Kubanacan é uma república desde o
século XIX, mas eleições presidenciais são um fato raro em sua história, mais
afeita a golpes de Estado. A região é produtora de bananas – que aparecem na
composição da maioria dos pratos da ilha –, e todos os outros produtos
consumidos pela população são importados. Seu desenvolvimento se restringe à
capital, La Bendita. O país tem constantes problemas com a ilha vizinha, La
Platina, grande produtora de carne bovina. Uma nação acusa a outra de boicotes
e espionagem, e essa rivalidade histórica acaba sempre em guerras que camuflam
os reais problemas internos que cada uma enfrenta.
Os militares se acostumaram a ditar as
regras do país e não agem de outra forma quando, em 1951, três anos após a
eleição do professor Rúbio Montenegro (Stênio Garcia), começam a sentir-se
incomodados com a benevolência do governo diante dos protestos da oposição.
Amante da primeira-dama, Mercedes Montenegro (Betty Lago), o general Carlos
Pantaleon Camacho (Humberto Martins) antecipa-se ao golpe que estava sendo
planejado pelo Exército e assume o poder após a morte de Rúbio Montenegro – o
presidente rola a escada depois de uma briga, após flagrar a mulher com o
general. Mercedes é considerada santa pelo povo, pela ajuda humanitária que
sempre deu aos necessitados.
Cena em que o prefeito Rúbio (Stênio Garcia) morre acidentalmente ao tentar ferir Camacho (Humberto Martins), seu segurança e também amante de sua esposa, Mercedes (Betty Lago).
A VILA DOS PESCADORES
Cena que demonstra os sonhos diferentes que têm Marisol (Danielle Winits) e Enrico (Vladimir Brichta), apesar de apaixonados um pelo outro.
Danielle Winits, Marcos Pasquim e Pedro Malta em Kubanacan, 2003. Gianne Carvalho/Globo.
Paralelamente, em uma colônia de pescadores da cidade de Santiago, desenrola-se a história de Marisol, mãe de Gabriel (Pedro Malta) e Antonia (Thaís Müller). Casada com o pescador Enrico, sua vida se transforma quando um homem desmemoriado, com um tiro no peito, aparece na praia. Ele é acolhido pela aldeia e ganha o nome de Esteban.
Após perder uma briga com o forasteiro, Enrico deixa a vila, e Marisol acaba se casando com Esteban, que assume seus filhos e passa a viver como pescador, relacionando-se bem com todos os moradores.
A CASA AMARILLA
Betty Lago e Humberto Martins em Kubanacan, 2003. João Miguel Júnior/Globo.
A história dá um salto de sete anos e mostra o palácio do governo – a Casa Amarilla – em 1958, ocupado pelo general Camacho, seu filho do primeiro casamento, Carlito (Iran Malfitano), a primeira-dama Mercedes e seus filhos com Rúbio Montenegro, Guillermo (Daniel Del Sarto) e Mercedita (Tatyane Fontinhas Goulart). Mercedes e Camacho apenas aparentam ser um casal feliz, mas ela sofre com as traições do marido, que só está interessado na popularidade da mulher.
Apesar de abafada, a crise conjugal torna-se uma questão política, pois o que está em jogo é o comando da nação. Para complicar, após muitos casos secretos, o general se interessa por Marisol. Descontente e frustrada com a falta de ambição de Esteban, que quer apenas viver como os pescadores da região, Marisol deixa-se seduzir por Camacho, com quem tem um caso fugaz. Ela ama o marido, mas percebe que Camacho é sua chance de mudar de vida e ir para a capital, como sempre sonhou. Dividida, Marisol parte em segredo com a filha Antonia e deixa Gabriel com Esteban. Em La Bendita, passa a trabalhar como corista do Copacabana, o principal hotel-cassino da cidade, odiada por ser a protegida do general.
Pressionado pelos americanos a realizar eleições, o general Camacho decide ser candidato à presidência e convida Johnny (Daniel Boaventura), filho de latifundiário, criado nos Estados Unidos, para ser seu “marqueteiro” na campanha eleitoral. Seus opositores, porém, descobrem um escândalo e conseguem fazê-lo desistir da disputa. Camacho, então, lança o filho Carlitos como candidato, mas o jovem é rechaçado pela opinião pública por ser um bon vivant irresponsável. O general não desiste e convida Adriano, um advogado que vive em Miami, para representar o governo nas eleições. Por ser um sósia perfeito de Esteban, que é adorado pelo povo, Adriano acaba assumindo a presidência, o que gera muitas confusões na trama.
Cena em que Don Diego (Wolf Maya) tenta armar para Camacho (Humberto Martins) se dar mal, sem sucesso. Com Chacon (Paulo Betti) e coronel Pantoja (Oswaldo Loureiro).
Cena em que os generais Pantoja (Oswaldo Loureiro) e José Trujillo (Ítalo Rossi) planejam um golpe de estado. Com Mercedes (Betty Lago), Camacho (Humberto Martins), Rúbio (Stênio Garcia) e Don Diego (Wolf Maya).
Marcelo Saback, Bruno Garcia, Humberto Martins e Betty Lago em Kubanacan, 2003. João Miguel Júnior/Globo
MÚLTIPLAS PERSONALIDADES
Esteban, a princípio, acha que Marisol e Antonia morreram em alto-mar, vítimas de um furacão. Mas quando desconfia de que ela pode ter morrido enquanto fugia com outro homem, parte para a capital disposto a vingar a suposta morte da mulher. Tido como uma pessoa pacata, ele não tem lembranças de como era sua vida antes de aparecer na aldeia, e os poucos indícios que descobre sobre seu passado mostram que ele pode ter sido um homem violento, ligado a marginais.
Esteban se envolve em muitas confusões ao longo de sua busca, inclusive com o general Camacho. Através das pistas que encontra no caminho, fica convencido de que o homem com quem Marisol se envolveu faz parte do círculo de poder de Kubanacan. Aos poucos, encontra pistas sobre seu próprio passado, ao ser reconhecido por diversas mulheres, que o conheceram com nomes e ocupações diferentes. Em determinado momento, Esteban assume dupla personalidade, transformando-se no obscuro e arrogante Dark Esteban.
Seu personagem tem um terceiro desdobramento quando surge, na história, o irmão gêmeo de Esteban, Adriano. Todos os personagens foram interpretados por Marcos Pasquim. Na capital, Esteban é ajudado por Lola (Adriana Esteves), mãe de família exemplar e que trabalha, à noite, como cantora de cabaré. Batalhadora e corajosa, Lola está casada com Enrico, que deixou a colônia de pescadores e passou a trabalhar como gigolô, administrando o bordel de Kubanacan. Enrico vive mentindo para a mulher, inventando dores nas costas para não trabalhar.
Ele é um dos frequentadores do cassino e também é famoso como lutador no Coliseu, um ringue que mistura luta livre com trajes de gladiadores romanos, mobilizando apostas na cidade. Dona Dolores (Nair Bello), mãe de Lola, protege o genro e o ajuda nas suas mentiras. Enrico não tem a mesma sorte com a cunhada, Rubi (Carolina Ferraz), com quem vive discutindo. Rubi sonha servir ao Exército kubanaquense e, secretamente, nutre uma paixão pelo cunhado. Ao longo da história, Esteban se envolve com Lola e Rubi. Essa última também se relaciona com Enrico.
Marcos Pasquim e Adriana Esteves em Kubanacan, 2003. Renato Rocha Miranda/Globo.
Cena em que Leon (Marcos Pasquim) cai do céu na frente de Marisol (Danielle Winits). Os dois se apaixonam. Com Enrico (Vladimir Brichta).
Cena em que Leon (Marcos Pasquim) após ajudar seu pai Esteban (vivido pelo próprio ator) a destruir o projeto Fênix, volta para Lola (Adriana Esteves).
Cena em que Rubi (Carolina Ferraz) e Enrico (Vladimir Brichta) se entendem.
EMOÇÕES FINAIS
Marcos Pasquim e Adriana Esteves em Kubanacan, 2003. João Miguel Júnior/Globo
No final da novela, após muitas
perseguições, cenas de ação e brigas políticas, Esteban descobre sua verdadeira
identidade: ele é o historiador Leon, filho de Rubi e do verdadeiro Esteban,
que voltou ao passado em uma máquina do tempo para evitar a destruição de
Kubanacan por Alejandro Rivera (Werner Schünemann), presidente exilado pelo general
Camacho e inventor da primeira bomba de nêutrons da História, chamada de
projeto Fênix. Uma tatuagem no corpo de Leon esconde o segredo da fórmula. O
verdadeiro Esteban e Adriano são, na verdade, irmãos gêmeos, filhos de
Alejandro. Esteban não concorda com o projeto do pai e vem tentando impedi-lo
de usar a bomba. Ninguém acredita na história de Leon, e ele é internado em um
sanatório como louco.
Em suas lembranças, Leon aparece no
futuro, no ano de 1990, participando de uma discussão em sala de aula sobre a
história de Kubacanan. O país foi destruído com o lançamento da bomba, e
Esteban morreu ao ser atirado de um avião, tentando impedir que o artefato
fosse lançado. Mas Esteban Maroto, como era conhecido, foi considerado cúmplice
do pai pela História oficial. Leon, porém, tem outra visão sobre o histórico
personagem: com os relatos que ouviu de sobreviventes durante sua pesquisa
sobre Kubanacan, ele acredita que Esteban foi um herói. Assistente do físico
Cristóban (Emilio Orciollo Netto), que precisa de uma cobaia para testar sua
invenção, uma máquina do tempo, Leon aceita ser mandado para a ilha de
Kubanacan e assumir o lugar de Esteban. Isso explica sua repentina queda do céu
e a aparição na praia. Leon, porém, cai na ilha antes da morte de Esteban,
embora não saiba disso, e ainda perde a memória. Assim acontece uma série de
confusões, com Esteban agindo nas sombras para proteger o próprio filho e
salvar seu país. A identidade de Dark Esteban também é explicada: ele é a dupla
personalidade de Leon que, de tanto estudar sobre Esteban, adquiriu algumas de
suas características, a que dá vazão em determinados momentos.
Leon é resgatado do sanatório por
Marisol e retorna para o futuro, prometendo à Lola que voltará para ela. Dois
anos se passam na história. Rubi se casa com Enrico, é eleita presidente de
Kubanacan e vira ditadora. Dagoberto é o chefe das forças militares. Enrico
aproveita a boa vida de ter a esposa comandando o país e continua a correr
atrás dos rabos de saia. Marisol se transforma em uma famosa cantora
internacional. Adriano, após ser internado no sanatório por um período, vira um
jogador de futebol cobiçado por grandes times.
Leon volta novamente no tempo, desta
vez caindo em Kubanacan no dia exato em que Alejandro pretende lançar a bomba.
Ele aparece no mesmo avião onde estão Alejandro, seus capangas e o pai,
Esteban, e impede que o pai seja jogado ao mar, como aconteceu na História.
Esteban decide ficar no avião para desativar a bomba, salvar de vez Kubanacan e
a vida do filho, empurrando Leon do avião, que explode. Leon cai na praia, onde
Lola já o esperava, e os dois terminam juntos, em um final feliz. Na última
cena da novela, Marisol, após deixar o palco em mais uma de suas apresentações,
é surpreendida por Dark Esteban que, como costumava fazer, xinga a cantora e
faz o movimento de que vai esbofeteá-la. A tela escurece, ouve-se o tapa e o
gemido de Marisol. Terá sido novamente a dupla personalidade de Leon em ação? O
autor deixou em aberto.
Na última cena da novela, Dark Esteban (Marcos Pasquim) aparece para Marisol (Danielle Winits).
Cena em que, com a ajuda de Pilar (Raíssa Medeiros), Leon (Marcos Pasquim) reconstitui sua história.
Cena em que Leon (Marcos Pasquim), com a ajuda de seu pai, Esteban (também vivido pelo ator), é resgatado do sanatório por Marisol (Danielle Winits). Leon retorna para o futuro, prometendo à Lola (Adriana Esteves) que voltará para ela. Com Pilar (Raíssa Medeiros).
Cena em que, dois anos depois, Pilar (Raíssa Medeiros) relata os desfechos de alguns habitantes da ilha.