Para quem achava que as competições nos jogos olímpicos de 2020/21 seriam enfraquecidas por conta da pandemia, houve boas surpresas. (Leia sobre os brasileiros em Medalhas do Brasil.)
Resumão olímpico: veja os fatos que marcaram as Olimpíadas de Tóquio. G1 Mundo, 06/08/2021
Recorde feminino no atletismo
Elaine Thompson-Herah, por exemplo, fez história. Pela primeira vez, uma mulher defendeu os títulos dos 100m e dos 200m na mesma edição, conquistando a medalha de ouro nas duas provas. A velocista jamaicana ainda quebrou o recorde olímpico nos 100m.
Equiparando recorde de 70 anos na natação
Outra mulher que teve resultado marcante em Tóquio foi Emma McKeon. A nadadora australiana igualou o recorde de número de medalhas em uma só edição, que era de Mariya Gorokhovskaya, nos jogos de Hensinque, em 1952. A atleta de ginástica artística conquistou, naquele ano, sete medalhas, sendo dois ouros. Em 2021, a nadadora conquistou o ouro nos 50m livre, nos 100m livre, no revezamento 4x100 livre e no revezamento 4x100 medley. Além disso, ganhou mais três bronzes.
Ouro compartilhado no salto em altura
A final do salto em altura masculino teve um resultado inusitado. Mutaz Barshim, do Catar, e Gianmarco Tamberi, da Itália, optaram por dividir o lugar mais alto do pódio no lugar de seguir disputando, em um mata-mata. Os dois atletas, que são amigos, levaram, portanto, duas medalhas de ouro.
Saúde mental
Um dos temas mais comentados de Tóquio 2020 foi a desistência da ginasta Simone Biles, que fora um dos grandes destaques das Olimpíadas do Rio, e seu retorno para levar o bronze em uma das provas.
A atleta norte-americana, então com 24 anos, retirou-se de três das quatro finais de aparelhos para focar em sua saúde mental. “Eu faço parecer que a pressão não me afeta, mas, às vezes, é difícil", chegou a dizer em suas redes sociais. Depois, retornou à competição para participar da final na trave. Conquistou uma medalha de bronze, a sétima de sua carreira.
Outra estrela daqueles jogos, a tenista japonesa Naomi Osaka se despediu do torneio precocemente ao ser derrotada pela tcheca Marketa Vondrousova, também deixando claro que enfrenta problemas emocionais. Número 2 do ranking mundial, ela acendeu a pira Olímpica no início dos jogos e se revelou uma ativista pela saúde mental dos atletas.
Superação no heptatlo
A britânica Katarina Johnson-Thompson chegou a Tóquio com o status de campeã mundial do heptatlo. Porém, não foi bem, principalmente pelo que aconteceu nos 200m rasos da competição. Ela se lesionou, foi ao chão e ficou chorando na pista. Quando seria retirada em cadeira de rodas, rejeitou e insistiu em terminar o percurso. Foi muito aplaudida, mas acabou desclassificada por ter invadido a raia vizinha na queda.
Uma final inesquecível
A final dos 400m com barreiras nas Olimpíadas de Tóquio 2020, em que o brasileiro Alison dos Santos conquistou o bronze, foi considerada por muitos a maior da prova em todos os tempos. Afinal, os atletas do pódio terminaram abaixo do recorde olímpico até aquele momento. O norueguês Karsten Warholm estabeleceu novo recorde mundial (45s94) com o ouro, o americano Rai Benjamin fez 46s17, e Alison correu para 46s72, novo recorde sul-americano.
Scola ovacionado em despedida da Argentina
Campeão olímpico em Atenas 2004, Luis Scola se aposentou da seleção argentina de basquete masculino e recebeu uma despedida à altura. Na derrota da Argentina para a Austrália, que decretou a eliminação da equipe, o ala-pivô de 41 anos saiu de quadra no último minuto e chorou ao ser homenageado. O jogo parou, e atletas e até árbitros e oficiais se levantaram para aplaudir o jogador.
Protestos
Os protestos estavam no centro do debate porque o Comitê Olímpico Internacional (COI) costumava proibi-los durante os Jogos Olímpicos. Após grande pressão, principalmente por parte de atletas dos EUA, o comitê permitiu que esses registros acontecessem — mas não nas cerimônias de pódio.
No início, como o COI pediu, as manifestações ficaram fora do pódio: jogadores de futebol e rúgbi se ajoelharam antes do apito inicial das partidas para protestar contra o racismo, e o mesmo gesto marcante se repetiu por parte de uma ginasta da Costa Rica. Atletas alemãs da mesma modalidade vestiram uniformes longos contra a sexualização do esporte feminino.
A atitude das atletas germânicas foi tema de uma reportagem do ‘Fantástico’ exibida em 25 de julho. A matéria mostrou que o movimento começou no campeonato europeu, em abril, liderado pela ginasta Sarah Voss. O g1 também deu destaque ao movimento.
Para além dos protestos, a diversidade se mostrou de forma inédita nas Olimpíadas: nunca os jogos foram tão igualitários na divisão entre homens e mulheres participantes: elas representaram 48,8% do total.
Além disso, foi a competição com o maior número de atletas declaradamente LGBTQIA+, algo visto com naturalidade nas entrevistas e na participação dos competidores nas redes sociais: o site OutSports fez um levantamento que indicou que, naquele ano, foram, pelo menos, 160 atletas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer e não binários assumidos. Os dois últimos Jogos juntos somavam 79.
Dois atletas transgênero competiram nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Ao receber o ouro com o Canadá no futebol feminino, Quinn se tornou a primeira trans não binária a ganhar medalha em Jogos Olímpicos. E Laurel Hubbard, da Nova Zelândia, participou da categoria até 87kg do levantamento de peso feminino -- falhou em todas as tentativas e se aposentou do esporte após a estreia olímpica.