação das famílias em todos os telejornais de rede e locais do Rio de Janeiro.
FONTES
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ali Kamel (25/03/2012), Ana Paula Araújo (05/09/2011), André Luiz Azevedo (19/10/2011), Lilia Teles (10 e 24/09/12), Márcio Gomes (07/11/2011); Fantástico (11/04/2010); Globo Notícia (05 a 10/04/2010); Jornal da Globo (05 a 09/04/2010); Jornal Hoje (05 a 09/04/2010); Jornal Nacional (05 a 10/04/2010); RJTV (05 a 09/04/2010). |