Em 2007, já havia 100 brasileiras no quadro de árbitros da Fifa. Mas foi 40 anos antes, em 1967, que uma mulher abriu os caminhos: a mineira Léa Campos foi a pioneira. Naquele ano, ela foi a primeira mulher a comandar um jogo de futebol.
O repórter Roberto Kovalic encontrou Léa morando em Nova Jersey, nos EUA. Ela contou que se orgulhava por nunca ter sido vaiada em campo. Pelo contrário: muita gente ia ao estádio por curiosidade, para vê-la apitar.
Mas não foi fácil conseguir realizar esse feito. Apesar de ter concluído o curso de formação, ela foi impedida de participar da formatura e receber o diploma. Fez o que pôde e foi bater na porta do presidente militar daquele momento, o Médici. Teve medo de ser presa, mas acabou saindo com uma carta escrita de próprio punho a seu favor.
Antes deste ofício, Léa ganhou vários concursos de beleza. Ainda assim, fez questão de mandar um recado para a bandeirinha Ana Paula, que havia tirado fotos sensuais para uma revista masculina havia pouco tempo. Léa foi enfática, dizendo para a moça deixar o futebol e seguir carreira de modelo, para não prejudicar tantas mulheres que estavam lutando para conseguir trabalhar em campo.
A carreira de Léa foi abreviada por um acidente de ônibus, em 1974, que a deixou numa cadeira de rodas por dois anos. Ao ir para os EUA para fazer um tratamento, ela acabou conhecendo o marido e ficou por lá.
Baú do EE: Em 2007, Lea Campos, primeira árbitra de futebol do mundo, comenta carreira. 'Esporte Espetacular', 19/08/2007