Por Memória Globo

Márcio Nunes/Globo

Produção

A preparação do elenco de Araguaia começou no Rio de Janeiro, com aulas de dança, principalmente de forró. O desafio era dar aos atores amplitude de visão e movimento. Ainda no Rio de Janeiro, os atores tiveram aulas técnicas. O núcleo da operadora de turismo, por exemplo, aprendeu a conduzir jet skis e lanchas e também teve noções de rapel. Já Murilo Rosa, Milena Toscano e Cléo Pires fizeram treinos de equitação. O elenco do circo Gran Tenório frequentou picadeiros para aprender malabarismo, números de mágica e acrobacia. Algumas mulheres do elenco, como Laura Cardoso (Mariquita) e Júlia Lemmertz (Amélia), conheceram a culinária sertaneja.

Cleo Pires e Turíbio Ruiz se preparando para novela Araguaia, 2010 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

O trabalho de preparação do elenco continuou na região Centro-Oeste, nas cidades de São Félix e Luis Alves, em Goiás. São Félix foi um cenário bastante especial para a preparação dos personagens Solano (Murilo Rosa), Estela (Cléo Pires), Manuela (Milena Toscano), Janaína (Suzana Pires) e Frederico (Raphael Viana). Os atores passaram cinco dias na região, onde fizeram dinâmicas e exercícios sensoriais no rio, em meio a botos e jacarés.

Milena Toscano se preparando para novela Araguaia, 2010 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

A região de Luis Alves foi escolhida porque tinha boa infraestrutura para receber a equipe. O grupo chegou à região em julho, período do ano em que o nível do rio fica mais baixo, e passou 20 dias no Araguaia. Após o trabalho, a equipe trouxe mais de 300 cenas, um amplo material de stockshots para abastecer toda a novela com imagens belíssimas da região.

Em Luis Alves, jet skis, boia-cross, lanchas, caiaques, wakeboards, parasails, ultraleves, um balão e um hidroavião foram usados nas gravações das cenas na operadora de turismo, contando com a atuação de Fred, Esmeralda (Raquel Villar), Safira (Cinara Leal) e Ametista (Nanda Lisboa). Na região, também foram registradas as imagens das cavalgadas de Manuela, Solano e Estela.

A próxima parada da equipe foi Pirenópolis, também em Goiás, onde Edson Celulari (Fernando), Júlia Lemmertz, Lima Duarte (Max), Laura Cardoso, Thaís Garayp (Terê Tenório) e Yunes Chami (Mamed) se encontraram com o restante do elenco para gravar cenas em cachoeiras, fazendas e estradas. O grande destaque das gravações em Pirenópolis foram as cenas da festa da cavalhada, tradição na cidade. Para reproduzir o costume local, a equipe contou com mais de 300 figurantes montados a cavalo e mais de 100 a pé, representando as figuras típicas dos cavaleiros e mascarados. As cenas contaram com a participação de uma banda, que acompanhou todo o cortejo. Foram desenvolvidos 30 figurinos especialmente para a ocasião. A população da região presenciou a filmagem e participou animada da comemoração fictícia. As gravações da cavalhada encerraram a temporada de gravações da novela na cidade de Pirenópolis.

Ao todo, cerca de 100 profissionais viajaram do Rio de Janeiro para Goiás. Mais de 20 malas de figurino e cinco toneladas de equipamento das equipes de engenharia, produção de arte e cenografia foram transportadas para registrar as belezas naturais da região do Araguaia.

Muitas das cenas gravadas na região Centro-Oeste contaram com luz natural. A equipe acordava de madrugada e gravava antes do amanhecer, usando uma luz muito suave. O nascer e o pôr do sol enriqueceram as cenas da novela.

A trama também contou com cenas de Milena Toscano, Cléo Pires e Murilo Rosa em campos de girassol da cidade de Uberlândia, em Minas Gerais.

Mariana Rios e Nando Cunha durante gravação de Araguaia, 2010 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Figurino e Caracterização

A mistura entre os estilos do campo e da cidade deu o tom do guarda-roupa de todos os personagens da novela. O figurino de Max (Lima Duarte) seguia esse conceito: ele usava um par de óculos bem contemporâneo, mas também vestia peças tradicionais. Entre os elementos clássicos, estavam as botas, feitas por um sapateiro paulista especializado no calçado, e o linho, que representava tradição e conforto. As calças tinham duas modelagens: a alfaiataria e as bombachas gaúchas, que marcavam sua origem. As cores do figurino de Max remetiam à terra e às referências do mundo country, com muito xadrez e pied-de-poule, xadrez com quadrados separados, em que os desenhos lembram pegadas de aves.

Milena Toscano, Lima Duarte, Raphael Viana e Júlia Lemmertz em Araguaia, 2010 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

A mulher de Max, Amélia (Júlia Lemmertz), também usava itens de fazendeira, como botas e cintos de couro, mas seu visual foi complementado com lenços sofisticados e chapéus. A maioria das peças era em tons de cáqui, marrom, bege e verde-oliva.

O filho de Amélia e Max, Frederico (Raphael Viana), tinha um visual aventureiro, com calças e bermudas cargo, ecobotas e coletes. Já sua irmã Manuela (Milena Toscano) usava muito jeans e xadrez, cintos e relógios de grife, e coletes e casacos de couro sofisticados.

Murilo Rosa e Cleo Pires em Araguaia, 2010 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Solano (Murilo Rosa), domador de cavalos e herói da história, teve seu figurino inspirado no estilo do ator americano James Dean, mas com uma pincelada dos pampas. O personagem vestia muito jeans, mas não era o típico caubói: usava chapéu de aba plana e não os que os peões costumam usar. O toque gaúcho ficou a cargo da guaiaca, cinto largo de couro ou de camurça, com bolsos onde se guardam dinheiro, objetos miúdos, e que também é usado para o porte de armas.

Estela (Cléo Pires) usava tons claros de bege e rosa. Seu figurino foi um desafio, já que ela saiu de sua tribo para morar em uma cidade do interior e, depois, foi para um grande centro. Além dessa profusão de referências, ela tinha uma aura misteriosa. A renda, por ser um material feminino, contemporâneo e rural, foi usada na montagem do guarda-roupa de Estela. Ao mesmo tempo em que cobre, a renda desnuda, e também parece uma tatuagem, remetendo ao grafismo indígena feito na pele.

Edson Celulari em Araguaia, 2010 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

O elegante e viril Fernando (Edson Celulari) tinha um armário no estilo dos homens italianos e cubanos. Ele usava camisa para fora da calça, mocassim e muito linho branco. Com ele, os códigos se misturavam: na cidade, ele era rural; no campo, ele era urbano. A paleta de cores de suas roupas era em tons de branco, azul e cinza.

Raphael Viana e Suzana Pires em Araguaia, 2010 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Para compor o figurino de Janaína (Suzana Pires), a inspiração foi o papel de Monica Bellucci no filme Malèna (2000), de Giuseppe Tornatore. Para isso foram usados tecidos leves, finos e fluidos nos vestidos da personagem. No seu guarda-roupa, havia peças de brechó, de lojas de moda e algumas que foram desenvolvidas especialmente para a personagem. O visual de Janaína foi inspirado na atriz Sophia Loren. Para a sua caracterização, a atriz usava longas madeixas, tinha uma maquiagem bem marcada nos olhos, e adotou lápis de boca e gloss vermelhos.

Nancy (Mariana Rios), irmã de Janaína, era uma menina rural que queria ser da cidade. Ela usava peças jeans com elastano, acessórios exagerados e brincos coloridos. A personagem usava cabelos picotados, com pontas levemente iluminadas.

A equipe de caracterização apostou em um visual natural para o elenco de Araguaia, preocupando-se com a nova tecnologia de transmissão de imagens, o HD (high definition). A base facial era bem espalhada para suavizar a maquiagem e dar brilho à pele.

Murilo Rosa e Milena Toscano precisaram de megahair para dar volume aos cabelos de seus personagens enquanto mais jovens. Na atriz, um aplique anelado foi mesclado com seu cabelo liso natural. No ator, por sua vez, acrescentou-se um megahair à parte de trás do cabelo.

Amélia usava maquiagem leve, com batom claro e sombra marrom suave. Entre uma gravação e outra, a atriz usava bobs nos cabelos, o que garantia o volume das madeixas.

Thiago Fragoso (Vitor Vilar) precisou alisar os cachos e fazer suaves mechas claras.

Nando Cunha e Emílio Orciollo Netto em Araguaia, 2010 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

O personagem de Lima Duarte demandou que o ator deixasse crescer as costeletas e um bigodão. Para dar vida ao circense Neca Tenório, Emílio Orciollo Netto também cultivou um bigode, inspirado no ator Johnny Depp. Outro personagem que ostentava um bigode era Fernando, compondo um visual malandro.

Safira (Cinara Leal) teve os cabelos alongados e pontas iluminadas. Já os fios de Esmeralda (Raquel Villar) ganharam algumas luzes. Pérola (Tânia Alves) usava maquiagem leve e um aplique anelado nos cabelos.

O processo de envelhecimento de Regina Duarte, no papel de Antoninha, demorava uma hora e meia para ser terminado. A caracterização da personagem incluiu peruca grisalha, máscara de látex para envelhecer a pele e muita maquiagem para aprofundar as rugas.

Cenografia e Arte

As cores, texturas e formas das belas paisagens do Centro-Oeste brasileiro serviram de inspiração para a cenografia de Araguaia. A equipe teve o desafio de construir, em 45 dias, todas as frentes da cidade cenográfica e todos os cenários de estúdio, chegando a mais de 21 mil m2 de área implantada.

Foram 45 dias de execução, mas o trabalho começou antes disso. A pesquisa foi iniciada em março e logo a equipe viajou para Goiás para conhecer a fundo a arquitetura, fauna e flora da região que seria retratada na novela.

Cenografia da novela Araguaia, 2010 — Foto: Marcio Nunes/Globo

O trabalho da equipe de produção de arte começou em abril, incluindo pesquisa e visitas às locações em Goiás. Eram muitos elementos a serem retratados: a história passava pelas águas monumentais do Rio Araguaia, pela tradição das cavalhadas, pelo ecoturismo e seus esportes, por fazendas centenárias, pela culinária local e por uma trupe de circo.

Os grandes destaques da cenografia de Araguaia eram os cenários da cidade de Girassol, da estância de Antoninha (Regina Duarte), da fazenda em estilo colonial de Max (Lima Duarte), da operadora de turismo de Fred (Raphael Viana) e do sítio de padre Emílio (Otávio Augusto), onde foram instaladas uma roda d’água e uma casa na árvore.

Cenografia da novela Araguaia, 2010 — Foto: Marcio Nunes/Globo

A cidade de Girassol, construída ao longo dos capítulos da novela, era rústica e charmosa. Na história, a vila foi projetada por Fred, um arquiteto jovem e moderno, preocupado em construir um lugar sustentável e com muitos elementos reciclados.

A igreja de Girassol, ponto de encontro dos moradores, não tinha paredes, apenas uma cobertura de palha de coqueiro e uma estrutura de bambu. O sapê e o eucalipto foram usados na construção do empório de Janaína (Suzana Pires). Todos esses itens são característicos da região onde se passava a novela.

Cenografia da novela Araguaia, 2010 — Foto: Marcio Nunes/Globo

A geografia não influenciou apenas a escolha da matéria-prima utilizada pela equipe de cenografia em Girassol, mas também no estilo arquitetônico da cidade cenográfica. Para representar o Araguaia, uma região alagadiça, foram usadas construções de palafitas de madeira, típicas das áreas próximas a rios. As palafitas têm a função de elevar as construções, evitando que se inundem em caso de cheias.

Com a ajuda da computação gráfica foi possível fazer com que a cidade apresentasse, em uma vista aérea da cidade, formato de girassol. As construções formavam o miolo, e as plantações da flor desenhavam suas pétalas. Para dar esse efeito, foram usados mais de dois mil girassóis cenográficos e mais de 500 espécimes reais, plantados no local. A equipe de computação gráfica também foi responsável por inserir imagens do Rio Araguaia na cidade cenográfica, com o auxílio de backlots.

A estância de Antoninha espelhava bem a sua origem miscigenada, mescla de índio e branco: a residência possuía uma imponente fachada neoclássica, mas tinha muitas influências indígenas, como o óculo, uma abertura na fachada que decora e ilumina a parte interna.

Cenografia da novela Araguaia, 2010 — Foto: Marcio Nunes/Globo

Elementos indígenas também estavam presentes na operadora de turismo de Fred, a Caburé (uma espécie de coruja brasileira). O cenário ganhou grafismos feitos com bambu sobre um painel, que reproduzia uma esteira de vime. Os jet skis, caiaques e lanchas, além de um barco-hotel e um balão usados em cenas da operadora de turismo, foram providenciados pela equipe de produção de arte da novela. A figura da coruja inspirou a criação da identidade visual da operadora, que também contou com muitos elementos coloridos, que remetiam à aventura e à natureza.

O picadeiro do circo Gran Tenório tinha um toque vintage em seus objetos, a começar pelo caminhão que transportava a trupe. Outro veículo da novela que merecia destaque era o do mascate Mamed (Yunes Chami). A “jubiraca” era um veículo de 1951, comprado em Minas Gerais. Foi totalmente pintado, reformado e decorado com prateleiras, gavetas e cabideiros, que comportavam as mercadorias vendidas pelo mascate.

Emílio Orciollo Netto e Nando Cunha em Araguaia, 2010 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

Os cavalos também eram usados como meios de transporte por alguns personagens. A escolha foi minuciosamente pensada para que a raça, a cor e o porte dos animais estivessem alinhados à personalidade de seus donos. Solano (Murilo Rosa) tinha um cavalo preto e poderoso. A delicada e valente Manuela (Milena Toscano) montava um alazão com crina dourada. Max (Lima Duarte), o vilão, possuía um cavalo tordilho imponente.

O empório de Janaína (Suzana Pires) precisava ter o clima de uma venda para beber e petiscar. Para criar essa atmosfera, a produção de arte decorou o armazém com inúmeros potes de conserva, enlatados, frutas, legumes, além do retrato de Bento, o falecido marido que Janaína não consegue esquecer. Um dos destaques do empório eram os 20 caules de guariroba, espécie de palmeira típica de Goiás, de onde se extrai um palmito muito utilizado na culinária local.

A cozinha goiana ganhou um lugar especial nas mesas da novela, com muitos pratos à base de peixe de água doce e iguarias da culinária sertaneja do Centro-Oeste.

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