Por Memória Globo

João Miguel Júnior/Globo

Os figurinos ficaram a cargo de Lessa de Lacerda, que buscou referências em seu próprio álbum de família. A criação do visual dos atores contou com a parceria do supervisor de caracterização Sérgio Azevedo. À frente de suas equipes, os dois cuidaram para que roupas e penteados dos personagens ajudassem a diferenciar as duas fases da novela, marcando a passagem de tempo. Algumas curiosidades foram encontradas nas pesquisas: segundo o figurinista, no início da década de 1920 o comprimento das saias era acima do joelho; no final, acima da canela.

O figurinista conta que, ao longo da novela, tinha à sua disposição uma bordadeira e uma chapeleira de plantão, já que bordados e chapéus eram muito presentes na época em que a trama era ambientada. A maioria dos figurinos foi feita especialmente para a produção. Ana Francisca (Mariana Ximenes), por exemplo, usou cerca de 40 vestidos pretos na fase de luto da personagem.

Mariana Ximenes em Chocolate com Pimenta, 2003 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

No início da trama, Mariana Ximenes usou corpete para achatar os seios, óculos, roupas largas e cabelo de “maria mijona”. Na segunda fase, transformada em viúva glamourosa, ela apareceu de cabelos curtos à la garçonne, com um vestido de corte enviesado, característico do fim da década, lançamento da estilista Madeleine Vionnet. A extravagância de Jezebel (Elizabeth Savala) sofreu influência dos costumes criados pelo estilista Erté, famoso nos anos 1920 por seu estilo exótico e romântico.

Kayky Brito em Chocolate com Pimenta, 2003 — Foto: Gianne Carvalho/Globo

Um dos destaques do figurino foi a caracterização de Kayky Brito, típica de uma menina de época. O ator usava vestidos, laços e sapatos de boneca e, como começava a ter pelos nas pernas, tinha de usar meia-calça o tempo todo.

Além disso, teve de alongar os cabelos através de uma técnica que consiste no aplique de cabelos naturais que são descoloridos, tingidos e agrupados por tamanho em mechas, coladas aos cabelos dos atores por meio de placas de queratina que derretem com o calor. Foram usadas quase 300 mechas no ator.

Lilia Cabral em Chocolate com Pimenta, 2003 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

A certa altura da história, a personagem Bárbara, interpretada por Lilia Cabral, voltava à cidade completamente careca. Na trama, ela fugiu com o circo e o seu cabelo acabou pegando fogo numa das apresentações. Após o incidente, a personagem começou a usar uma peruca de franjas que, volta e meia, ficava torta.

O efeito resultante da maquiagem aliada aos recursos de computação gráfica ficou tão bom que muitos telespectadores juravam que a atriz havia realmente raspado a cabeça.

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