A segunda temporada de No Limite se passou na fictícia “Chapada dos Ventos”, um cenário paradisíaco, no coração do Brasil. O reality foi apresentado novamente por Zeca Camargo e, dessa vez, foi vencido pelo goiano Léo. Ele disputou a final com a participante Cristina. A última prova não foi de resistência, como na primeira edição, mas de concentração. De olhos vendados, os finalistas precisavam contar, em silêncio, um minuto e vinte e três segundos. Apenas isso. Quem chegasse mais próximo à hora marcada, vencia. Léo ganhou R$ 100 mil e um carro.
Período de exibição: (28/01/2001- 25/03/2001); Direção-geral: Fernando Gueiros; Direção artística: Paulo Trevisan; Editora-chefe: Ana Escalada; Apresentação: Zeca Camargo
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc sobre o programa No Limite com entrevistas exclusivas do Memória Globo.
O JOGO
Antes de enfrentarem os primeiros desafios, os 12 concorrentes da edição participaram de uma última refeição na região onde o programa seria gravado, na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. O jantar foi batizado de A Última Ceia e foi exibido no Fantástico, pouco antes da estreia. Os episódios desta temporada tinham duração de 40 minutos e iam ao ar domingo à noite. Nesta edição, os competidores passaram a ser eliminados no chamado “Portal do Tempo”, uma grande escultura cenográfica instalada num dos pontos mais altos da fazenda onde o programa estava sendo gravado. Três grandes portões, tendo ao centro uma espécie de arena, formavam o local das eliminações, que recebia a iluminação de tochas e refletores na hora da decisão. A mandala, dessa vez, era composta pelos seguintes elementos: passado, presente, futuro e infinito.
CHAPADA DOS VENTOS
O nome era fictício, mas o paraíso era real. Chapada dos Ventos se localizava em uma fazenda de cinco mil hectares em plena Chapada dos Guimarães. O local fora inundado pela produção do programa com uma barragem. Uma equipe de 300 pessoas, incluindo diretores, técnicos e editores, acompanhou a produção de No Limite. Cerca de 40 profissionais, entre médicos, enfermeiros, policiais militares e bombeiros, estiveram de sobreaviso para qualquer emergência, e foi montado um hospital de campanha na Chapada dos Ventos.
PARTICIPANTES
Havia no reality duas equipes: Araras Vermelhas e Lobos Guarás. No primeiro grupo estavam a dona de casa mineira Rosa, de 42 anos; a vendedora ambulante paulista Sônia, de 34 anos; o estudante goiano Léo, de 23 anos; a relações-públicas pernambucana Roberta, de 25 anos; o açougueiro mineiro Danilo, 21 anos; e o músico carioca Dadá, de 18 anos. Do segundo grupo faziam parte o professor de ginástica Sávio, de Curitiba, com 25 anos; o professor cearense Antero, de 44 anos, único escolhido através de inscrição pela Internet; a representante comercial curitibana Eliane, 30 anos; a programadora Lhitts, 23 anos, de Brasília; o recreador pernambucano Leon, de 25 anos; e a vendedora paulista Cristina, 27 anos.
Numa determinada etapa do programa, as duas equipes foram reunidas em um só grupo, que ganhou o nome de Araraguá, e as provas passaram a ser em duplas. Entre as competições, estava a prova “Fogo nos buritis”, realizada no meio de uma represa. Foi considerada uma das mais cansativas. Cada dupla precisava percorrer cinco estações, com os pés equilibrados sobre boias e as mãos seguras em cordas que ligavam um tronco e outro de buriti (tipo de coqueiro da região). O objetivo era acender tochas no topo do último tronco de buriti.
Na grande final, os quatro últimos concorrentes eram Cristina, Léo, Dáda e Danilo. Eles começaram o último programa competindo entre si. O vencedor da prova recebeu a mandala e a imunidade, ficando impedido de ser eliminado no “Portal do Tempo”. Uma vez no “Portal”, os quatro tiveram de eliminar um competidor, que não pôde ser o que recebera a imunidade. Escolhido quem sairia do programa, sobraram três concorrentes. Foi então que entrou em ação o júri composto pelos eliminados Sônia, Rosa, Sávio e Eliane, que decidiu quem seria o outro finalista que deveria competir na final com o vencedor da mandala. Segundo eles, suas escolhas foram imparciais, obedecendo a critérios de competição, integridade e merecimento. Léo e Cristina foram para a última prova.
Essa prova, como conta o diretor-geral da temporada, Fernando Gueiros, consistia em fazer com que os participantes, vendados, tentassem adivinhar quando o cronômetro chegasse em 1 minuto e 23 segundos. Para manter o sigilo, apenas Zeca Camargo e o próprio Gueiros presenciaram o momento. Os três cinegrafistas que filmavam a etapa precisaram deixar o local, as câmeras ficaram sozinhas, em tripés. Tudo isso para que o vencedor só fosse revelado dias depois, ao vivo, no estúdio, para todo o Brasil.
No estúdio, os novos eliminados foram se juntando ao grupo que já estava no palco. Os dois finalistas, Léo e Cristina, também subiram ao palco. A prova final foi exibida, e eles descobriram que Léo era o grande vencedor.
Prova final do programa, disputada por Léo e Cristina. Léo vence.
“Qual era, artisticamente, a minha intenção? Era botar a TV Globo em silêncio durante um minuto e 23 segundos. Silêncio não é muito compatível com televisão. Então, tinha um pouco essa dramaticidade”.
Fernando Gueiros | diretor-geral da edição
BASTIDORES
Além das habituais provas de esforço físico, raciocínio e habilidade, os participantes tiveram de suportar temperaturas de 40 graus durante o dia, chuvas torrenciais todas as tardes e a companhia dos insetos e cobras venenosas da região. A bióloga Dailse Maria de Paula, uma das profissionais consultadas pela equipe de segurança do programa, recomendou que todos usassem botas de couro ou de borracha. A dieta das duas equipes, novamente elaborada por uma nutricionista, tinha 600 calorias diárias. Para complementar a alimentação, as pessoas eram obrigadas a caçar. Para tanto, receberam facões e botas, além de um kit de sobrevivência. Os excluídos da semana só podiam retornar às suas casas depois que o episódio de sua eliminação fosse ao ar, para manter o sigilo da competição.
“Para não vazar informação, trabalhamos num sigilo absoluto. Às vezes, passava um avião longe, e a gente cobria as coisas com bananeira, com medo de ser um fotógrafo de uma revista. Havia uma grande curiosidade da imprensa para saber quem eram os participantes, o que estava acontecendo. A prova final do segundo foi muito bem bolada. Quem criou foi o Gueiros, o diretor, e só eu e ele, de fato, sabíamos quem ganhou.”
Zeca Camargo
CURIOSIDADES
No Limite II teve uma polêmica envolvendo uma das participantes. A concorrente Lhitts Maciel foi desclassificada no quarto episódio por haver abandonado o acampamento da equipe Lobos Guarás, perdendo o direito ao carro e aos três mil reais de premiação. Mas a Globo decidiu lhe entregar o prêmio após avaliar que ela desrespeitou o regulamento por falta de condições físicas de concluir a prova proposta, e não por vontade própria. Na primeira tarefa do quarto episódio, a programadora não conseguiu escalar um platô para alcançar o ponto mais alto da Chapada e, sob um calor de 40 graus, desmaiou. Socorrida, recebeu soro e se restabeleceu em cinco horas. Lhitts não foi excluída pela direção do programa, sem direito ao prêmio, por causa do mal-estar, mas porque desobedecera o regulamento: não dormiu no acampamento, porque teve medo de voltar a desmaiar. A Globo reconsiderou a decisão ao avaliar o estado da participante.
Também não faltou envolvimento amoroso. Sávio e a curitibana Eliane ensaiaram no programa o começo de um romance, que, ao menos aos olhos do público, não vingou no ar. Mas, em agosto de 2001, o casal foi ao Altas Horas anunciar o casamento.
A Globo.com lançou o jogo “No Limite Virtual Game”, competição online entre seis pessoas que não se conheciam. O desafio foi realizado simultaneamente à exibição de No Limite.
Abertura do programa No Limite (2001).