A narrativa, baseada no romance homônimo de Márcio Souza, é dividida em dois grandes núcleos principais, separados geograficamente: enquanto uma parte da história se passa no meio da Floresta Amazônica, durante a construção da estrada de ferro, a outra trama tem como pano de fundo o Rio de Janeiro do início do século XX, então capital federal. Através desses dois cenários opostos, 'Mad Maria' mostra o cotidiano dramático dos homens que trabalham duro para finalizar a ferrovia, contrastando-o com o glamour e a efervescência da vida dos políticos e empresários da capital, como o americano Percival Farquhar (Tony Ramos).
Autoria: Benedito Ruy Barbosa | Direção: Amora Mautner | Direção-geral: Ricardo Waddington e José Luiz Villamarim | Direção de núcleo: Ricardo Waddington | Período de exibição: 25/01/2005 – 25/03/2005 | Horário: 23h | Nº de capítulos: 35
Abertura da minissérie Mad Maria (2005).
TRAMA PRINCIPAL
A trama da minissérie começa em 1911, um ano antes da finalização da estrada de ferro. Na Floresta Amazônica, um triângulo amoroso formado por Consuelo (Ana Paula Arósio), Richard Finnegan (Fábio Assunção) e Joe Caripuna (Fidellis Baniwa) conduz a narrativa. A pianista Consuelo sofre um naufrágio nas corredeiras do rio Madeira junto com o marido, Alonso (Gabriel Tacco), quando tentavam atravessar as perigosas cachoeiras transportando um piano de cauda. Tudo para realizar o sonho de Consuelo: levar o piano até Guajará-Mirim, onde ela e o marido tinham uma casa. A travessia era arriscada, mas Alonso queria realizar o desejo de seu grande amor. Com o acidente, Alonso morre. Consuelo penetra na selva e passa a viver dias de angústia e perigo. Fraca, ferida e muito doente, é encontrada pelos operários que trabalham na construção da ferrovia e levada à enfermaria do acampamento. Ali, ela consegue se recuperar do trauma que sofreu e, aos poucos, reinicia sua vida.
TRAMAS PARALELAS
Luiza (Priscila Fantin) é uma jovem que vê sua vida mudar inteiramente ao conhecer o influente Juvenal de Castro (Antonio Fagundes). Ministro da Viação e Obras Públicas do Governo Hermes da Fonseca (Othon Bastos), J. de Castro é um homem importante, ético e incorruptível, respeitado no meio político e que almeja ser eleito governador da Bahia. Luiza mora com os pais, Maria (Ester Jablonski) e Antônio (Gilbert Stein), em Mata Cavalo, bairro do centro da capital federal, onde trabalha na venda da família. Um contratempo leva Juvenal de Castro a passar por ali e cruzar com a jovem, por quem fica encantado. Alguns dias depois, Luiza recebe um convite do ministro para ir morar em uma casa em São Cristóvão. Com o tempo, Luiza descobre que J. de Castro é casado há muitos anos com Amália (Cássia Kiss), e pressente que ele nunca abandonará a mulher para assumi-la.
BASTIDORES
A minissérie foi gravada nos mesmos locais onde se passa a trama original, no pequeno vilarejo de Abunã e na cidade de Santo Antônio, em Rondônia. Para as gravações foram reconstruídos seis quilômetros de trilhos que estavam soterrados por barro e mato. A Mad Maria, máquina que abriu a estrada de ferro, foi reformada.
CURIOSIDADES
Como o mosquito transmissor da malária costuma atacar ao amanhecer e ao anoitecer, a equipe procurava gravar a minissérie a partir das 8h e nunca passar das 17h, como lembra o ator Fábio Assunção. A estrada de ferro foi construída no coração da Floresta Amazônica, cortando a selva, e modificou a vida da região. A ferrovia atendia a interesses políticos e comerciais de autoridades nacionais e estrangeiras e custou a vida de milhares de trabalhadores, que durante anos se dedicaram à construção.
TRILHA SONORA
A trilha sonora da minissérie foi orquestrada e dirigida por Alberto Rosenblit. Para as sequências que retratavam a construção da estrada de ferro, Paulinho Santos, do grupo mineiro Uakiti, criou uma trilha especial, assim como para as cenas do Rio de Janeiro, pontuadas por canções de Alberto Rosenblit.
CENAS MARCANTES
Mad Maria: Juvenal conhece Luiza
Mad Maria: Percival Farquhar
Mad Maria: Stephan Collier encontra dificuldades
Reportagem de Renata Ceribelli sobre a história do empreendimento Madeira-Mamoré, retratado na minissérie Mad Maria, Fantástico, 24/10/2004.
Fontes
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ana Paula Arósio (05/06/2006), Emília Duncan (19/06/2006) e Fábio Assunção (04/04/2006); Boletim de programação da Rede Globo, de 27/09/2004, 25/10/2004, 25/01/2005; COHEN, Marleine. Uma saga amazônica: através da minissérie Mad Maria. São Paulo, Editora Globo, 2005; CORRÊA, Elena. “Religião e traição nos caminhos de um líder” In: O Globo, 06/02/2005; FERNANDES, Lílian. “De corpo, alma e emoção” In: O Globo, 02/01/2005; GONZALEZ, Amélia. “Uma obra que deve ir para a estante” In: O Globo, 27/01/2005; MACHADO, Cassiano Elek. “Mad Maria” In: Folha de S.Paulo, 23/01/2005; “Madeira-Mamoré, 366 quilômetros de puro descaso no meio da selva” In: O Estado de S.Paulo, 23/01/2005; “Maria vai com as outras” In: O Estado de S.Paulo, 23/01/2005; “Série dá Ibope nas livrarias” In: O Estado de S.Paulo, 13/02/2005; TEIXEIRA, Jerônimo. “Senhora dos best-sellers” In: Veja, 23/02/2005; www.redeglobo.globo.com/series/madmaria, acessado em 12/2006; www.teledramaturgia.com.br, acessado em 12/2006. |