Por Memória Globo


  • O reconhecimento de equívocos na cobertura da Globo em importantes momentos da vida política brasileira está exposto em Erros. Nesta seção são explicadas as decisões tomadas pela emissora, levando em conta o contexto nacional da época. A transparência foi adotada a fim de evitar que novos erros sejam cometidos e também não permitir que informações possam ser mal interpretadas pelo público.

1989

Em 1989, os brasileiros foram às urnas para escolher o novo presidente da República. Era a primeira eleição presidencial pelo voto direto, depois de 29 anos. O pleito foi bastante disputado. Havia 23 candidatos, entre os quais estavam os líderes dos principais partidos políticos.

Antes do primeiro turno das eleições, a Globo realizou, no programa Palanque Eletrônico, entrevistas com os dez principais candidatos à Presidência. O programa tinha uma hora de duração e era gerado, ao vivo, do estúdio de São Paulo. O primeiro entrevistado foi: 1. Ulysses Guimarães (28/08/1989); seguido por 2. Afif Domingos (29/08/1989); 3. Roberto Freire (30/08/1989); 4. Ronaldo Caiado (31/08/1989); 5. Paulo Maluf (01/09/1989); 6. Aureliano Chaves (04/09/1989); 7. Luiz Inácio Lula da Silva (05/09/1989); 8. Leonel Brizola (06/09/1989); 9. Fernando Collor (07/09/1989); e 10. Mário Covas (08/09/1989).

Entrevista com Ulysses Guimarães, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 28/08/1989.

Entrevista com Ulysses Guimarães, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 28/08/1989.

Entrevista com Afif Domingos, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 29/08/1989.

Entrevista com Afif Domingos, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 29/08/1989.

Entrevista com Roberto Freire, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 30/08/1989.

Entrevista com Roberto Freire, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 30/08/1989.

Entrevista com Ronaldo Caiado, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 31/08/1989.

Entrevista com Ronaldo Caiado, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 31/08/1989.

Entrevista com Paulo Maluf, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 01/09/1989.

Entrevista com Paulo Maluf, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 01/09/1989.

Entrevista com Aureliano Chaves, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 04/09/1989.

Entrevista com Aureliano Chaves, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 04/09/1989.

Entrevista com Luiz Inácio Lula da Silva, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 05/09/1989.

Entrevista com Luiz Inácio Lula da Silva, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 05/09/1989.

Entrevista com Leonel Brizola, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 06/09/1989.

Entrevista com Leonel Brizola, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 06/09/1989.

Entrevista com Fernando Collor, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 07/09/1989.

Entrevista com Fernando Collor, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 07/09/1989.

Entrevista com Mário Covas, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 08/09/1989.

Entrevista com Mário Covas, ao vivo, do estúdio de São Paulo, Palanque Eletrônico, 08/09/1989.

No primeiro turno, Fernando Collor (PRN) saiu vitorioso, com 20,6 milhões de votos (o equivalente a 28% do total). Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu 11,6 milhões de votos (16,08% do total), conquistando a outra vaga do segundo turno numa disputa apertada com Leonel Brizola (PDT), que obteve 11,1 milhões de votos, apenas 454.445 a menos (cerca de 0,5% do total de votos).

Entre o primeiro e o segundo turno da eleição, houve dois debates entre os candidatos Collor e Lula, transmitidos por um pool de emissoras. Nenhum deles foi realizado em estúdios da Globo. O primeiro foi na TV Manchete, no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro. O segundo, no dia 14, nos estúdios da TV Bandeirantes, em São Paulo. Os dois debates foram transmitidos na íntegra das 21h30 às 24h, pelas quatro principais emissoras de televisão do país: Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT. 

Assista à versão integral dos dois debates com os candidatos à Presidência da República:

ÍNTEGRA DO PRIMEIRO DEBATE (03/12/1989):

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (1º Bloco)

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (1º Bloco)

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (2º Bloco)

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (2º Bloco)

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (3º Bloco)

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (3º Bloco)

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (4º Bloco)

Primeiro debate Collor x Lula, 03/12/1989. (4º Bloco)

ÍNTEGRA DO SEGUNDO DEBATE (14/12/1989):

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (1º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (1º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (2º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (2º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (3º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (3º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (4º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (4º Bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (5º bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (5º bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (6º bloco)

Segundo debate Collor x Lula, 13/12/1989. (6º bloco)

No dia seguinte à sua exibição ao vivo e na íntegra, a Rede Globo apresentou duas matérias com edições do último debate: uma no Jornal Hoje e outra no Jornal Nacional.

Matéria com a edição do debate Collor x Lula, Jornal Hoje, 14/12/1989.

Matéria com a edição do debate Collor x Lula, Jornal Hoje, 14/12/1989.

Matéria com a edição do debate Collor x Lula, Jornal Nacional, 14/12/1989.

Matéria com a edição do debate Collor x Lula, Jornal Nacional, 14/12/1989.

As duas foram questionadas. A primeira por apresentar um equilíbrio que não houve, e a segunda por privilegiar o desempenho de Collor. Mas foi a segunda que provocou grande polêmica. A Globo foi acusada de ter favorecido o candidato do PRN tanto na seleção dos momentos como no tempo dado a cada candidato, já que Fernando Collor teve um minuto e meio a mais do que o adversário.

O PT chegou a mover uma ação contra a emissora no Tribunal Superior Eleitoral. O partido queria que novos trechos do debate fossem apresentados no Jornal Nacional antes das eleições, como direito de resposta, mas o recurso foi negado. Em frente à sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro, atores da própria emissora, junto com outros artistas e intelectuais, protestaram contra a edição.

Jornal do Brasil, 16/12/1995

Imprensa, 06/1995

No entanto, a própria liderança do PT, apesar de não admitir a derrota, reconheceu que Lula não se saíra bem no confronto com Collor. Como noticiou o Jornal do Brasil, antes mesmo da edição do Jornal Nacional ser criticada, “um sentimento de frustração marcara as avaliações que o comando da campanha petista fazia sobre a participação de Lula no debate com o candidato do PRN”(JB, 16/12/1989). Seis anos depois, em entrevista à revista Imprensa, José Genoino afirmou que o desempenho de Lula tinha sido, realmente, ruim (Imprensa, 06/1995).

Os responsáveis pela edição do Jornal Nacional afirmaram, tempos depois, que usaram o mesmo critério de edição de uma partida de futebol, na qual são selecionados os melhores momentos de cada time. Segundo eles, o objetivo era que ficasse claro que Collor tinha sido o vencedor do debate, pois Lula realmente havia se saído mal.

Além disso, segundo o Ibope, a audiência total do debate – somadas todas as emissoras que compunham o pool – foi de 66 pontos, maior do que a do Jornal Nacional do dia seguinte, que apresentou 61 pontos. Isso significa que o número de pessoas que assistiu ao debate na íntegra foi maior do que o daqueles que viram a sua edição no JN.

Mas o episódio provocou um inequívoco dano à imagem da Globo. Por isso, hoje, a emissora adota como norma não editar debates políticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo. Concluiu-se que um debate não pode ser tratado como uma partida de futebol, pois, no confronto de ideias, não há elementos objetivos comparáveis àqueles que, num jogo, permitem apontar um vencedor. Ao condensá-los, necessariamente bons e maus momentos dos candidatos ficarão fora, segundo a escolha de um editor ou um grupo de editores, e sempre haverá a possibilidade de um dos candidatos questionar a escolha dos trechos e se sentir prejudicado.

DEPOIMENTOS AO MEMÓRIA GLOBO

Trecho da entrevista de Armando Nogueira ao Memória Globo, em 29/11/2001, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Armando Nogueira ao Memória Globo, em 29/11/2001, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Alberico Sousa Cruz ao Memória Globo, em 15/05/2003, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Alberico Sousa Cruz ao Memória Globo, em 15/05/2003, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Ronald de Carvalho ao Memória Globo, em 26/03/2001, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Ronald de Carvalho ao Memória Globo, em 26/03/2001, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Wianey Pinheiro ao Memória Globo, em 21/09/2001, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Wianey Pinheiro ao Memória Globo, em 21/09/2001, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Octavio Tostes ao Memória Globo, em 03/11/2003, sobre a edição do debate Collor x Lula.

Trecho da entrevista de Octavio Tostes ao Memória Globo, em 03/11/2003, sobre a edição do debate Collor x Lula.

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