Por Memória Globo

  • Em Irmãos Coragem foram criadas várias tramas paralelas, dando prosseguimento à renovação da linguagem das telenovelas iniciada com Véu de Noiva (1969), também de Janete Clair, e Verão Vermelho (1969), de Dias Gomes. O formato permitiu à autora maior liberdade para modificar a narrativa em função da pressão da Censura Federal ou da insatisfação da trajetória de algum personagem.

  • Janete Clair escreveu a novela sozinha, sem o auxílio de qualquer outro colaborador. A autora afirmou ter se inspirado no romance Os Irmãos Karamazov, de Fiodor Dostoiévski, para dar vida aos irmãos Coragem. Baseou-se, ainda, no livro As Três Faces de Eva, de Corbett H. Thigpen e Hervey M. Checkley, para compor a tripla personalidade de Lara (Glória Menezes). E recorreu à peça Mãe Coragem, de Bertolt Brecht, para construir o papel de Sinhana (Zilka Sallaberry), a mãe de João (Tarcísio Meira), Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) e Duda (Cláudio Marzo).
  • Em 26/06/1971, o jornal O Globo publicou uma nota que a Assembleia Legislativa do então estado da Guanabara parabenizava a emissora “pela feliz oportunidade que deram a milhões de telespectadores de assistirem, empolgados e como que participando nos episódios, à novela Irmãos Coragem”.
  • Irmãos Coragem foi a segunda novela mais longa da Globo, durando praticamente um ano no ar. A história reuniu o maior elenco em telenovelas até então e obteve mais audiência do que a final da Copa de 1970, entre Brasil e Itália – o jogo foi apresentado num domingo e, no dia seguinte, a audiência da novela foi maior. Atribui-se à junção de bangue-bangue com futebol o interesse do público masculino na trama: pela primeira vez, os homens admitiram que assistiam a uma novela.
  • Em uma cena levada ao ar no capítulo 213, João chega em casa e Lara/Márcia o espera. Ele fica emocionado, corre para abraçá-la, e os dois se beijam apaixonadamente. Em nota que consta do script, Janete Clair pede para explorar bem o beijo romântico do casal: “Afinal, eles são casados na vida real e na novela.”

  • A presença de Glória Menezes contracenando com o marido, Tarcísio Meira, dava à novela um poderoso recurso: a possibilidade de beijos reais – algo raro na televisão da época. Enquanto o casal protagonizava seus beijos em Irmãos Coragem, outro casal real fazia o mesmo na novela Simplesmente Maria, da TV Tupi: Carlos Alberto e Yoná Magalhães.
  • Segundo Daniel Filho, o casal Jerônimo e Potira (Lúcia Alves) foi inspirado no filme Duelo ao Sol (1946), estrelado por Gregory Peck e Jennifer Jones.
  • Janete Clair já demonstrava, à época, a preocupação em atender a algumas expectativas dos telespectadores. Em cena do capítulo 68, João Coragem (Tarcísio Meira) vai à delegacia e recebe voz de prisão, mas tenta resistir e parte para cima do delegado Falcão (Carlos Eduardo Dolabella), que estava envolvido em várias tramoias de Pedro Barros (Gilberto Martinho). Ao que parece, o público esperava ver uma reação mais contundente de João, sempre avesso a agir com violência. No script, a autora manda um recado para o ator Carlos Eduardo Dolabella: “Desculpe, Falcão, mas este é um pedido do público, que não se poderia deixar de atender. Aliás, bem merecido.”
  • Durante uma enchente no Rio de Janeiro, um helicóptero fotografou a cidade fictícia de Coroado. A imagem foi publicada na primeira página do jornal carioca O Dia, com o título: “O Rio está inundado”. O cenário parecia tão real que confundiu os repórteres.
  • Irmãos Coragem também sofreu com a censura, como quase todas as novelas da época. Embora a história mostrasse a luta contra opressão de um coronel corrupto, o que chamou a atenção dos censores não foi o aspecto político, mas os costumes. Entre os pontos sinalizados, o de maior preocupação era o romance de Jerônimo e Potira. O adultério foi especialmente condenado.

CRIAÇÃO DE PERSONAGENS E ESTREIAS

Zilka Sallaberry e Sonia Braga em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970 — Foto: Acervo/Globo

  • A novela marcou a estreia de Sônia Braga na Globo e reuniu as duas duplas mais famosas da emissora na época: Tarcísio Meira e Glória Menezes, Cláudio Marzo e Regina Duarte. Os dois últimos saíram antes do final das gravações para estrelar a novela que viria em seguida no horário das 19h, Minha Doce Namorada, de Vicente Sesso.

Glória Menezes em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970 — Foto: Acervo/Globo.

  • Glória Menezes conta que criou um trejeito – um leve estalo com a língua e uma piscadela – que se transformou num código para o público identificar a transformação de Diana em Lara.

Regina Duarte e Cláudio Marzo em Irmãos Coragem - 1ª versão, 1970 — Foto: Acervo/Globo

Regina Duarte e Cláudio Marzo também fizeram par romântico nas novelas Véu de Noiva (1969), de Janete Clair, e Carinhoso (1973), de Lauro César Muniz.

Cláudio Marzo em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970 — Foto: Acervo/Globo.

  • Para criar o personagem Duda (Cláudio Marzo), craque do Flamengo, e mostrar as angústias de um rapaz do interior que se transforma em ídolo do futebol, Janete Clair contou com a assessoria do jornalista e comentarista esportivo João Saldanha.
  • Para compor a tripla personalidade de Lara, a autora recorreu à assistência do neurocirurgião Pedro Sampaio.
  • Irmãos Coragem marcou a estreia do diretor Reynaldo Boury na Globo. Ele entrou na equipe para atuar como diretor de TV, fazendo os cortes das cenas.
  • A novela fez tamanho sucesso que, após o seu término, Tarcísio Meira e Glória Menezes, em viagem à Bahia, foram brindados por um coro de dezenas de pessoas cantando a música-tema Irmãos Coragem.
  • A novela foi reapresentada em duas ocasiões, em forma compactada: no Festival 15 Anos da Globo, em janeiro de 1980, e no Festival 25 Anos, em maio de 1990.
  • Em 1995, nas comemorações dos 30 anos da emissora, Dias Gomes e Marcílio Moraes fizeram um remake de Irmãos Coragem para as 18h. Nessa versão, Marcos Palmeira, Marcos Winter e Ilya São Paulo viveram os irmãos Coragem, respectivamente João, Duda e Jerônimo. A personagem Lara foi interpretada por Letícia Sabatella; Gabriela Duarte viveu Ritinha; e Dira Paes interpretou Potira. Laura Cardoso deu vida à Sinhana.

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