Abertura da minissérie JK (2006).
A abertura de JK foi toda idealizada e produzida a partir do trabalho do arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pelos projetos da capital brasileira durante o governo de Juscelino Kubitschek. Na primeira imagem da abertura, o telespectador tinha a impressão de que os traços estavam sendo desenhados na hora. Através de efeitos de computação gráfica, um balé de linhas transforma a imagem do Complexo da Pampulha, obra de Niemeyer, em uma silhueta de mulher. Deste novo desenho, os traços mais uma vez se movimentam, para então mostrar as obras de Brasília. Em seguida, a abertura mostra o logotipo da minissérie, preenchido por uma imagem em 3D do Memorial JK. Oscar Niemeyer aprovou a abertura da minissérie, que teve como trilha sonora a cantiga popular Peixe Vivo,na voz de Milton Nascimento, uma das canções preferidas de Juscelino. A versão da música foi feita especialmente para a minissérie.
FIGURINO
Fotografias, jornais de época e entrevistas com pessoas que viveram os anos retratados pela história foram usados como referência para desenhar o visual dos personagens da minissérie. Para marcar a mudança de época, a equipe apostou na variação bem definida das cores. Em Diamantina, quando a dura infância e juventude de Juscelino e sua família é mostrada, a opção foram os tons de bege, com tecidos rústicos e mais pesados. Quando a ação da minissérie começou a se desenvolver em Belo Horizonte, a equipe passou a utilizar a cor branca.
No período em que o país vive tempos de euforia, próximo e posteriormente à posse de Juscelino, as cores usadas pelos personagens eram fortes e vibrantes. Por último, quando a história mostra os anos de 1970, com Juscelino exilado, o tom predominante era o cinza.
Em pesquisas, a figurinista Emilia Duncan descobriu que a primeira-dama Sara Kubitschek (Débora Falabella/Marília Pêra) era um farol da moda. O que ela vestia tornava-se referência e era estampado em revistas. Dona Sara era amiga de Mena Fiala, então diretora-geral das Casas Canadá. Era Mena a responsável pelo guarda-roupa de Sara, enquanto primeira-dama. O vestido da posse, por exemplo, foi todo bordado com raminhos de café.
O maior desafio para a equipe de caracterização foram as passagens de tempo. Alguns personagens participam de décadas da trama, e só mesmo o trabalho de caracterização pôde garantir semelhança entre os diferentes atores que viveram um mesmo personagem. A atriz Julia Lemmertz, por exemplo, que interpreta a mãe de JK na primeira fase e em parte da segunda fase da minissérie, envelhece em um processo lento, com detalhes sutis, para que o telespectador perceba, progressivamente, a passagem do tempo.
A Revolução de 1932 também exigiu atenção especial da equipe de caracterização e maquiagem. Muitos homens se feriam nas batalhas, o que demandava uma maquiagem bem realista. Além disso, as imagens de explosões, fogo e tiro cruzado também mereceram cuidados extras. Houve um trabalho de pesquisa sobre o poder bélico dos estados na época e qual o poderio de fogo de cada tropa. Para algumas cenas foram utilizados efeitos especiais.
CENOGRAFIA
Um dos maiores trabalhos da equipe de cenografia de JK foi mostrar, através da televisão, o processo de construção de lugares já edificados, como o Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte, e a cidade de Brasília.
A equipe responsável pela cenografia construiu, nos estúdios do Projac, uma maquete retratando o projeto da Pampulha e outra, de Brasília. Essa última tinha o tamanho de um campo de futebol e foi utilizada como cenário. A minissérie mostrou todas as etapas de construção da capital federal. Em proporções vinte vezes menores, a maquete contava com um grande painel de chroma key que possibilitava, através de computação gráfica, a inserção de pessoas e objetos em cena. A passagem em que Juscelino chega ao Planalto Central foi gravada em Queimados, na Baixada Fluminense.
Para compor os ambientes, a equipe de produção de arte buscou objetos em brechós, lojas especializadas e feiras de antiguidade. A casa de Dona Júlia (Julia Lemmertz/ Ariclê Perez) em Diamantina, por exemplo, era simples, sem luxos. Já a casa de Sarah (Débora Falabella/Marília Pêra), em Belo Horizonte, exigia adereços mais pomposos para os cenários. Ali, objetos art déco e art nouveau marcavam a sofisticação da tradicional família mineira.
Para ambientar a cidade mineira de Tiradentes, seis ruas receberam tratamento especial da equipe cenográfica. Casas e estabelecimentos comerciais ganharam nova pintura. Em muitos casos, a intenção era a de dar um aspecto envelhecido às construções. Quando as gravações chegaram ao fim, a equipe reconstituiu a decoração original da cidade.
PRODUÇÃO
A maior parte das cenas da infância e juventude de Juscelino foi gravada na cidade mineira de Tiradentes. Juscelino nascera em Diamantina, Minas Gerais, mas Tiradentes, tombada como Patrimônio Histórico Nacional em 1938, possui ruas e lugarejos que retratam melhor uma cidade mineira do início do século XX, quando começa a história.
A minissérie também teve cenas gravadas em Diamantina e em Belo Horizonte, além de Santos, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Para as gravações na capital mineira, cerca de 100 profissionais, entre elenco e equipe técnica, foram deslocados do Rio de Janeiro. Foram gravadas diversas cenas, entre elas a da chegada de Juscelino na estação ferroviária de Belo Horizonte para fazer o concurso de telegrafistas dos Correios. Em Santos, o bonde da cidade e a rua do Comércio serviram de locações para uma sequência de cenas que retratavam Belo Horizonte nas décadas de 1920 e 1940.