Por Memória Globo

Thiago Prado Neris/Globo

Ações Socioeducativas

A superação das adversidades foi a grande aposta da novela, tendo como mote o drama sofrido por Luciana (Alinne Moraes). A exemplo de Páginas da Vida (2006), novela anterior que também levou as assinaturas de Manoel Carlos e Jayme Monjardim, 'Viver a Vida' apresentava um depoimento real ao final de cada capítulo. Anônimos e eventuais personalidades – como Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza – apareceram no ar, contando como superaram tragédias pessoais.

Entre os depoentes, havia muitos paraplégicos e tetraplégicos, inclusive mulheres que engravidaram após se tornarem deficientes. Muitas apareceram ao lado dos filhos. Uma delas, a jornalista Flávia Cintra, que inspirou a trama de Luciana, foi mãe de gêmeos, como a personagem da novela.

O depoimento escolhido para ir ao ar no último capítulo foi apontado como um dos mais emocionantes de toda a novela: o do maestro João Carlos Martins. Na cena final, todo o elenco, integrantes da equipe de produção, o autor, suas colaboradoras e vários cadeirantes assistiram, no estúdio, a uma apresentação do maestro regendo a orquestra Bachiana Jovem e o coral de crianças de Carapicuíba.

Entre os 209 depoimentos levados ao ar, também teve destaque o do ex-presidiário Ronaldo Antônio Miguel Monteiro, de 50 anos, que afirmou ter se regenerado – após passar 13 anos na prisão – com a ajuda de uma de suas vítimas, um industrial que quase foi morto durante um sequestro do qual participou.

O autor aproveitou a trama de Luciana para apresentar projetos de inclusão e uma série de novos produtos criados para os cadeirantes. Em uma sequência gravada na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, Luciana, em companhia de Isabel (Adriana Birolli) e Mia (Paloma Bernardi), tomou um banho de mar fazendo uso do projeto itinerante “Praia para Todos”, que, entre outras possibilidades, permite o acesso da cadeira de rodas até a areia por meio de uma esteira de fibra de plástico de 30 metros de extensão. Chegando à areia, o cadeirante tem à disposição um modelo de cadeira flutuante projetado para o banho de mar. Além disso, Luciana, por fazer parte de uma classe social abastada, tinha à disposição uma cadeira especial feita para os banhos em casa, e ainda ganhou de Helena (Taís Araújo) uma academia, com todos os equipamentos necessários para os exercícios de fisioterapia; de Miguel (Mateus Solano), uma handbike, espécie de bicicleta adaptada que pode ser pilotada usando apenas as mãos; e, de Marcos, um carro adaptado para cadeirantes.

Alinne Moraes e Paloma Bernardi em 'Viver a Vida', 2009 — Foto: Thiago Prado Neri/Globo

Manoel Carlos também denunciou as dificuldades encontradas pelos cadeirantes no espaço público ao criar uma cena em que Luciana, em companhia de Mia, faz questão de pegar um ônibus para conhecer os problemas vividos por seus pares no dia a dia. Alguns motoristas nem pararam no sinal ao ver a cadeirante, que, quando finalmente consegue embarcar em um veículo, percebe o preconceito de alguns passageiros e o despreparo do motorista e do cobrador para lidar com a situação, apesar de o ônibus ser apropriado para receber cadeirantes. Em outra cena, Luciana vai com Teresa a uma loja em um shopping e, ao tentar experimentar roupas novas, constata que sua cadeira de rodas não passa pela entrada do vestuário.

Para aumentar o envolvimento dos telespectadores com o drama de Luciana, Jayme Monjardim e Manoel Carlos estabeleceram uma ponte com a vida real ao fazer com que a personagem criasse um blog, batizado de “Sonhos de Luciana”, para receber e responder mensagens de internautas. A história ficcional foi para a internet como real, e os usuários embarcaram na iniciativa, que fez sucesso. O blog, localizado no site da TV Globo, foi criado pela equipe de internet da emissora.

Não foi a primeira vez que um personagem de novela ganhou um blog no site da TV Globo. Na trama de 'Caminho das Índias', Gloria Perez misturou realidade e ficção ao fazer com que o personagem Indra (André Arteche) tivesse um blog no qual dava dicas de culinária e lazer e contava suas experiências como adolescente indiano no Brasil, promovendo uma discussão sobre choque cultural.

Mais uma vez, Manoel Carlos explorou em uma novela os prejuízos causados pelo alcoolismo. Desta vez, focou a trama no tema da anorexia alcoólica, distúrbio alimentar batizado de drunkorexia, em que mulheres substituem a alimentação pelo álcool para não ganhar peso. O drama foi vivido pela personagem Renata (Bárbara Paz).

Um dos núcleos para os quais Manoel Carlos quis chamar a atenção do público foi o da área médica, batizada de Cuidados Paliativos, que cuida de doentes em estado grave e terminal, humanizando a relação médico-paciente. As amigas Ariane (Christine Fernandes) e Ellen (Daniele Suzuki) faziam parte desse núcleo.

Cenografia e Arte

Além de muitas tomadas na cidade do Rio de Janeiro, três cidades cenográficas foram erguidas na Central Globo de Produção, em Jacarepaguá, para as gravações externas da novela. Duas delas representavam o balneário de Búzios. Dessas, uma teve como inspiração a Rua das Pedras e seu comércio, com destaque para o restaurante de Garcia (Mário José Paz); uma sorveteria – onde trabalhava Flavinho, o personagem de Leonardo Miggiorin – e lojinhas de lembranças. A outra ambientou a pousada de Edite (Lica Oliveira), que tinha muitos cenários no interior, como os chalés e quartos, a recepção, o lobby e o restaurante. A equipe de cenografia investiu em madeira envelhecida e ferro para conferir um ar rústico a esses cenários. Já a equipe de produção de arte optou pelo artesanato na escolha das roupas de cama, louças e cerâmicas usadas em cena.

Cecília Dassi e Bruno Perillo em Viver a Vida, 2009 — Foto: Thiago Prado Neris/Globo

A terceira cidade cenográfica representava trechos dos bairros de Botafogo, Jardim Botânico e Leblon, na zona sul carioca. Destacaram-se o fictício restaurante Gengibre e as fachadas do hotel de Marcos (José Mayer), do prédio de Helena (Taís Araújo) e Ellen (Daniele Suzuki), e da vila onde moravam Ariane (Christine Fernandes), Gabriel (Caio Manhente), Ricardo (Max Fercondini), Tomie (Miwa Yanagizawa) e Yolanda (Sandra Barsotti). A cidade abrigava, ainda, a mansão de Marcos.

Figurino e Caracterização

Lilia Cabral em 'Viver a Vida', 2009 — Foto: Thiago Prado Neri/Globo

A novela enfocou o glamour e os bastidores do universo da moda, especialmente por meio de Helena (Taís Araújo), Teresa (Lilia Cabral) e Luciana (Alinne Moraes), três das principais personagens, modelos em estágios diferentes da carreira. Helena fazia um estilo contemporâneo, e aparecia sempre confortável, vestindo peças clássicas mas arriscando-se a usar calças saruel com camiseta. Na cartela de cores da personagem, predominavam as solares como amarelo, laranja, bege, cáqui e dourado. Luciana tinha um figurino mais despojado, colorido e curto. Já a ex-modelo Tereza mostrava que tinha bom gosto ao vestir-se de forma clássica e elegante, abusando dos tons neutros e das roupas com bom corte, como uma combinação de bermuda moderna com camisa social e sandália rasteira.

PRÊMIOS

12° Prêmio Contigo de TV:

Melhor ator – Mateus Solano

Melhor atriz – Alinne Moraes

Atriz Revelação – Adriana Birolli

Atriz Infantil – Klara Castanho

Prêmio Faz a Diferença – jornal O Globo:

Alinne Moraes

3° Prêmio Quem Acontece:

Melhor Autor – Manoel Carlos

Melhor Atriz – Lilia Cabral

Melhores do Ano – Domingão do Faustão:

Melhor Atriz – Alinne Moraes

Melhor Ator ou Atriz Mirim – Klara Castanho

Atriz Revelação – Adriana Birolli

Ator Revelação – Mateus Solano

Troféu Imprensa:

Revelação do Ano – Mateus Solano

Melhor Atriz – Lilia Cabral

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