Na noite do dia 10 de novembro de 2009, 18 estados do Brasil e algumas cidades do Paraguai ficaram às escuras. Um curto-circuito provocado possivelmente por um raio desligou três linhas de alta tensão, que distribuíam a energia produzida na usina de Itaipu para as principais regiões do país. Como consequência, a hidrelétrica binacional foi desligada.
O apagão afetou 60 milhões de brasileiros e durou entre 4 minutos (em Sergipe) e mais de 7h (no Rio de Janeiro). A região Sudeste foi a que mais sofreu com o blecaute: em São Paulo e no Rio, trânsito caótico, falta de transporte público, onda de assaltos e problemas no abastecimento de água deixaram a população assustada.
A Globo cobriu o incidente e seus desdobramentos em todos os telejornais. A cobertura do Jornal Nacional trouxe um panorama completo das polêmicas e consequências e da falta de energia no Brasil, se tornando finalista do Prêmio Emmy Internacional.
Reportagens sobre os transtornos causados pelo apagão elétrico que atingiu vários estados do Brasil em 2009. Jornal Nacional, 11/11/2009.
EQUIPE E ESTRUTURA
Todos os telejornais da Globo acompanharam o desenrolar do apagão que deixou no escuro mais de 60 milhões de brasileiros, na madrugada do dia 10 de novembro. Com a cidade de São Paulo ainda sem energia, o Jornal da Globo investigava as causas do blecaute. No Rio e em São Paulo, Sandra Passarinho e Wallace Lara no Globocop conseguiram imagens exclusivas da dimensão do problema, assim como Tiago Eltz tentava informações oficiais, na hidrelétrica de Itaipu.
Reportagem de Giuliano Tamura sobre a falta de um gerador na maior maternidade de Bauru que pôs em risco a vida dos bebês durante o apagão, Jornal Nacional, 11/11/2009.
Naquela madrugada, a afiliada da Globo em Bauru, a TV Tem, emprestou um gerador de energia a uma maternidade para que mantivessem funcionando algumas máquinas de respiração na UTI pediátrica, conforme mostrou reportagem de Giuliano Tamura ao JN. Em Brasília, a repórter Cristina Serra acompanhou durante todo o dia seguinte a movimentação do governo, a fim de conseguir informações oficiais sobre as causas do problema.
A edição do Jornal Nacional do dia 11 de novembro, assim como dos dois dias seguintes, investigou ao máximo os problemas e as causas do apagão. A cobertura foi finalista do Prêmio Emmy Internacional 2010, e envolveu vários jornalistas. Entre eles, André Luiz Azevedo, Bette Lucchese, Cesar Galvão, Delis Ortiz, Ernesto Paglia, Graziela Azevedo, Paulo Renato Soares.
DESTAQUES
Primeiras notícias
A usina de Itaipu parou pela primeira vez em 25 anos. Responsável pela produção de 20% da energia consumida no país, a hidrelétrica desligou as máquinas, seguida por outras usinas menores, deixando 18 estados brasileiros no escuro, em efeito dominó. Na madrugada do dia 10 para o dia 11 de novembro, o Jornal da Globo apurou ao vivo as primeiras notícias sobre o apagão. “Foi às 22h15 minutos, hora de Brasília, que começou o problema com a energia elétrica. E, desde aquele momento, há quase duas horas e meia, as autoridades não sabem dizer o que aconteceu com a eletricidade em boa parte do país”, anunciou William Waack, na bancada.
Os repórteres Veruska Donato, Wallace Lara e Sandra Passarinho deram a dimensão do blecaute: o aeroporto de Congonhas permanecia às escuras, assim como o Centro da cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro – onde estabelecimentos comerciais foram fechados e os serviços de trens e metrôs, suspensos. Sem poder voltar para casa e com medo de assaltos, pessoas se agrupavam em lugares seguros, à espera do retorno da luz. Tiago Eltz, em Foz do Iguaçu, observou que o problema foi nos circuitos de transmissão de Itaipu, ressaltando que ainda não havia nenhuma informação oficial.
O dia seguinte
Trânsito caótico, gente presa em elevadores, policiais fora de delegacias e pacientes sendo transferidos de hospitais sem energia elétrica. As primeiras horas do dia 11 de novembro foram conturbadas. “O apagão levou ao caos mais de 60 milhões de brasileiros na noite de ontem”, anunciou Renato Machado logo cedo, no Bom Dia Brasil. O telejornal mostrou quais foram as localidades mais atingidas e como estava a situação no país naquele momento, além de trazer entrevistas com os responsáveis pelo sistema elétrico brasileiro. Renata Vasconcellos questionou: “Estamos vulneráveis”? Em declaração oficial, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, respondeu que não.
A Globo seguiu investigando. A cobertura completa foi ao ar no Jornal Nacional com as primeiras informações oficiais do governo, que alegavam que o apagão foi causado por um curto-circuito advindo do mau tempo. Repórteres em todo o Brasil ofereceram um panorama da situação: no Rio de Janeiro, as bombas de abastecimento de água pararam, o que deixou alguns bairros com as torneiras vazias. Na grande São Paulo, ainda durante o dia, semáforos não funcionaram, o que piorou o tráfego na cidade, conforme apontou a reportagem de Paulo Renato Soares. Em Vitória, no Espírito Santo, o Corpo de Bombeiros recebeu dezenas de ligações de pessoas pedindo socorro por terem ficado presas em elevadores, de acordo com a matéria de Roger Santana.
O apagão também suscitou acusações entre políticos. Em Brasília, Delis Ortiz ouviu parlamentares que, ora cobravam mais investimentos federais no setor energético, ora defendiam a complexidade do sistema elétrico brasileiro.
Teorias controversas
O governo demorou 21 horas para dar uma explicação à imprensa sobre o ocorrido. No fim do dia 12 de novembro, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez um pronunciamento oficial alegando que o sistema de Itaipu fora desligado devido a consequências do mau tempo, conforme mostrou a reportagem de Júlio Mosquéra ao JN daquela noite. Segundo o governo, uma tempestade de raios no interior de São Paulo provocou um curto-circuito na subestação elétrica de Itaberá (por onde a energia produzida em Itaipu era redistribuída), desligando as outras estações e fazendo com que o blecaute se espalhasse por 18 estados.
Na mesma edição, o JN ouviu um pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que fez uma análise da tempestade: o raio mais próximo caiu a 2km de distância das linhas de transmissão e se tratava de uma descarga de pequena intensidade.
No dia 13, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou, cobrando uma investigação sobre as causas do apagão. O mesmo foi exigido por parte do Ministério Público Federal. Conforme apontou a reportagem de Cristina Serra, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avaliaria as hipóteses: se o sistema foi ou não atingido por um raio; se houve uma sobrecarga de energia no sistema de Itaipu e por que o apagão atingiu proporções tão grandes.
Reportagem de Júlio Mosquéra sobre as causas e consequências do apagão que atingiu 18 estados brasileiros, Jornal Nacional, 12/11/2009.
Reportagem de Cristina Serra com a primeira declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o apagão, cobrando investigação sobre as causas do blecaute, Jornal Nacional, 13/11/2009.
A causa do acidente
No dia 4 de dezembro, o INPE apresentou um estudo informando que as chances de descargas elétricas terem incidido diretamente sobre as linhas de transmissão eram quase nulas. Consultado pelo Jornal Nacional, o ONS afirmou que o Instituto não poderia informar sobre consequências de fenômenos naturais nas redes de transmissão e manteve a informação oficial: o curto-circuito na subestação de Itaberá foi causado pelo mau tempo.
FONTES
Bom Dia Brasil 11/11/2009. Jornal Hoje 11/11/2009. Jornal da Globo 10/11/2009, 11/11/2009. Jornal Nacional 11/11/2009, 12/11/2009, 13/11/2009, 14/11/2009, 4/12/2009, 28/10/2010. Site http://g1.globo.com/Sites/Especiais/0,,17814,00.html; |