“Quando você fala sobre o comunismo para quem não viveu, parece que está mentindo. Mas, a partir do momento que pisamos em Moscou, com a nossa equipe, que era uma equipe grande, você não podia visitar seu companheiro no andar de baixo ou no mesmo andar. Você só podia se encontrar com o cara no saguão. Imagina, para nós, essa realidade. É um choque. Você era revistado na entrada, na saída; você era revistado o dia todo. Aquilo era uma pressão psicológica. A diferença de fuso-horário era muito grande. A gente fazia 4h, 5h da manhã, para entrar ao vivo aqui 23h da noite. Sem falar da dificuldade do idioma, você não entendia absolutamente nada. Foi um perrengue”, conta Luciano do Valle, locutor esportivo.
A Globo enviou para Moscou três repórteres: Marcelo Matte, Monika Leitão e o correspondente Roberto Feith, que trabalhava no escritório de Londres. O diretor da Central Globo de Jornalismo na ocasião, Armando Nogueira, foi para Moscou dirigir a cobertura, que contou com os narradores Ciro José, Luciano do Valle e Fernando Vanucci; os repórteres cinematográficos Reynaldo Cabrera, Daniel Andrade e Mário Ferreira; e os coordenadores Leonardo Gryner e Teti Alfonso. Ciro José foi o responsável pela supervisão geral das transmissões.
Outros profissionais que trabalharam nas transmissões da Olimpíada de Moscou foram Dante Matiussi (chefe de reportagem e editor); Fernando Guimarães (produtor executivo e editor); J. Hawila (editor, narrador, repórter e comentarista); Armando Augusto e Luiz Antonio (editores); Antonio Carvalho, José Ayres, Carlos Alberto Rossetto, Jair Batista, Alberto Fernandes e Jorge Vicente (operadores de VT); Carlos Justino e Felipe Fraga (editores de imagem).
“Foi uma Olimpíada muito sem graça, porque ela foi vítima de um boicote comandado pelo [Jimmy] Carter [então presidente norte-americano] em sinal de protesto contra a invasão da União Soviética no Afeganistão. Então, o Carter conseguiu cooptar países pra não ir pra Moscou. Isso provocaria uma represália de Moscou, da União Soviética, nos Jogos Olímpicos de 84 em Los Angeles, quando também Cuba e esses países de grande importância e expressão olímpica não foram, solidários com a União Soviética”, afirma Armando Nogueira, então diretor de Jornalismo da Globo.