Dalva e Herivelto, Uma canção de Amor

Minissérie biográfica mostrou a relação profissional e de amor entre dois grandes representantes da época de ouro do rádio no Brasil.

Por Memória Globo


Paixão, traição, ciúme, agressão e momentos de grande dramaticidade marcaram a minissérie Dalva e Herivelto, Uma Canção de Amor, estrelada por Adriana Esteves e Fábio Assunção, e que exibiu, em cinco capítulos, a conflituosa história de amor vivida pela cantora Dalva de Oliveira e pelo compositor Herivelto Martins, dois ícones do samba-canção no Brasil.

Ela, considerada uma das maiores cantoras nacionais; ele, um compositor de mão cheia, autor de clássicos como Ave-Maria no Morro e Praça Onze (esta, em parceria com Grande Otelo). A trama do casal serviu como fio condutor para a apresentação de um painel da história do país e do mundo entre as décadas de 1930 e 1970, especialmente da era do rádio no Brasil que, entre 1930 e 1950, mobilizou multidões com a mesma força alcançada depois pela televisão. A minissérie, baseada em fatos reais, mostra como o encontro dos dois mudou o curso de suas vidas e marcou a história da música popular brasileira.

Dalva de Oliveira, batizada Vicentina, nasceu em Rio Claro, no interior de São Paulo, e, após a morte do pai, mudou-se para a capital do estado com a mãe, Alice (Denise Weinberg), e as três irmãs menores. Mas foi no Rio de Janeiro que consolidou sua carreira, já ao lado de Herivelto Martins. Foram 13 anos de casamento, com desentendimentos que, após a separação, culminaram em trocas de acusações em público, refletidas tanto nas canções compostas por Herivelto como nas músicas interpretadas por Dalva, entre elas, composições de Ataulfo Alves e Nelson Cavaquinho.

Abertura da minissérie Dalva e Herivelto, 2010.

A música de abertura da minissérie, Dois Corações, de Herivelto Martins e Valdemar Gomes, traz Dalva de Oliveira e Pery Ribeiro cantando juntos. A parceria de mãe e filho foi possível graças ao produtor musical Sérgio Saraceni, que inseriu a voz do cantor em uma gravação de Dalva cantarolando, à capela, em uma entrevista dada ao Museu da Imagem e do Som (MIS). Saraceni separou a voz da cantora, ajustou-a nos tempos, chamou Pery e colocou a base (piano, baixo, bateria e violão), os sopros (trompas, trombones e trompetes) e as cordas (12 violinos, quatro violas e dois cellos).

Minissérie de: Maria Adelaide Amaral | Escrita por: Maria Adelaide Amaral, Geraldo Carneiro e Leticia Mey | Direção: Dennis Carvalho e Cristiano Marques | Direção-geral e Núcleo: Dennis Carvalho | Período de exibição: 04/01/2010 – 08/01/2010 | Horário: 22h | Número de capítulos: 5

PRODUÇÃO

A produção da minissérie foi precedida por uma minuciosa pesquisa sobre a vida de Dalva (Larissa Manoela/Adriana Esteves) e Herivelto (Fábio Assunção), realizada pelas pesquisadoras Letícia Mey e Madalena Prado. Bibliografias, jornais, revistas e arquivos das famílias serviram de referência para o trabalho. A pesquisa ainda envolveu a leitura de biografias dos personagens principais e de outras personalidades da época, das correspondências amorosas trocadas entre Herivelto e Lurdes (Maria Fernanda Cândido), dos artigos da série “Por que deixei Dalva de Oliveira” – escritos por Herivelto na coluna do jornalista David Nasser (Jandir Ferrari) logo após a separação –, e das matérias polêmicas publicadas sobre o divórcio litigioso do casal.

Dalva e Herivelto — Foto: TV Globo

Uma pesquisa audiovisual em acervos, como o da Cinédia, resultou na reunião de fotos e gravações musicais da época, além dos depoimentos em áudio de Herivelto, Dalva e Grande Otelo (Nando Cunha) gravados pelo Museu da Imagem e do Som (MIS). Amigos e familiares dos protagonistas também foram entrevistados na fase de pesquisas.  A minissérie foi gravada em locações na cidade do Rio de Janeiro, em Niterói e em Petrópolis, região serrana do Rio. Os principais shows, que na vida real foram realizados no extinto Cassino da Urca, foram gravados no Palácio Quitandinha, em Petrópolis, que ganhou um projeto cenográfico para as gravações. Também são cenários da história os teatros Carlos Gomes e João Caetano, além do auditório da Rádio Mayrink Veiga.

No início da trama, Adriana Esteves usava cabelos longos e mal cuidados para ilustrar Dalva de Oliveira em sua fase jovem e pobre. A atriz fez permanente nos cabelos e usou produtos na pele para ficar mais morena. Na fase madura, em que Dalva estava no auge, Adriana usou uma peruca feita à mão, com cabelos crespos como o de Dalva. Na fase de decadência da cantora, outra peruca foi utilizada, desta vez loira com raiz escura. Para esse período, a equipe de caracterização trabalhou o rosto, as mãos e o pescoço da atriz com próteses de látex. A partir de 1965 na trama, a atriz usou uma terceira peruca, com coloração grisalha, além de uma cicatriz no rosto, consequência do acidente de carro sofrido por Dalva. Os visuais foram complementados com lentes de contato verdes.

Adriana Esteves e Fábio Assunção em Dalva e Herivelto, Uma canção de Amor, 2010 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

Durante as pesquisas para a minissérie, a equipe de produção de arte descobriu algumas curiosidades sobre Dalva de Oliveira, por exemplo. Ela tinha preferência por rosas amarelas, e o seu perfume favorito era a essência francesa Fleur de Rocaille. A equipe também descobriu que, em 1951, a cantora chegou a ter quatro carros: um Jaguar, um Austin, o primeiro modelo de Fusca e um Oldsmobile. Ela também gostava de cristais, toalhas da Ilha da Madeira e móveis Chipandelle, objetos presentes na minissérie.

Adriana Esteves, Ellen Roche e fábio Assunção em em Dalva e Herivelto, Uma canção de Amor,2010. — Foto: Thiago Prado Neris/ Globo

Fábio Assunção fez aulas de violão e canto por quase dois meses para interpretar Herivelto Martins. O ator contou com a assessoria do cantor e violinista Alfredo Del-Penho, fez aula de voz com Ester Elias e esteve com a atriz e professora de interpretação Camila Amado, em uns quatro encontros, o que também o ajudou na composição do personagem. O ator gostou tanto da experiência que aceitou entrar em estúdio para gravar músicas que fariam parte do CD da minissérie, que acabou não sendo lançado.

Fábio Assunção e Maurício Xavier em Dalva e Herivelto, Uma canção de Amor, 2010 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

Cena em que Dalva (Adriana Esteves) acha um brinco de outra mulher no carro e briga com Herivelto (Fábio Assunção). A discussão termina na cama.

Cena com Dalva de Oliveira (Adriana Esteves), Herivelto Martins (Fábio Assunção) e Nilo Chagas (Maurício Xavier): o Trio de Ouro se apresenta no Cassino da Urca.

Cena em que, durante um voo, Herivelto (Fábio Assunção) conhece Lurdes (Maria Fernanda Cândido).

Cena que reproduz um concurso no Carnaval de 1942, no Clube Fluminense: Ataulfo Alves (Pedro Lima) canta “Ai, que saudade da Amélia”, concorrendo com “Praça Onze”, executada por Herivelto Martins (Fábio Assunção) e Grande Otelo (Nando Cunha).

Cena em que Dalva (Adriana Esteves), já internada no hospital, sonha com a visita de Herivelto (Fábio Assunção).

FONTES

Boletim de Programação da Rede Globo, 15/09/2009 – 29/03/2010; FURLANETO, Audrey. “’Não estou voltando’, diz ator Fábio Assunção” In Folha de S.Paulo, 07/10/2009; VILLALBA, Patrícia. “Tapas, beijos e sambas” In O Estado de S.Paulo, 18/11/2009; GERMANO, Gabriela. “Cartas na mesa” In O Dia, 29/11/2009; KOGUT, Patrícia. “’Dois Corações’” In Controle Remoto, O Globo, 07/01/2010; PRADO, Antonio Carlos e FILHO, Francisco Alves. “Paixão, traição e música nos anos 40” In IstoÉ, 02/12/2009; PAIXÃO, Sara. “A mulher que acalmou o músico” In O Dia, 03/12/2009; VON KORSCH Natalia. “Fafi Siqueira na pele de Dercy” In O Dia, 10/12/2009; BRISO, Caio Barretto. “Série envelhece elenco em 40 anos” In Folha de S.Paulo, 03/01/2010; “Uma canção de amor e ódio” In Jornal do Brasil, 03/01/2010; LEITÃO, Gustavo. “Canções de amor e mágoa” In O Globo, 03/01/2010; DOBBS, Fabio. “A voz do Brasil” In O Dia, 03/01/2010; VON KORSCH Natalia. “O herdeiro da voz” In O Dia, 01/01/2010; VILLALBA, Patrícia. “O cenógrafo que reabriu o Cassino da Urca” In O Estado de S.Paulo, 04/01/2010; SCHENKER, Daniel. “Esmero e cuidado, longe da correria rotineira das novelas” In Jornal do Brasil, 06/01/2010; PADIGLIONE, Cristina. “’Dalva e Herivelto’, trama bem narrada” In O Estado de S.Paulo, 06/01/2010; JIMENEZ, Keila. “Dalva não é Dalva” In O Estado de S.Paulo, 07/01/2010; DUARTE, Alessandra, XEXÉO, Artur e PIMENTEL, João. “A estrela Adriana” In O Globo, 09/01/2010; NETO, Lira. “Crítica/ ‘Dalva e Herivelto’ In Folha de S.Paulo, 11/01/2010; “Outro Canal – Filha de Dalva que mora na favela processa a Globo” In Folha de S.Paulo, 19/01/2010; PAIXÃO, Sara. “Filha de Dalva processa a Globo” In O Dia, 20/01/2010; “Dalva e Herivelto – Bastidores” In www.bravoonline.com.br, 12;2009; STYCER, Mauricio. “Sem ousadia, ‘Dalva e Herivelto’ privilegia caso de amor e minimiza trajetória dos artistas” In www.televisão.uol.com.br, 05/01/2010; ROCHA, Marcela. “Filho de Dalva e Herivelto: Biografia foi catarse dolorosa” In www.terramagazine.terra.com.br, 08/01/2010; “Outro Canal: Computador retoca favela em ‘Viver a Vida’” In http://www.folha.uol.com.br/folha/ilustrada, 05/02/2010; www.redeglobo.globo.com, www.dalvaeherivelto.globo.com; WWW.oglobo.globo.com/cultura/revistadaTV, WWW.wikipedia.com.br; www.teledramaturgia.com.br; www.somlivre.com.br; www.dicionariompb.com.br; www.raizesmpb.folha.com.br, http://www.youtube.com/watch?v=YoCRDww9i2Q , acessados em 07/2010.