Por Memória Globo

Acervo/Globo

'Selva de Pedra' obteve a maior audiência da história da televisão brasileira até então, comprovando a força da telenovela como veículo de cultura de massa. No Rio de Janeiro, segundo registro do Ibope na época, a trama atingiu 100% de share – número de televisores ligados no horário – no capítulo 152, em que a identidade de Rosana Reis é revelada.

Um compacto de 'Selva de Pedra' foi ao ar entre agosto e novembro de 1975, para substituir às pressas a primeira versão de 'Roque Santeiro', vetada pela Censura.

Em 1986, foi ao ar na Globo um remake da novela, escrito por Regina Braga e Eloy Araújo. Tony Ramos e Fernanda Torres interpretaram o casal protagonista, Christiane Torloni viveu Fernanda, e Miguel Falabella foi o intérprete de Miro.

Regina Duarte e Edney Giovenazzi em Selva de Pedra - 1ª versão, 1972 — Foto: Acervo/Globo

A história de 'Selva de Pedra' teve como ponto de partida uma notícia de jornal. Em uma praça do interior de Pernambuco, um jovem tocador de bumbo mata um rapaz que o havia ridicularizado. A partir dessa ideia, Janete Clair escreveu a trama da novela, que também teve como inspiração 'Uma Tragédia Americana', do escritor americano Theodore Dreiser. O romance havia sido levado às telas de cinema em 1931, por Josef Von Sternberg, com Philips Holmes, Sylvya Sydney e Francis Dee. Em 1951, George Stevens também adaptou o livro e dirigiu 'A Place in the Sun', com Montgomery Cliff, Elizabeth Taylor e Sheryl Winters. 'Selva de Pedra' consolidou Janete Clair como grande autora popular.

O principal par romântico de 'Selva de Pedra' fez enorme sucesso. Em novembro de 1972, Francisco Cuoco e Regina Duarte foram eleitos os “Reis da Televisão” pelos leitores da Amiga, revista especializada na cobertura de TV. A publicação promoveu a eleição em parceria com o Programa Silvio Santos, na época transmitido pela Globo.

'Selva de Pedra' marcou a estreia na Globo do diretor Walter Avancini, egresso da TV Tupi. Ele assumiu a trama por volta do capítulo 30, quando Daniel Filho teve de se afastar da produção, comprometido com outras funções na emissora. A essa altura, Milton Gonçalves e Reynaldo Boury também já haviam dirigido a novela.

Na sinopse original, a dona da galeria de arte em que Simone expunha seus trabalhos seria uma japonesa chamada Madame Katzuki, mas a atriz escalada para o papel deixou o elenco em cima da hora. O personagem acabou sendo feito por Ida Gomes. A atriz conta que o diretor Daniel Filho perguntou se ela sabia fazer algum sotaque. Ela respondeu que fazia o sotaque francês com perfeição. Madame Katzuki passou, então, a ser uma francesa que havia se casado com um japonês, e tudo foi resolvido.

Carlos Vereza e Francisco Cuoco em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 — Foto: Acervo/Globo

No papel de Cristiano Vilhena, Francisco Cuoco fazia seu primeiro protagonista em uma novela do horário nobre. Ele conta que construiu o personagem inspirado em rapazes que conheceu durante sua infância no Brás, bairro operário de São Paulo: jovens que jogavam bola nos campos de várzea e paqueravam as moças nos bares, inseguros quanto ao rumo que dariam à sua vida.

A novela de Janete Clair foi o primeiro trabalho dos atores Kadu Moliterno e Gloria Pires na Globo. Kadu conta que fazia teatro no Rio quando bateu à porta da casa da autora para pedir uma chance. Ganhou o papel de Oswaldo, jovem motorista da personagem Laura (Arlete Salles).

Glória Pires tinha oito anos de idade quando interpretou Fátima, criança que morava na pensão em que Cristiano e Simone se hospedam ao chegar à cidade grande. Apesar da pouca idade, ela já havia trabalhado em 'A Pequena Órfã', novela exibida pela TV Excelsior em 1968.

Gloria Pires em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 — Foto: Acervo/Globo

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