Bastidores

O cenário do céu era branco, cercado de luzes, transparências e objetos brilhantes e metálicos. O visual lembrava uma repartição pública, um deboche com o atraso tecnológico dos países mais pobres.

Por Memória Globo


ABERTURA

A abertura de 'Deus nos Acuda' satiriza a corrupção no Brasil mostrando um mar de lama invadindo o salão em que se realiza uma festa da alta sociedade. O set de gravação foi construído como uma gaiola suspensa sobre uma piscina, com o chão feito de arame vazado para permitir que a lama – isopor ralado, anilina e álcool – cobrisse os convidados à medida que o cenário era mergulhado na piscina. Em seguida, por computação gráfica, um rodamoinho misturava o salão a outros elementos, como aviões, iates e lanchas, e tudo ia sendo escoado por um ralo, que, ao final, transformava-se no contorno do mapa do Brasil. O país que desce pelo ralo, na realidade, é um tanque em forma de Brasil, com água marrom descendo até o fundo.

Deus nos Acuda (1992): Abertura

Com duração de 75 segundos, a abertura exigiu um trabalho minucioso de Hans Donner e sua equipe. Foram utilizadas cinco câmeras na gravação: três presas nas paredes do cenário, para descerem junto com ele; uma no teto, registrando a cena de cima para baixo; e outra sobre uma plataforma de isopor, que passeava entre os convidados da festa. Cada descida da gaiola na piscina durava 17 segundos, e a cena só podia ser rodada uma vez ao dia, já que as roupas dos modelos tinham que ser lavadas a cada gravação.

Deus nos Acuda: bastidores

4 fotos
Bastidores da gravação da abertura de 'Deus nos Acuda'

PRODUÇÃO

A novela teve cenas gravadas no exterior. As externas do cruzeiro em que Maria (Claudia Raia) e Ricardo (Edson Celulari) se apaixonam foram gravadas no navio Norway, no Caribe. As sequências de interior foram todas feitas em estúdio. Os cenários reproduziram fielmente os corredores e quartos do navio.

Claudia Raia em Deus nos Acuda, 1992 — Foto: Acervo/Globo

CENOGRAFIA E PRODUÇÃO DE ARTE

O cenário do céu era branco, cercado de luzes, transparências e objetos brilhantes e metálicos. A sala de trabalho de Celestina (Dercy Gonçalves) e Gabriel (Cláudio Corrêa e Castro) eram bem diferentes. Celestina ficava instalada no corredor do Terceiro Mundo e tinha uma sala bagunçada, repleta de aparelhos de televisão velhos e danificados. O visual lembrava uma repartição pública, um deboche com o atraso tecnológico dos países mais pobres. Gabriel, por sua vez, ficava no corredor do Primeiro Mundo, e assistia a tudo o que acontecia na Terra através de sofisticados equipamentos, repletos de comandos e controles de última geração.

Dercy Gonçalves e Cláudio Corrêa e Castro em Deus nos Acuda, 1992 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

Para dar a impressão de que o cenário estava sobre nuvens, a produção usou gelo seco. Foram necessários mais de 600 kg nos primeiros dias de gravação.

A cidade cenográfica reproduzia os arredores do porto de Santos, em São Paulo. Construída em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, ocupava uma área de aproximadamente 18.000m2.

Jorge Fernando e equipe técnica durante gravação de Deus nos Acuda, 1992 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS

O personagem Nicolau (João Rebello), um trombadinha adotado por Baby (Glória Menezes), foi criado para se falar do problema do menor abandonado e do preconceito social que o cerca mesmo depois da adoção.

João Rebello em Deus nos Acuda, 1992 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO

'Deus nos Acuda' teve consultoria de estilo de Danuza Leão.