PRODUÇÃO
O município de Niterói, no Rio de Janeiro, foi cenário de grande parte das cenas de 'Beleza Pura'. Era lá que moravam os personagens Guilherme (Edson Celulari), Norma (Carolina Ferraz), Raul (Leopoldo Pacheco), Renato (Humberto Martins), Sônia (Christiane Torloni) e Olavo (Reginaldo Faria).
As cenas externas da novela foram gravadas em pontos tradicionais da cidade, como o Solar do Jambeiro, o Museu do Ingá, a estação das barcas e as praias de São Francisco, Icaraí e Gragoatá.
O Caminho Niemeyer, que abriga uma série de projetos do arquiteto Oscar Niemeyer, também serviu como locação para a novela, com destaque para o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e a Estação Hidroviária de Charitas.
A última cena da disputa pelos diamantes foi gravada na favela Tavares Bastos, no bairro do Catete, na zona sul do Rio de Janeiro.
Uma das cenas marcantes dos primeiros capítulos, quando Norma se desfaz do CD com o projeto original de Guilherme, foi gravada na ponte Rio-Niterói.
Para a realização da sequência, a equipe conseguiu autorização para interromper o trânsito no local por alguns minutos. Foram utilizadas duas câmeras: uma em um helicóptero e outra na pista, para acompanhar de perto os movimentos de Carolina Ferraz.
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
Em setembro de 2007, dois meses antes do início das gravações, as equipes de figurino e caracterização começaram a idealizar seus respectivos universos. Enquanto a caracterizadora Valéria Toth buscou referências em diferentes atrizes do cinema norte-americano, as figurinistas Helena Gastal e Natalia Duran fizeram uma pesquisa sobre todas as tendências da moda contemporânea.
A engenheira Norma (Carolina Ferraz) ganhou um guarda-roupa sofisticado, mas distante do clichê da executiva bem-sucedida. Suas roupas não tinham pregas, franzidos, rendas, transparências e nenhum volume desnecessário. Já o figurino de Sônia (Christiane Torloni) era o oposto do de Norma: suas roupas tinham muitos decotes e cores fortes, mas sem vulgaridade. Joana (Regiane Alves), por sua vez, seguia um estilo romântico e delicado que, apesar de muito feminino, era mais esportivo, sem rendas e babados.
As figurinistas contam que a caracterização mais difícil de ser desenvolvida foi a de Ivete (Zezé Polessa), que mesclava facetas como cabeleireira, mãe, moradora do bairro da Saúde e ex-chacrete. Após algumas tentativas, chegou-se aos anos 1980 e às Frenéticas. A personagem usava cílios postiços, batom rosa-choque e sempre variava a cor do esmalte de suas unhas.
Uma das personagens mais comentadas da novela foi a destrambelhada Rakelli (Isis Valverde), cujo figurino era inspirado nos mangás, as histórias em quadrinho japonesas.
Manicures que já passaram pela teledramaturgia, como Babalu (Letícia Spiller), em 'Quatro por Quatro' (1994), e Darlene (Deborah Secco), em 'Celebridade' (2003), também serviram de modelos para a construção do visual da personagem. Rakelli usava saias minúsculas e acessórios multicoloridos. A manicure lançou moda: as cores extravagantes de seus esmaltes e suas sandálias de salto alto ganharam as ruas.
Zezé Polessa ganhou uma tatuagem no ombro esquerdo, inspirada nas tatuagens do diretor-geral da novela, Rogério Gomes. A equipe de caracterização mandou confeccionar um tipo de carimbo, com uma tinta removível, que era aplicado na atriz sempre que ela gravava.
Outro detalhe curioso do trabalho da equipe de caracterização foi a maquiagem de Luiza, vivida por Bianca Comparato. Sua personagem era uma típica adolescente, cheia de espinhas no rosto. Como a atriz tem uma pele saudável, era necessário fazer essas espinhas antes cada gravação. A maquiagem utilizada era própria para efeitos especiais.
A divertida Sheila (Carol Castro) teve o seu visual inspirado nas pin ups, abusando de cintura alta, decotes ousados e vestidos justos.
Guilherme (Edson Celulari) e Renato (Humberto Martins), rivais na briga pelo amor de Joana, tinham estilos diferentes. O primeiro trazia um ar despojado, usando no dia a dia roupas confortáveis em tons de cinza e preto, tênis e calça jeans. O outro, mais formal, estava sempre impecável, vestindo ternos alinhados.
CENOGRAFIA E ARTE
O maior desafio da equipe de cenografia de 'Beleza Pura' foi recriar na Central Globo de Produção (CGP), em Jacarepaguá, a mesma atmosfera do bairro da Saúde, no centro do Rio.
A cidade cenográfica da novela tinha quatro mil m2 e 26 prédios. Locais como o Largo São Francisco da Prainha e o Morro da Conceição serviram de referências para a reprodução do bairro.
A preocupação com o realismo fez com que a equipe de produção de arte recorresse a profissionais especializados em diferentes áreas.
Cirurgiões plásticos, dermatologistas e engenheiros orientaram a concepção das clínicas de cirurgia plástica e de estética e dos escritórios e projetos da Singular Helicópteros.
A queda do Carcará contou com a ajuda da Marinha e da Aeronáutica para simular uma cena real de resgate.
Segundo o produtor de arte José Artur Camacho, todos os aparelhos de estética usados em cena funcionavam de verdade, mas foram adaptados. Eles mantinham a luz original, mas não faziam os tratamentos.
CURIOSIDADES
'Beleza Pura' marcou a estreia de Andrea Maltarolli como autora de novelas. Ela faleceu em setembro de 2009, vítima de câncer, um ano após o término de sua trama. Tinha 46 anos.
Formada em História e em Comunicação Social, Andrea Maltarolli ingressou na TV Globo em 1994, através da oficina de autores e roteiristas da emissora. Ao lado de Emanuel Jacobina, um de seus colaboradores em 'Beleza Pura', desenvolveu o projeto de 'Malhação'.
O desafio foi proposto pelos dois em 1994, quando ainda faziam parte da oficina de autores da TV Globo. Em menos de um ano, em abril de 1995, 'Malhação' estreou na grade da emissora.
Andrea Maltarolli fez parte da equipe de roteiristas de 'Malhação' por alguns anos. Durante esse período, também escreveu para outros programas da TV Globo, como 'Escolinha do Professor Raimundo', 'A Turma do Didi', 'Chico Total' e 'Zorra Total'.
O texto de 'Beleza Pura' contou com a supervisão de Silvio de Abreu até o capítulo 30. Há 23 anos que Silvio de Abreu já supervisionava a formação de novos autores de novela. O primeiro foi Carlos Lombardi, em 'Vereda Tropical' (1984). Depois vieram Alcides Nogueira, Maria Adelaide Amaral, João Emanuel Carneiro e Elizabeth Jhin.
A atriz Isis Valverde foi um dos destaques da novela, no papel de Rakelli. A personagem ficou marcada por seu português desconcertante: décimo-segundo virava “dôzimo”, e avestruz, “avescruz”. Entre as pérolas faladas pela manicure estavam frases como: “O ser vivo é dividido em três reinos: animal, vegetal e mineral. A pedra é como a água de garrafa, é mineral”; “Mãe, você está muito estressada, neurótica, paranóida”. O choro de Rakelli também chamava atenção, parecia uma sirene.
A novela contou com 30 personagens, um quadro de atores enxuto se comparado com outros trabalhos do gênero.
'Beleza Pura' marcou a estreia de Regiane Alves no papel de uma protagonista na TV Globo.
Os atores Reginaldo Faria e Marcelo Faria, pai e filho na vida real, contracenaram como primos: Dr. Olavo e Robson, respectivamente. Essa foi a primeira vez em que os dois trabalharam juntos em uma novela.
A gravação da participação de Rakelli no 'Caldeirão do Huck' contou com a presença de dez ex-chacretes: Rita Cadillac, Marlene Morbeck, Índia Poti, Edilma Campos, Lucia Apache, Regina Polivalente, Sandra Toda Pura, Cleópatra, Cleo Toda Pura e Cris Saint Tropez.
PRÊMIOS
A atriz Isis Valverde recebeu quatro prêmios por sua atuação na novela: Prêmio Extra de Televisão, como melhor atriz coadjuvante; Meus Prêmios Nick 2008, como atriz favorita; Personalidade do Ano – IstoÉ Gente, na categoria Revelação; e Prêmio Minha Novela, do site M de Mulher, da Editora Abril, também como atriz coadjuvante. Além desses, Isis e Marcelo Faria foram eleitos o Casal do Ano, pela mesma pesquisa.
A atriz Christiane Torloni conquistou o Troféu Super Cap de Ouro, na categoria melhor atriz.
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS
O merchandising social esteve presente na novela por meio de diferentes temas. Joana, personagem interpretada por Regiane Alves, foi ao programa 'Mais Você' e, junto à apresentadora Ana Maria Braga, explicou aos telespectadores como se proteger dos raios solares, como forma de prevenir o câncer de pele.
A campanha Criança Esperança também contou com o apoio dos personagens da novela. Em um das cenas, Betão (Rodrigo Lopez) incentivou Assumpção (Bia Montez) a doar e forneceu-lhe os números de telefone para cada quantia. Betão destacou a importância do dinheiro para a manutenção de projetos sociais.
A novela fez campanha contra a pirataria. O personagem de Rafael Cardoso, Klaus, fez cópias de um software e os colocou à venda. Guilherme lhe deu uma bronca e explicou ao rapaz que isso era crime.
O tema “violência contra a mulher” também ganhou espaço na novela. A empregada de Guilherme, Valmiréia (Letícia Isnard), contou a Eduardo (Antonio Calloni) que uma amiga denunciou o marido por agressão, e que ele foi preso. No final da conversa, ela informou o número para a denúncia: 180.