PRÊMIO EMMY INTERNACIONAL
As autoras da novela, Duca Rachid e Thelma Guedes, sempre quiseram falar sobre a vida de Buda. Enquanto escreviam a novela 'Cordel Encantado', Thelma sonhou que “um lama morria e uma menina nascia no Brasil”. Assim surgiu a ideia do folhetim. A partir desse sonho, elas construíram histórias paralelas.
'Joia Rara' é a terceira novela de Thelma Guedes e Duca Rachid que Amora Mautner dirige. Amora juntou o elenco em uma casa fora do Projac e passou quatro meses fazendo exercícios de improvisação com os atores. 'Joia Rara' também é o terceiro folhetim de Thelma e Duca sob a direção de núcleo de Ricardo Waddington.
'Joia Rara' venceu o Prêmio Emmy Internacional, em 2014, de melhor novela.
PRODUÇÃO
A equipe da novela passou 20 dias no Nepal gravando cenas do núcleo budista, sob a direção-geral de Amora Mautner. As locações escolhidas foram as cidades de Katmandu, Patan e Bhaktapur; Bungamati, uma vila do século XVI; o Golden Temple e o Mosteiro de Shechen. No Nepal, foram gravadas cenas do encontro de Franz (Bruno Gagliasso) e Ananda (Nelson Xavier), da morte do mestre e da chegada de Pérola (Mel Maia) com o pai e Amélia (Bianca Bin) ao mosteiro fictício de Padma Ling, já na segunda fase da trama.
Para a gravação de uma das cenas no Nepal foram necessários 15 mil monges entoando mantras.
Diariamente, a produção usou cerca de 60 figurantes locais. A equipe de figurino levou cerca de 200 peças de roupas e acessórios, em um total de 24 malas. A produção de arte aproveitou para comprar vários objetos, principalmente porta-incensos, roupas de cama, objetos de oração e os recipientes de madeira onde os monges costumam comer.
Carmo Dalla Vecchia, o vilão Manfred, não gravou cenas no Nepal, mas viajou com a equipe para se imbuir do espírito local. Fotógrafo nas horas vagas, o ator – que é budista – aproveitou para registrar imagens dos colegas.
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FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
Parte da novela se passa em um lugar inventado nos Himalaias. Para isso, a figurinista Marie Salles pegou influências de vários países daquela região, como China, Indonésia e Mongólia. As cores quentes, principalmente vermelho e dourado, inspiraram a equipe de figurino, produção de arte e cenografia.
Aparecem muito em cena os vermelhos, laranjas e dourados. Os sons dos mantras e as cerimônias budistas permearam as gravações e inspiraram atores como Nelson Xavier – que interpretou o líder espiritual Ananda Rinpoche.
O calor no Nepal era forte, mas não desanimou nem mesmo os atores e figurantes que precisaram vestir os trajes de monges, que costumam ter três camadas: uma blusa transpassada, uma saia e um zen – espécie de pano usado no ombro. Em uma das cenas, a produção chegou a usar 180 nepaleses como figurantes.
As sedutoras e coloridas vedetes do Cabaré Pacheco Leão usam plumas e paetês. Lola (Letícia Spiller), por exemplo, uma explícita homenagem a Carmen Miranda, usa babados e lingerie aparente, misturando vermelho, verde e roxo em um mesmo modelo.
O figurino masculino também tem suas particularidades. Enquanto Ernest (José de Abreu) usa ternos impecavelmente bem cortados, gravatas de seda e abotoaduras de cristal, seu antagonista, Mundo (Domingos Montagner), usa bonés, camisetas brancas e calças marrons. O vilão, Manfred, é apagado e submisso. E suas roupas traduzem isso: ternos sem a menor graça, gravatas e camisas lisas.
CENOGRAFIA E ARTE
Os anos 30 e 40 foram recriados no Projac. Foram duas cidades cenográficas que, juntas, somavam 8 mil metros quadrados, além de cerca de 60 cenários, em estúdio. As equipes de produção de arte, liderada por Ana Maria Magalhães, e cenografia, a cargo de João Irênio, trabalharam para que houvesse verossimilhança sob todos os aspectos.
Na cidade cenográfica da Lapa, um bonde passeava por um trilho de 70 metros de comprimento, construído especialmente para a novela. Cada ambiente foi cuidadosamente estudado. Para os quartos do mosteiro fictício de Padma Ling foi trabalhada uma estética minimalista. Os cenários “pelados” foram propositais. Nos ambientes cariocas, a realidade era outra. Eram cenários com curvas e arcos.
A mansão Hauser, onde morava o austero Ernest (José de Abreu) e sua família, é no estilo art deco. Além disso, é sombria e gelada. Para dar este clima, a decoração foi toda em preto e cinza. Em cima da lareira, havia uma reprodução da tela ‘Narciso’, de Caravaggio, que representa como era o dono daquele lugar. Em contraponto, o Cabaré Pacheco Leão – inspirado no Moulin Rouge – e o cortiço eram pura alegria. No primeiro, imperavam o vermelho e o dourado, com muitos tecidos no lugar de paredes. No segundo, reinava aquela balbúrdia típica das influências italiana.
Para a joalheria Hauser, a produção de arte pediu a alguns designers réplicas de joias art deco. Havia muitos brilhantes e pedras, como safiras, turmalinas e rubis. Para a segunda fase, em 1945, a moda eram as pérolas, que estavam principalmente em colares de três voltas.
A equipe de Ana Maria Magalhães também criou uma radionovela fictícia, com jingle, que era ouvida principalmente pelos moradores da pensão. Também confeccionou um livro sobre a vida de Buda, com ilustrações, que foi lido para Pérola (Mel Maia) na trama.
Para a gravação do primeiro casamento de Franz e Amélia, o cenário do Cabaré Pacheco Leão foi decorado com toalhas rendadas e flores brancas e cor-de-rosa, em um estilo romântico que combina com o de Amélia. O bolo, branco, estava enfeitado com pequenas pombas brancas. O vestido da noiva, bem anos 30, foi feito em tule de algodão e popeline com estampas; a grinalda era de biscuit.