Natalie Lamour
Segundo lugar no reality show Volúpia na Montanha, exibido três anos antes, Natalie Lamour (Deborah Secco) só tem um pensamento: voltar à mídia. Para não perder a boa forma, tem uma rotina que envolve academia, clínicas de estética e um esforço incansável para marcar presença em eventos badalados. O programa lhe rendeu projeção, que ela agarrou com unhas e dentes, mas, com o passar do tempo, seus 15 minutos de fama foram dando lugar ao ostracismo, deixando a ex-celebridade desesperada pelos holofotes e, principalmente, por um marido rico, que lhe garanta um futuro confortável.
'Insensato Coração' (2011): cena em que Natalie (Deborah Secco) tenta usufruir da fama de ex-participante de reality show.
Sedutora e esperta, Natalie conta com o apoio do promoter Roni (Leonardo Miggiorin) –
amigo, empresário e conselheiro amoroso – para alcançar sua meta. Já sua mãe, a faxineira Haidê (Rosi Campos), vive puxando suas orelhas e tentando convencê-lade que um bom emprego seria o caminho mais curto para a filha se tornarindependente. No entanto, assim como o irmão, Douglas (Ricardo Tozzi), Natalie não quer saber de trabalho.
Haidê vive com Natalie e Douglas no apartamento comprado pela modelo com o que
recebeu por dois ensaios em revistas masculinas e algumas campanhas publicitárias. Batalhadora, ela encara as dificuldades de sustentar a família sozinha. Enquanto Natalie sonha com a fama e um casamento rico, o ignorante Douglas passa os dias se exercitando para manter o corpo musculoso. Com o avanço da história, Douglas se envolve com Bibi (Maria Clara Gueiros) e se
apaixona de verdade pela socialite, formando um dos casais mais engraçados da trama. Os dois acabam se casando.
No decorrer da trama, Natalie vira amante do banqueiro Horácio Cortez (Herson Capri), por quem passa a ser sustentada. Seu intuito, porém, é casar-se com o milionário, o que, de fato, consegue, depois que ele se torna viúvo. Clarice (Ana Beatriz Nogueira), a mulher de Cortez, é assassinada a mando do marido após ameaçar revelar provas do envolvimento do banqueiro em corrupção. Ela. descobrira a relação de Cortez com Natalie por meio de um vídeo, enviado pela amante do banqueiro, em que os dois aparecem fazendo sexo, e no qual Natalie o instiga a dizer que a ama. Clarice, que abrira mão de seus sonhos para se dedicar ao marido e ao filho, Rafa (Jonatas Faro), sempre soube que Cortez mantinha casos extraconjugais passageiros, mas não estava mais disposta a
sofrer calada.
'Insensato Coração' (2011): cena em que Cortez (Herson Capri) é preso ao tentar fugir do país.
O casamento de Cortez e Natalie não é aceito pelos filhos dele, Rafa e Paula
(Tainá Müller) – filha de sua primeira mulher. Ambos hostilizam a nova moradora do casarão da família. Com o tempo, Paula, que quer continuar sendo sustentada pelo pai, finge uma aproximação com a “madrasta”; mas Rafa não cede. Para o jovem, Natalie é a responsável pela morte de sua mãe, que teria capotado com o carro por estar tomando remédios para combater uma depressão.
Horácio Cortez termina a novela preso, para a felicidade do jornalista Kléber Damasceno (Cássio Gabus Mendes), que passou a história denunciando seu envolvimento com corrupção. Ele também é acusado pela morte de Clarice, após a confissão do homem que contratara para eliminar sua esposa. Diante da descoberta, Rafa rompe com o pai.
Natalie é pega de surpresa quando Cortez vai preso, acusado de desvio de dinheiro do banco, um golpe que atinge milhões de correntistas. Ela é expulsa de casa por Rafa e vê-se novamente sem dinheiro, tendo de voltar a correr atrás da mídia para fazer ensaios fotográficos. Para conseguir os serviços jurídicos de Wagner (Eduardo Galvão), advogado de Cortez, que sempre a cobiçou, passa a dormir com ele. Ao descobrir que Cortez, para não perder a casa, colocara o imóvel em nome de sua mãe, Haidê, Natalie volta para a mansão e expulsa Rafa.
'Insensato Coração' (2011): cena em que Natalie (Deborah Secco) se candidata à deputada.
Haidê, que não aprovara as atitudes da filha, passa a casa para o nome de Rafa, devolvendo-a ao jovem. Natalie, após posar para um sensual ensaio fotográfico que faz sucesso por conta do caso Cortez – afinal ele está preso e ela ainda ésua mulher –, dá entrevistas manifestando-se contra a corrupção. Numa encenaçãoda realidade política vivida no Brasil, ela é chamada pela direção de um fictício partido político, o PMP (Partido da Moralidade Pública), para concorrer como deputada nas eleições seguintes, atuando como “puxadora de votos” para a legenda. Eleita, ganha um gabinete no Congresso Nacional, em Brasília, tendo Roni como seu assessor. Em uma de suas últimas cenas, pergunta: “O que faz um deputado, mesmo?” – referência à campanha de Francisco Everardo
Oliveira Silva, o Tiririca, eleito deputado federal por São Paulo naquele ano com a maior votação do país.
Eunice e sua família
Eunice (Deborah Evelyn) é casada com Júlio (Marcelo Valle) e mãe de duas jovens, Leila (Bruna Linzmeyer) e Cecília (Giovanna Lancellotti). Para ela, que anseia por uma posição social de mais prestígio, o casamento de Pedro (Eriberto Leão) com sua irmã, Luciana (Fernanda Machado), pode ajudar seus planos de deixar Florianópolis para morar no Rio de Janeiro, onde ela imagina poder arrumar bons partidos para as filhas.
Quando Luciana morre, Eunice fica arrasada, até porque sempre cultivou um carinho maternal pela irmã mais nova. Por conta disso, não hesita em tentar prejudicar Pedro quando aparece uma oportunidade. Quanto a Marina (Paolla Oliveira), apesar de passar a odiá-la após descobrir o envolvimento dela com Pedro, esconde sua raiva e faz-se de amiga para pedir um emprego para Júlio em seu escritório de design. Eunice é falsa, e faz qualquer coisa para entrar na alta sociedade carioca. Seu descaramento, no entanto, é tão claro que as pessoas logo percebem que não é uma pessoa confiável.
As filhas tampouco aprovam as ideias medíocres e as atitudes de caráter duvidoso da mãe, por isso as três vivem em crise. Leila, a mais velha, quer ser independente o quanto antes e não sabe lidar com as imposições dos pais. Cecília, embora mais doce, sabe bem o que quer da vida, o que também implica em não baixar a cabeça para as insensatas ordens da mãe. Júlio, por sua vez, é parceiro dos desatinos de Eunice, embora bem mais comedido que a esposa, porque não é mau-caráter. A doce Zuleica (Bete Mendes), mãe de Eunice e Luciana, que mora com a filha mais velha, ajuda a acalmar os ânimos.
A família se muda para o Rio de Janeiro quando Júlio é contratado para trabalhar no escritório de Marina, e Eunice não descansa até conseguir fazer parte da elite da cidade. Ao longo da trama, ela inferniza a vida das filhas, querendo que elas namorem jovens de famílias ricas. Quando descobre que Cecília está namorando Rafa (Jonatas Faro), filho do banqueiro Horácio Cortez (Herson Capri), não hesita em interferir na relação, já pensando em um futuro casamento. Quanto a Leila, fica indignada ao saber que ela se envolveu com André (Lázaro Ramos), e praticamente renega a filha porque ela quer ser independente e investir no sonho de se tornar estilista. Após muita hipocrisia e bajulação, Eunice vira presidente da Liga da Família Carioca, uma associação beneficente formada por mulheres da alta sociedade.
Paralelamente, ela se envolve com Ismael (Juliano Cazarré), o motorista e segurança de Norma (Gloria Pires). Fortemente atraída pelo rapaz, a “madame” se deixa seduzir, consumando a infidelidade conjugal em encontros secretos em um hotel modesto na Lapa, zona boêmia do Rio. Ismael se aproveita para tirar dinheiro da socialite.
No final da novela, Eunice é desmascarada e, além de perder o marido e ser expulsa de casa, perde também o cargo na Liga, sendo obrigada a servir cafezinho no ateliê de moda de Bibi (Maria Clara Gueiros) e Gilda (Helena Fernandes), no qual sua filha, Leila, é a estilista.
Carol e André
André Gurgel (Lázaro Ramos) é uma referência no Rio quando o assunto é design. Profissional talentoso e bem-sucedido, que também faz um sucesso notável com as mulheres, ele tem uma vida invejável. André consegue conquistar a mulher que desejar, mas estabeleceu para si mesmo um princípio inabalável: não sai com a mesma pessoa mais de uma vez. Ele é franco com todas que cruzam seu caminho e nunca dá falsas esperanças para nenhuma delas.
'Insensato Coração' (2011): cena em que André (Lázaro Ramos) e Carol (Camila Pitanga) se reencontram.
Sua vida segue seu curso normal até aparecer Carolina Miranda (Camila Pitanga), a Carol, uma antiga colega de escola que se transformou em uma mulher linda, atraente, interessante e bem-sucedida, ocupando um cargo de destaque nas empresas de Vitória Drumond (Nathalia Timberg).
Carol sempre foi apaixonada por André, e colocou na cabeça que vai conquistá-lo. Ela consegue fazer com que o designer burle sua própria regra, e os dois têm mais de um encontro. Acontece que Carol engravida, o que é uma surpresa muito grande para ela própria, que sempre ouviu de sua médica que nunca poderia ter filhos. A princípio, ela não revela a André que ele é o pai da criança que vai nascer.
A relação dos dois vai bem até que, durante uma briga do casal, ele dorme com Leila (Bruna Linzmeyer), com quem havia se envolvido antes. Franco, revela tudo à mãe de seu filho. Carol não perdoa a traição, embora André implore para voltar, mas não hesita em ficar ao lado do designer, dando-lhe carinho e apoio, quando ele descobre que tem um câncer em um dos testículos.
Quando decide contar a verdade, ele se mostra ressabiado, mas depois passa a curtir a ideia. E curte mais ainda quando nasce o pequeno Antônio. Carol, porém, após aceitar que André não quer formar uma família com ela, fica encantada com Raul (Antonio Fagundes), que virou seu subordinado na empresa de Vitória. Após uma implicância mútua inicial, os dois se envolvem, apaixonados. Até que André, com um ciúme crescente de Carol, declara que gostaria de viver com ela. Confusa, Carol pede um tempo a Raul e, depois, aceita morar com André.
No fim da novela, Carol resolve voltar para Raul, e ela e André, curado, voltam a ser amigos. Ambos se dão conta de que têm desejos e sonhos diferentes: ela quer formar uma família, e ele ama a vida de solteiro.
Quiosque da Sueli
Sueli (Louise Cardoso) é uma mulher batalhadora, mãe de Eduardo (Rodrigo Andrade), que trabalha duro para sustentar a pequena família. Irmã de Jonas (Tuca Andrada), sempre acreditou na inocência do irmão, preso após a acusação de envolvimento no assalto à casa da rica Vitória (Nathalia Timberg), onde ele trabalhava como segurança. O tempo provou que ela não estava errada. Com o desenrolar da trama, descobre-se que Jonas não estava mentindo quando dizia ser inocente. O implicado no assalto, na verdade, foi Ismael (Juliano Cazarré) que, à época da prisão de Jonas, trabalhava como motorista da empresária.
Quando descobre que Jonas era mesmo inocente, Vitória procura Sueli para se desculpar por não ter acreditado no empregado e por, indiretamente, ter ajudado a condená-lo. Ela passa para Sueli a concessão de um quiosque na praia de Copacabana. Ao decorar o local com enfeites coloridos, Sueli, por acaso, acaba transformando o quiosque num point de homossexuais. Por conta da decoração do espaço, eles identificaram o lugar como um quiosque gay.
Como uma mulher alegre, bem-humorada e sem preconceitos, Sueli acaba acolhendo os clientes, e fica à frente de um núcleo que virou porta-voz dos direitos dos homossexuais. Entre seus amigos gays estão Xicão (Wendel Bendelack), que passa a ser seu ajudante no quiosque; o promoter Roni (Leonardo Miggiorin); Nelson (Edson Fieschi), advogado da empresa de Vitória; e o professor de Direito Hugo (Marcos Damigo).
No decorrer da trama, Sueli é surpreendida com a descoberta de que seu filho, Eduardo, também é homossexual. No início da trama, ele começa a namorar Paula Cortez (Tainá Müller), mas seus sentimentos ficam confusos quando conhece Hugo, que não esconde sua paixão pelo rapaz. Depois de levar muito tempo para se assumir, Eduardo se declara a Hugo e os dois passam a viver uma relação de amor e cumplicidade, inclusive casando-se no fim da novela.
Antes disso, porém, Sueli começa a namorar Kléber (Cássio Gabus Mendes) e, pouco tempo depois, conta que ele é o pai de Eduardo, fruto de um relacionamento que os dois tiveram na juventude. Apesar de jornalista e, consequentemente, ser uma pessoa bem informada e esclarecida, Kléber é homofóbico, e mal consegue digerir a novidade. Mal estar que se desfaz no final da história.
O núcleo de homossexuais serviu como alerta contra a homofobia. Os autores aprofundaram a discussão ao criar o personagem Gilvan (Miguel Roncato), um jovem homossexual, não aceito pela família, que morre após ser violentamente espancado pelo pitboy Vinícius (Thiago Martins).
Vinícius
Vinícius (Thiago Martins) é um jovem pobre que, durante a trama, descobre ser filho do rico executivo Oscar (Luigi Baricelli), um filho que ele não sabia que havia tido antes do casamento. Disposto a ajudar o rapaz, Oscar o leva para morar em sua casa e fazer parte de sua família, formada por sua mulher, Gilda (Helena Fernandes), e pelo filho dos dois, Serginho (Victor Novello).
Dissimulado, Vinícius se faz de amigo do meio-irmão e finge ser um bom filho, sem demonstrar que é desajustado e perigoso. No fundo, ele só está interessado no dinheiro do pai. Na relação com as meninas também passa por compreensivo e carinhoso, mas a verdade é que não tem o menor respeito por elas. Depois de namorar e trair Alice (Paloma Bernardi), ele se faz de amigo de Rafa (Jonatas Faro) e, na primeira oportunidade, arma uma cilada para roubar sua namorada, Cecília (Giovanna Lancellotti), sem deixar que ninguém desconfie de suas ações e más intenções. Certa noite, estimula Cecília a se embriagar e depois passa a noite com ela, que engravida. Pressionada pela mãe, a interesseira Eunice (Deborah Evelyn), Cecília quase se casa com o rapaz. No final da trama, porém, ela e Rafa reatam.
Ela perde o bebê após ser agredida por Vinícius, ao visitá-lo na prisão. Vinícius termina a novela preso pelo assassinato de Gilvan (Miguel Roncato), um menino gay que freqüentava o quiosque de Sueli.
Bar do Gabino
É no bar de Gabino (Guilherme Piva), no Horto, que os personagens se reúnem para ouvir boa música e comer bons petiscos, preparados pela cozinheira Fabíola (Roberta Rodrigues), que também faz as vezes de cantora. Sempre que consegue driblar o patrão, ela sai da cozinha e vai para a rua cantar samba e alegrar a clientela.
O lugar é cenário para muitos encontros, como os de Kléber (Cássio Gabus Mendes), irmão de Gabino, com a ex-mulher Daisy (Isabela Garcia), que vivem discutindo a pensão alimentícia da filha, Olívia (Polliana Aleixo), sempre atrasada.
Em determinado momento da trama, por conta de dificuldades financeiras, os quatro vão morar no mesmo espaço, a casa de Gabino, que fica acima do bar. Kléber é o último a se mudar para o apartamento, após perder o emprego por conta de seu alcoolismo e de sua postura arrogante, agressiva e homofóbica. Os atritos entre eles são constantes, mas sempre com um pé no humor.
Depois de muitas discussões familiares, tudo termina bem. Gabino, que sempre fora apaixonado por Fabíola, finalmente declara seu amor; Daisy se acerta com Beto (Petrônio Gontijo), de quem virara secretária no decorrer da trama (os dois acabaram se apaixonando); e Kléber voltar a ser um jornalista respeitado por conta de um blog de denúncias que desenvolveu durante a história, volta a namorar Sueli (Louise Cardoso), com quem tivera um relacionamento anos antes, e ainda descobre que é o pai do filho dela, Eduardo (Rodrigo Andrade).