Flávia e Walkíria
Neuza Amaral sobressaiu no papel de Walkíria. A personagem assassina o amante, Sérgio (Eliano de Souza), por ciúmes da filha, Flávia (Sônia Braga), e depois assiste, impassível, à cena em que a jovem, traumatizada a ponto de perder a fala, é responsabilizada pelo crime.
Miro: o vilão manipulador
Após ganhar o desprezo de Cristiano (Francisco Cuoco) por sua participação no acidente de Simone (Regina Duarte) e começar a ser investigado pelo envolvimento no roubo de peças do estaleiro, Miro (Carlos Vereza) decide se refugiar durante uns tempos em Teresópolis, no sítio de Maria Amélia (Lícia Magna), mãe de Fernanda (Dina Sfat). No início, ele se aproveita da sua figura marginal para intimidá-la, mas acaba se afeiçoando à senhora e ao seu jeito doce, que preenche a enorme necessidade de carinho que carrega desde a infância, devido aos maus-tratos dos pais. Quando o convívio com Maria Amélia parece estar começando a humanizar Miro, a polícia fica sabendo do seu paradeiro e aparece para prendê-lo. Avisado a tempo por Fernanda, ele foge de carro. A gasolina do veículo acaba no meio da estrada, e ele começa a andar a pé por entre os carros, assaltado por lembranças dos pais, até ser atropelado por um caminhão e morrer.
Carlos Vereza teve um desempenho brilhante e elogiado pela crítica no papel de Miro, o vilão manipulador e, ao mesmo tempo, carente e carismático. Ele conta que usou as próprias emoções e seu universo interior para construir o personagem, cheio de sentimentos contraditórios. Alguns detalhes criados pelo ator para a personalidade de Miro acabaram sendo incorporados por Janete Clair, como a paixão pela cantora Ângela Maria. A autora passou a incluir nos scripts pequenas notas pedindo que Vereza improvisasse imitações da cantora durante uma ou outra cena. Os diálogos de Miro eram repletos de gírias, e Carlos Vereza criou uma que acabou caindo na boca do povo: a expressão “amizadinha”.
Selva de Pedra - 1ª versão: morte de Miro