Em 2014, os brasileiros foram às urnas para escolher através do voto direto o presidente da República. Onze candidatos disputaram as eleições: Dilma Rousseff (PT – Partido dos Trabalhadores), Aécio Neves (PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira), Marina Silva (PSB – Partido Socialista Brasileiro), Luciana Genro (PSOL – Partido Socialismo e Liberdade), Pastor Everaldo Pereira (PSC – Partido Social Cristão), Eduardo Jorge (PV – Partido Verde), Levy Fidelix (PRTB – Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), José Maria Eymael (PSDC – Partido Social Democrata Cristão), José Maria de Almeida (PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), Mauro Luís Iasi (PCB – Partido Comunista Brasileiro) e Rui Costa Pimenta (PCO – Partido da Causa Operária). Nesse mesmo ano, também foram realizadas as eleições para governadores, senadores e deputados federais.No primeiro turno, em 05 de outubro, nenhum dos candidatos obteve mais de 50% dos votos. Foram para o segundo turno Dilma Rousseff, que conseguiu 41,59%, e Aécio Neves, que obteve 33,55%. Há 20 anos, tucanos e petistas polarizaram as disputas presidenciais. Mas nunca a luta havia sido tão acirrada. Durante a campanha para o pleito final, as pesquisas demonstraram um contínuo crescimento do candidato do PSDB até ele chegar a um empate técnico com Dilma. Às vésperas das eleições, era impossível afirmar quem seria o vencedor. A candidata do PT ganhou com 51,65%, enquanto Aécio Neves obteve 48,35%. A diferença entre os dois, portanto, foi apenas de 3,3% dos votos válidos.
Entrada do programa Central das Eleições, com os números finais da apuração: Dilma Rousseff é reeleita. Na sequência, reportagem de Marcos Losekann sobre a presidente, incluindo uma entrevista com Dilma quando ainda era apenas candidata, Fantástico, 26/10/2014.
DESTAQUES
O lançamento das candidaturas
Série mostra os problemas do Brasil
As entrevistas
A morte de Eduardo Campos
O primeiro turno
O primeiro debate
Apuração do primeiro turno
O segundo turno
O último debate
Apuração e resultado final
EQUIPE E ESTRUTURA
O planejamento da cobertura da campanha eleitoral começou em fevereiro de 2014 e foi conduzido pelo diretor geral de Jornalismo e Esportes, Ali Kamel, pela diretora da Central Globo de Jornalismo, Silvia Faria, pelo diretor executivo da CGJ, Mariano Boni, e pelas diretoras de Projetos Especiais, Teresa Cavalleiro e Maria Thereza Pinheiro. Nesse momento, foram estabelecidas junto com as equipes um conjunto de critérios para a cobertura, que teve quatro eixos principais: o acompanhamento do dia a dia da campanha, a divulgação das pesquisas eleitorais, as entrevistas com os candidatos na bancada dos telejornais e os debates.No dia 04 de agosto, a Globo começou a acompanhar a agenda dos candidatos nos seus principais telejornais de rede, mas só daqueles com mais de 6% nas pesquisas do DataFolha e do Ibope, institutos contratados pela Globo. A cada um deles era dedicado um minuto dos programas. Os candidatos com pontuação superior a 3% e inferior a 6% tiveram cobertura jornalística de um minuto semanal, enquanto os candidatos com menos de 3% ganharam 30 segundo a cada duas semanas, em sábados alternados.Antes do primeiro turno, a cobertura envolveu diversos repórteres das cinco emissoras da Globo e também jornalistas de praticamente todas as suas afiliadas. As entrevistas foram conduzidas pelos apresentadores dos telejornais: no JN, por William Bonner e Patrícia Poeta; no Jornal da Globo, por William Waack e Christiane Pelajo; e no Bom Dia Brasil, por Renata Vasconcelos e Chico Pinheiro. No segundo turno, dois repórteres foram designados para acompanhar os candidatos. Marcos Losekann cobriu o dia a dia da Dilma; e José Roberto Burnier, o do Aécio. Os debates realizados com os presidenciáveis – que ocorreram antes do primeiro e do segundo turno – foram ambos mediados por William Bonner.
O LANÇAMENTO DAS CANDIDATURAS
As candidaturas oficiais começaram a ser lançadas em 14 de junho, quando o PSDB confirmou, em convenção nacional do partido, o nome de Aécio Neves para concorrer à presidência, tendo como vice Aloysio Nunes Ferreira. No dia 21, seria a vez do PT aprovar a candidatura de Dilma à reeleição, tendo Michel Temer (PMDB) como vice. O PSB oficializou, no dia 28, a candidatura de Eduardo Campos. A legenda também chancelou a indicação da ex-senadora Marina Silva para a vaga de vice na chapa. Em 05 de outubro do ano anterior, ela tinha se filiado ao PSB, após o TSE vetar a criação do seu partido, a Rede Sustentabilidade.
No início da campanha, Dilma Rousseff aparecia, nas pesquisas de intenção de voto, vencendo ainda no 1º turno. Mas, logo em seguida, a candidata do PT já começou a cair. Naquele momento, o governo se viu em situação difícil com a operação – conhecida como Lava Jato – que investigava um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras. A presidente afirmou diversas vezes nada saber sobre o assunto e garantiu que não pouparia ninguém que estivesse envolvido em casos de corrupção. De qualquer forma, ao longo dos meses seguintes, os candidatos do PSDB e do PSB foram crescendo nas pesquisas. Outros fatos ainda mudariam muito o cenário eleitoral.
Oficialização da candidatura de Aécio Neves às eleições presidenciais, Jornal Nacional, 14/06/2014.
Oficialização da candidatura de Dilma Rousseff às eleições presidenciais, Jornal Nacional, 21/06/2014.
Oficialização da candidatura de Eduardo Campos às eleições presidenciais, Jornal Nacional, 28/06/2014.
SÉRIE MOSTRA OS PROBLEMAS DO BRASIL
Em agosto de 2014, o Jornal Nacional exibiu uma série de reportagens sobre os problemas que mais afligem os brasileiros. A escolha das pautas foi baseada em pesquisa divulgada pelo instituto Data Folha: saúde pública foi tratada por Tonico Ferreira; César Menezes mostrou os principais problemas na área de segurança; coube a Marcelo Canellas tratar das questões que envolvem trabalho e emprego; a repórter Cristina Serra revelou quais são os principais desafios da educação; a situação dos transportes foi abordada por Paulo Renato Soares; e o repórter Fábio Turci fechou a série tratando da inflação e seus efeitos. Ao iniciar a campanha eleitoral, repórteres das cinco emissoras Globo e jornalistas das afiliadas foram mobilizados para acompanhar o dia a dia dos candidatos.
Primeira reportagem da série “Eleições”. Reportagem de Tonico Ferreira sobre a saúde pública no Brasil antes das eleições de 2014, Jornal Nacional, 04/08/2014.
Segunda reportagem da série “Eleições”. Reportagem de César Menezes sobre a segurança pública no Brasil antes das eleições de 2014, Jornal Nacional, 05/08/2014.
Terceira reportagem da série “Eleições”. Reportagem de Marcelo Canellas sobre a preocupação dos eleitores em relação a falta de emprego no Brasil antes das eleições 2014, Jornal Nacional, 06/08/2014.
Quarta reportagem da série “Eleições”. Reportagem de Cristina Serra sobre a educação no Brasil antes das eleições de 2014, Jornal Nacional, 07/08/2014.
Paulo Renato Soares faz a quinta reportagem da série “Eleições”, antes do pleito de 2014, sobre o transporte público no Brasil, Jornal Nacional, 08/08/2014.
Sexta e última reportagem da série “Eleições”. Reportagem de Fabio Turci sobre a inflação no Brasil antes das eleições de 2014, Jornal Nacional, 09/08/2014.
AS ENTREVISTAS
A Globo entrevistou, ao vivo, nos seus principais telejornais de rede, os candidatos que tinham mais de 3% das intenções de voto nas pesquisas do DataFolha e do Ibope. A ordem foi definida por sorteio. O primeiro a ocupar a bancada do Jornal Nacional foi Aécio Neves, do PSDB, em 11 de agosto. No dia seguinte, foi Eduardo Campos, do PSB. Em 18 de agosto, Dilma foi entrevistada, mas não nos estúdios da Globo. Por ser presidente da República, a candidata teve a prerrogativa de escolher o local da entrevista: uma sala do Palácio da Alvorada. No dia 19 o entrevistado foi o Pastor Everaldo, candidato do PSC. Marina Silva, que entrou na corrida presidencial no lugar de Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente aéreo no dia 13 de agosto, concedeu entrevista no dia 27.
Candidato do PSDB à presidência da república Aécio Neves concede entrevista ao Jornal Nacional, 11/08/2014.
Candidato do PSB à presidência da república Eduardo Campos concede entrevista ao Jornal Nacional, 12/08/2014.
Candidata do PT à presidência da república Dilma Rousseff concede entrevista ao Jornal Nacional, 18/08/2014.
Candidato do PSC à presidência da república Pastor Everaldo concede entrevista ao Jornal Nacional, 19/08/2014.
Candidata do PSB à presidência da república Marina Silva concede entrevista ao Jornal Nacional, 27/08/2014.
Eduardo Jorge, candidato do PV à presidência da república, e Luciana Genro, candidata do PSOL, concedem entrevistas ao Jornal Nacional, 20/08/2014.
José Maria de Almeida, candidato do PSTU à presidência da república e José Maria Eymael, candidato do PSDC, concedem entrevistas ao Jornal Nacional, 21/08/2014.
Levy Fidélix, candidato do PRTB à presidência da república e Rui Costa Pimenta, candidato do PCO, concedem entrevistas ao Jornal Nacional, 22/08/2014.
Mauri Iasi, candidato do PCB à presidência da república, concede entrevista ao Jornal Nacional, 23/08/2014.
No Jornal da Globo, as entrevistas com os candidatos foram feitas entre os dias 1º e 3 de setembro. A ordem, também definida por sorteio, foi: Marina Silva, Dilma e Aécio. O Bom Dia Brasil entrevistou os candidatos nos dias 22, 23 e 25 de setembro na seguinte ordem: Dilma, Aécio e Marina.
As entrevistas foram conduzidas pelos apresentadores dos telejornais: no JN, William Bonner e Patrícia Poeta; no Jornal da Globo, William Waack e Christiane Pelajo; e no Bom Dia Brasil, Renata Vasconcellos e Chico Pinheiro.
Os candidatos que tinham menos de 3% nas pesquisas de intenção de voto também foram entrevistados, mas não ao vivo. Conduzidas pelo jornalista Tonico Ferreira, as entrevistas no JN foram exibidas nos dias 20 (com Eduardo Jorge, do PV, e Luciana Genro, do PSOL), 21 (com José Maria de Almeida, do PSTU e José Maria Eymel, do PSDC), 22 (Levy Fidélix, do PRTB e Rui Costa Pimenta, do PCO) e 23 (Mauro Iasi, do PCB).
A MORTE DE EDUARDO CAMPOS
Em 13 de agosto, dia seguinte de sua entrevista no Jornal Nacional, o candidato do PSB, Eduardo Campos, embarcou em um avião que saiu do Rio de Janeiro em direção ao município de Guarujá para cumprir a agenda de campanha. Por volta das 10h, seu avião caiu num bairro residencial de Santos, no litoral paulista. Os sete ocupantes da aeronave (o candidato, quatro assessores, o piloto e o copiloto) morreram e seis pessoas em solo foram feridas.A notícia surpreendeu e comoveu os brasileiros. Houve reações emocionadas de correligionários e de adversários políticos de Eduardo Campos, como informou o JN. Naquela noite, o telejornal foi apresentado dos estúdios da Globo em Brasília, porque William Bonner e Patrícia Poeta tinham ido, de manhã cedo, para a capital federal entrevistar a presidente Dilma. O compromisso foi cancelado tão logo se soube da tragédia. Bonner iniciou o telejornal da seguinte forma: “Nós abrimos esta edição do Jornal Nacional com um sentimento de perplexidade. Menos de 24 horas depois da entrevista que nós fizemos com o candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos, nós nos vemos na situação de termos de iniciar o noticiário com o anúncio de sua morte trágica e precoce”.
Reportagem de José Roberto Burnier sobre a queda do avião que ocasionou a morte do candidato à presidência da república Eduardo Campos e de mais seis pessoas em Santos, São Paulo, Jornal Nacional, 13/08/2014.
O JN contou a trajetória de Eduardo Campos, entrevistou testemunhas do acidente em Santos, falou sobre os preparativos para o funeral e ouviu especialistas sobre o que poderia ter acontecido com o avião. O telejornal informou também sobre a repercussão da morte do candidato do PSB no Brasil e no mundo. Para fornecer ao público os detalhes sobre os fatos, contou com o trabalho de repórteres em Brasília (Giovana Telles), São Paulo (Alberto Gaspar), Santos (José Roberto Burnier), Recife (Mônica Silveira), Nova York (Alan Severiano) e Washington (Luís Fernando Silva Pinto).
Naquela manhã, pouco antes de embarcar, Eduardo Campos tinha conversado com Cristiana Lôbo, da GloboNews. A jornalista perguntou qual tinha sido o momento da entrevista ao JN que ele mais tinha gostado. E ele destacou o trecho, que foi reproduzido pelo telejornal: “Não vamos desistir do Brasil. É aqui que nós vamos criar nossos filhos. É aqui onde nós temos que criar uma sociedade mais justa”.
O Fantástico daquela semana, exibido no dia 17, trouxe uma cobertura especial sobre o caso e analisou sobre todos os ângulos o acidente que matou Eduardo Campos. O candidato do PSB era neto do Miguel Arraes, foi governador de Pernambuco por dois mandatos, deputado estadual, deputado federal e ministro da Ciência e Tecnologia. Em 2005, logo após a morte do avô, se tornou presidente nacional do Partido. Deixou mulher e cinco filhos. O mais novo tinha sete meses.
Reportagem de Álvaro Pereira Júnior com a reconstituição do acidente aéreo que matou, quatro dias antes, o candidato à presidência da república Eduardo Campos, Fantástico, 17/08/2014.
O PRIMEIRO TURNO
A morte do Eduardo Campos mudou o rumo das eleições. O PSB teve dez dias para apresentar um novo candidato à presidência. Mas no segundo dia após o acidente, já se falava no nome da Marina Silva para encabeçar a chapa de disputa à presidência no lugar do ex-governador de Pernambuco. No JN do dia 15, Antônio Campos, irmão de Eduardo Campos, declarou que, em sua opinião, Marina deveria encabeçar a coligação liderada pelo PSB. Mas a cúpula do Partido ainda não tinha se definido, como informou o repórter Tonico Ferreira.
Na última pesquisa do Ibope antes da morte do Eduardo Campos, o PSB tinha apenas 9% das intenções de voto. Na primeira pesquisa depois do acidente, realizada pelo Datafolha já nos dias 14 e 15 de agosto, com Marina como substituta de Campos, o Partido obtinha 21% dos votos. Marina aparecia na frente de Aécio Neves e iria para um segundo turno com Dilma Rousseff em situação de empate técnico.
Oficialização da candidatura de Marina Silva às eleições presidenciais, Jornal Nacional, 21/08/2014.
No dia seguinte ao anúncio, houve uma reunião dos seis partidos que apoiavam o PSB. Como informou a repórter Zileide Silva no Jornal Nacional, todos seguiram com a nova chapa encabeça por Marina e Beto Albuquerque, deputado federal pelo PSB do Rio Grande do Sul. O registro de ambos no TSE foi feito no dia 22.
Na pesquisa feita pelo Ibope entre 23 e 25 de agosto, divulgada pelo Jornal Nacional no dia 26, Dilma aparecia com 34% das intenções de votos, Marina, com 29%, e Aécio, com 19%. Na simulação de um segundo turno, Marina venceria. A candidata apareceu na frente da Dilma com uma diferença de 9%. Encomendada pela Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo, a pesquisa foi a primeira do Ibope com Marina Silva como candidata oficial do PSB.
Ainda em 26 de agosto, o Jornal Nacional informou que havia irregularidades em relação ao avião em que morreu Eduardo Campos. No dia seguinte, o telejornal divulgou com exclusividade documentos da compra e da venda do jato Cessna, como o extrato da conta da AF Andrade, empresa que – segundo a Anac – seria a dona do avião. Mas a Andrade afirmou que já tinha repassado a aeronave para outro empresário, que teria emprestado para a campanha de Campos. A reportagem de Tiago Elz mostrou que o dinheiro usado para pagar o avião passava por escritórios em Brasília e em São Paulo e por uma peixaria fantasma em uma favela de Recife.
Reportagem de Tiago Eltz com dados exclusivos sobre irregularidades na compra do jato Cessna usado pelo candidato à presidência Eduardo Campos, Jornal Nacional, 26/08/2014.
Reportagem de Tiago Eltz com novas informações sobre a operação de compra do jato Cessna usado pelo candidato à presidência Eduardo Campos, Jornal Nacional, 27/08/2014.
Resultado da sexta pesquisa sobre o primeiro turno, Jornal Nacional, 03/09/2014.
O Ministério Público Eleitoral abriu um inquérito para investigar se tinha havido fraude eleitoral no uso do avião que caiu em Santos com Eduardo Campos, conforme informou o JN em 29 de agosto. Nesse mesmo dia, o telejornal divulgou a pesquisa do Datafolha, que mostrava Dilma e Marina empatadas com 34% das intenções de voto. Aécio tinha 15%. Na simulação de um segundo turno entre as duas candidatas, Marina ganhava com 50% dos votos. Dilma alcançaria 40%. Mas, se a disputa ficasse entre Dilma e Aécio, a candidata do PT venceria com 48% dos votos. Aécio ficaria com 40%.
Novas pesquisas, encomendadas ao Ibope e ao DataFolha, seriam divulgadas em 03 de setembro. Mesmo com um pequeno crescimento de Dilma, os dois institutos ainda apontavam para o empate entre ela e Marina Silva. Num possível segundo turno entre as duas, a candidata do PT perderia.
Tudo parecia, portanto, indicar uma vitória da Marina Silva. Mas, com o passar do tempo e a cada nova pesquisa de opinião, o índice de votos da candidata foi se reduzindo. Chegou a 21%, contra 23% do Aécio, na última pesquisa realizada pelo Ibope.
O PRIMEIRO DEBATE
O primeiro debate da Globo entre os presidenciáveis aconteceu no dia 02 de outubro, três dias antes das eleições. Naquele momento, Dilma Roussef, do PT, não aparecia mais com chances de ganhar no 1º turno. E os números indicavam a queda de Marina Silva. A diferença entre a candidata do PSB e Aécio Neves, do PSDB, era muito pequena e a grande dúvida, naquele momento, era qual dos dois iria para o segundo turno com a candidata do PT.
Participaram do debate, os sete candidatos que estavam à frente nas pesquisas de intenção de voto e aqueles cujos partidos tinham representação na Câmera. Foram eles: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves(PSDB), Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSOL), Pastor Everaldo Pereira (PSC), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidélix (PRTB). O debate foi transmitido ao vivo também pelo G1, o portal de notícias da Globo.
APURAÇÃO DO PRIMEIRO TURNO
A Globo acompanhou detalhadamente o pleito no dia 05 de outubro. Flashes ao vivo foram inseridos ao longo da programação com informações sobre a votação nos diferentes estados do país. Às 8h, foi a apresentado o Giro das Eleições, um pequeno programa com 5 minutos, apresentado por Chico Pinheiro e tendo como editor executivo Tomás Absalão. Outras edições foram ao ar às 12h30 e às 16h.
O Domingão do Faustão foi interrompido às 17h para a entrada ao vivo do Boca de Urna, apresentado por William Bonner, Heraldo Pereira e Evaristo Costa. O editor-chefe era Luiz Ávila e o editor executivo, Ricardo Pereira. Outras duas edições do programa foram ao ar às 18h e às 19h.
A mesma equipe continuaria a acompanhar, da Central das Eleições, a marcha da apuração até às 22h, numa edição especial do Fantástico. Os números finais mostraram que nenhum dos candidatos conseguiu mais de 50% dos votos. A Marina Silva estava fora da disputa. Foi a terceira colocada, com 21% dos votos. Para o segundo turno, ficaram Aécio Neves, que obteve 33% dos votos, e Dilma Rousseff, que conseguiu 41%.
Primeiro bloco do especial “Eleições 2014 – Giro Nacional”, que acompanhou a votação do 1º turno desde às 8h da manhã, 05/10/2014.
Segundo bloco do especial “Eleições 2014 – Giro Nacional”, que acompanhou a votação do 1º turno desde às 8h da manhã, 05/10/2014.
Terceiro bloco do especial “Eleições 2014 – Giro Nacional”, que acompanhou a votação do 1º turno desde às 8h da manhã, 05/10/2014.
Heraldo Pereira e Evaristo Costa apresentam os números na reta final do primeiro turno, com 99% dos votos apurados, Fantástico, 05/10/2014.
O SEGUNDO TURNO
Depois de divulgados os resultados da votação, o interesse de todos era saber a quem Marina Silva (PSB) iria apoiar no segundo turno das eleições. Apesar de ainda não ter se posicionado em relação a essa questão, no Jornal Nacional do dia 06, a candidata derrotada disse que o Brasil tinha sinalizado que não estava de acordo com a política do governo. Já parecia claro, portanto, que o PSB não apoiaria Dilma Rousseff (PT). E, de fato, no dia seguinte o Partido de Marina – assim como o PV, de Eduardo Jorge, e o PSC, do Pastor Everaldo – anunciaram o seu apoio a Aécio Neves (PSDB). Foi a partir do dia 07 de outubro que a Globo começou a acompanhar diariamente as agendas de campanha de Dilma, com o repórter Marcos Losekann, e de Aécio, com José Roberto Burnier.
No dia 09, Jornal Nacional divulgou as primeiras pesquisas do segundo turno. Pela primeira vez, Aécio aparecia em vantagem numérica em relação à Dilma, apesar de o resultado apontar para um empate técnico entre os dois. Tanto o Ibope quanto o DataFolha, indicavam que Aécio tinha 51% dos votos válidos, enquanto Dilma, 49%.
Estavam previstas entrevistas com os dois candidatos no Jornal Nacional para tratar de suas principais propostas, mostrar as diferenças e responder as críticas. Porém, não houve acordo dos partidos com a direção da Globo quanto ao tempo de duração, e as entrevistas foram canceladas.
Reportagem de Graziela Azevedo sobre o posicionamento de Marina Silva para o segundo turno das eleições, Jornal Nacional, 06/10/2014.
Resultado da primeira pesquisa sobre o segundo turno, Jornal Nacional, 09/10/2014.
O ÚLTIMO DEBATE
A Globo promoveu o último debate entre Dilma Rousseff e Aécio Neves em 24 de outubro. Naquele dia, parte do Jornal Nacional foi ancorado direto do estúdio no Projac, onde William Bonner já se encontrava. O apresentador explicou que haveria uma novidade: o confronto direto entre os dois candidatos. No primeiro e no terceiro blocos, os candidatos fizeram perguntas um para o outro. Cada um teve direito a fazer três perguntas para o adversário, com meio minuto para pergunta, um minuto e meio para resposta, 50 segundos para a réplica e 50 segundos para a tréplica. O segundo bloco e quarto bloco foram os das perguntas dos eleitores indecisos. Bonner sorteava o nome de um eleitor, que se levantava e fazia a pergunta.
Eram 70 eleitores indecisos, selecionados pelo Ibope em todas as regiões do Brasil. Eles tinham escrito perguntas sobre 14 temas de interesse geral. Foram, então, selecionadas as 12 questões mais representativas. E no debate, ao vivo, Bonner sorteou oito. O próprio autor foi quem fez a pergunta ao candidato, exatamente como tinha sido formulada e referendada por um funcionário do Ibope. Essa regra impedia que o eleitor improvisasse ou acrescentasse algo àquilo que ele mesmo havia escrito. No fim do programa, cada candidato teve um minuto e meio para apresentar suas propostas.
Resultado da quinta pesquisa encomendada ao Ibope e ao Datafolha no segundo turno das eleições, Jornal Nacional, 25/10/2014.
Como informou o repórter Pedro Bassan, estavam presentes no Projac 130 jornalistas do Brasil e do exterior. O debate começou às 22h10, logo depois da novela Império. Foi transmitido ao vivo também na internet, pelo G1, o portal de notícias da Globo.
No dia seguinte, véspera das eleições, o Jornal Nacionalapresentou os números das últimas pesquisas. Segundo o Ibope, Dilma teria 53% dos votos e Aécio Neves, 47%. O DataFolha divulgou resultado similar: Dilma com 52% e Aécio, com 48%. Nos dois casos, os candidatos estavam tecnicamente empatados no limite da margem de erro. O JN exibiu também reportagem sobre o ataque sofrido pela Veja após publicação de reportagem em que a revista afirmava que Lula e Dilma sabiam de desvios na Petrobras. Manifestantes haviam pichado muros do prédio e jogado lixo diante da Editora Abril em São Paulo.
APURAÇÃO E RESULTADO FINAL
O segundo turno ocorreu em 26 de outubro. Nesse dia, foi possível acompanhar pela Globo a votação por estado, por município e por zona eleitoral nas 27 capitais e em 10 grandes cidades do país. Foram exibidas diversas reportagens que mostraram os locais onde houve longas filas e as zonas eleitorais em que a identificação biométrica foi introduzida e trouxe problemas.
O esquema foi muito parecido com o do primeiro turno. Às 8h, o Giro Nacional, apresentado por Chico Pinheiro e editado por Tomás Absalão, dava as primeiras informações. Vários flashes foram inseridos na programação, até que às 12h30, a segunda edição do Giro Global foi ao ar. A terceira edição do programa seria exibida às 16h. Uma hora depois, foi ao ar a primeira edição do Boca de Urna. Do estúdio da Central das Eleições, os apresentadores William Bonner e Heraldo Pereira comentavam os resultados na bancada, enquanto Ana Paula Araújo, em pé, mostrava os números relativos a cada região num painel virtual com o mapa do país.
Nesse momento, os votos para os governadores começaram a ser divulgados. Mas, por causa da diferença de fuso horário entre Brasília e o Acre e a implantação do horário de verão, os números da eleição presidencial só começaram a ser divulgados após as 20h, quando foram fechadas as urnas em todos os estados.
Entrada do Central das Eleições durante o programa Domingão do Faustão, com apresentação de William Bonner, Heraldo Pereira e Ana Paula Araújo, informando os dados recentes da apuração do segundo turno, 26/10/2014.
Como era um domingo, o Fantástico ficou responsável por falar sobre o resultado do pleito, entremeando reportagens com entradas direto do Central das Eleições. Os telespectadores aguardaram ansiosos até que os números foram mostrando a vitória da presidente Dilma. Às 21h, 99,34% das urnas já tinham sido apuradas e Dilma já estava reeleita, naquele momento com 51,58%. Aécio tinha 48,42%. Eram as eleições mais disputadas da nossa história.
Logo após saber do resultado, Aécio Neves – que tinha acompanhado a votação com a família, amigos e aliados na casa da irmã em Belo Horizonte – se deslocou para um hotel onde concedeu uma entrevista coletiva. Bonner informou que o candidato, antes, havia telefonado para parabenizar a candidata vitoriosa.
Ao vivo, a repórter Claudia Bomtempo acompanhou a saída de Dilma do Palácio da Alvorada. A presidente foi para um hotel próximo comentar o resultado do pleito. Do local, também ao vivo, Zileide Silva mostrou a festa do PT e de seus aliados. Em seguida, Dilma discursou ao lado do seu vice, Michel Temer, do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, do presidente do PT Rui Falcão e de outros companheiros de campanha.
Após os discursos, o Fantástico exibiu uma matéria de Marcos Losekann sobre a trajetória da candidata eleita. O repórter foi até a Bulgária conhecer os descendentes de Dilma e fez uma entrevista exclusiva com a presidente.