Quatro carros dirigidos por mulheres descontroladas se chocam no caótico trânsito do Rio de Janeiro. Assim se dá o encontro entre a dondoca Abigail (Betty Lago), a dona de casa Auxiliadora (Elizabeth Savala), a tímida secretária Tatiana (Cristiana Oliveira) e a manicure Babalu (Letícia Spiller). Elas acabam presas na mesma cela e bastam alguns minutos para que descubram que, naquele mesmo dia, todas haviam perdido o homem amado. Uma por todas, todas por uma, elas decidem se unir em um projeto de vingança contra seus algozes, desejando a eles a mesma dor que sentiam. Os alvos são Gustavo (Marcos Paulo), Alcebíades (Tato Gabus Mendes), Fortunato (Diogo Vilela) e Raí (Marcello Novaes), par de cada uma, respectivamente. Com o decorrer do tempo, tornam-se grandes amigas e cúmplices, sempre se esforçando para infernizar a vida de seus ex-parceiros. Dos quatro casais iniciais da trama, somente Babalu e Raí se reconciliam. Depois de uma passagem de tempo de três anos, a última cena da novela remete ao começo da trama. As quatro amigas iradas batem de carro novamente, brigam com os policiais e voltam para o xadrez.
Autor: Carlos Lombardi | Colaboração: Ronaldo Santos e Maurício Arruda | Direção: Alexandre Avancini e Luís Henrique Rios | Direção geral: Ricardo Waddington | Direção Artística: Paulo Ubiratan | Período de exibição: 24/10/1994 – 22/07/1995 | Horário: 19h | Nº de capítulos: 233
Abertura da novela Quatro por Quatro (1994).
BRUNO E GUSTAVO
Os primos Bruno (Humberto Martins) e Gustavo (Marcos Paulo), ambos médicos, disputam a guarda da menina Ângela (Tatyane Fontinhas Goulart). Bruno é o pai biológico da criança, mas abandonou a filha e a cidade por dez anos, depois de ver sua mulher morrer no parto que ele mesmo fez. Com a ausência de Bruno, o inescrupuloso Gustavo cria Ângela com todo carinho. Depois de se isolar durante todo esse tempo na selva amazônica, onde se dedicava à saúde indígena, Bruno volta ao Rio de Janeiro e passa a disputar o amor da filha com o primo. O cenário para as brigas familiares e profissionais dos dois é o hospital da família, que Gustavo administra. Ângela, inicialmente, rejeita o pai, magoada com seu sumiço por tanto tempo, mas a menina acaba se encantando por ele. Gustavo torna-se vítima das loucuras de Suzana (Helena Ranaldi), uma mulher desequilibrada, que o usa para se vingar do seu infortúnio e insucesso amoroso com Bruno. Ela faz Gustavo entrar em um carro, sem saber que era ela quem o dirigia, e atira o automóvel de uma ribanceira. Os dois morrem.
PERSONAGENS
AUXILIADORA ALVARADO (Elizabeth Savala) – Dona de casa simplória, que sofre com a vergonha que o marido, Alcebíades (Tato Gabus Mendes), tem dela. Alcebíades a troca por uma noiva com idade para ser sua filha, a mimada e afetada Elisa Maria (Lizandra Souto), chamada por Auxiliadora de “paquita erótica”. Paula (Fabiana Ramos), filha do casal, também é contra o romance do pai com a ninfeta. Auxiliadora se une à dondoca Abigail (Betty Lago), à tímida secretária Tatiana (Cristiana Oliveira) e à manicure Babalu (Letícia Spiller) com o intuito de se vingar do seu marido. A partir de então, se transforma em uma mulher muito mais bonita e interessante, mas sempre com jeito meio ingênuo.
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
O figurino de Babalu (Letícia Spiller) fez sucesso na época de exibição da novela. Eram minissaias e microshorts, tamancões com meias soquetes coloridas, blusas ciganas de elástico com os ombros à mostra e arquinhos no cabelo. A margarida artificial usada para prender o rabo de cavalo virou mania e era vendida em camelôs da cidade. O figurinista Lessa de Lacerda lembra que as meias de Babalu eram uma referência às meias lurex que fizeram sucesso na novela 'Dancin’ Days' (1978). A diferença na composição era que a manicure usava tamancos de madeira e não sapatos finos. Todos os modelos de tamanco usados pela personagem foram comprados em dose dupla, para evitar que um pé quebrasse e não pudesse ser reposto.
CURIOSIDADES
Letícia Spiller, ex-paquita do 'Xou da Xuxa' (1986), foi considerada pela mídia atriz revelação por conta de sua atuação como Babalu, uma personagem sexy, desbocada e barraqueira. Letícia Spiller conta que se inspirou na Mônica, personagem dos quadrinhos de Mauricio de Sousa, para compor a manicure suburbana. A bolsinha com que ela acertava Raí (Marcello Novaes), toda vez que se irritava com ele, fazia as vezes do coelhinho Sansão. Na opinião da atriz, Babalu era impulsiva e indignada como a Mônica e tinha também o senso de justiça da personagem dos quadrinhos. Toda vez que ficava encabulada ou confusa, Babalu coçava a nuca com rapidez, um trejeito que marcou a personagem.
TRILHA SONORA
A música 'Dança da Solidão', de Paulinho da Viola, interpretada por Marisa Monte e Gilberto Gil, era tema das quatro vingadoras: Babalu, Tatiana, Auxiliadora e Abigail.
CENAS MARCANTES
Cena em que Abigail (Betty Lago), Tatiana (Cristiana Oliveira), Auxiliadora (Elizabeth Savala) e Babalu (Letícia Spiller) se conhecem na cadeia e fazem um pacto de vingança.
Cena em que Babalu (Letícia Spiller) briga com Raí (Marcello Novaes).
Cena final da novela, em que Abigail (Betty Lago), Tatiana (Cristiana Oliveira), Auxiliadora (Elizabeth Savala) e Babalu (Letícia Spiller) fazem um novo pacto de vingança.
Cena em que Suzana (Helena Ranaldi) joga o carro de um penhasco, matando Gustavo (Marcos Paulo).
FONTES
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Carlos Lombardi (01/04/2002), Lessa de Lacerda (26/06/2006), Kadu Moliterno (29/05/2006) e Marcos Paulo (27/03/2006); Boletim de programação da Rede Globo, número 1137; “A onda Babalu” In: Veja, 15/03/1995; FERNANDES, Ismael. Memória da telenovela brasileira. São Paulo, Brasiliense, 1994, p.429; JARDIM, Vera. “O sucesso medido em capítulos” In: Jornal do Brasil, 22/04/1995; MEMÓRIA GLOBO. Guia ilustrado TV Globo: novelas e minisséries. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; www.teledramaturgia.com.br, acessado em 05/2006; http://pt.wikipedia.org/wiki/Quatro_por_Quatro, acessado em: 08/2011. |