Acidente aéreo Gol

Em setembro de 2006, um avião da Gol desapareceu na Floresta Amazônica com 154 pessoas a bordo. Era o maior desastre da aviação brasileira até então.

Por Memória Globo


Em 29 de setembro de 2006, o Boeing da Gol, que fazia o voo 1907, partira de Manaus com destino ao Rio de Janeiro e escala em Brasília. Antes de pousar na capital federal, no entanto, o avião se chocou no ar com um jato Legacy, e caiu na Serra do Cachimbo, no Sul do Pará, na divisa com o Mato Grosso. A aeronave de pequeno porte, que levava sete passageiros, conseguiu pousar. Mas o Boeing entrou numa queda vertiginosa, despedaçando-se no ar, sem deixar sobreviventes.

O acidente desencadeou uma crise no setor aéreo brasileiro. Insatisfeitos, os controladores de voo, apontados como um dos responsáveis pela tragédia, protestaram contra as condições de trabalho. Com centenas de atrasos e cancelamentos de voos, o caos tomou conta dos principais aeroportos do país durante os meses seguintes. Os controladores chegaram a fazer um motim, paralisando suas operações. O governo adotou medidas emergenciais, e, em maio de 2007, foi criada a CPI do Apagão Aéreo no Congresso Nacional para investigar a crise.

Carlos de Lannoy, ao vivo, atualiza as informações sobre o acidente com o avião da Gol, e Júlio Mosquera dá detalhes sobre o desaparecimento da aeronave, Jornal da Globo, 29/09/2006.

O colapso do setor aéreo acabou derrubando o ministro da Defesa Waldir Pires em julho de 2007, após outro acidente. Desta vez com um Airbus da TAM, no aeroporto de Congonhas, que deixou 199 mortos. 

EQUIPE E ESTRUTURA

A cobertura do desastre envolvendo o Boeing 737-800 da Gol e o jato Legacy mobilizou as equipes de jornalismo de São Paulo, Brasília e também da afiliada da TV Globo no Mato Grosso, a TV Centro América. Os principais telejornais da emissora acompanharam, diariamente, as operações de busca e resgate dos corpos e as investigações para apurar os responsáveis pelo acidente.

Silvia Faria, na época diretora de jornalismo da TV Globo Brasília, lembra que logo que a Aeronáutica confirmou a queda do avião, a equipe começou a organizar ida para o local onde foram encontrados os destroços. “Era no meio da mata, onde não havia base nenhuma para transmissão. Com a ajuda da equipe de engenharia, tentamos colocar o equipamento num avião fretado, mas não houve jeito, a antena não entrava, mesmo depois de tirarmos todos os bancos da aeronave. Passamos então a madrugada negociando com as afiliadas, para ver quem poderia mandar uma equipe por terra, pois não adiantava a gente chegar lá sem ter como transmitir”, conta Silvia.

De São Paulo, Erick Brêtas, então editor-chefe do Jornal da Globo, ajudou a coordenar essa mobilização de equipe. Os repórteres Eunice Ramos e Renato Biazzi, da afiliada TV Centro América (MT), foram enviados ao local do acidente, onde permaneceram por 18 dias, hospedados na Fazenda Jarinã, que serviu de base para as operações militares. Em Brasília, a equipe de jornalismo acompanhou o andamento das investigações sobre a causa do acidente.

AS PRIMEIRAS NOTÍCIAS

O Jornal Nacional de 29 de setembro já estava no ar quando os primeiros rumores de que um avião da Gol não pousara no horário certo em Brasília chegaram à redação. Para não criar pânico na população, a TV Globo optou por não noticiar o possível desaparecimento da aeronave até que fossem apurados, com exatidão, o número e a rota do vôo.

“Nós estávamos no meio do telejornal quando veio a notícia de que havia um avião sumido. Só que ninguém sabia qual era o avião. Paramos de fazer o jornal – o Bonner e a Fátima, naturalmente, continuaram – e passamos a tentar obter, desesperadamente, três informações: quais eram o avião, a rota e o número do voo. Porque eu não posso dizer: ‘Sumiu um avião. Tem 60 mil pessoas voando nesse exato momento no Brasil, qualquer uma delas pode estar nesse voo’. Eu não posso fazer isso. Quando conseguimos fechar essa informação, às 20h55, demos completamente, sem nenhum erro”, explica Ali Kamel, na época diretor executivo da Central Globo de Jornalismo.

Quando o número do voo e a rota foram obtidos oficialmente, o JN já havia terminado. Mas um plantão, apresentado por William Waack, interrompeu a programação da emissora para noticiar o sumiço do Boeing 737-800 da Gol: “A Agência Nacional de Aviação Civil acaba de informar que um avião da Gol que ia de Manaus para Brasília desapareceu. O avião saiu no começo da tarde de Manaus e deveria ter chegado ao aeroporto de Brasília às 18h12, o que não aconteceu. A companhia aérea Gol já confirmou que uma de suas aeronaves está desaparecida. Outras informações, a qualquer momento, em nossa programação e a cobertura completa no Jornal da Globo.”

Dezoito minutos depois, um novo plantão deu novas informações: “O Brigadeiro Bueno, o Comandante da Aeronáutica, informou que houve um choque entre duas aeronaves esta tarde; uma delas era uma avião da Gol que fazia o voo 1907. A aeronave saiu de Manaus, deveria ter chegado ao aeroporto de Brasília às 18h12, o que não aconteceu. A Força Aérea Brasileira deslocou aeronaves para uma operação de buscas na região da Serra do Cachimbo, no sul do Pará, no meio da Floresta Amazônica. Segundo o Brigadeiro Bueno, havia 155 pessoas a bordo do avião da Gol. A aeronave menor que participou do choque fez um pouso de emergência no aeroporto.”

Plantão apresentado por William Waack às 20h57 com as primeiras notícias sobre o acidente com o avião da Gol, 29/09/2006.

Na ocasião, a revista Carta Capital publicou uma matéria criticando a cobertura da TV Globo, afirmando que o Jornal Nacional daquela noite optou por não dar a notícia do acidente com o avião da Gol para não ofuscar a reportagem sobre a prisão de petistas que tentavam comprar um dossiê com falsas acusações contra os tucanos dois dias antes das eleições presidenciais.

JORNAL DA GLOBO

Quando o Jornal da Globo foi ao ar, já havia-se confirmado mais detalhes do acidente. O telejornal trouxe a cobertura completa do desaparecimento do avião da Gol. A reportagem de Júlio Mosquera mostrou, inclusive, uma reconstituição do que teria acontecido no ar com as duas aeronaves. O repórter se recorda dos esforços da equipe de Brasília para conseguir as informações sobre o desastre: “Até pouco antes da matéria do Jornal da Globo ir ao ar, ainda estávamos apurando detalhes. Foi um dia muito tenso na redação, porque queríamos dar a notícia, mas não havia ainda a confirmação total das informações que tínhamos. E o avião caíra em um lugar sem muito contato”.

Durante o telejornal, o repórter Carlos de Lannoy fez entradas ao vivo, direto de Brasília, atualizando as informações. A Força Aérea Brasileira já havia iniciado uma operação de busca, mobilizando cinco aviões com radares capazes de localizar a aeronave desaparecida durante a noite.

Segundo uma fonte qualificada, com quem o apresentador William Waack havia conversado, o Boeing da Gol voava a mais de 11 mil metros de altitude quando, provavelmente, chocou-se com o avião executivo que vinha na direção inversa e na mesma altitude. O jato Legacy pousou na pista da Base Aérea de Cachimbo (PA), poucos minutos depois do desaparecimento da aeronave da Gol, com a ponta da asa direita bastante danificada.

A LOCALIZAÇÃO DOS DESTROÇOS

A mata fechada dificultou a localização do avião. Apenas na manhã de sábado, 30 de setembro, foram encontrados os destroços do Boeing 737-800, como informou um plantão da TV Globo. A Força Aérea Brasileira confirmou que partes da aeronave estavam a 200 quilômetros do município de Peixoto de Azevedo (MT), próximo à área indígena caiapó Capoto/Jarina, no Alto Xingu. Até aquele momento não havia informações sobre as vítimas.

Reportagens de Zileide Silva, Sandra Moreyra, Rogério Corrêa e Eunice Ramos sobre as investigações das causas do acidente com o avião da Gol e sobre as dificuldades enfrentadas pelas equipes de resgate, Jornal Nacional, 30/09/2006.

Quando o Jornal Hoje entrou no ar, a repórter Eunice Ramos estava em Matupá, cidade próxima ao local do acidente. Por áudio tape, ela deu informações sobre o trabalho das equipes de busca. No final daquela edição do telejornal, a equipe da TV Centro América, afiliada da TV Globo, já estava em Peixoto de Azevedo, onde médicos de prontidão aguardavam a chegada de possíveis feridos. Apenas no fim da tarde de sábado, no entanto, os primeiros homens conseguiram se aproximar dos destroços do avião. Não havia sobreviventes. Os corpos começaram a ser resgatados no domingo, numa operação que durou quase dois meses e envolveu cerca de 800 pessoas.

Os repórteres Renato Biazzi e Eunice Ramos informam sobre o resgate dos corpos e as possíveis causas do desastre com o avião da Gol, Fantástico, 01/10/2006.

As dificuldades enfrentadas pelas equipes de resgate em meio à floresta amazônica e a investigação das causas do acidente foram os temas das reportagens exibidas pelo Jornal Nacional naquela noite. Uma das questões levantadas era por que os pilotos de duas aeronaves modernas, que dispunham de equipamentos sofisticados, não teriam percebido a aproximação do outro avião.

O Fantástico de 1º de outubro, dia das eleições, também deu destaque ao acidente em seu noticiário. Naquele domingo foram divulgadas as primeiras fotos dos trabalhos de resgates nos destroços do Boeing. Uma nota oficial do Ministério da Defesa e da Aeronáutica afirmava que não havia sobreviventes.

Os repórteres Renato Biazzi e Eunice Ramos, da TV Centro América, estavam na Fazenda Jarinã, onde a FAB instalou sua base de operações. De lá, os dois deram as informações sobre o resgate dos corpos e as possíveis causas do desastre. Após as primeiras análises da caixa preta do jato Legacy envolvido no acidente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que os dois aviões colidiram no ar.

ACOMPANHANDO AS INVESTIGAÇÕES

O desastre com o avião da Gol desencadeou uma crise no setor aéreo do país. Nas semanas que se seguiram, o Bom Dia Brasil, o Jornal Hoje, o Jornal Nacional e o Jornal da Globo deram amplo destaque ao fato, com reportagens sobre o resgate das vítimas e também sobre as investigações das possíveis causas do acidente.

Uma reportagem de Heraldo Pereira revela detalhes do relatório da Aeronáutica sobre o acidente com o avião da Gol dois dias antes de o documento ser divulgado, Jornal Nacional, 14/11/2006.

A reportagem de Renato Biazzi exibe com exclusividade imagens da operação de resgate das vítimas do acidente com o avião da Gol, Fantástico, 08/10/2006

As duas caixas-pretas do Boeing 737-800 foram localizadas na segunda-feira, 2 de outubro, como informou o JN daquela noite. Mas apenas no dia 19 daquele mês foram divulgadas as primeiras informações. Segundo o ministro da Defesa, Waldir Pires, os dados confirmavam que o equipamento do Legacy que deveria informar ao centro de controle aéreo a altitude do jato estava desligado na hora da colisão.

O Jornal Nacional teve acesso ao relatório da Aeronáutica sobre o acidente dois dias antes de o documento ser divulgado. A reportagem de Heraldo Pereira, exibida em 14 de novembro, mostrou que não havia um responsável e sim uma série de fatores que havia levado à colisão dos aviões.

Em 9 de maio de 2007, foi concluído o inquérito da Polícia Federal sobre o acidente com o voo 1907 da Gol. A investigação, como mostrou a reportagem de Eunice Ramos no Jornal Nacional daquela noite, indiciou os dois pilotos americanos do Legacy como os responsáveis pelo choque entre as duas aeronaves. A PF também sugeriu que os controladores de voo que estavam trabalhando no Cindacta I, em Brasília, no momento do acidente, fossem investigados pela Aeronáutica. Segundo o delegado Renato Sayão, havia indícios de que eles não tinham adotado os procedimentos de segurança obrigatórios. Dez dias depois, o JN exibiu com exclusividade imagens das telas dos radares dos centros de controle do tráfego aéreo de Brasília e de Manaus que mostravam o momento exato do choque entre o Boeing e o Legacy.

A reportagem de Gioconda Brasil exibe com exclusividade imagens das telas de radares que mostravam o momento exato do choque entre o Boeing da Gol e o Legacy, Jornal Nacional, 19/05/2007.

CAOS AÉREO

O caos que tomou conta dos principais aeroportos do país a partir dos protestos dos controladores de voo, as medidas adotadas pelo governo para tentar contornar a crise e a CPI do Apagão Aéreo também foram tema de inúmeras matérias levadas ao ar pelos principais telejornais da emissora.

Uma reportagem exibida pelo Jornal Nacional em 2 de novembro de 2006, por exemplo, mostrou o que já estava se tornando rotina nos aeroportos brasileiros desde o início da crise no setor. Com uma câmera escondida, o repórter cinematográfico Caio Coutinho fez uma viagem de Brasília ao Rio de Janeiro, na qual enfrentou atraso de três horas, passageiros irritados com a falta de informação e sala de embarque lotada.

Em 30 de março de 2007, os controladores de voo iniciaram uma paralisação. Foram suspensas todas as decolagens no Sudeste e Centro Oeste do país, deflagrando mais uma vez o caos nos principais aeroportos, como mostraram as reportagens do Jornal da Globo naquela noite.

Em junho de 2007, no auge da crise no setor, a ministra do Turismo Marta Suplicy deu uma declaração polêmica durante o lançamento do Plano Nacional de Turismo. “Relaxa e goza” – esse foi o conselho que a ministra deu aos turistas para enfrentar os transtornos nos aeroportos na hora de viajar.

Em julho de 2007, após o acidente com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas que deixou 199 mortos, Nelson Jobim assumiu o Ministério da Defesa no lugar de Waldir Pires.

IMAGENS INÉDITAS E ENTREVISTAS EXCLUSIVAS NO FANTÁSTICO

Com reportagens especiais, imagens inéditas e entrevistas exclusivas, a cobertura do Fantástico também merece destaque. No domingo, 8 de outubro de 2006, o programa exibiu com exclusividade imagens da operação de resgate na Serra do Cachimbo, liberadas pela Aeronáutica. Além disso, o repórter Eduardo Faustini teve acesso ao depoimento oficial dos pilotos e dos passageiros do Legacy à Polícia Civil. O programa procurou especialistas para tentar entender as causas da colisão das duas aeronaves no ar.

A reportagem de Renato Biazzi exibe com exclusividade imagens da operação de resgate das vítimas do acidente com o avião da Gol, Fantástico, 08/10/2006

O repórter Eduardo Faustini divulga detalhes de documentos da Polícia Civil, com depoimentos dos envolvidos no acidente com o avião da Gol, Fantástico, 08/10/2006.

Também em 8 de outubro, a FAB autorizou, pela primeira vez, o sobrevoo na área do acidente. Não foi permitido descer no local, mas de dentro do helicóptero, os repórteres Renato Biazzi e Marcos Alves conseguiram mostrar os destroços da aeronave espalhados no meio da floresta.

Na semana seguinte, a equipe da TV Globo acompanhou a viagem até o lugar exato do acidente, onde foi realizado um culto ecumênico em homenagem às vítimas. Na ocasião, foi levada uma imagem de Nossa Senhora Aparecida até o local dos destroços da aeronave. Após uma viagem de 15 minutos, o grupo desembarcou numa clareira aberta na mata pelos militares, onde permaneceu por mais 15 minutos. A reportagem foi exibida pelo Fantástico em 15 de outubro.

Após ouvir as denúncias de pilotos e controladores de voos, o repórter Valmir Salaro embarcou num jatinho para comprovar a existência de um ponto cego no espaço aéreo brasileiro. Na companhia de um repórter cinematográfico, ele partiu de Brasília com destino a Serra do Cachimbo, exatamente onde aconteceu o acidente com o Boeing da Gol, e onde haveria dificuldades de comunicação com as aeronaves.

Cerca de oito meses após o acidente, o repórter Valmir Salaro conversou com exclusividade com os dois controladores de voo do Cindacta de Brasília. Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivando Alencar, que dividiam o radar no momento do acidente, estavam sendo acusados de serem os responsáveis pelo desastre. Era a primeira vez que os dois falavam. A reportagem foi exibida pelo Fantástico em 3 de junho de 2007.

Em 2 de setembro de 2007, mês que completaria um ano do acidente, o Fantástico exibiu imagens inéditas, feitas pela FAB, das operações de resgate, numa reportagem de Álvaro Pereira Jr.

OS RESPONSÁVEIS

Em dezembro de 2008, mais de dois anos após o desastre, foi divulgado o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da FAB. Além de responsabilizar o controle nacional de tráfego aéreo pelo acidente, o documento apontou falhas dos pilotos do Legacy, os norte-americanos Joe Lapore e Jan Paladino.

Apenas em março de 2011 os pilotos foram ouvidos pela Justiça Federal brasileira. Em maio, Jan Paladino e Joe Lapore foram condenados em primeira instância a quatro anos e quatro meses de regime semiaberto pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo na modalidade culposa. Mas em outubro de 2012 essa pena, que havia sido convertida em serviços comunitários, foi diminuída para três anos e um mês em regime aberto.

A Justiça também condenou um dos quatro controladores de vôo envolvidos no acidente – Lucivando Tibúrcio de Alencar recebeu uma pena de três anos e quatro meses em regime aberto. Os outros três foram absolvidos.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ali Kamel (21/05/2007), Erick Brêtas (20/06/2011), Júlio Mosquéra (05/04/2011), Silvia Faria (12/11/2012), William Bonner (09/03/2009 e 23/03/2009); “Acidente da Gol: Legacy desligou o transpoder” In O Globo, 07/12/2008; “Tragédia da Gol: cinco anos e nenhuma prisão” In O Globo, 26/09/2011; Bom Dia Brasil, 16/10/2012; Fantástico, 01/10/2006, 08/10/2006, 15/10/2006, 10/12/2006, 03/06/2007, 02/09/2007; Jornal da Globo, 29/09/2006, 19/10/2006, 30/03/2007, 16/05/2011, 19/05/2011; Jornal Hoje, 30/09/2006; Jornal Nacional¸ 30/09/2006, 02/10/2006, 19/10/2006, 02/11/2006, 14/11/2006, 09/05/2007, 19/05/2007, 13/06/2007, 25/07/2007, 06/12/2008, 31/03/2011.