Desabamento de prédios no Centro do Rio

Três prédios comerciais desabaram no Centro do Rio na noite de 25 de janeiro de 2012. Vinte e duas pessoas morreram na tragédia.

Por Memória Globo


No dia 25 de janeiro de 2012, uma quarta-feira, às 20h33, três prédios comerciais desabaram no Centro do Rio de Janeiro. A tragédia aconteceu num dos trechos mais movimentados do bairro, a Avenida Treze de Maio, e deixou 22 mortos.

As causas do desabamento continuam sendo investigadas. Há evidências de que uma obra irregular, realizada no nono andar do maior dos três prédios, o Liberty, tenha causado danos na estrutura, fazendo a construção ruir e levando abaixo dois prédios vizinhos.

Patrícia Poeta ancora o Jornal Nacional diretamente da Avenida Treze de Maio e apresenta a reportagem de Paulo Renato Soares sobre o desabamento de dois prédios no Centro do Rio de Janeiro, 26/01/2012.

EQUIPE E ESTRUTURA

No dia 25 de janeiro, após o Jornal Nacional, foi ao ar um Plantão sobre os desabamentos, apresentado por Christiane Pelajo.

O Jornal da Globo entrou com a cobertura total, ao vivo, do início das buscas. Participaram dessa edição os repórteres Bette Lucchese, Eunice Ramos, Sandra Moreyra e Fabio Judice.

O Jornal Nacional do dia seguinte, 26 de janeiro, foi ancorado por Patrícia Poeta do local do desabamento. Na sexta-feira, 27, o Bom Dia Brasil também foi apresentado do Centro do Rio, por Renata Vasconcellos; assim como as duas edições do RJTV, ancoradas por Ana Paula Araújo e Márcio Gomes, respectivamente.

Ao todo, a Globo mobilizou cerca de 30 profissionais.

Em agosto de 2013, a cobertura dos desabamentos no Centro do Rio realizada pelo Jornal Nacional foi anunciada como finalista do prêmio Internacional Emmy Awards na categoria Notícias.

MOMENTOS TENSOS

“No dia 25, nos minutos finais do último bloco do Jornal Nacional, William Bonner recebeu a notícia, via Twitter, de que um prédio havia desabado no Centro do Rio. Ele pediu ao Luiz Fernando Ávila(editor-chefe adjunto) e ao Erick Brêtas (diretor de Jornalismo do Rio de Janeiro) para checarem a informação. Como não houve confirmação, não foi possível dar a notícia no JN”, recorda Ali Kamel, então Diretor da Central Globo de Jornalismo.

Após ter feito um novo plantão, Christiane Pelajo abriu o Jornal da Globo com a seguinte chamada: “Você vê aqui imagens ao vivo dos escombros dos prédios que desabaram no Rio de Janeiro. Testemunhas dizem que há soterrados. Nossos repórteres trazem todas as informações”.

A repórter Bette Lucchese entrou ao vivo, então, confirmando que haviam desabado três prédios. Também ao vivo, Eunice Ramos trouxe imagens feitas desde o Globocop, que, por causa da intensa fumaça, tinha que ficar a 5 km de distância do local. Sandra Moreyra entrevistou testemunhas do desabamento, e Fabio Judice falou diretamente do Hospital Souza Aguiar informando sobre as vítimas atendidas.

Em entrevista coletiva, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, prestou esclarecimentos sobre a situação. Por telefone, Christiane Pelajo entrevistou o Secretário Estadual da Defesa Civil, Sérgio Simões. No último bloco do telejornal, foi ao ar o vídeo feito por um cinegrafista amador logo após a queda do prédio.

A repórter Bette Lucchese, ao vivo, dá as primeiras informações sobre os desabamentos no Centro do Rio e Eunice Ramos sobrevoa o local pelo Globocop, Jornal da Globo, 25/01/2012.

CENÁRIO DE DESTRUIÇÃO

No dia seguinte, 26 de janeiro, a apresentadora Ana Luiza Guimarães abriu o Bom Dia Rio informando sobre os trabalhos realizados durante toda a madrugada. Ela esclareceu que o motivo do desabamento dos três prédios comerciais (o maior deles tinha 20 andares; os outros dois tinham dez e quatro) ainda era desconhecido.

A repórter Silvana Ramiro fez uma entrada ao vivo, direto do Globocop, enquanto Flávia Jannuzzi conversou com parentes de possíveis vítimas que buscavam notícias. O repórter André Curvello mostrou os trabalhos realizados durante a madrugada. Outras notícias sobre o desabamento, o funcionamento do trânsito no Centro do Rio e a situação dos feridos no Hospital Souza Aguiar foram dadas pelos repórteres Fernanda Graell, André Curvello, Gabriela de Palhano, Ana Paula Santos, Ana Carolina Raimundi e Alex Cunha. Foi ao ar, ainda, uma entrevista com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, sobre as possíveis causas do desabamento.

O Bom Dia Brasil daquela quinta-feira, 26 de janeiro, começou informando os novos números da tragédia: havia 15 desaparecidos e cinco feridos; duas pessoas foram resgatadas dos escombros. Os apresentadores Renata Vasconcellos e Chico Pinheiro anunciaram uma edição especial. A repórter Silvana Ramiro trouxe notícias ao vivo do local do desabamento: à luz do sol, o cenário era de guerra. Ana Paula Santos também entrou ao vivo falando sobre as interdições nos arredores do Centro do Rio de Janeiro. Ainda participaram do telejornal os repórteres Fernanda Graell, Sandra Moreyra, André Curvello, Paulo Renato Soares, Renato Machado e Alex Cunha.

Uma edição especial do RJTV – 1ª Edição foi ao ar mais cedo, uma hora antes do habitual, apresentado por Vandrey Pereira e Edmilson Ávila. A repórter Fernanda Graell mostrou, ao vivo, o trabalho das equipes de buscas. Mariana Gross, Silvana Ramiro, Ana Carolina Raimundi, Rogério Coutinho, Ana Paula Santos e André Curvello se revezaram em reportagens e entradas ao vivo para o telejornal.

A repórter Gabriela de Palhano utilizou imagens feitas por celular, de dentro da Câmara de Vereadores, onde foi montado um centro de atendimento aos parentes das vítimas. Vídeos feitos e enviados por telespectadores mostraram momentos antes e depois da queda dos prédios.

O Globo Esporte não foi exibido naquele dia. No estúdio, foram entrevistados Agostinho Guerreiro, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agricultura do Rio de Janeiro (Crea-RJ), e funcionários dos edifícios que desabaram.

“Dezessete horas de buscas”, anunciou a apresentadora Sandra Annenberg na escalada do Jornal Hoje, “Uma luta contra o tempo: bombeiros procuram vítimas nos escombros dos três prédios que desabaram no Rio de Janeiro”. O Jornal Hoje desta quinta-feira, 26 de janeiro, é especial”, completou o apresentador Evaristo Costa.

Uma matéria de André Curvello foi ao ar com imagens feitas através de uma câmera instalada no capacete de um bombeiro que participava das buscas. Equipamentos sensíveis aos ruídos e cães farejadores ajudaram na tentativa de localizar sobreviventes. Três corpos de homens já haviam sido retirados dos escombros.

A repórter Monica Teixeira informou que havia duas obras sendo feitas no prédio mais alto, uma no terceiro e outra no nono andar. Nenhuma delas possuía registro no Crea, que ia apurar quem eram os responsáveis pelas obras. As repórteres Ana Carolina Raimundi, Renata Capucci, Fernanda Graell e Mariana Gross também fizeram matérias mostrando que os prédios eram construções das décadas de 1920, 1930 e 1940, que funcionavam como comércio e escritórios.

Um Globo Notícia foi ao ar durante a tarde. O apresentador Márcio Gomes seguiu com a cobertura no RJ TV – 2ª Edição. A repórter Mônica Sanches entrou ao vivo do Largo da Carioca, atualizando a lista de vítimas: quatro mortos e 23 desaparecidos. Imagens do circuito de segurança do prédio em frente, do outro lado da rua, mostraram o exato momento dos desabamentos.

O repórter Eduardo Tchao acompanhou os inícios da investigação sobre as causas dos desmoronamentos. Flávia Januzzi entrevistou, ao vivo, o prefeito Eduardo Paes sobre as possíveis causas. A empresa de tecnologia de informação T.O. Brasil, que ocupava seis andares do prédio mais alto, o Liberty, não quis comentar sobre as obras em suas instalações.

Reportagem de Sandra Moreyra sobre as buscas por sobreviventes nos escombros dos prédios que desabaram no Centro do Rio de Janeiro, Jornal Nacional, 26/01/2012.

Reportagem de Bette Lucchese sobre as investigação das causas dos desabamentos dos prédios no Centro do Rio de Janeiro, Jornal Nacional, 26/01/2012.

Reportagem de Monica Teixeira sobre a surpreendente história de um homem que sobreviveu ao desabamento do prédio em que trabalhava no Centro do Rio de Janeiro, Jornal Nacional, 26/01/2012.

ANCORAGEM DO LOCAL

Ainda naquela quinta-feira, o Jornal Nacional foi ancorado por Patrícia Poeta diretamente da Avenida Treze de Maio. “Foi uma experiência muito diferente”, relata a jornalista. “Eu tinha muito pouco tempo de Jornal Nacional e ia ancorar pela primeira vez (fora da bancada). Lembro que havia muita fumaça. Usamos máscaras. Na hora, eu só pensava nas famílias das vítimas que estavam assistindo ao jornal, preocupada com o tom com que ia falar.”

Da bancada do telejornal, William Bonner falou sobre a repercussão da tragédia na imprensa internacional. A repórter Lilia Teles revelou a identidade de alguns dos desaparecidos, colegas que realizavam um curso na empresa de informática T.O. Brasil no horário em que os prédios ruíram. “São sempre coberturas mais difíceis. Primeiro porque você se envolve. Depois, são coberturas que exigem muito de nós. É bem triste”, relata Lilia Teles.

O repórter José Roberto Burnier informou o perfil das empresas que funcionavam no local. Patrícia Poeta encerrou o telejornal dizendo que a polícia já havia aberto inquérito para investigar os desabamentos.

Reportagem de Lília Teles sobre o drama das pessoas em busca de notícias de parentes e amigos que estavam nos prédios que desabaram no Centro do Rio de Janeiro, Jornal Nacional, 26/01/2012.

Reportagem de José Roberto Burnier sobre as empresas que funcionavam nos prédios que desabaram no Centro do Rio de Janeiro, Jornal Nacional, 26/01/2012.

A apresentadora Christiane Pelajo anunciou no Jornal da Globo: “Já são cinco mortes confirmadas e, pelo menos, 21 desaparecidos. O drama dessas famílias já dura mais de 26 horas”. Flávia Januzzi entrou ao vivo da Avenida Treze de Maio mostrando o andamento das buscas. Mônica Sanches fez uma matéria sobre os trabalhos durante a madrugada. Matérias dos repórteres Mônica Sanches, Beatriz Thielmann, Renata Ribeiro, Bette Lucchese e Sandra Passarinho completaram a cobertura do Jornal da Globo.

Na sexta-feira, dia 27 de janeiro, o Bom Dia Rio, foi apresentado por Ana Luiza Guimarães. Silvana Ramiro entrou ao vivo, do Globocop, mostrando que ainda havia focos de incêndio nos entulhos. Fernanda Graell entrevistou o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem. A sexta vítima havia sido encontrada sem vida. Vídeos amadores, feitos por transeuntes, foram mostrados em matéria de Sandra Passarinho.

O Bom dia Brasil foi ancorado por Renata Vasconcellos do local do desabamento. O apresentador Chico Pinheiro, que permaneceu na bancada, levou ao ar uma matéria que fez do prédio vizinho ao dos desabamentos, de onde se tinha uma visão completa do que havia ruído. Ainda entraram ao vivo, durante a edição, as repórteres Mariana Gross, Fernanda Graell e Silvana Ramiro.

Renata Vasconcellos entrevistou, ao vivo, o vice-presidente do Clube de Engenharia, Manoel Lapa, sobre as obras no prédio Liberty, o primeiro a cair; o tenente-coronel Rodrigo Bastos e o coronel Ronaldo Alcântra, subcomandante dos bombeiros – eles falaram sobre os trabalhos de resgate. Também foram exibidas matérias de André Curvello, Eduardo Tchao, Roberto Paiva e Edney Silvestre. O telejornal encerrou com a notícia de que o sétimo corpo havia sido encontrado.

“Havia muita fumaça. Usamos máscaras até o momento de entrar no ar. Sentimos o moral baixo das pessoas, o clima no local”, relata Renata Vasconcellos.

O RJTV – 1ª Edição também foi ancorado da Avenida Treze de Maio, pela apresentadora Ana Paula Araújo. Vandrey Pereira e Edmilson Ávila apresentaram o telejornal do estúdio. A repórter Gabriela de Palhano fez uma matéria mostrando a visita do prefeito Eduardo Paes às famílias das vítimas; enquanto Ana Paula Santos entrevistou o diretor do Centro de Operações de Trânsito, Joaquim Dinis, sobre as interdições na área.

Ana Paula Araújo seguiu ao vivo durante a edição do Jornal Hoje, apresentado por Sandra Annenberge Evaristo Costa dos estúdios de São Paulo. Ainda participaram daquela edição Renata Capucci, Monica Teixeira, Gabriela de Palhano, Fernanda Graell, Mariana Gross e Ana Carolina Raimundi.

A segunda edição do RJTV também foi ancorada ao vivo, do Centro, por Márcio Gomes. O apresentador permaneceu ao vivo também na edição do Jornal Nacional, atualizando as notícias.

O Jornal Nacional, apresentado por Patrícia Poeta e William Bonner, trouxe, além da cobertura completa, com o time de repórteres de rede, matérias dos repórteres Rodrigo Alvarez, de São Paulo, e Helter Duarte, de Nova York.

No Jornal da Globo, Christiane Pelajo informou que, apesar de terem sido retirados 15 corpos do local do desabamento, ainda havia 12 pessoas desaparecidas. A repórter Sandra Passarinho entrevistou, ao vivo, o comandante Sérgio Simões, secretário estadual da Defesa Civil do Rio de Janeiro, que revelou planos para concluir a remoção dos escombros. A repórter Beatriz Thielmann fez uma matéria sobre as investigações das causas do desabamento. A reforma no nono andar do edifício Liberty era apontada como a causa mais provável. Sérgio Alves, sócio da empresa de informática T.O., que ocupava o andar, reconheceu que a planta da reforma tinha sido feita por uma gerente administrativa e não possuía laudo de um engenheiro.

Naquele domingo, o Fantástico mostrou imagens feitas por pedestres, com câmeras de celular, do momento em que os prédios ruíram no Centro. Em seguida, a história de três sobreviventes foi contada em reportagem de Felipe Santana. A repórter Monica Teixeira mostrou as irregularidades nas obras feitas pela empresa T.O.

ACAREAÇÃO

Uma semana depois dos desabamentos, todos os jornais de rede lembraram a tragédia, reiterando que cinco pessoas ainda estavam desaparecidas. Dois meses após, uma matéria no Jornal Nacional mostrou a acareação entre os operários que trabalhavam na obra da empresa T.O. e seu diretor, Sérgio Alves. Quatro paredes estruturais haviam sido derrubadas na obra do nono andar – uma das prováveis causas do desmoronamento.

Em 24 de janeiro de 2013, o Ministério Público Estadual denunciou seis pessoas pelo desabamento do Edifício Liberdade. Ao todo, 22 pessoas morreram, e cinco permanecem desaparecidas.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ali Kamel (25/03/2012), Lilia Teles (10/09/2012), Patrícia Poeta (09/03/2012), Renata Vasconcellos (12/03/2012) e William Bonner (07/03/2012); Bom Dia Brasil (26 e 27/01/2012 e 27/02/2012); Fantástico (10/04/2011 e 01/05/2011); Globo Notícia (26/01/2012); Jornal da Globo (26 e 27/01/2012 e 27/02/2012); Jornal Hoje (26 e 27/01/2012 e 27/02/2012); Jornal Nacional (26 e 27/01/2012 e 27/02/2012 e 26/03/2012); RJTV 1ª e 2ª edições (26 e 27/01/2012 e 27/02/2012).