FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
Camisas estampadas, abertas no peito, um bigodinho e uma corrente no pescoço caracterizavam o Carlão dos anos 1970, interpretado por Francisco Cuoco. Seu marcante visual inspirou a caracterização do personagem vinte anos depois, sendo que o Carlão feito por Eduardo Moscovis, devoto de São Jorge, vestia camisas lisas, usava uma barba cerrada e um cordão com um crucifixo, uma medalhinha de ágnus-dei e uma figa. Sua noiva, Lucinha (Carolina Ferraz), usava roupas coladas, como um vestido jeans que fez sucesso entre as telespectadoras, e cabelos longos despontados com mechas douradas, representando a típica mocinha do subúrbio.
Os figurinos, assinados por Helena Brício e Marina Alcântara, seguiram as diretrizes traçadas pelo diretor Wolf Maya na concepção estética do remake e, portanto, tinham como referência uma retratação poética do subúrbio, inspirada na Madri dos filmes do cineasta espanhol Pedro Almodóvar e no Rio de Janeiro descrito pelas histórias do escritor Nelson Rodrigues. Na criação dos figurinos, as figurinistas se empenharam, ainda, em distinguir o subúrbio de Marechal Hermes – bairro da zona oeste do Rio onde moravam Carlão e Lucinha – de Copacabana, bairro da zona sul da cidade, também retratado na novela.
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS
Gloria Perez abordou questões sociais na novela: próximo à praia onde Tenorinho (Eri Johnson) jogava futevôlei havia um posto fictício onde pessoas reais davam depoimentos denunciando a impunidade. Entre elas, estavam a mãe do estudante Frederico Guimarães – morto em novembro de 1998 por uma gangue em Ipanema –, e Raimundo Pereira, do grupo Atobá, que luta pelos direitos dos homossexuais. Também participaram da novela as vítimas da tragédia do edifício Palace II, que desabou em fevereiro de 1999.
Por meio do drama vivido pela personagem Rafa, amiga de Vilma, que descobre que tem câncer, a autora desenvolveu mais uma campanha social na história. A atriz Clara Garcia, que teve que raspar a cabeça em função do papel, visitou alguns hospitais especializados em câncer e acabou conquistando a simpatia das crianças internadas. Gloria Perez aproveitou o fato e fez com que a personagem também passasse a visitar hospitais. Para a autora, mostrar a imagem da atriz sem os cabelos, mas com tatuagens na cabeça, era uma forma de fazer com que as crianças lidassem melhor com a perda dos cabelos provocada pelo tratamento da doença.
CENOGRAFIA E ARTE
Na primeira versão de 'Pecado Capital', todas as cenas passadas no subúrbio foram realizadas em uma cidade cenográfica que reproduzia o bairro carioca do Méier. Para o remake, boa parte das gravações foram realizadas no bairro de Marechal Hermes, na zona oeste do Rio de Janeiro. A equipe de cenografia, que contava com Claudia Alencar, Alexandre Gomes e Fábio Verlen, criou ainda outros 16 complexos cenográficos para a novela, incluindo um trecho comercial de Marechal Hermes e a mansão de Salviano Lisboa (Francisco Cuoco), construídos em uma cidade cenográfica no Projac.
As gravações em Marechal Hermes alteraram a rotina do lugar: muitos moradores alugaram as fachadas de suas casas para a produção, enquanto outros trabalharam como figurantes.
Além do subúrbio, a novela também era ambientada na zona sul do Rio de Janeiro.