PRODUÇÃO
Ambientada em São Paulo, A Favorita teve cenas gravadas na Praça da Sé, no Parque do Ibirapuera, no Teatro Municipal, no Vale do Anhangabaú, na Penitenciária Feminina Sant’Ana, na Universidade de São Paulo (USP), no viaduto Santa Efigênia e no distrito do Brás, entre outras locações.
A Estância Villa Santa Maria, na Argentina, foi escolhida para ilustrar o rancho da família Fontini. Ali foram realizadas as primeiras gravações da novela, contando com a participação dos atores Mauro Mendonça, Claudia Raia, Glória Menezes, Mariana Ximenes, Murilo Benício, Bel Kutner, Ary Fontoura e Patrícia Pillar.
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
A figurinista Marie Salles seguiu duas vertentes para criar os figurinos de Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia). Na primeira fase da trama, a vilã apresentou um figurino reduzido e atemporal, como se tivesse parado no tempo após passar 18 anos presa. Donatela, por sua vez, usou elementos com inspiração country e referências nos desfiles de moda da Europa, antecipando tendências do inverno 2009: abusava do couro, dos tecidos finos e do dourado, mas com um toque de perua, adequado a sua personalidade.
Quanto aos atores, destacam-se os figurinos de Dodi (Murilo Benício) – composto por ternos claros, chamativas camisas de cores fortes e um anel e uma pulseira inseparáveis – e o de Augusto César (José Mayer), inspirado no visual de roqueiros como Bob Dylan, John Lennon e Keith Richards.
A figurinista buscou inspiração nos seus tempos de adolescente para criar as peças de Lara (Mariana Ximenes), personagem com um visual marcadamente masculino.
O estilo urbano foi representado por Alícia (Taís Araújo), que mesclava tendências mostradas em desfiles com o look das ruas, importante referência da indústria da moda.
O figurino da família de Maria do Céu (Deborah Secco), além de passar por um envelhecimento para caracterizar o desgaste das roupas, resultou de consulta a livros como Jardim Gramacho, de Marcos Prado, e Mulheres e Movimentos, de Claudia Ferreira e Claudia Bonan.
Algumas atrizes tiveram que mudar o visual para compor seus personagens. Para viver Alícia, Taís Araújo alongou os cabelos com entrelaçamento e adotou o corte com franja, além de sempre aparecer com muita maquiagem, recurso encontrado pelo supervisor de caracterização Alê de Souza – que disse ter se inspirado na cantora britânica Amy Winehouse – para conferir um ar transgressor à personagem.
Deborah Secco recorreu ao megahair e escureceu os fios. Christine Fernandes, pela primeira vez, ficou morena, por conta da personagem Rita. Mariana Ximenes, para ficar com um ar juvenil, clareou ainda mais os fios e os cortou bem curtos. Segundo Alê, o corte foi inspirado no visual de Mia Farrow no filme O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby, 1968), de Roman Polanski.
Lilia Cabral contou que abriu mão de sua vaidade para viver a humilde e submissa Catarina. A atriz não usava maquiagem em cena.
Murilo Benício também passou por uma transformação: pintou levemente os cabelos, para ficar grisalho, depois os descoloriu.
Patrícia Pillar ganhou uma tatuagem fictícia com a figura de uma estrela com asas nas costas.
CENOGRAFIA E ARTE
Cinco núcleos de cidade cenográfica foram criados para a novela: a vila operária da indústria de Gonçalo (Mauro Mendonça), o sítio de Augusto César (José Mayer), uma parte da cidade de São Paulo, a favela de Maria do Céu (Deborah Secco) e a estufa de Irene (Glória Menezes), uma área envidraçada contendo 250 vasos de orquídeas. No total, dez mil² de área construída na Central Globo de Produção, no Projac.
O maior núcleo era o da vila operária, com cinco mil², 28 casas e estabelecimentos como barbeiro, cabeleireiro, loja de vídeo, armazém e farmácia. As casas eram de madeira, seguindo a filosofia da fictícia indústria de papel e celulose, que ainda mantinha uma reserva florestal com árvores de reflorestamento. Para dar vida à reserva, a equipe do diretor de arte Mário Monteiro trouxe do Paraná (PR) 60 pinheiros de oito metros.
As casas ganharam interiores, como a biblioteca de Copola (Tarcísio Meira), um dos ambientes mais destacados da vila, transformado em centro cultural com espaço para comportar cinco mil livros.
A redação do jornal O Paulistano se destacou entre os ambientes adereçados pela equipe da produtora de arte Angela Melman. Reprodução de uma redação real, o cenário foi preenchido com papéis, livros e todos os apetrechos que costumam fazer parte das mesas de jornalistas. Do logotipo aos cadernos das diversas editorias do jornal, todas as marcas visuais foram desenvolvidas pela equipe de produção de arte.
O núcleo de São Paulo representado pela cenografia ganhou reproduções dos trechos mais antigos da cidade, além do bar de Pepe Molinos (Jean Pierre Noher), ponto de encontro de vários personagens.
Para deixar o naturalista Augusto César em contato permanente com a natureza, a equipe de cenografia construiu no Projac uma casa envidraçada, em formato geodésico, com oito metros de altura e 12 de diâmetro. Também foi criada uma horta orgânica, onde foram plantados alface, couve e temperos em geral.
Também merece destaque o quarto de Alícia (Taís Araújo), decorado com peças do universo da toy art, bijuterias maleáveis e material de tinta e desenhos. Apesar de morar em uma casa com móveis clássicos, a personagem era uma artista plástica, o que permitiu maior liberdade de criação. Uma cabeça de alce, teoricamente criada pela personagem, foi encomendada ao artista pernambucano Beto Kelner, especialista em trabalhos com arame.