Por Memória Globo

Acervo/Globo

Baseada no romance 'Taras Bulba', de Nikolai Gogol, a trama tem como cenários um reino árabe e a França ocupada por nazistas. O xeque Omar Ben Nazir (Henrique Martins) disputa o amor da francesa Janette Legrand (Yoná Magalhães) com o oficial do Exército francês Maurice Dummont (Amilton Fernandes).

Estranhos assassinatos garantiram o suspense da história, mas só se sabia que o criminoso usava a alcunha de Rato. No final da trama, descobre-se que o responsável pelas mortes era a princesa árabe Éden de Bássora (Marieta Severo). A abertura foi realizada com uma tomada da própria gravação, exibindo um cavalo empinado por Henrique Martins, intérprete de Omar Ben Nazir, tendo como cenário um grande areal.

Marieta Severo em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Autoria: Glória Magadan | Direção: Régis Cardoso e Henrique Martins | Período de exibição: 18/07/1966 – 17/02/1967 | Horário: 21h30 | Nº de capítulos: 155

Webdoc sobre a novela O Sheik de Agadir com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a novela O Sheik de Agadir com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Anúncio da estreia da novela O Sheik de Agadir - jornal O Globo de 18/07/1966 - 2ª seção - pg 9 — Foto: Acervo Agência O Globo

PERSONAGENS PRINCIPAIS

OMAR BEN NAZIR (Henrique Martins) – Xeque. Disputa o amor da francesa Janette Legrand (Yoná Magalhães) com o oficial Maurice Dummont (Amilton Fernandes).

JANETTE LEGRAND (Yoná Magalhães) – Mulher francesa, disputada pelo xeque Omar (Henrique Martins) e pelo oficial Maurice Dummont (Amilton Fernandes).

MAURICE DUMMONT (Amilton Fernandes) – Oficial do Exército francês. Ele disputa o amor de Janette (Yoná Magalhães) com o xeque Omar (Henrique Martins).

ÉDEN DE BÁSSORA (Marieta Severo) – Princesa árabe, responsável pelos misteriosos assassinatos que ocorrem durante a trama. Usando a alcunha de Rato, deixava um par de luvas pretas ao lado do cadáver após estrangular suas vítimas.

LEGRAND (Luiz Orioni) – Pai de Janette Legrand (Yoná Magalhães).

Cláudio Marzo e Mário Lago em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

OTTO VON LUCKEN (Mário Lago) – Coronel nazista.HANS STAUBEN (Emiliano Queiroz) – Oficial nazista e espião.

FRIEDA (Márcia de Windsor) – Nazista

Yoná Magalhães e Amilton Fernandes em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo.[

Valia tudo no caldeirão de Glória Magadan. Tinha árabe, nazista e outras histórias embaralhadas”
— Marieta Severo

BASTIDORES

Imagens dos bastidores das gravações da novela O Sheik de Agadir, com Yoná Magalhães, Henrique Martins e Leila Diniz.

Imagens dos bastidores das gravações da novela O Sheik de Agadir, com Yoná Magalhães, Henrique Martins e Leila Diniz.

'O Sheik de Agadir' marcou a estreia de Mário Lago na TV Globo. Comunista assumido, o ator teve que contornar a resistência de Glória Magadan para ser admitido na novela e viver o coronel nazista Otto Von Lucken. A autora cubana era anticastrista. Mário Lago só foi mantido no elenco por insistência de Walter Clark.'

O ator Sebastião Vasconcelos, por sua vez, foi eliminado da trama porque Magadan o achava parecido com Fidel Castro. Seu personagem foi uma das vítimas do assassino Rato.

A novela de Glória Magadan foi uma das mais representativas da linha capa e espada trilhada pela emissora nos anos 1960.

Marcia de Windsor, Emiliano Queiroz e Yoná Magalhães em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

Os atores que viveram os personagens nazistas ganharam a antipatia do público. Emiliano Queiroz chegou a ser agredido por uma espectadora indignada numa loja de departamentos em Copacabana, no Rio de Janeiro, um dia depois da exibição da cena em que seu vilão assassinou Marcel, o personagem de Cláudio Marzo.

Yoná Magalhães em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

A TV Globo promoveu um concurso para incentivar os telespectadores a descobrir a identidade do personagem assassino, mas ninguém acertou. Inúmeras vezes por dia, a emissora veiculava a pergunta: “Quem é o assassino?” O Rato era a princesa árabe Éden de Bassora, interpretada por Marieta Severo, então com 19 anos, em seu primeiro papel em novelas. Após estrangular as vítimas, o Rato deixava um par de luvas pretas ao lado do cadáver.

Henrique Martins em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

A abertura foi realizada com uma tomada da própria gravação, exibindo um cavalo empinado por Henrique Martins, intérprete de Omar Ben Nazir, tendo como cenário um grande areal.As cenas de deserto foram gravadas nas dunas da restinga da Marambaia, no litoral fluminense.

Nas cenas de guerra com cavalos, dezenas de alunos da escola da Hípica atuaram como figurantes e foram usados equipamentos do Exército.

Segundo Carlos Villa Nova, então chefe do controle mestre da TV Globo, havia uma área do local de gravação que só podia ser acessada em determinados períodos do dia, quando a maré ainda estava baixa. Muitas vezes, quando as gravações atrasavam, a maré subia, e os envolvidos na cena ficavam isolados do resto da equipe durante horas. Quando a maré descia, o trecho tinha que ser atravessado rápido ou havia o perigo de os jipes usados pela produção ficarem atolados na areia. Certa vez, um câmera parou seu jipe para tirar fotos da paisagem marítima. Quando se deu conta, metade do veículo havia afundado na areia. No dia seguinte, o jipe foi resgatado por um guincho do Exército. Devido a incidentes como esse, a iniciativa da emissora de gravar a novela na Restinga de Marambaia foi considerada insana na época.

Henrique Martins em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

Para possibilitar a comunicação entre o estúdio e o local de gravação, numa época em que não havia as facilidades tecnológicas de hoje, a produção usou os transmissores do Touring Club, firma que socorre automóveis enguiçados.

Uma das cenas escritas por Glória Magadan mencionava uma metralhadora nazista. Não havia nada parecido à disposição da produção. A solução foi improvisar e construir uma usando três pedaços de cabo de vassoura, três rolos de papel higiênico, fita banana, graxa de sapato preta e cápsula de bala.

Paulo Gonçalves, Amilton Fernandes e Yara Lins em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

FICHA TÉCNICA

Elenco:
Amilton Fernandes – Maurice Dummont
Angelito Mello – Ibrahim
Cláudio Marzo – Marcel
Emiliano Queiroz – Hans Stauben
Henrique Martins – Sheik Omar Ben Nazir
Leila Diniz – Madelon
Luiz Orioni – Legrand
Márcia de Windsor – Frieda
Marieta Severo – Eden
Mário Lago – Otto Von Lucken
Paulo Gonçalves – Luciano
Sebastião Vasconcelos
Silvio Rocha – Ahmed
Vanda Marchetti – Julieta
Yara Lins – Valentina
Yoná Magalhães – Janette Legrand
Waldir Santana

Produção: Tatiana Memória
Cenografia: Peter Gasper

FONTES:

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Emiliano Queiroz (15/12/2000), Geraldo Casé (20/03/2002), Marieta Severo (31/03/2006), Mário Lago (30/06/2000), Tatiana Memória (20/10/2004) e Yoná Magalhães (14/06/2000); Arquivo O Globo; TV Guia, 316, 325, 327; CARDOSO, Régis. No princípio era o som: a minha grande novela. São Paulo, Madras, 1999, pp.94-97; COURI, Norma. “Novelas made in Brazil” In: Update, 20/07/1999. ESQUENAZI, Rose. No túnel do tempo: uma memória afetiva da televisão brasileira. Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1993, pp.103-105; FERNANDES, Ismael. Memória da telenovela brasileira. São Paulo, Brasiliense, 1994, p.78; LETÍCIA, Maria. +*. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; MEMÓRIA GLOBO. Guia ilustrado TV Globo: novelas e minisséries. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010; www.dirce.com.br ; www.telenovela.hpg.ig.com.br; www.us.imdb.com
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